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Segunda-feira
Amber K. White
Não sei dizer o que é mais bonito. Os cabelos castanhos de Lena Simmons, ou os olhos cor de oliva.
Da mesma maneira que não sei dizer quem é o mais amoroso, gentil e responsável entre Lena e Hobbs Simmons, pais de Stacy.
Houve uma época em que eu sentia raiva. Raiva por não ser filha de pais como eles, raiva por ter uma mãe drogada que só ligava para o homem que entraria na sua casa naquela noite.
Hoje em dia, eu nem ligo. Os pais que eu precisava eu já tenho bem aqui. Os pais de Stacy. Apesar de não ser de sangue, meu amor por eles é igual amor de filha.
Eu sou eternamente grata por tudo que já fizeram por mim e continuam fazendo. Sem eles eu estaria perdida.
- Aquela menina é muito linda - Lena Simmons disse enquanto servia o café para eu e seu marido - Mas ronca feito um trator.
Eu ri
- Bem que Stacy disse - Eu comentei, não acreditava que o comentário sobre Anelise era realmente verdade.
- Por que vieram mais cedo? - Perguntou Lena curiosa
- Deixa a garota descansar - Hobbs disse, lendo seu jornal. Apesar de ser um homem alegre, no horário do café o que ele mais gosta é de silêncio.
O qual eu e Lena não estávamos respeitando.
- Vai ler isso no banheiro - ela revirou os olhos - você sempre faz isso.
- Eca - murmuro e bebo um gole de café
- Não se deve contar segredos de casal para os outros, mulher - ele disse. Apesar de sério era nítido o tom de brincadeira.
Eu adoro aquilo nele. E admiro também.
Hobbs Simmons consegue ser um homem calmo, paciente, alegre, e bravo. Tudo ao mesmo tempo, com seu toque de equilíbrio.
- Não estou contando para os outros Sr.Simmons, estou contando para Amber.
- É, tem razão - deu de ombros - É só a Amber.
Fingi estar ofendida
- Só a Amber? - perguntei
- Só a Amber - Eles dois disseram com seus sinceros sorrisos
Bebi mais um gole de café e olhei pela vista da janela da cozinha. O sol de Los Angeles como sempre brilhando no começo da manhã.
Amanhã é aniversário de Hobbs, e apesar de não ser tecnicamente uma festa, todos os anos, pelo menos desde que eu os conheço, fazemos um bolo para ele para comemorar seu aniversário. Por isso viemos para cá.
- Você ainda não me respondeu - Lena chamou minha atenção de novo - Por que vieram mais cedo? Stacy disse que viriam na segunda, no caso hoje.
- Mudança de planos - dei de ombros
- Está aí uma coisa que nunca vai mudar - Hobbs abaixou o jornal apontando pra mim - Você não consegue mentir, garota.
- Não estou mentindo.
- Só não está contando o real motivo - Lena disse indo até a pia deixar o copo sujo. Ela cruzou os braços e me encarou - Stacy disse que está namorando.
- Stacy é uma fofoqueira - Eu respondi revirando os olhos
- Quem é o garoto? - perguntou Hobbs de olhos estreitos - Qualquer dia eu apareço na sua universidade para dar um cuecão nele.
- Deixe de ser moleque, Hobbs - Lena resmunga
- Só estou protegendo minha filha número dois - Ele deu de ombros e levantou de novo o jornal, logo abaixo me encarando - Ele é bonitão?
Eu ri
- Gostosão é a palavra certa - Respondi
- Muito Gostoso? - Lena perguntou interessada
- Demais!
- Tenha mais respeito comigo, garotas. - Hobbs disse, sério
- Ele é um James, Papai - Stacy desceu as escadas bocejando
- Credo, um James! - Lena e Hobbs disseram ao mesmo tempo. Era como se fosse combinado, mas os dois literalmente parecia ter a mesma reação para tudo. Ou quase tudo.
- Sim, um James - Stacy fez cara de nojo. Eu revirei os olhos. De novo.
A verdade é que apesar de Hobbs e Lena nunca terem visto os irmãos James, desde que eu e Stacy entramos na universidade, as poucas vezes que viemos aqui desde então sempre acabavam comentando o quanto era irritante ouvir sobre irmão James pra cá, irmão James pra lá.
- Cadê Anelise? - perguntei
- Roncando. Sinceramente, eu estou cogitando a ideia de pedir para ir para seu quarto. Prefiro a insuportável da Penny acordada do que um trator do meu lado dormindo.
- Deixe a coitadinha, ela deve estar cansada - Lena disse preparando um café para Stacy
Stacy sentou ao lado do pai a mesa que lhe deu um beijo na testa e voltou a ler o jornal. Eles começaram um assunto no qual eu não prestei muito atenção no que era o foco. Meu celular vibrou no bolso do meu shorts Jeans, quando vi o nome de Brad na tela eu desliguei.
- Está brigada com ele? - Perguntou Sra.Simmons de repente do meu lado
Eu neguei com a cabeça. Apesar de ser impossível negar, eles me conhecem bem
- Hobbs tem razão, querida - sorriu para mim - você não sabe mentir.
Eu suspirei
- não quero conversar sobre isso agora - respondi. Ela assentiu cuidadosamente
- Então quando quiser conversar, estarei aqui - piscou para mim e foi lavar a louça. Eu assenti e saí da cozinha indo para a varanda em frente à casa.
Sentei em uma cadeira e fiquei observando a rua sem nenhuma movimentação. Eu queria a todo custo não olhar para o lado, mas como todas as poucas vezes que vim aqui em dois anos, eu sempre olhava.
Aquela casa não chamava atenção alguma. Era quase como se fosse excluída em comparação com a do resto do bairro.
A casa branca precisando de um retoque na tintura. A cerca quebrada, o gramado sem nenhuma vida.
Meu celular tocou e eu recusei a chamada dele, de novo. Ainda não estou preparada para conversar.
- O que ele te fez? - Perguntou Hobbs vindo sentar na cadeira a meu lado - partiu seu coração?
Eu ri
- Não, não partiu.
- Então qual o problema?
- Eu sou o problema - respondi sinceramente. Os olhos ardendo ao olhar para a casa que eu morei por tanto tempo - Eu estou insegura.
- Por que?
- Porque eu não sei o que ele sente por mim. Eu sinto que ele sente algo, mas eu quero saber o que é exatamente esse algo.
- Já pediu pra ele?
- Ele diz que não consegue descrever - respondi suspirando. Por incrível que pareça eu sempre conseguia me abrir com o Sr.Simmons, as palavras simplesmente fluía.
Meu celular tocou de novo
- Então pede para ele tentar, pelo menos - Disse olhando para meu telefone - Eu só te digo uma coisa garota, não deixe seus problemas do passado afetar seu presente e futuro.
- Eu não estou sendo afetada por meus problemas do passado, faz dois anos que não estou - respondi
- Será? - ele deixou a dúvida no ar, apertou meu ombro e entrou para dentro de casa de novo. Eu olhei para meu celular gritando entre meus dedos, então eu atendi a ligação.
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