A Chuva
capítulo 1
Taehyung ficou poucos segundos inerte, com a vestimenta e os fios de cabelos flutuando dentro do líquido transparente. Quando chegou ao seu limite, nadou de volta a superfície, em busca de ar. Com o rosto já fora da água, ofegou audivelmente, colocando os braços na borda.
Sua visão estava um pouco turva e o raciocínio lento, demorando alguns instantes para perceber o lugar onde emergiu: ele não se encontrava mais em um simples parque da cidade, e sim o que parecia ser um palácio real do antigo período da dinastia Joseon.
Lembrava de maneira vaga quando estudou a história de seu país, por isso reconheceu aquela enorme estrutura elegante e ancestral. Além de quê, alguns palácios ainda estavam de pé na Coreia, recebendo diariamente turistas do mundo inteiro. Observou também uma quantidade considerável de homens usando roupas tradicionais coreanas. Todos eles olhando para si.
Na hora, o moreno pensou que estava no meio de um set de filmagem. Como e o porquê de aparecer ali, era um grande mistério.
— Estão filmando algum drama histórico? — Tae perguntou recebendo apenas um silêncio constrangedor e olhares tortos dos demais como resposta. — Ou é algum tipo de pegadinha?
O ambiente estava quente, muito quente e seco. Não havia nem sinal de uma garoa fina sobre aquela terra, apenas o Sol dava seu show individualista no céu aberto. Remexeu-se inquieto dando por falta de seu celular, tateou o corpo caçando o objeto tão valioso. Ao achá-lo, ergueu na altura do rosto, batendo na tela miseravelmente para fazer o aparelho voltar a vida.
— Que droga! — praguejou. Aquilo tinha lhe custado um dinheiro alto, a câmera era tão boa… e agora, pela sua burrice, o celular foi dessa para melhor. Aquele dia realmente não estava sendo o pior de todo sua vida.
— Quem é você?! — uma voz grave soou firme, desprendendo a atenção de Taehyung de seu celular.
Um tanto distante, o homem da voz portava um semblante fechado, a cicatriz transpassando aos olhos miúdos, lhe dava um ar sombrio, mas nada que atrapalhasse a beleza evidente. Ele vestia roupas requintadas nas cores preta e dourada, que irradiavam uma sensação de poder. Um coque loiro no topo da cabeça com adornos envolta do penteado, findavam as descrições do que a visão de Taehyung poderiam captar, mas o estudante gostaria de poder estar mais perto para admirar aquela figura, um tanto exótica.
— Responda, intruso! — ditou, lhe dispertando dos pensamentos.
Mas o que o Kim diria afinal? Ele era um ninguém, um inútil covarde que fugiu do seu destino. Ficaria calado se os atores coadjuvantes não fincassem suas carrancas nele, obrigando a dar uma resposta.
Não os culpava, era o pão soado que os papéis minúsculos obrigavam a dar tudo de si, então resolveu cooperar. Com uma mão livre, Taehyung passou em seus cabelos para ficar apresentável diante das câmeras. Arquiou uma sobrancelha e com uma pose engraçada.
— Sou um colegial.
— Um eunuco? — o loiro fez outro questionamento.
Em um piscar de olhos, todos os que estavam, até então, contidos, começaram a murmurar descontroladamente, deixando os ânimos se exaltarem.
Taehyung ficou confuso com a surpresa daquele grupo de atores apenas por dizer que era um colegial. Mal sabia ele que foi o início de um grande mal entendido, já que as palavras "colegial" e "eunuco" tinham a mesma pronúncia.
— Eunuco-chefe! — o mesmo loiro voltou a falar, dessa vez se dirigindo a um homem baixinho com uma cara rechonchuda. — Isso verdade?
— Um dos dois, vossa majestade: ou este é um eunuco que ficou louco por causa do calor, ou um dos que foram desqualificados. Não é tão incomum os mesmos invadirem o palácio por puro rancor. — respondeu o homem curvado, evitando olhar direto para o rosto de seu rei.
— Do que estão falando? Podem me dizer onde estou? — perguntou confuso. — Professor, então foi o senhor quem planejou tudo isso?! — acusou Taehyung, tentando sair daquela espécie de caldeirão, ao reconher o rosto de seu professor, no qual o loiro acabou de chamar de "eunuco-chefe".
— Ordeno que não se mexa!
Apenas com essa ordem, os guardas emitiram katanas afiadas, que logo estavam rentes ao pescoço do estudante.
— Por que tudo isso de repente? Diretor, chega de filmagem, okay? Já estão me assustando! — falou o moreno empurrando uma daquelas armas com os dedos. Quando sentiu uma leve ardência em um dos seus dígitos, averiguou notando um corte. — Aigoo, são espadas de verdade?!
— Parem todos! Não percebem que este duende, é um presente enviado pelos céus?! — um ancião com colares e chocalhos nas mãos gritou, atraindo atenção. — Ele nos salvará da seca de Joseon! Por favor, duende vindo dos céus, pare a seca, deixe finalmente a chuva vir! — o velho suplicou. Logo todas os outros lhe imitaram, suplicando em um só coro, ao se curvar para Taehyung.
Aquilo era uma brincadeira de mal gosto por não ter feito a prova? Pensou roendo as unhas. Não sabia que era tão importante assim, ao ponto de armarem todo aquele acernal para lhe daram alguma lição de moral. Deveria ter custado uma grana contratar aquele número grande de atores. Até o professor de matemática atuava bem, ao fingir não lhe conhecer. Essa era a única explicação plausível. Afinal, como poderia estar vivendo em centenas de anos no passado? Isso era impossível!
Todavia, o aperto em seu pescoço se tornou mais rígido, ficando real demais a dor, então resolveu entrar no clima de toda aquela provável encenação, lembrando das novela de sua mãe, por isso, em alto e bom som, ditou com voz de temor, gesticulando com os braços abertos:
— Não se preocupem, agora que estou aqui, a chuva irá cair!
— Por favor, deixe a chuva cair! — o velho gritou novamente, se ajoelhando no chão com o tronco inclinado, apoiando as palmas no chão. Logo toda aquela multidão seguiu seus movimentos, rogando pelo milagre da chuva.
O rei, ainda desacreditado, crispou os lábios, como se estivesse com um gosto amargo na boca. Não acreditava que esses rituais trariam a chuva, mesmo assim, fechou os olhos e abaixou a cabeça.
Todas aquelas pessoas esperaram pelo melhor, colocando energias positivas, como se a vida de todo o povo dependesse disso, e de fato dependia, afinal haviam completado três anos que as nuvens não choravam ali.
Esperaram esperançosos pelo milagre divino, porém nem um pingo de chuva apareceu, como o garoto duende anunciou. Então olharam de volta para o cadeirão de oferendas, mas Taehyung havia desaparecido.
Continua ☔
Deem amor essa fanfic nova. Vou tentar não prolongá-la muito, mas deve passar dos
10 capítulos. E aí, o que estão achando? Estou aberta para críticas construtivas, okay?
Beijos de luz da Isa!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top