𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟕 • Sentimentos amaldiçoados

EPISÓDIO 1 — PARTE 5
[SENTIMENTOS AMALDIÇOADOS]

ATRÁS DE UM DOS LARGOS PILARES de pedra, depois de trocar a armadura de treinamento por roupas casuais, Riven se escondia de qualquer supervisor de Alfea que poderia discutir com ele devido ao consumo de álcool dentro da escola.

Mas ele notou o garoto que, do pilar ao lado, o encarava abrir o pequeno cantil e beber do que tinha lá dentro. Riven não perdeu tempo em se aproximar do garoto, o sorriso maroto em seus lábios.

— Está a fim? — sussurrou, se referindo a bebida.

— Não, eu só... — gaguejou.

— Tem dois tipos de calouros: os covardes e os covardes que não são mais otários.

Com esse comentário, o garoto não resistiu e esticou o copo para Riven que despejou parte do conteúdo ali, sabendo que, em breve, Vero estaria atrás dele por conta da bebida.

— Fica parecendo menos uma escola binária e mais um espectro — disse ele, virando um pequeno gole da bebida batizada, tossindo no final com a sensação de queimação que desceu pela garganta. — Saúde.

— Não, não, não — negou Riven. — Brinda ao terminar.

Riven forçou o garoto a virar o copo, observando seus feições desesperadas ao perceber que ele não estava aguentando o álcool e apenas continuava para provar que era descolado.

— Intimidando os calouros? — exclamou Terra indignada com ele ao se aproximar. — Que coisa mais ridícula!

— Não dá para intimidar quem é receptivo, não é? — retrucou Riven, soltando o garoto.

— Não sei nem o que dizer — comentou o outro, fingindo estar bem.

— Ignora ele — mandou Terra ao calouro. — Ele se acha o fodão, mas devia ter visto no outro ano. É só um nerd disfarçado.

— Ah, e ela é só três pessoas disfarçadas — zombou Riven, maldoso.

— Qual é, cara — exclamou o garoto.

— Não, pode deixar — avisou Terra, irritada. — As pessoas sempre acham que podem tratar as gordas feito merda porque nós somos doces e inofensivas, e que devíamos ficar felizes pela sua atenção.

Vendo o olhar possesso de Terra, uma pequena multidão de alunos já começava a se criar em volta deles.

— Mas às vezes a gente teve um dia muito, muito ruim e um babaca fala a coisa errada na hora errada, e de repente a gente não está feliz pela sua atenção, e a gente não é doce, nem um pouco inofensiva.

Usando seus poderes, as trapadeiras no pilar rodearam o pescoço de Riven, apertando tanto que estava quase o enforcando. Riven tentava afroxar o aperto, mas de nada era capaz sem uma arma.

Terra continuou a perguntar o que ele tinha, implicando se não conseguia respirar e se ele estava tentando se desculpar.

Até que acabou. Mas não foi Terra quem soltou as trepadeiras.

Caminhando em passos pesados pelo corredor, o som do salto da bota de Veronica reverberou. Uma mão estava estendida enquanto se aproximava. Ela enevoou as trepadeiras, deixando a escuridão que dominava preencher a planta por nada além de sofrimento, tanto que a fez romper de tão seca e morta que ficou.

— Podia ter me matado, porra — xingou Riven a Terra, raivoso.

— Senti saudades também — retrucou ela, falsamente.

— Que caralhos, Terra? — berrou Vero, Riven passando um braços pela cintura da fada, a abraçando por trás.

Aquele pequeno gesto apertou algo dentro de Terra, como se fosse... Ciúmes. Ela queria que alguém a abraçasse como Riven fazia com Veronica.

Que caralhos, Terra? — repetiu ela de volta. — Por que está abraçada a esse babaca egocêntrico?

— Ele é meu namorado — exclamou Veronica, assustada com o que ela fizera.

— E você é amiga dessa daí? — perguntou Riven a namorada. — Sério, Veronica?

— Eu não diria que somos exatamente amigas, amor — o chamou carinhosamente, percebendo a reação incomoda da fada.

Terra engoliu em seco, as bochechas ruborizadas quando percebeu que Vero provavelmente sentiu a emoção ruim vindo dela. Sentimentos amaldiçoados, como chamaria.

Com superioridade — superioridade de uma princesa — Veronica erguei o queixo, a altura considerável que ela tinha foi o suficiente para Terra se sentir como uma formiga prestes a ser esmagada.

Entretanto, ela nada falou, e sim fez. Em um ato muito considerável profano, Vero virou-se no corpo de Riven, passando os braços pelo pescoço dele até que suas bocas estivessem juntas e as línguas em sincronia.

Os adolescentes que ainda estavam em volta pararam para assistir o que o casal fazia. Os pensamentos e emoções eram similares. Os garotos desejavam Veronica, desejavam ser as mãos deles a tocar o corpo dela, sabendo onde isso os levaria numa questão de segundos. As garotas a invejavam, desejavam as mãos hábeis de Riven nelas. Elas queriam ser a própria Veronica.

Terra sentia a mesma coisa, ela queria o mesmo.

— Acho que você não tem mais o que fazer aqui, Terra — sibilou Vero, descolando os corpos deles apenas para encarar a garota ainda estática. — Eu não acho que queria se juntar a nós na cama, não é mesmo?

Não. Terra não tinha interesse em se juntar na cama de Riven e Vero — não com a presença da fada da histeria, pelo menos.


