𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟖 • Aprender a se amar
EPISÓDIO 2 — PARTE 1
[APRENDER A SE AMAR]
HORAS MAIS TARDE, de madrugada, quando todos já deviam estar dormindo, Riven deveria ser um dos únicos alunos de Alfea a ainda estar acordado. Como agora, onde, encostado em um pilar escuro perto da biblioteca, ele bebia o que restara do cantil de álcool enquanto fumava.
— Vai varar a noite estudando? — perguntou meio embriagado a garota ruiva que passava por ele carregando vários livros.
— Vou — afirmou. — Com uma ajudinha de uma estimulante — falou, sedutora. — Mas uma hora vou precisar dormir.
Riven deu uma tragada no cigarro pela metade, logo o estendendo para a ruiva a sua frente. Ela passou os livros para um dos braços, agradecendo ao segurar o cigarro com a ponta dos dedos finos.
— Vai mesmo estudar agora? — perguntou de novo, enojado com a simples menção de estudar. — Sério, Beatrix? Você não faz mais nada da vida?
— Além de fazer comprar com Anelise e Vero aos finais de semana? — zombou. — Ah, espere, estamos presos nessa merda de escola e não podemos sair por aí.
— Como se sair escondido daqui fosse um problema para você — riu ele com escárnio.
Beatrix revirou os olhos. Desde que eles foram apresentados, ela nunca entendeu direito o motivo por Vero namorar aquela praga. Tudo bem, ela admitia que ele era bonito, mas fora isso ela não sabia o que chamara a atenção de Veronica nele.
— Não tem uma namorada para aterrorizar, Riven? — suspirou ela, jogando o cigarro no chão e pisando em cima para apagar. — Quem sabe esse ano ela não cansa de você e começa a abrir os olhos para aquele seu amigo loiro.
— Sky? — exclamou Riven, incrédulo com o comentário. — Tá brincando? Veronica nunca me trocaria por ele.
Beatrix deu de ombros, revirando os olhos enquanto dava as costas para ele, mas antes:
— Não dê motivos para ela largá-lo, nesse caso — aconselhou. — Nenhum de nós está preparado para a fúria de Anelise se ela descobrir que você magoou Vero, Riven.
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O QUE NINGUÉM ESPERAVA era que, depois de uma sessão intensa com Riven, Veronica teria corrido para o quarto de suas irmãs como forma de fuga. A suíte WInx era movimentada demais, e tudo o que Veronica queria era paz.
Paz dos próprios demônios que a rodeavam.
Ela agradeceu mentalmente quando viu que o quarto estava vazio. Beatrix deveria estar na biblioteca e Anelise deveria estar... Bom, ela não tinha certeza do paradeiro da fada do gelo. Mas fosse lá onde ela estava, não importava desde que Veronica pudesse ficar sozinha.
Ela trancou a porta da suíte por dentro, correndo para o surpreendentemente grande banheiro ao lado. Novamente, ela trancou a porta. Mas pelos lordes sombrios! Veronica não conseguia respirar.
Seus batimentos cardíacos descontrolados machucavam seu peito tanto que ela queria gritar de dor. Mas ela não podia fazer isso, não quando seus gritos eram capazes de ensurdecer pessoas com o menor esforço que fosse.
Sua garganta parecia estar sendo estrangulada. Em um ato desesperado, Veronica agarrou a ponta da cara blusa que usava e a passou por cima de sua cabeça, jogando-a em um canto do banheiro. Apenas de sutiã e a saia que usava, ela se deparou com o reflexo daquilo que mais a pressionava: seu corpo.
Lágrimas caíram descontroladamente de seus olhos, manchando -os devido ao rímel e delineador que usava. Seu estômago embrulhou no mesmo instante. A fada da histeria não aguentava olhar para si mesma nua no espelho.
As costelas salientes indicavam o quão magra ela estava, não ele como a clavícula e outros ossos. Se não fosse a base, contorno e todas as maquiagens que ela usava diariamente, as pessoas veriam claramente como ela parecia doente.
Veronica era baixa e pequena em comparação à Anelise — perto da fada do gelo, Vero deveria ser um gnomo. Mas a estrutura alta de Anelise era o que fazia seu corpo alto e magro ser proporcional. Anelise era literalmente uma modelo, e diferente dela não parecia doente quando a encaravam.
Infelizmente, a princesa de Averno odiava a si mesma e seu corpo. Não importava o quanto as pessoas falassem que era linda ou a desejassem, ela não era feliz consigo mesma.
— O que diabos aconteceu com você, Veronica?
Anelise. Sem que Veronica ouvisse, Anelise tinha entrado da suíte. Ela deveria ter congelado as fechaduras e as quebrado, imaginou.
Mas ali estava uma Anelise que poucas vezes vira em sua vida: ela parecia preocupada de verdade. Anelise jogou o casaco em cima da pia e descartou os saltos perto da porta. Em passos rápidos ela caminhou Até Vero, a segurando pelos ombros e buscando qualquer machucado que pudesse ter causado aquela dor nela.
— O que está acontecendo? — sussurrou Anelise depois de não ter encontrado nada. — Fala comigo, Veronica.
