29

ELIZABETH MOORE

   - Caramba - Ouvi o murmurar de Margareth.

Me olhei no espelho, olhei para minha mãe, me olhei no espelho e voltei o olhar para minha mãe intrigada com sua escolha de vestido para mim.

- Para onde você vai, Beth? - Mag entrou no meu quarto e sentou na minha cama ao lado da minha mãe

- Eis a questão, eu não vou a lugar algum! - eu exclamo de braços cruzados - Mas tem pessoas aqui que parece não entender isto.

- Ela vai a uma festa - disse minha mãe me ignorando

Bati o pé no chão inúmeras vezes. Não era só minha opinião sendo negada era o pensamento de realmente ir a essa festa que me deixava nervosa.

- Mãe, qual é seu problema?

- Nenhum - deu de ombros

- Realmente quer que eu vá a uma festa? - perguntei pasma

- Você tem que se divertir, anda muito tensa. Aliás não é só último ano Elizabeth, é os últimos dias do último ano.

- Mesmo depois da história inteira que te contei que briguei com a menina mais popular e...

- Você brigou? - Mag perguntou pasma

- Você tem que se divertir - minha mãe repetiu

- Ela pode querer brigar comigo de novo sabia?

- Não tem problema nenhum, já sei que você sabe lidar com esse tipo de pessoa. Divirta-se.

- Vai ter jovens bebendo e usando drogas. Vão me oferecer e eu fraca ou querendo me mostrar vou provar, então eu vou exagerar, vou transar com desconhecidos e pode ter perigo de eu ter uma overdose e acordar 3 dias depois de um coma alcoólico. Ou até mesma ficar grávida sem saber quem é o pai. Quer mesmo que eu vá?

- Quero - ela sorriu - Divirta-se - Disse lentamente

- Você só pode ser maluca - sussurrei

- Olhe para você Beth, esse vestido está maravilhoso em você filha. Todos merecem ver. Daniel merece ver!

- Menos, mãe! Eu nunca me vesti e nunca vou fazer isso pra agradar as pessoas ou algum cara.

- Você está linda!

Me olhei novamente no espelho. O vestido tomará que caia curto colado no corpo até a cintura, vermelho sangue. A saia rodada, com detalhes que deixava o vestido mais atraente. O decote não era grande mas também não era discreto. Minha mãe comprou no segundo que saímos da cafeteria, eu nem sai do carro para comprar mas ela saiu e voltou 20 minutos depois com isso.

O vestido em si era bonito, o vermelho parece ter realçado minha pele de um jeito interessante. Eu me sentia linda, admito.

Mas eu não vou a essa festa!

- Coloca aquele salto da mamãe preto e use um batom vermelho. Vai ficar um arraso!

Revirei os olhos

- Mamãe só quer que eu vá por conta do Daniel.

- Eu também quero - Disse minha irmã

- Qual o maldito problema de vocês? Eu não tenho nada com Daniel e...

- Cale essa boca, Elizabeth! - Minha mãe rosnou

Calei no mesmo instante

- Tá legal, não quer ir? Não vá. Mas você tem duas opções: Vá e se divirta, ou não vai e fica de castigo por tempo indeterminado. E você sabe que meus castigos não tem moleza.

- O QUÊ? MÃE!

- Castigo!

- Mas mãe...

- Castigo!

Soltei um gritinho irritado. Mas que inferno!

- Beleza, eu vou eu vou! - rosnei

- Ótimo agora vá tomar banho e se arrumar

Eu fui, mas fui batendo o pé para mostrar minha frustração. Mas antes de eu fechar a porta do banheiro ouvi:

- Quando eu ter 17 anos vai insistir para eu ir em festas também? - Mag perguntou

- Não. Porque o caso dela é diferente, você vai querer ir por diversão, ela tem que ir porque é essencial.

- Como assim?

- Daniel é importante para sua irmã. E Quando olhei nos olhos dele vi que ela é importante para ele também. Pode ser um simples amor adolescente Margareth, não sei, mas se for um amor intenso vai valer a pena.

Respirei fundo arrepiada com as palavras dela, então eu fechei a porta.



   Enquanto eu tomava banho eu sentia o nervosismo andar por mim. Não sei se era pela festa em si ou pelo o que resultaria dela.

Eu havia me secado e de vestido no corpo colocava um tênis. Já que era pra eu ir resolvi tentar pensar em outras coisas para ver se a tensão sumia do meu corpo.

Mas pelo visto não estava funcionando.

- Tênis, Elizabeth? - Margareth apareceu na porta

- Sim, e pode poupando palavras que eu não vou mudar de idéia.

- Bom, então... posso te maquiar? - sorria animada. Revirei os olhos, agora eu não ligava para mais nada

- Pode, mas nada exagerado. - Honestamente, eu queria que estragasse meu rosto para eu ter motivos para não ir.

