Capítulo 3

Saio da sala com a sensação ótima, talvez consiga mesmo. Errei só duas questões de física, mesmo sendo de conhecimento geral tinha algumas que eram um sufoco, mas pensei bastante antes de responder, busquei na profundeza da mente as respostas de algumas. Passo pelo guarda na entrada, sorrio para ele desejando uma boa noite. Não esta realmente noite, mas a luz do sol diminui aos poucos, descendo atrás dos prédios. Espero na parada o ônibus sentada no banco, vasculho a bolsa à procura de um livro, nunca saio de casa sem um. Absorta na leitura não vejo o tempo passar e escurece rapidamente e nada da condução vir, fico preocupada com a possibilidade de assalto, Canoas é muito perigosa ainda mais que sou mulher estando sozinha. Estou a ponto de ligar para Lúcia quando o bendito chega, entro de supetão quase caindo ao passar na roleta, sinto as bochechas esquentarem, por sorte só tem cinco passageiros além de mim. Sento me perto da porta massageando o pescoço, deu tudo certo afinal, agora preciso esperar a lista de quem passou. Fecho os olhos tentando não pensar em nada e adormeço; todavia como um bom pobre sempre sabe quando sua parada está perto, então abro os olhos quase em cima de onde preciso descer. Puxo a cordinha e espero na porta, quando o ônibus para, desço nada graciosa. Estou de sandália de salto quase morrendo de dor, meu prazer é arrancar isso e ficar descalça.

Perto de casa pego a chave na bolsa, abro o portão e não suportando mais, tiro o calçado. Tento não fazer barulho, contudo parece uma manada de elefante acabou de passar pela porta.

- Filha é você? - A voz de dona Lúcia soa na escuridão.

- Sim sou eu mãe, desculpa o barulho. - Acendo a luz para melhor ver.

- Essa porta tem um problema, temos que arrumar. - Fala tirando minha bolsa do ombro e pegando a sandália.

- Vou dar um jeito nisso. - Me atiro no sofá estralando meus dedos do pé.

- Como foi a prova?

- Estou confiante, devo ter ido bem.

- Minha menina é brilhante, orei bastante a Deus pedindo sua aprovação. - Diz depositando um beijo no topo de meus cabelos loiros.

- Obrigada mãe, mas não é bom cantar vitória antes da hora.

- Precisa ter fé e tenho muita. Achou bonita o lugar?

- É lindo, cheio de árvores com bancos coloridos, tem uma quadra do lado e uma área coberta também. Não vi muito, contudo o pouquinho que pude achei lindo.

- E as salas?

- Não entrei dentro, só a do exame, no geral bem cuidada.

- Vem comer, deixei um prato pronto no micro. - Lúcia chega na sala onde estou esparramada.

- Certo mãezinha, te amo muito sabia?!

- Faço tudo pela minha menina. - Abraço forte ela sentindo seu perfume de lavanda. - Sou sortuda e muito orgulhosa de ser sua mãe.

- Vou chorar desse jeito Lu, a senhora é tão boa, eu que sou grata por ser sua filha.

Penso em tudo o que ela sacrificou por mim, todas as noites de choro, angustia e dor; e hoje posso vê-la sorrir assim, é minha super heroína, minha melhor amiga, meu porto. Sempre irei dar o meu melhor por ela.

- Vem filha, come e lava a louça.

- Pode deixar, e a vovó?

- Dormiu a pouco, saímos de tarde para aproveitar o sol. Perguntou de ti. - Informa sentada na cadeira.

- Tenta dar o mínimo possível de remédio tá? Vamos sair mais com ela, precisa se distrair e quem sabe a dor diminua.

- Vamos tentar, mas tem melhorado a cada dia, aos poucos irá voltar ao normal. - Afaga minha mão vendo a preocupação estampada nos meus olhos.

- Tudo vai dar certo.

- Pensamento positivo filha. - Assinto terminando de comer já indo lavar a louça.

- Vou deitar, boa noite e dorme com os anjos.

- Boa noite, dorme bem. - A abraço com mãos cheias de sabão.

Escuto a porta bater enquanto termino de passar água no prato. Vou deixar escorrendo, depois seco isso. Entro no quarto apanhando um pijama, depois de um banho morno visto a calça estampada de nuvens e a blusa do conjunto. Deito-me adormecendo para um novo dia começar.

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