𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐 • Elizabeth Bennet

PRÓLOGO — PARTE 2
[ELIZABETH BENNET]

POR MAIS SURPREENDETE QUE FOSSE, Anelise estava morrendo de frio, o que era bem controverso já que ela era uma fada do gelo. Mas ela tinha um bom motivo para estar ali, um que ela não poderia ignorar.

Sua vida dependia daquilo.

Já passava das onze da noite quando ela entrou num bar aquecido pouco movimentado e, o mais importante, aquecido. Nessas horas, ela esquecia como as diferenças de horários entre dimensões poderiam ser grande.

Mesmo se fosse obrigada, Anelise não queria ir para Alfea, a fada preferia qualquer lugar do que um internato repleto de pessoas imaturas com quem ela teria que conviver. Ela era fria por dentro e por fora, não importando seus poderes. Quanto mais longe ficasse das pessoas, melhor seria.

Assim que abriu a porta do estabelecimento, o sininho em cima da porta anunciou sua entrada. Infelizmente, todos que estavam ali a essas horas eram homens que dirigiram olhares maliciosos para ela, correndo os olhos pelo seu corpo, dos pés a cabeça. Mas ele estava ali, assim como calcularam e descobriram antes.

Anelise revirou os olhos com nojo, não se contendo. Suas botas estalaram no chão de madeira enquanto apertada o passo e se dirigia para o bar que parecia desocupado, tirando pelo único homem que não a cobiçou quando entrou.

Ela se sentou na banqueta, jogando o tecido do longo casaco para trás. Tirou suas luvas de couro delicadas quando segurou sua bolsa no mesmo instante em que o barman se aproximou dela para pegar seu pedido. Cansada, ela pediu por um chocolate quente, um pedido estranho para quem estava num bar, mas aquele era o único lugar aberto a essa hora que ela conseguiria uma bebida quente para aquecê-la do frio.

Ela abriu a bolsa para pegar sua carteira, colocando alguns livros em cima do balcão que estavam atrapalhando sua busca. Ela se amaldiçoou, não entendo como conseguia perder coisas dentro da própria bolsa. Ela bufou, mas finalmente achara o pequeno acessório de couro preto.

— Orgulho e Preconceito — o homem ao seu lado no bar leu o título na capa antiga, fazendo uma careta.

— Tem algo contra Jane Austen? — retrucou Anelise, levantando uma sobrancelha.

— Claro que não — riu, levando o copo de whisky aos lábios. — Eu só nunca pensaria que é alguém que gosta de romances melodramáticos.

— Para um escritora de época, eu acho que Jane Austen revolucionou o ponto de vista masculino em relação aos sentimentos — alegou, intrigada com o homem.

Foi então que ela o encarou, analisando as feições dele que batiam perfeitamente com as descrições e fotos que recebera. Seus olhos cinzas eram profundos, os cabelos pretos convidativos, como se implorassem para que ela passasse sua mão pelos fios sedosos. Ele era bem mais velho que ela, de fato, mas isso só deixava Anelise mais intrigada. As vestes dele, por baixo do casaco, era semelhantes a uma armadura dos famosos especialistas. A fada não duvidava que uma espada ou adaga estivesse escondida ali.

— Na verdade, sinto dó de Darcy — continuou, bem a tempo do barman chegar com a xícara fumegante.

Anelise fez menção de abrir sua carteira para já lhe entregar as notas de dólares pela bebida, mas o homem ao seu lado colocou levemente a mão em cima de seu pulso, a impedindo de continuar.

— É por minha conta — disse ele ao barman que logo se retirou, dando de ombros.

A fada o encarou, sorrindo agradecida.

— Não precisava ter feito isso por mim — sibilou ela.

— Mas assim eu poderia te manter aqui por mais algum tempo — respondeu, sorrindo preguiçosamente. — Agora, por que tem dó de Darcy? A maioria das mulheres acha que ele demorou demais para se confessar para Elizabeth.

— Acho que Elizabeth só estava tão cansada da insistência da mãe para fazê-la se casar que perseguiu o pobre homem para poder ficar livre das críticas e opiniões alheias que recebia.

Ele assentiu, admirando o ponto de vista da garota tão peculiar.

— Ou Elizabeth apenas tinha daddy issues — continuou, presunçosa. — Ela podia ser a preferida do pai entre todas as irmãs, mas isso não a impediria de se apaixonar por Darcy apenas por ele ser bem mais velho que ela.

— E você?

— Eu o quê? — perguntou ela de volta, sem entender.

— Também sofre de daddy issues?

Anelise, que levava a caneca fumegante aos lábios, congelou. Ela pousou a caneca lentamente na bancada, esperando ver algum resquício de que ele estava brincando, mas ele estava sério, ansioso por sua resposta.