Ela veio até mim correndo me fazendo virar para o espelho. Voltou pro quarto dela e depois voltou pro meu com sua maleta de maquiagens.

- Como você vai usar batom vermelho para combinar com o vestido vou fazer uma coisa básica.

Observei a face de concentração dela enquanto observava suas maquiagens pensando no que fazer. Ela passou base no meu rosto que por sorte era da mesma cor da pele dela se não eu ia ficar com o rosto de uma cor e o corpo de outra. Margareth tinha a mão tão delicada que eu mal sentia que ela estava passando maquiagens no meu rosto, eu até desconfiaria que não estava mesmo se eu não estivesse me olhando no espelho. Ela passou sombra em mim, um delicado delineado, corrigiu minhas sobrancelhas, passou rímel, blush, e por fim o tão esperado batom vermelho.

Quando terminou eu me olhava de olhos arregalados no espelho tentando entender se aquela era realmente eu. Eu estava muito diferente, ainda era óbvio que sou eu mas era... Surpreendente.

Eu podia jurar que parecia aquelas modelos de capa de revista de tão gata que estava.

- Aonde apreendeu a maquiar assim? - perguntei para Mag. Ela sorria abertamente, satisfeita com seu trabalho

- Eu me maquio quando não tenho nada a fazer, aí aprendi.

- Deveria tentar carreira como maquiadora, sério. - eu ainda estava deslumbrada

- Talvez em tente. Mas você - aponto para mim - deveria entender que se atrasar não vai impedir que você vá.

Suspirei profundamente

- Exato - minha mãe apareceu na porta e olhou para meus tênis - Não ficou feio, apesar de eu preferir saltos saiba que não vou contestar porque estou cansada demais. Toma aqui! - Me deu a chave do carro dela - O pior de ir a uma festa sozinha é ir a pé, então vá de carro.

Soltei um risinho, suspirei fundo, me olhei uma última vez e dei passos para longe do meu quarto

- Tchau. Eu volto às...

- Oras filha! Me dê o gostinho de pelo menos uma vez ficar imaginando o que você está aprontando e que horas vai chegar para eu gritar com você. Só se divirta, Elizabeth.

- Beth? - Margareth chamou, parei no meio do caminho - se aquela vaca mexer com você quebra ela na porrada!

Assenti e acenei

- Margareth! - Minha mãe olhava para ela de cara feia.

Desci as escadas da minha casa dando risada. Eu não sabia o que esperar daquela festa estúpida, mas não podia negar que meu coração batia aceleradamente a cada passo em direção a aquele carro que por fim me deixaria naquela festa.

Uma parte de mim, a parte que já havia aceitado que estava realmente indo só queria ir por um motivo.

Daniel.




   Eu não sei como Gemma sabia que eu iria ou se eu realmente iria mas sei que no segundo que entrei no carro e me dei conta que não sabia o endereço da casa dela que era onde ocorria a festa, um número desconhecido havia me enviado uma mensagem com o endereço. Acho que foi uma das meninas que estavam enviando as mensagens sobre a festa.

Não precisei me preocupar com qual era a casa da festa porque no segundo que entrei na larga rua cheia de carros estacionados, encontrei uma vaga a duas casas de distância de onde vinha: Música alta, vozes altas, gritaria, pessoas do último ano que nunca imaginei se pegando no gramado e mais pra frente outras pessoas que nunca imaginei bebendo loucamente.

Quando digo nunca imaginei digo: A consideradas assanhadas da escola se pegando discaradamente com os considerados mais esquisito, na frente de todos.

Aquela típica nerd de óculos, quieta sem amigos, tímida, bebendo com algumas líderes de torcida alegremente.

O maconheiro da turma, que cheirava a maconha a todo instante, dando em cima da patricinha ao qual sempre que podia fazia um comentário escroto.

Gemma não estava brincando quando disse todos do último ano estavam convidados. Se essa festa fosse dada por Francine, a Nerd esquisita, o estranho da turma, o maconheiro escroto, eu e muitas outras pessoas nem estaria aqui.

Quando eu tomei coragem para entrar, respirei fundo e fui caminhando pelo gramado das loucuras. Onde cada canto tinha uma coisa acontecendo. A cada passo que eu dava as pessoas me olhavam de cima a baixo.

Eu pensei que estava produzida demais ao sair do carro mas ao olhar atentamente notei que todos estavam bem vestidos.

- Elizabeth!!!! - Alguém gritou e de repente sinto alguém me abraçando. Quando olhei era Abby, a nerd esquisita que eu estava reparando.

Muito bêbada.

- Oh! Oi... Abby - murmurei tentando afastar ela de mim pelo mal cheiro de bebida e suor.

