25
Quinta-feira
Brad C. James
- Quem é a garota ? - Connor perguntou, enquanto colocava sua jaqueta de couro
- Não finja que não sabe o nome dela. - resmungo indo beber um copo de café
- Eu já vi ela pelo Campus - Oliver disse enquanto comia uma torrada - Mas não fazia idéia de que estava com você.
- O que vocês têm? - Connor perguntou. Meu irmão não demonstrava emoção alguma em nada que ele falava. Era quase inexpressivo, se não totalmente. Ignorei a pergunta. Não porque eu não queria responder, simplesmente porque não tinha resposta.
- Nosso pai acha que está namorando ela.- Oliver disse - Ouvimos no sábado que fomos na casa dele vocês conversando sobre a tal Boneca, só não fazia ideia que essa é a Boneca.
- Você a conhece? - Perguntei encostado na bancada da cozinha
- Como já falei - ele limpou as mãos - Já a vi pelo Campus. Vou indo, tenho aula em vinte minutos.
Então ele saiu no mesmo instante. Oliver não me engana, eu não sou burro, especialmente quando eu já tinha notado uns desenhos que ele fazia de um rosto feminino.
Especificamente de uma amiga da Boneca.
Meu caro irmão tem o hábito de desenhar tudo aquilo que acha interessante.
Conversar sobre ela com meus irmãos tornava tudo mais real. Não que tinha algo para ser falso ou verdadeiro, só que quando eu penso em Amber tudo está infiltrado na minha cabeça. Conversar sobre ela em voz alta com alguém tornava as coisas mais intensas.
Quando fui na casa do meu pai tivemos uma breve conversa de pai e filho. Sempre tínhamos, ele perguntava com estava na universidade e eu perguntava com ele estava morando naquela casa enorme sozinho. Então não sei o que me deu, ou se eu precisava de uma opinião ou que merda fosse,
Eu falei sobre a Boneca.
Falei que assim que olhei para ela esse apelido veio em mente. Falei sobre o nosso lance, e falei no quanto ela me deixava com vontade de mais ao mesmo tempo que me deixava feliz pelo simples fato de irrita-la.
Meu pai apenas sorriu e bateu nas minhas costas. Não foi necessário ele dizer nada, eu sabia que ele estava pensando.
Que eu estou me apaixonando.
E talvez eu esteja mesmo, porque eu fico fodido ao pensar nela. Eu não sei o que porra essa garota faz comigo. Ela me deixa bobo, simples assim.
- Já falou com ela? - Connor perguntou pegando as chaves dele
- Sobre o quê? - perguntei. Não precisava perguntar para saber que ainda estávamos falando dela.
- Sobre a minha revanche - abriu um sorriso lentamente - Eu vou acabar com a sua garota.
Eu tinha acabado de sair da minha aula e estava passando pelo gramado. Como sempre o dia estava irritantemente ensolarado, e aquilo parecia chamar mais os alunos para fora dos prédios.
Tinha alunos sentados no gramado lendo, rindo, conversando. Encontrei os caras e fui caminhando na direção dos mesmos.
- Olha ele aí - Disse Logan. Cheguei perto deles encostando na árvore ao lado, tirei minha camisa ficando sem camiseta mesmo.
Não era minha intenção me exibir ou chamar a atenção de alguma garota, eu simplesmente estava fodido com esse calor.
- O que foi?
- Olha lá - Matthew Apontou com o queixo para o gramado a poucos metros de nós - Bennet conseguiu a namorada de volta.
Observei Kit e Mirela se beijando enquanto estavam sentados no gramado.
- Pelo menos ele para de chorar nas nossas orelhas - Riley falou tomando uma lata de refrigerante.
Algumas garotas passavam olhando para nós, algumas paravam seus olhares maliciosos em meu peito. Sorriam e continuavam andando.
Uma garota com shorts jeans curto passou ao lado de Riley, então abriu um sorriso para o mesmo que não hesitou em ir atrás dela.
- Riley não perde uma - Greg balbuciou observando - Você também não perde - me encarou
Sorri ligeiro
- Estou tranquilo aqui.
- Já passou umas cinco olhando só pra você - Matthew falou - Por que não foi atrás de nenhuma delas?
- Eu acho que sei porquê - Greg sorriu travesso - Mas vamos deixar minhas suspeitas se confirmar.
Revirei os olhos
- Nos vemos no treino, tenho aula agora. - falei e me afastei dos meus amigos que me observava.
Grandes idiotas.
