24

ELIZABETH MOORE

No dia seguinte eles continuaram sentando comigo a mesa. Ao invés deles irem para sua habitual mesa do time para ficar junto dos outros e das animadoras que sempre ficavam ao seu redor, eles caminharam diretamente para minha mesa.

Daniel sentou ao meu lado e colocou o braço por cima de meu ombro. De vez em quando ele beijava meu pescoço e por mais que eu odiasse a maldita atenção que recebiamos eu estava gostando daquilo.

Gostando dos garotos. Da companhia.

Das ironias e deboches de Willam que era totalmente igual a mim.

Das palavras fofas de Jason.

Por Hunter ser maduro ao mesmo tempo que não perdia a graça do momento.

Por Tomás ser caladão mas saber a hora exata de impor suas opiniões.

Por Jackson concordar e rir de tudo.

Eles eram divertidos e isso eu não podia negar. E enquanto eles estavam sentados comigo conversando sobre jogos e blá blá eu desejei pela primeira vez na vida estudando naquela escola que aqueles 30 minutos de intervalo passasse super devagar.

Mas eu estava com uma sensação ruim quando olhava para o rosto de Daniel.

Isso é estanho, e isso me deixa agoniada.

Ele sorria e seus cabelos loiros bagunçados o deixava mais intrigante e lindo. Eu ainda não podia acreditar que estava apaixonada por ele.

Era tudo o que eu menos queria. E não sabia qual era a hora certa ou se tinha uma hora certa para eu assumir aquilo para ele em voz alta. Que merda, Elizabeth.

- Você vai Elizabeth? - Perguntou Jason. Olhei para ele confusa, estava tão perdida em pensamentos que eu nem sabia o rumo da conversa.

- Para onde? - Questionei

- Para o nosso último jogo.

- Eu... - Ia começar a dizer não porque honestamente nunca me interessei e tals mas Daniel, o querido e babaca do Daniel me interrompeu.

- Ela vai. - olhei para ele de sobrancelhas erguidas

- Não sabia que mandava em mim.

- Eu não mando em você, mas eu quero que você vá.

- Não sei... - murmurei indecisa

- Você já foi em um jogo?

- Nunca

- Então você vai - aproximou a boca do ouvido e sussurrou - Porque a partir de agora você é minha sorte.

Me arrepiei e tentei disfarçar, Que merda enorme! William notou e soltou um risinho.

- Tá legal, eu vou.

- E pra ultima festa? - Questionou Jackson

- Ela vai comigo. - Daniel respondeu por mim

- Para de falar como se mandasse em mim, cacete.

- Elizabeth você quer ir comigo? - pediu irônico

- Nao estou afim.

- Você vai.- piscou para mim. Neguei com a cabeça, mais tarde eu obviamente vou falar merdas pra ele.

De repente o clima agradável que tinha na mesa sumiu tão rápido quanto um flash. Francine estava diante de nossa mesa sorrindo. Tão forçado. Eu podia sentir o veneno escorrendo de seus olhos e talvez podia ser impressão minha mas eu acreditava que ela estava aprontando algo.

A mim, em especial.

- Olá garotos - Ela sorriu para eles e olhou para mim por último - E Elizabeth.

Nem me importei de abrir a boca na direção dela.

- O que quer, Francine? - perguntou Daniel, sério.

- Estava bom de mais pra ser verdade - Jason murmurou. Sorri na direção dele

- Acha isso engraçado, Elizabeth? - Ela me perguntou. Encarei ela. - Respondendo sua pergunta Daniel, em vim em missão de paz.

- Paz provavelmente não se encontra em seu vocabulário - Hunter murmurou bebendo um pouco de seu suco

Ela nem se importou de olhar para eles. Seus olhos estavam cravados em mim, como se eu fosse um cordeiro inocente e ela uma cobra pronta pra me atacar.

- Quero ser sua amiga, Elizabeth. Já que compartilhamos o mesmo garoto seria ideal uma nova amizade, sabe, compartilhar detalhes.

Nem me limitei a mostrar uma emoção. Sabia que Daniel não estava com ela, Ela está aqui pra me provocar.

- Eu não estou mais com você, Francine - Daniel começou irritado - Eu nunca estive com você da forma que você espalhou pra esse colégio inteiro.

- Não estou falando de você Dan, apesar de  você ser maravilhoso em tudo como por exemplo na quadra e na cama, ainda sim não estou falando de você. - Ela disse. Olhei para ela confusa, na verdade todos estavam confusos com aquilo. - ATENÇÃO PESSOAL

Ela chamou a atenção de todos do refeitório. Por ser ela, Francine a lider das animadoras de Torcidas, popular, bonita, todos a olharam sem precisar chamar uma segunda vez.

- Temos que dar uns parabéns para alguém hoje - Ela disse e então apontou para mim - Parabéns para Elizabeth Moore, a "santinha" que não tem nada de santa, afinal, ela transou com um jogador do time de basquete.

