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ELIZABETH MOORE

Semanas.

Semanas é a palavra exata que defina o tempo que me fez hesitar sobre alguns pensamentos que já tive. Começo por onde? Sou Elizabeth Moore, filha de uma enfermeira, estudiosa/intelectual porém muito diferente de outros estudiosos por aí.

Se me atacar, eu atropelo.

Se pisar no meu pé, eu piso na sua cabeça.

Se me tratar com deboche pode apostar que você vai se arrepender no segundo que o veneno começar a escorrer pela minha boca.

Eu sei ser uma cobra venenosa, sou observadora e convivo com muitas todos os dias de manhã no colégio. Embora eu não fale com elas, se eu falasse, eu seria a pior.

E é por isso que talvez eu tenha me afastado das pessoas e principalmente não tentado interagir com ninguém durante longos anos.

Por sorte, eu tenho uma humanidade que diz que não posso machucar ninguém. Não digo sair na porrada, se é que me entende, digo machucar com palavras e atitudes. Sempre soube que se eu me juntasse as lideres de torcida por exemplo, eu me tornaria a pior cobra do grupo. Independente de qualquer grupo da escola, se eu me juntasse a qualquer um eu poderia acabar machucando alguém.

Porque eu já fui machucada.

Estive pensando durante horas, e apenas uma pessoa entendeu. Apenas uma entende.

De forma inconsciente, estive pensando nos dias que passei com ele. Estive pensando o porquê ele me levou no lago e cheguei a uma conclusão que eu não queria.

Ninguém nunca prestou atenção, eu escondia, mas mesmo assim ele entendeu.

Entre minha mãe e meu pai? Eu era mais grudada ao meu pai. Eu e ele tínhamos uma conexão que eu nunca tive e até hoje não tenho com mamãe. Sempre fui muito animada, eu conversava com o pessoal do colégio. Mas quando meu pai foi embora eu definitivamente pirei. Nunca imaginei que aquilo poderia acontecer, mas aconteceu.

Eu tive um rolo com um menino, perdi a virgindade com ele. Mas no segundo que acabou, eu me arrependi. Arrependi de estar sofrendo tanto pelo meu pai e ter me sentindo uma criancinha, que por um segundo quis crescer e deu naquilo.

Hoje ele é um grande amigo de Daniel.

Grande amigo do único garoto que me entendeu.

Então quando tudo houve, eu me afastei de todos. Comecei a me concentrar nos estudos e então eu comecei a gostar de estudar. E sou quem sou hoje.

O fato de eu estar me abrindo para mim mesma neste instante, é porque nunca fiz isso. Nunca falei comigo mesma. Eu sempre guardei meus pensamentos e minhas memórias que me arrependo profundamente até de mim mesma.

E mudou por causa dele.

Ele teve algum efeito estúpido em mim que me faz pensar coisas que eu escondia no fundo do meu subconsciente.

Daniel entendeu que eu sofria pelo meu pai. Daniel me levou no maldito lago. Daniel me fez abrir minha mente para mim mesma.

E eu estou estupidamente brava com isso.

Brava com a possibilidade de ele estar revertendo todo e qualquer tipo de pensamento que eu já tive dele. Brava com o fato de que desde que houve aquele beijo estúpido eu estar desejando mais.

Brava com o fato dele estar mudando minha cabeça completamente. E principalmente, acima de tudo, porque tenho que terminar a merda do meu trabalho e entregar daqui quatro dias. E eu não tenho mais a "ajuda" dele para isso.

Inferno!

Levantei da minha mesa no refeitório ignorando totalmente a discussão/Briga dos garotos do time. Honestamente eu e quase todo mundo em volta não entendeu nada. Todos ali estavam conversando calmamente e eu estava tão perdida com as merdas em meus pensamentos que quando vi Daniel estava socando um de seus colegas do time.

Era a primeira vez que o vi dando um soco em alguém. Ele parecia tão furioso, que comecei a pensar que quem quer que provocasse ele apanharia.

E eu achado que ele era um otário que não sabia nem levantar o punho. Quando notei alguns dos garotos socorriam o colega, enquanto Daniel vocifera para eles ir se foderem. Ele passou as mãos nos cabelos loiros escuros, muito tenso e provavelmente se controlando para não socar o resto dos colegas.

Seus olhos pararam em mim, então ele começou a andar a passos largos para fora do refeitório como se eu fosse a culpada daquilo tudo.

Eu não tenho nada a ver com isso.



- Hey hey hey, Baby baby, uhuu!!!!! - Margareth cantarolava. Coloquei o travesseiro por cima minha cabeça tentando abafar a voz irritante dela. Eu não sabia cantar mas minha irmã era bem pior.

- I came here tonight
To get you out of my mind
I'm gonna take what I find, oh, oh yeah
So open the box
Don't need no key, I'm unlocked
And I won't tell you to stop, oh, oh, yeah

- Mag, Beth está dormindo! - Ouço minha mãe exclamar de algum canto da casa.