Ela soluçou, as lágrimas vindo com mais intensidade.
— Eu me odeio — revelou, chocando Anelise. — Eu odeio o meu corpo. Odeio me olhar no espelho. Eu odeio tudo em mim.
— Veronica — suspirou Anelise, sem saber o que falar. — Presta atenção.
Anelise a forçou a olhar para o espelho. Relutantemente, Vero fez o que ela insistia. Ainda segurando ela pelos ombros, Anelise perguntou:
— O que está vendo?
— Nós duas — respondeu, fungando.
— Mas como você se vê?
— Como uma ninguém — respondeu sem pensar duas vezes. — Alguém fraca e patética que não merece o poder que tem.
— Errado — exclamou Anelise, mais fria que gelo.
Anelise apertou as mãos nela, a fazendo ficar rígida e assustada com o ato súbito.
— Eu vejo uma princesa poderosa que tem todos na palma da mão, mas ainda é apegada demais às origens para perceber o controle que tem em cima das pessoas.
— Odeio meu corpo — repetiu ela.
— O que há de errado com ele? — questionou.
— Eu sou magra demais — disse Vero. — Eu pareço doente.
— Não, Veronica — negou. — Você parece idiota pensando assim.
Veronica não estava preparada para ouvir aquele tipo de palavra. Lá no fundo, ela esperava que Anelise pudesse, uma vez na vida, consolá-la como uma pessoa com um coração e emoções.
— Quer falar sobre o padrão de beleza imposto pela sociedade? Eu te conto: ele é escroto e machista. Ponto.
— É fácil para você falar — reclamou Vero. — Você é perfeita.
— Perfeita? — repetiu Anelise, rindo. — Eu estou longe de ser perfeita. Já viu a minha altura? Em geral eu sou mais alta que quase todo mundo daqui. Quer mais exemplos?
Vero não precisou responder, Anelise continuou logo em seguida:
— Beatrix tem uma testona, não diga à ela que falei isso — pediu, arrancando uma risada de Vero. — Tem aquele garoto alto e loiro... Sky, né? Ele parece um palito de sushi humano. E o Riven é babaca, eu não vou pedir desculpas por falar assim do seu namorado.
Vero riu levemente, tentando sorrir um pouco pelo esforço que Anelise estava fazendo em tentar ser um pouquinho legal. A fada do gelo suspirou quando percebeu que ela esta já estava mais calma e estável.
A histeria era tão pesada ali.
— Eu só vou repetir mais uma vez, entendeu? — avisou Anelise.. — O que importa é o que você tem por dentro: um poder tão grande que as pessoas matariam para tê-lo. Quanto a aparência, ela é mutável, Vero, mas antes disso você precisa aprender a se amar.
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09.06.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Inicialmente, eu não tinha planejado escrever este capítulo, ele foi totalmente novo e não apareceu em nenhuma das outras duas obras, mas secretos comentários no capítulo anterior me fizeram abrir os olhos sobre como a Terra realmente poderia estar se sentindo insegura sobre o seu corpo em relação aos garotos.
Então, eu pensei em por que não vir falar um pouco sobre inseguranças em relação à nós mesmas? Isso talvez pareça chato, mas é algo que muitas pessoas precisam ouvir. E, por favor, sintam-se livre e a vontade se quiserem compartilhar algo que vocês sentem aqui também. Vocês não estão sozinhas!
Cada pessoa tem o seu jeito de ser, e aprender a amar cada uma das nossas imperfeições/perfeições é o que nós deixa mais forte.
Não precisamos depender da opinião dos outros, pra que ela vai servir? O seu namorado/namorada está com você pelo seu corpo ou pela sua personalidade única e especial de ser? O nosso corpo não deveria significar nada para que nos sintamos inseguras ou desconfortáveis.
O nosso corpo é um templo que deve ser respeitado seja lá qual for a maneira dele ser!
No passado, a minha melhor amiga tentou entrar numa agência de modelos. Eu juro para vocês que ela é a cara da Bella Hadid de alta e magra. Sabem o que estará agência falou? Que ela não se encaixava nos padrões deles, porque ela não era magra o suficiente.
Um braço só e eu conseguia rodear e sobrar da cintura dela (não que isso seja algo ruim, principalmente porque muitas pessoas tem o metabolismo rápido). Mas o pior veio em seguida depois disso: ainda com essa negação da agência, um macho escroto falou montes para ela e como o corpo dela era feio. Amado??? Sabem o que isso fez com ela?
Ela ficou com anorexia e bulimia por meses.
O que eu quero dizer aqui é:
VOCÊ É PERFEITA/O DO SEU JEITO!
Que nem a Anelise disse: aprenda a se amar. Se o seu medo é não ser amado por causa do corpo, não tenha! Se for para você ficar com essa pessoa, ela vai amar incondicionalmente cada centímetro de você.
Obrigada por ler até aqui!
Lembrem-se: contem comigo sempre para desabafar ou conversar.
Você foi colocado nesta Terra
para fazer coisas incríveis.
Espero que você sempre saiba
que a comida que põe no prato,
quanto você pesa,
o tamanho do seu jeans
e o formato do seu corpo
não têm nada a ver
com isso.
—Moule T.
♛
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