- Uau! Você está um arraso de gata! Se eu fosse lésbica - ela ria e desceu seus olhos por meu corpo - eu tentaria a chance com você!

- Poxa, que legal. Que pena que não é né? - sorri amarelo tentando afastar ela. Tentei dar outro passo e ela entrou na minha frente. Pela primeira vez na vida eu queria entrar numa festa só pra ficar longe do olhar estranho dela diante de mim

- Sabe - Seus óculos estavam tortos. Ela usava o mesmo casaco de sempre (sendo que estava super quente) e uma saia. O sorriso dela era enorme - Eu sempre reparei em você - riu com as bochechas vermelhas - sempre pensei em chegar em você! Mas você sempre me ignorou, sempre ignorou a todos na realidade.  Sempre reparei no quanto você não se abalava por ninguém, sempre foi inteligente, nas roupas nada sensuais que mesmo assim te deixava... Você é maravilhosa, Elizabeth - falou depressa me impedindo de acompanhar direito, deu um passo em minha direção. Eu estava paralisada com o rumo daquele papo. - eu só queria uma chance para dizer isso sabia? eu gostaria de dizer...

-  Abby, olha... -  Eu só pensava: Que merda é essa?

- Eu... Eu te amo, Elizabeth! - Meu olhos arregalaram com tudo. Pronto, agora uma menina gosta de mim. - Me dá uma chance.

Ela começou a avançar para cima de mim e eu dando passos para trás. Ela estava tentada a me beijar!

Eu não tenho nada contra Lésbicas, gays, bissexuais, a sigla LGBT em geral. Eu respeito até porque pra mim é algo normal, não tem que ter uma coisa toda em cima disso. Mas eu respeitar não significa que eu seja ou estou disposta a querer.

- Opa, opa - Alguém entrou no meio de mim e dela. Suspirei aliviada. Abby concertou os óculos no rosto para olhar para a pessoa. Olhei para as costas larga de Jason - Melhor você descansar um pouco Abby, que tal ir para casa?

- Eu só queria... Só queria... - olhava para mim por cima do ombro dele. Os olhos delas começaram a lacrimejar - Me desculpe Elizabeth. Isso nunca vai rolar né?

Neguei com a cabeça, incapaz de dizer uma palavra

- Eu sinto muito... Eu.. eu.. - suas lágrimas desciam com força

- Um dia você vai encontrar alguém que corresponda seus sentimentos Abby... - Jason disse com as mãos nos ombros dela - E você vai ser feliz com essa pessoa. Só não canse de esperar que uma hora essa pessoa chega.

Abby assentiu limpando as próprias lágrimas

- Bom... Eu... Eu vou ligar para alguém me buscar.

Ela saiu andando e encostou na cerca do gramado com o telefone na mão que tremia enquanto ela chorava. Passei as mãos pelo rosto enquanto Jason me observava com seus olhos fofos.

- Dizem que bêbados sempre diz a verdade - ele sorriu - Você está bem?

- Só fiquei mal... Por ela chorar e tals... - respirei fundo - Se eu não estivesse em choque pelas coisas que ouvi dela... Eu gostaria de ter dito algo como o que você disse... Mas...

- Eu já fui uma Abby, Elizabeth. Olhe para mim, eu sou gay assumido mas houve um tempo que não fui. Já pensei em declarar meus sentimentos por alguém mas nunca tive coragem, e tenho certeza que a reação dele quanto de qualquer um seria choque como a que você teve.

Assenti

- Enfim, ela vai superar - olhou para ela e depois para mim - Que milagre você está numa festa, aliás?

- Bom, estou do lado de fora dela, cheguei a dez minutos e ainda não entrei - sorri amarelo

Ele riu

- Você está muito gata!

- Obrigada, você também não está de se jogar fora.

- Vem, vamos nos divertir! - ele colocou os braços por cima de meus ombros me guiando para dentro da casa com música alta e pessoas dançando

- Cadê os outros? - perguntei a respeito dos meninos. Mas eu também queria saber de Daniel.

- Os caras do time estão na sala de estar - passamos pelas pessoas bêbadas e chegamos a sala - toda festa sempre ficam no sofá - ele riu - Esperando as donzelas começarem a dançar para seduzir eles.

Eu ri e comecei a procurar por Daniel

- Olha lá - aponto para a parede, meu coração errou um salto ao ver o garoto beijando a menina prensada na parede

Mas suspirei aliviada ao ver que não era Daniel

- William é o que mais se diverte.

Pessoas dançavam e quase esbarravam na gente

- Ali Tomás e Hunter - riu ao observar os amigos nos sofá, sentados lado a lado conversando ao mesmo tempo que tinha garotas sentadas em seus colos beijando seus pescoços, como se fosse super normal. - Só Jackson que não vi, deve estar com... Com o... - me olhava

- Daniel - completei

- Vou buscar bebidas, quer uma?