Naquele instante minhas narinas inflararam e eu podia sentir meu rosto vermelho e pálido ao mesmo instante. As pessoas todas estavam de olhos em mim.

Algumas cochichavam que era Daniel.

Mas eu sabia o que ela estava fazendo.

- O que ela tá dizendo? - Daniel me perguntou. Eu não olhei nem na direção dele com medo pela primeira vez em anos. Eu sinto que tudo isso vai acabar em um segundo, e essa idéia é detestável.

- E Não galera, não é o nosso querido Capitão - Francine continuou - É o melhor amigo dele, Paulo.

Eu senti naquele instante meus olhos lagrimejar e meu sangue gelar. Sabia que isso ia me assombrar em algum momento.

- O que merda ela tá falando, Elizabeth? - Ouvi Daniel. Me recusava a olhar para ele. - Isso é verdade?

As pessoas cochichando, Francine com seu sorriso diabólico e minha unica vontade era de sumir mas ao mesmo tempo arracar esse mega hair da cabeça dela.

- Era só isso, voltem a comer. - ela soltou um risinho e voltou para a maldita mesa de onde saiu. Paulo encarava eu e Daniel, mas então olhou para mim e sorriu.

Foi aquela a confirmação que Daniel precisava de que algo já aconteceu entre nós pois ele simplesmente tirou o braço de meu ombro. Olhei para os meninos na mesa primeiro, eles tinham rostos sérios, outros até inexpressivos.

Pela primeira vez depois de que Francine surgiu diante da mesa me permiti olhar para Daniel.

Ele estava esfregando o rosto, quando tirou as mãos eu podia ver a mágoa e a raiva transbordando em seu olhar. Ainda tinha pessoas nos observando, era como se fosse um circo que podia pegar fogo a qualquer momento.

- Daniel não é o que...

- Não? - me interrompeu. Engoli em seco. Ele levantou e eu levantei no mesmo instante, não iria deixar ir sem me explicar.

- Não foi exatamente desse jeit...

Mas ele simplesmente me ignorou e saiu andando com os olhos fuzilando profundamente Paulo que nos observava com sorrisos maliciosos. O que caralho esse garoto ganha com isso? Daniel foi tão rápido que eu nem consegui acompanhar, ele simplesmente socou em cheio o rosto de Paulo que caiu do banco com o nariz ensanguentado. Daniel subiu em cima dele e começou a socar ele repetidas vezes

Minhas mãos foram a boca. Eu não sabia o que fazer.

- DANIEL! - gritei. Mas ele não se importou. Ele continuou. Teve uma hora que Paulo conseguiu inverter a situação acertando um soco no estômago de Daniel que caiu pra trás. Paulo socou o rosto dele aproveitando a oportunidade. Daniel revidou jogando Paulo novamente no chão e acertando em cheio seu rosto agora roxo e cheio de sangue.

A gritaria era tanta.

Francine gritava horrores.

Meu corpo estava paralisado observando aquela briga.

Nem vi o momento em que os meninos levantaram da mesa e separaram os dois. Eu fiquei agradecida e horrorizada pelo estado que Daniel deixou o rosto de Paulo.

Paulo quis ir pra cima mas Hunter, Jackson e William entraram na frente.

O diretor chegou junto da inspetora que veio correndo.

- TODOS VOCÊS, PRA MINHA SALA AGORA! - Apontou para os meninos apenas. As vozes aos fundos eram tantas mas eu ignorei focando apenas nos olhos de Daniel que me encontraram.

- Você conseguiu - Ele me disse limpando o sangue da boca - Você tinha tanto o desejo que eu me apaixonasse por alguém e me fudesse na mão dessa pessoa, que acabou se tornando esse alguém.

- Daniel... deixa eu explicar - tentei me aproximar. Ele simplesmente me ignorou e saiu junto dos meninos e de Paulo para a diretoria.

Me senti sem chão pela primeira vez na vida. Nem quando meu pai foi embora me senti daquela maneira devastadora. Mas eu não ia chorar.

Não ali.

Não na frente daquelas pessoas.

Francine sorria para mim. Minha vontade era de agarrar seu pescoço e puxar seus cabelos.

Mas eu não fiz isso.

Eu simplesmente caminhei a passos largos para fora do refeitório sabendo que era alvo de todos os olhares.

- Ei - ouvi atrás de mim. Eu praticamente corria pelos corredores vazio querendo fugir daquele lugar o mais rápido possível - Elizabeth, espera!

Olhei para trás. Era Jason. Esfreguei o rosto.

Eu só queria minha casa.

Eu precisava chorar e não queria chorar na frente de alguém.

Ele me alcançou e em seu olhos eu podia ver pena.

- Eu vou te levar pra casa.

Apenas assenti e fui acompanhada por ele.

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