𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟗 • O amor que lhe fez falta
EPISÓDIO 2 — PARTE 2
[O AMOR QUE LHE FEZ FALTA]
SILVA AINDA ESTAVA INQUIETO COM AS PALAVRA DE FARAH. Mesmo pela manhã, quando a acompanhou até o celeiro, não arrancaram nada produtivo do queimado.
A ideia de Farah querer que Sky espionasse Anelise ainda o irritava, não entendo qual era o grande motivo por trás dos atos pouco desesperados da diretora de Alfea.
Anelise era uma garota normal, uma fada do gelo que foi criada no Primeiro Mundo — por mais difícil daquilo ser visto. E ela parecia ter um controle enorme sobre o próprio poder, nunca a vira se descontrolar.
Naquele momento, enquanto supervisionava o treino dos especialistas, Anelise deveria estar no Círculo de Pedras numa aula de Farah. Ele gostaria de poder estar lá, de ver do que a garota era realmente capaz de fazer.
Ele tentou parar de pensar nela, da forma como seus nome saia daqueles lábios vermelhos, de qualquer lembrança deles juntos. Enquanto alguns especialistas treinavam luta corpo a corpo, outros fortaleciam os músculos, mas um deles não estava fazendo nada disso. Silva não se surpreender ao ver que era Sky conversando com Stella.
A fada o cumprimentou educadamente, se despedindo de Sky logo em seguida e voltando para a construção da escola, provavelmente para a sua próxima aula.
— Não precisa me dar sermão — pediu Sky, quase implorando. — Já estou fazendo isso mentalmente.
— Suponho que também vai se ignorar — zombou Silva.
— Ela não é tão ruim — disse, se referindo a Stella.
— Ela é familiar. Há conforto nisso — concordou. — Mas é no desconforto que acontece o crescimento.
— Isso pareceu um sermão — afirmou Sky.
— Eu prometi ao seu pai que cuidaria de você, e ele...
— Teria dito a mesma coisa — supôs Sky.
— Não exatamente — negou Silva. — Ele teria dito muito mais palavrões.
Sky o encarou, pensando em como sua figura paterna parecia inquieto.
— Você precisa de uma namorada.
— Sky — sibilou Silva em aviso.
— Eu só estou dizendo que você seria mais feliz e menos rabugento — alegou ele, levantando aos mãos para o alto. — Já baixou Tinder? Você ia se dar bem, viu?
— Isso é ridículo.
— Até a Anelise concorda que você é um partidão — deu de ombros. — Eu achei aquelas fotos de você sensualizando no último verão. As velhinhas naquela praia estavam de queixo caído e babando por você, sabia?
Silva congelou, não sabendo dizer se Sky estava apenas brincando ou falando sério.
— É sério — afirmou. — Mas se você não tomar atitude, eu tomo por você, sem problema. Eu adoraria ter a Anelise como namorada.
— Não vamos ter essa conversa — avisou Silva, duro e firme, quase se contorcendo de ciúmes. — Mas já que quer ficar tão perto dela, a diretora Dowling mandou você descobrir mais sobre a Anelise.
— Por quê? — perguntou Sky, confuso.
— Ela acha que conhece a Anelise de algum lugar, mas não sabe de onde — explicou superficialmente. — Pode fazer isso ou é muito difícil?
— Passar um tempo com uma das garotas mais gostosas daqui? — repetiu Sky, rindo maliciosamente. — Eu já ia fazer isso mesmo se não me pedissem.
Silva revirou os olhos, se afastando.
Sky brincava com a Morte. E, quando a assunto era Anelise, ele desafiava o auto controle de Silva que estava prestes a explodir.
Ou Sky era muito idiota, ou muito iludido.
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SILVA SE PERGUNTARA DIVERSAS VEZES, mas ele ainda não sabia como Anelise conseguia se esgueirar pelos corredores de Alfea sem ser vista. Era até como se ela tivesse sido treinada na arte da espionagem.
Como naquele momento, em que Anelise escapara de seu dormitório para passar a noite com ele. A rotina que eles haviam desenvolvido era tão estranha de natural que conseguia ser. Em momento algum Anelise demonstrou-se insegura ou nervosa daquilo que faziam entre quatro paredes.
Silva chegou por trás dela, passando os braços pelas ombros dela até chegar na toalha enrolada em volta do seu corpo. Ela respirou fundo ao sentir o corpo nu dele apenas os separando pela toalha na cintura deles.
— Belo colar — elogiou,, beijando o pescoço exporto dela. — Parece caro.
— Foi um presente — disse ela, rígida.
— E o A gravado nele? — perguntou, um sorrisinho malicioso nos lábios dele.
— Pode ser de Anelise — respondeu.
— Pode-ser? — repetiu ele, enrugando a testa. — O que foi? Não está com uma cara muito boa.
Mesmo que o vapor do pequeno banheiro privativo tivesse embaçado o espelho, Anelise sabia que ela não precisava ver o próprio reflexo para ver que realmente deveria estar emburrada ou chateada.
— Só estou pensando — disse ela. — Não é nada demais.
— Me conte o que está te atormentando — pediu, tentando convencê-la. — Matérias daqui? Provas? Família?
— Família — exclamou, balançando a cabeça como se negasse algo à si mesma. — Eu só estou pensando demais em coisas que nem deveria. É bobagem. Não se preocupe comigo.
Silva suspirou, beijando-a delicadamente nos lábios.