Tento abafar novamente com o travesseiro. Olho o relógio na minha escrivaninha, exatamente dez horas da manhã de um sábado!

- CALA A BOCA MARGARETH! - Grito irritada

- PARA DE SER CHATA ELIZABETH! - Ela gritou bem próxima

- É SÁBADO GAROTA!

- NÃO IMPORTA! - Gritou de volta

- OH MÃE!!!! - gritei frustrada. Levantando com tudo da cama e abrindo minha porta. Margareth abriu a porta do quarto dela no mesmo instante que eu

- MÃE! - ela chamou também

- O QUÊ? - Minha mãe gritou subindo as escadas nervosa. Chegou ao corredor com as mãos na cintura olhando para nós

- Diga para a estúpida da sua filha que quero dormir! - disse eu

- Diga para a estúpida da sua filha mais velha que não ligo! - Margareth

- Diga para a estúpida da sua filha mais nova que é sábado de manhã, não é hora de ficar cantando que nem louca!

- Diga para a estúpida da sua filha mais velha que não existe hora de ser feliz, ao contrário dela que é uma chata ranzinza, metida a arrogante!

Minha mãe passos as mãos no rosto

- Eu não sou chata meu bem! Você que é uma...

-ELIZABETH E MARGARETH! - Minha mãe rosnou - Calem a boca!

- Mas mãe... - ela choramingou

- Mas mãe o que Margareth? Concordo com sua irmã, é muito cedo para estar cantando tão alto!

- falei - sorrio

- E você Elizabeth, para de gritar com sua irmã inferno!

- Mãe!

- Mãe o caramba! - Ela respirou fundo - É o seguinte - disse mais calma, olhando para nós duas - é a primeira folga que tenho em um mês inteiro fazendo plantões e dormindo apenas cinco hora durante todos os dias. Eu não curto um dia sequer com vocês minhas meninas, então Margareth pare de cantar e limpe essas remelas, e você Elizabeth vá tomar um banho que seu mal hálito está vindo chegando em mim que estou um metro e meio de distância e desçam para me ajudar a limpar está casa!

- É sabado mamãe, nos dê uma folga, limpamos a casa todos os dias! - Margareth choramingou

- É o quê garota? Você limpa a casa? Piada mesmo - dou risada debochada - A unica coisa que faz é lavar a droga da louça e limpar o fogão. Eu? Eu varro a casa inteira, lavo banheiro, tiro o lixo, lavo as roupas, arrumo sala de estar, cozinha, e o quarto de vocês duas porque você mesma não tem capacidade de arrumar seu próprio quarto!

- Acho engraçado arrumar meu quarto e não arrumar o seu!

- Minha linda, eu não arrumo o meu porquê o meu o máximo de sujeira que tem são roupas jogadas no chão e objetos fora do lugar. Você esconde comida dentro do seu quarto Margareth!

- Claro, se não vocês duas comem!

- CHEGA! - Gritou minha mãe - Entrem para dentro do quarto de vocês e descam logo!

- Mas...

- Agora Margareth!

Soltei um riso

Minha mãe olhou de cara feia para mim. Entrei para dentro do meu quarto.



- O que vocês fizeram durante a semana? - mamãe perguntou enquanto comia um pouco de suas panquecas com calda de caramelo

As panquecas que minha mãe faz para o café da manhã são fabulosas! Eu adorava comer tudo que mamãe preparava.

- Bom, eu estudei estudei e estudei, fiz prova principalmente e hum - olhei para Margareth - Mag perdeu a virgindade da...

- O QUÊ? - Minha mãe exclamou apavorada

- Boca - completei

- ELIZABETH! - Margareth exclamou com vergonha e raiva de eu ter contado

- Como assim filha, você não ia me contar que anda beijando? - minha mãe disse magoada e brava ao mesmo tempo.

- Desculpe mãe, fiquei com vergonha - as bochechas dela estavam vermelhas enquanto ela fazia cara feia para mim

- Tudo bem - ela suspirou - como foi? Com quem foi? E como assim ficou com vergonha de me contar e Elizabeth sabe?

- É que Margareth me arrastou com ela para a sorveteria para ir encontrar o garoto.

- Edward - Mag me corrigiu e coçou a garganta - Sabia que você não iria permitir que eu fosse sozinha para algum lugar e sabia também que se eu fosse escondida por exemplo a Beth iria te contar.

- Realmente. - bebi um pouco do meu café

- Então - continuou - Ela foi comigo, ficou a distância e eu fiquei tomando sorvete e conversando com Edward. Ele me surpreendeu com o beijo.

Soltei um riso ao ver suas bochechas super vermelhas

Mamãe sorria

- Edward uhum? A sua paixonite a três anos?

- Sim.

- Bom filha - mamãe suspirou - Quero conhecê-lo!