Neguei com a cabeça

- Vai querer sim! Fica aqui!

Ele saiu antes que eu falasse que iria com ele só pra não ficar igual besta olhando ao redor. Comecei a observar para o tempo passar, as meninas dançavam balançando o quadril, o corpo, ao ritmo empolgado da música. Os garotos bebiam e admiravam aquelas que dançavam para eles ou perto deles.

Eu tinha uma visão menos dura e um pouco diferente do pessoal do último ano. Sempre achei todos babacas mas agora via que eram babacas mas não de uma maneira tão séria.

De longe eu vi Francine bebendo e dançando com um cara do time. Eu me xingava mentalmente por a cada segundo olhar ao redor a procura de Daniel.

Então meus olhos pararam diante dos dele que me olhava seriamente sentado no sofá. Ele não estava lá antes, mas agora estava no meio de Hunter e Tomás.

Ele levou o copo de bebida até a boca ainda com os olhos nos meus,

E então eu senti que a eletricidade que sentia não era pela festa em si, era por expectativas para ver ele.



DANIEL PARKER

     Encostado no balcão da cozinha eu só conseguia beber mais um copo de bebida que agora eu nem lembrava o nome e nem se era a quarta ou quinta que eu bebia. Eu só sabia que desde do segundo que cheguei aquela festa estava um saco. Eu não estava me divertindo como eu queria, ou como eu sempre me diverti em todas as outras
festas. Jackson que estava comigo segundos atrás simplesmente sumiu.

Merda, essa era a última festa! Eu deveria estar na sala, beijando qualquer uma, bebendo mais um maldito gole de cada copo de bebida e chegar só de manhã em casa para ouvir de minha mãe o quanto eu era um irresponsável por não avisar a hora que iria chegar.

Eu só queria ser a porra do capitão do time que se diverte na porra da última festa do colégio.

- E aí - Jason entrou, assenti para ele. Ele olhou para os copos vazios no balcão e me encarou - Quatro, cara? A festa mal começou.

Passei as mãos pelo rosto impaciente

Ele suspirou vindo pegar bebidas no barril em cima do balcão. Ele encheu um copo e logo em seguida encheu outro.

Abri um sorriso

- Um brinde - estendi meu copo - porque você meu amigo, Tem companhia. E eu? Tenho merda nenhuma. - levei o copo a boca

- A minha companhia deveria ser a sua companhia. - ele disse

- Sabe que não curto homens, Jason... - me senti ofendido

Ele riu

- Eu estou falando de Elizabeth, cara.

Ergui as sombrancelhas

- Elizabeth... Está aqui? Mas que merda é essa? Ela nunca... Merda! Onde ela está?

- Calma. Ela está comigo! Mas nesse instante está na sala me esperando.

Enchi meu copo no barril e ignorando o que Jason falava comecei a caminhar por entre os bêbados suados de tanto dançar e entrei na sala. No segundo que entrei me deparei com ela de costas. Meus olhos desceram por seu corpo, dos cabelos curto até os tênis no pé.

Engoli em seco.

Independente da roupa que ela estivesse vestindo, eu sempre a reconheceria. Eu estava fodidamente impactado ao olhar para ela, mesmo que ela estivesse de costas.

Mas não era apenas eu que estava sob esse efeito. Muitos caras a observava. Eu dei um passo, dois passos, três passos e cheguei a poucos centímetros de seu corpo. Ela nem percebeu, mas era tão bom sentir seu cheiro de novo.

Pensei em falar algo, mas não consegui. Sabia que ela não ia me escutar

Então dei um passo para trás. E caminhei pela lateral da sala até chegar ao sofá onde sentei no meio dos caras.

- Viu Elizabeth? - Hunter me perguntou enquanto uma loira beijando seu pescoço sentada em seu colo

Dei um gole da minha bebida. Tentei a todo maldito custo mas meus olhos simplesmente voaram até ela. E então seus olhos estavam fixos nos meus.

Agora de frente eu podia vê-la melhor. Elizabeth estava fodidamente gostosa e minha vontade era de tirar ela dos olhares desses merdas.

Ao mesmo tempo que eu queria puxar ela pro meu colo e chamar ela de minha.

Só por um tempo, ela foi minha. Mas eu queria, ou melhor, quero que ela seja minha todo maldito dia.

Meus olhos desceram por seu corpo, mas voltaram para seu rosto, para seus olhos castanhos.

Dei mais um gole na minha bebida. Elizabeth era a única capaz de me deixar sério.

E eu só conseguia pensar que ela não me queria. Que eu estava perdido sem ela.

Porque é assim que eu me sinto.

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