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SILVA SABIA QUE FORA UM ERRO, mais uma vez, se entregar a beleza intocável de Anelise — mesmo que aquelas tivessem sido as melhores horas que passara com ela.

Mas ele não se arrependia. Ele não se arrependia do que fizeram em seu escritório, não se arrependia de tê-la possuído em cima de sua mesa, não se arrependia das marcas de amor que deixara na pele pálida do pescoço dela nem de como depois ela parecia ter dificuldade de andar normalmente.

Ele tinha que admitir, tiveram sorte de poderem se perder um nos braços do outro antes que Farah o chamasse em seu escritório. Já era madrugada, todos os alunos estavam dormindo.

Entretanto, enquanto ele e Anelise estavam junto, uma aluna havia fugido para o Primeiro Mundo e um suposto queimado a seguira. Silva estava estático enquanto ouvia das palavras de Farah, rezando para aquilo não ser real.

— O acorrentei num celeiro fora da barreira — disse ela, os braços cruzando enquanto observava os jardim da escola.

— Devia tê-lo matado — disse Silva.

— E deixá-lo no mundo humano?

— Devia tê-lo trazido para cá e matado — corrigiu.

Farah se virou para encará-lo, pensativa.

— Cortou sua pele? — perguntou ele.

— Não estou infectada — ela o assegurou. — Pedi para o Ben fazer óleo das flores de zambak na estufa. Já ministrei, ficará inconsciente por horas.

— Farah — Silva sibilou, como se sentisse dor.

— Preciso entrar na mente dele — disse ela. — Precisamos saber se é um acidente isolado ou algo mais.

— Algo mais? — repetiu. — Tipo o quê?

Farah levantou a cabeça para encará-lo nos fundos dos olhos, calculando bem suas fatais palavras seguintes.

— Eu achei uma trocada no Primeiro Mundo.

— Uma trocada? — exclamou Silva. — Não ouço falar de uma trocada há séculos.

— Mas lá estava ela — concordou. — Foi deixada há 16 anos, na época em que o último queimado foi visto.

— Acha que há uma ligação? — sussurrou Silva, assustado.

— Não está sendo fácil, Saul — lamentou Farah, a voz tremeluzindo. — Rosalind esconder tanto de nós, talvez ainda ajam coisas que não sabemos. E eu estou preocupada com os alunos. A Alfea que conhecem é diferente da que frequentamos.

As palavras de Farah tinha dor e medo, suas aflições partiam o seu coração de uma maneira devastadora.

— Eles têm tanta vida para experimentar — continuou. — Mesmo que aqui fosse seguro, o que passam pode ser inviável. Mas esse mundo não é seguro e eu não sei quanto tempo mais conseguiremos protegê-los. Se que sente o mesmo...

— Farah — sibilou.

— Sente a mudança — afirmou por ele. — Têm ordem há tanto tempo que não sabem como é o caos.

— Descobrirão em breve — disse Silva. — Preciso ir...

— Quero que vá ao celeiro comigo amanhã — ela o interrompeu.

Silva assentiu, concordando.

— Só isso? — perguntou, já a caminho da porta, mas foi interrompido dor Farah:

— Tem uma caloura este ano que me é estranhamente familiar — comentou. — Ela veio do Alasca, disse que foi criada no Primeiro Mundo, mas os registros não batem...

— Anelise Blaer?

Silva se amaldiçoou ao perceber que nunca teria como saber do nome dela, e Farah sabia daquilo.

— Sky me contou sobre ela — mentiu, mas Farah parecia ter acreditado.

— Ela é uma fada do gelo, muito poderosa, e o mais estranho é que não há uma fada sequer em sua árvore genealógica. E, ainda assim, ela me lembra tanto de alguém.

— Muitas fadas vieram de vários reinos e dimensões esse ano — disfarçou, dando de ombros.

— Peça a Sky para ficar de olho nela — pediu. — Peça que ele descubra mais sobre o passado de Anelise.

— Por que investigar ela, Farah? — arriscou perguntar, não se contendo. — Ela é apenas mais uma fada.

— Algo nela me deixa inquieta, Saul — disse Farah. — E é algo ruim.


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02.06.21

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Começaram a sentir como a pegada aqui em RAIN é mais diferente com FATE e ICE? Eu comentei antes que ia mudar muitas coisas, ou seja, a mudança maior começa a partir de agora.

Eu tenho uma pergunta para vocês: não sei se vão concordar comigo, mas quando eu assisti a série, tiveram alguns momentos que eu achei que a Terra meio que gostava do Riven. Então, eu tentei insinuar um pouquinho isso em FATE, e aqui vou insinuar de novo só que um pouco mais pesado, por assim dizer. Vocês concordam comigo? Ou acham que eu fui a única a pensar nisso?

Ah, lembrando que tem a FASE 2 de Ludens e a estreia de Grite Meu Nome chagando, eu vou anunciar mais uma coisa: ontem de manhã eu estava conversando com a bborba619 sobre Have Mercy On Me (uma fic dela de TVD e TO onde eu sou a beta reader) e eu falei brincando dela criar uma personagem inspirada em mim... Bom, não é que criamos uma personagem mesmo? Ela será par romântica do nosso querido Elijah Mikaelson (daddy issues gritam em mim de novo), só que tem um detalhe: eu vou contar a história deles em um spin-off da obra. A Bianca que precisa ver agora, mas assim que essa minha personagem foi citada pela primeira vez em Mercy, será quando eu vou publicar o spin-off.
E aí? Animados com essa ideia?

VOTEM e COMENTEM
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