- Não exagera mãe... - eu murmurei. Que coisa precipitada

- Bom - Margareth coçou a garganta novamente - Eu quero conversar mesmo com você mamãe, ele quer me namorar!

- Sério? - os olhos de mamãe brilharam

Engoli todo meu café olhando pasma para a cara de felicidade da mamãe

- Você não pode estar cogitando a idéia de Margareth namorar! - Exclamei

- Elizabeth...

- O quê que tem? -Margareth perguntou ofendida

- Ela tem treze anos mãe!

- Elizabeth filha...

- Qual o problema? - Margareth exclamou brava

Mamãe me encarou e eu encarei mamãe duramente. Ela então suspirou e olhou para Mag. Mag estava confusa e não disfarçava.

- Margareth vamos conversar uma coisa.

- O que mamãe?

- Você pode namorar ele.

- Mamãe! - exclamei. Ela levantou o dedo me pedindo silêncio e continuou

- Só que você tem que ter certeza se realmente é isto o quer. É o que seu coração quer?

- Sim, mãe.

- Ok, traga-o aqui e eu tomo a decisão final.

- Ele vem hoje a tarde

- Existe uma diferença entre coração e razão, mãe. Não seja irracional! - exclamo. Elas me ignoram.

- Já tinha combinado com ele - Mag diz

- Não faça nada que não se sinta segura.

- O que quer dizer?

- Nada de peru no forninho!

- Elizabeth.

- Eu vou contar a ela, mãe.

- Contar o que?

- Que eu já fiz a cagada de transar com um garoto e arrepender no mesmo instante.

Mamãe tinha os olhos focados na mesa entre nós

- Quem era ele ?

- Não importa. O fato é, mamãe estava fazendo muitos plantões aquela semana, eu o trouxe aqui e acabamos transando.

- Eu jurava que você era virgem. - Margareth diz

minha mãe engoliu em seco

- Ela não estava pensando bem Margareth, é isso o que queremos dizer. Você quer namorar esse menino? Ele pode vir aqui e se eu gostar dele pode namora-lo. Mas não estarei presente sempre, por favor, antes de fazer alguma coisa com ele, pense em como será depois.

- Eu vou me cuidar.

- Ok - mamãe terminou o café dela e sorriu - Margareth pode voltar a cantar como louca, irei lavar a louça.

- Que bom! - Ela levantou como louca e começou a fazer os barulhos insuportáveis dela

- Bom, irei ler um livro na cafeteria aqui perto.

- Porque não lê aqui? - mamãe perguntou

- I came here tonight
To get you out of my mind
I'm gonna take what I find, oh, oh yeah
So open the box
Don't need no key, I'm unlocked
And I won't tell you to stop, oh, oh, yeah

- Bom - mamãe sorriu amarelo - não volte tarde.

Estava sentada na cafeteria tentando escrever as próximas páginas do meu trabalho. Mas como? Sem Daniel não tinha como eu descrever algo.

- Elizabeth? - ouvi uma voz. Levantei a cabeça de um monte de folhas em cima da mesa e vi o tio de Daniel parado com um café em mãos.

- Oi - levantei para cumprimentar ele. Ele olhou para a mesa cheia de papeis

- Trabalho escolar? - perguntou

- Sim - suspirei olhando os inúmeros rascunhos que não estavam dando certo e nem chegando a lugar algum - Mas não está dando certo nada que escrevo - desabafei

- Qual o tema?

- Relacionamentos.

Ele riu. Ele me conhecia a anos, sabia perfeitamente bem que nunca tive um relacionamento.

- Está explicado porquê não chega a lugar algum - murmurou - Quer ajuda? Eu já tive varios relacionamentos e...

- Na verdade - suspirei - a única pessoa que poderia me ajudar, digamos que eu e ele não estamos em um bom momento.

- Deixa eu advinhar - abriu um sorriso malicioso, igualzinho ao sobrinho. Revirei os olhos - Daniel?

- Ele mesmo.

- Deixa eu adivinhar de novo, Você o ajudava com a prova e ele te ajudava com o trabalho?

- Não tecnicamente ajudava. Eu sim ajudava a estudar mas eu deveria fazer ele se apaixonar por mim para eu conseguir descrever de outro ponto de vista esse maldito tema.

- Bom garota - ele abriu um sorriso maroto, bebendo um pouco do seu café que havia acabado de comprar - O destino resolveu me juntar a você.

- O que quer dizer?

- Não sei porque vocês estão assim um com o outro - eu não falaria que é porque ele me beijou - Mas vou te aproximar dele.

- Sério?

- Sim - deu mais um gole em seu café - Não só ajudar você a fazer ele se apaixonar como fazer vocês dois perceber que ele já está apaixonado.

- Não sabe do que está falando.

- Eu sei sim Elizabeth. Acredite, eu sei. - piscou para mim

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