Ela se ajeitou na cadeira, virando o corpo mais para ele que imitou o ato, se aproximando consideravelmente da garota.

— O que em mim sugere isso? — provocou.

— Além do fato de ser uma quarta-feira à noite e você estar num bar sozinha, não vi seu celular tocar uma vez se quer com seus pais ligando para saber onde está — explicou — ou seu namorado.

— Não tenho namorado — corrigiu ela. — Ninguém que conheço me interessa.

— Talvez só não tenha conhecido o cara certo ainda. — Ele esticou a mão para que ela apertasse. — Sou Silva, Saul Silva.

Ela retribuiu o aperto com garra. Eu já sei quem você é.

— Anelise.

— É um belo nome — elogiou. — O que faz sozinha num bar a essas horas?

— Sinceramente, eu já deveria estar em casa — suspirou. — Mas você estava certo. Meu pai me abandonou quando eu era um bebê e a minha mãe não consegue me ver sem lembrar dele e afogar as mágoas no álcool.

Silva observou os cabelos curtos e loiros, as feições bem desenhadas e como ela parecia bem mais velha do que realmente deveria ter. Sem que pudesse se conter, percebeu o quanto aquela garota despertava sensações nele que deveriam ser inaceitáveis para alguém como ele.

— Você é jovem, é mais uma alma livre nesse mundo — sibilou Silva. — Mas todos querem algo a mais. O que você quer, Anelise?

Ela parou por um momento, o sorriso malicioso dele aumentado cada vez mais.

— Eu quero diversão.

— Então me permita lhe dar essa diversão.


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O ÁPICE OS ATINGIU EM CHEIO, mas seus corpos continuaram unidos até momentos depois disso. Suas respirações irregulares preenchiam o quarto de Anelise.

Ainda unidos pelos corpos em conjunto, Anelise se deixou cair no peito nu de Silva, lentamente escorregando para o lado da cama e se libertando.

Ele a puxou para si, beijando seus lábios uma última vez. Um sorriso bobo e cansado pairava nos dois. Silva lhe dera muito mais do que apenas diversão, muito mais do que ela poderia pedir.

Eles haviam saído do bar juntos, ansiosos para o que sabiam bem que aconteceria em seguida. O suposto apartamento de Anelise era ali perto. Por mais que ele fosse consideravelmente grande, não havia mobília e seus poucos pertencem estavam no seu quarto, sem nada de muito valor incluído.

Silva realmente estava certo em relação a Anelise e como ela poderia ter se descrito como Elizabeth Bennet em seu casamento com Darcy.

— Está de mudança? — perguntou ele, levantando a cabeça apenas o suficiente para indicar as malas num dos cantos.

— Internato de fadas, ou qualquer merda desse tipo.

Silva congelou, em dúvida se ouvira direito. Desde que a conheceu, ele havia pensado na possibilidade dela ser uma fada, usando seus anos de experiência para identificá-la. Mas não apenas ela, ele desconfiava que ela já sabia o que ele era.

— Vai me dizer por que está no Alasca, especialista? — sibilou pausadamente seu título.

— Missão — respondeu vagamente.

— E o que encontrou aqui além de neve? — perguntou, passando a ponta dos dedos gelados pelos músculos em seu braço.

Em um ato brusco, Silva os virou, a fada ficando por baixo dele enquanto se aproximava para beijar seu pescoço exposto. Anelise riu com a caricia, realizando seu desejo de passar os dedos pelos cabelos negros dele.

— Nunca mais vamos nos ver de novo, não é?

— Duvido muito — disse ele, maliciosamente.

— Que bom — sibilou Anelise. Ah, vamos nos ver muito ainda. — Vai me beijar logo ou vai me fazer implorar?

Aquilo deveria ter sido apenas uma noite, mas Silva mal sabiam que o universo estava prestes a reuni-los em pouco tempo.

E se eles seguissem por aquele caminho proibido, eles cairiam juntos, mas apenas um se levantaria depois da falha.


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28.04.21

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Obrigada pelas 500 vizualizações!

Esse capítulo é mais ou menos parecido com o original em ICE, mas com certas notificações. Assim que nossas farinhas chegarem a Alfea, mais cenas serão modificadas e alteradas.

Pergunta: vocês querem que eu coloque mais cenas entre as Winx (Bloom, Aisha, Musa, Terra e Stella) ou posso manter o foco só nas Trix (Vero, Anelise e Beatrix)? Eu ainda não tenho nenhum capítulo pronto, então eu escrevo o capítulo seguinte assim que eu posto, por isso eu precisava saber o que vocês gostariam de ver por aqui.

SPOILERS: têm novidades chegando por aqui, viu? O que achariam de uma obra original com internato de fadas, drama, romance, príncipes, princesas e reis, tudo misturado em uma história maravilhosa?

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