— Você nunca fala sobre seus pais — puxou assunto.
— Achei que já tivesse falado que minha mãe é uma alcoólatra e meu pai nos abandonou quando eu era pequena — disse Anelise, confusa. — De qualquer maneira, se queria saber mais era só ter me perguntando.
— Estou perguntando agora — retrucou.
Anelise sorriu minimamente, se preparando para falar coisas que pouquíssimas outras pessoas sabiam.
— Eu fui adotada quando tinha uns cinco anos, por aí.
Silva arregalou os olhos, indignado. Farah achava que Anelise tinha algum parente distante que pudesse ter sido uma fada, mas não aquilo. Se a própria Anelise já era poderosa, mal imaginavam quem era os pais biológicos dela.
— Um casal que não podia ter filhos de adotou quando fui mandada para a Terra, pode-se dizer que sou uma trocada, ou qualquer coisa assim. Eu e esse casal sempre soubemos dos meus poderes, mas eu comecei a fortificar ele demais depois de alguns anos e isso foi motivo de briga entre os dois. Basicamente, meu pai foi embora, me largou com a minha suposta mãe que não aguentou mais de seis meses até buscar conforto na bebida.
Silva abriu a boca para dizer algo, mas Anelise o interrompeu antes:
— Não, eu não sei do paradeiro deles e nem me importo.
— Por isso morava sozinha no Alasca — concluiu.
— É mais ou menos isso — assentiu.
Anelise estivera esperando que aquela conversa fosse bem mais difícil, mas não foi nem um pouco. Ela sentia-se segura com Silva ali, poderia falar tudo o que ele quisesse saber e ela responderia — isso não significava que ela não mentiria.
Anelise falara a verdade ao contar essa parte da história de sua infância, mas não quando fora levada para Averno aos 9 anos e descobrira a verdade por trás do que faziam. Obviamente, ela sabia bem quem eram seus pais de verdade, todos dali sabiam.
E foi assim que ela ganhou o medo e o respeito das pessoas que a conheciam de verdade.
Ela não falou também de quando conhecera Veronica e Beatrix — principalmente de quando conhecera mesmo a figura paterna da fada dos raios. Não, sobre ele, Anelise nunca falaria abertamente, nem mesmo com suas irmãs.
— Sabe quem são seus pais biológicos? — perguntou Silva depois de alguns minutos em silêncio, apenas apreciando o calor um do outro.
— Sei, é claro que sei — deu de ombros. — Mas as histórias se repetem.
— O que quer dizer?
— Minha mãe... Como posso dizer? Foi tirada de mim quando nasci, nunca mais eu a vi desde então. Tecnicamente, eu nem lembro de tê-la visto sem ser por fotos, mas não é como se eu me importasse — mentira.
— E seu pai?
— Meu pai? — repetiu. — Ah, ele era um mago poderoso que transformava as pessoas em monstros para que fossem seus servos para que assim ele dominasse todas as dimensões do universo.
Silva congelou, sem saber como reagir.
— Mas não se preocupe, ele deve ser sido preso na Dimensão Ómega. Bom, eu acho.
— Anelise, como...
— Estou brincando — exclamou, rindo falsamente. — Ele cuidou de mim até eu ter uns 2 anos e depois sumiu.
Sumiu aprisionado na Dimensão Ômega, pensou. Se Silva conseguisse ver a mentira em seus olhos, ele saberia que ela falava a verdade. Ninguém sabia o real poder que Anelise escondia por dentro, mas, teoricamente, seus pais deveriam estar na lista das fadas e magos mais fortes do universo.
E estavam.
— Era só isso o que queria saber? — perguntou ela.
— Quero saber tudo sobre você — corrigiu.
— Ainda não percebeu que sou apenas uma garotinha que nunca teve uma figura paterna e agora se interessa por homens bem mais velhos que ela só por causa do amor que lhe fez falta?
Anelise sorriu maligna.
— Eu arriscaria dizer que sou inofensiva — sibilou. — Ou talvez eu não seja. Mas por hora, eu pararia de jogar conversa fora e faria outra coisa.
— Que coisa?
Silva não teve tempo de reagir antes de Anelise arrancar as toalhas que os cobriam e unir seus corpos em um.
Mas a única coisa que ficava na cabeça de Silva era sobre o amor que Anelise admitira ter lhe feito falta. Ele estava disposto a mudar isso agora.
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16.06.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Este capítulo também não estava inicialmente planejado, mas eu espero que gostem da Anelise se abrindo um pouco e falando sobre os problemas e traumas de infância dela.
Eu também queria dedicar este capítulo à MariaMickelson . Amiga, eu sei que não está sendo fácil para você, mas espero ter pelo menos conseguido te fazer sorrir com esse capítulo. E que nem a Anelise, você é forte que nem ela.
ATUALIZAÇÃO: Este capítulo era para a Maria até ela me mandar mensagem falando que tava viva e ia voltar para nós. Ela podia ter esperado até hoje? Sim, mas de qualquer maneira, amiga, era isso o que eu tinha feito para você. Sinta-se honrada.
Eu espero que a memória de vocês esteja boa para lembrar quem tem as características do pai biológico da Anelise, a minha dica já foi dada.
Mas vocês já deram uma passadinha na minha nova obra com o Thomas Shelby - GRITE MEU NOME? Ela foi publicada na semana passada e está esperando que vocês a leiam. Ah, não esqueçam de me contar o que acharam depois, ok?
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