- Boneca - abri um sorriso que foi iluminado pelas luzes da rua naquela noite escura.
Amber saiu vindo em minha direção. Seu cheiro é de hambúrguer e aquilo fez meu estômago roncar.
- Tem algum hambúrguer escondido em seu casaco? - perguntei
Ela soltou uma risada e começamos a caminhar
- Infelizmente não, eu teria roubado um pra você se soubesse que queria. - disse
- Então amanhã me traga um. - falei
- Soube que o próximo jogo vai ser em outra cidade - ela disse
- Sim mas ainda não temos uma data marcada, quando tiver eu falo pra você.
- Eu com certeza estarei lá.
- Se você não estiver boneca eu vou poder fazer o que quiser com você.
- Você só pensa em sexo?
- Eu não estava pensando nisso agora - dei de ombros - mas obrigado pela idéia.
Ela sorriu
- Você não tem limites, James.
- Você também não, White.
- Como sabe meu sobrenome?
- Você não sabe sobre mim? Então eu sei um pouco sobre você.
- Quem foi sua informante?
- A chamada na nossa aula extra. - falei. Ela revirou os olhos
Andamos por mais longos minutos em silêncio, eu estava totalmente confortável na presença dela. E apesar de não querer aquela merda de amizade, aquilo definitivamente me fazia bem. Porra, e como fazia.
- Como foi sua infância, Brad? - perguntou de repente. Seu rosto estava tenso
- Apesar de tudo, feliz. Por que a pergunta?
Ela engoliu em seco pensando. Parecia pensar se falava ou não.
- Pode confiar em mim, boneca.
- Hoje é o aniversário da Agnes - disse - Minha mãe.
- Você desejou feliz aniversário?
- Não nos falamos.
- Por quê?
- É muito vergonhoso.
Seus olhos não estavam em mim, estavam direcionados para frente. Era como se ela caso ela olhar para mim perderia a coragem de falar.
Eu não entendia como ou se ela é tão fácil de ler, mas eu gostava de pensar que Boneca se sentia confortável para mostrar quem realmente é comigo.
- Quando eu coloquei meus olhos em você pela primeira vez - comecei - eu fiquei interessado no mistério que você demonstrava ser. E acho que foi por isso que eu quis e ainda quero te conhecer.
- As vezes o mistério não é nada bonito.
- Eu não preciso que seja bonito, eu preciso sentir que você confia em mim.
- É isso o que eu não entendo - parou me encarando - eu confio.
Sorri. Ela suspirou e então começou:
- Quando minha mãe, Agnes, engravidou meu pai simplesmente foi embora. Eu não sei quem é, seu nome, nem nada do tipo. Ela me teve e então começou simplesmente a se drogar - deu de ombros - Acho que criar uma criança sozinha, maternidade, e cuidar de uma casa sozinha mexeu com o psicológico dela de alguma maneira, ela simplesmente não conseguia lidar sozinha. Então enquanto eu crescia ela simplesmente parou de ligar para mim, ainda me dava comida mas não agia como mãe. Começou a levar homens para casa, homens que mal conhecia.
Cerrei a mandíbula com medo de onde aquela história iria parar
- Eles... Faziam alguma coisa com você? - ela sabia onde eu queria chegar e eu sinceramente torcia para ouvir um não.
- Não - respondeu e eu respirei aliviado - Mas tentaram. Quase todos eles. Quando eles tentavam eu me trancava no meu quarto e fugia pela janela. Nas primeiras vezes eu simplesmente andava pelas ruas até amanhecer e eu ter coragem de voltar para casa, se eu voltasse e falasse o que quase aconteceu Agnes não acreditaria em mim, ela nunca acreditava. Então eu conheci Stacy, ela se mudou para o lado e começou a estudar na mesma escola que eu. Quando esses homens desconhecidos chegavam em casa com ela eu pulava a janela e ia para a casa dela. Os pais dela tentaram falar com minha mãe, ela quis me proibir de ver Stacy, dizendo que era ela que colocava maluquices na minha cabeça. Então eu pedi para eles desistir de falar com ela. Vivi assim por longos anos Brad, quando terminei o colégio os pais da Stacy se ofereceram para pagar minha faculdade, eu aceitei e vim embora sem nem me despedir dela. Ela não liga pra mim. Tanta faz eu morta ou viva.
- Eu sinto muito que sua mãe tenha sido uma merda com você - eu disse
- Eu já nem ligo tanto pra isso - encolheu os ombros - Mas toda vez que chega meu aniversário ou o dela eu me sinto órfã. Porque eu não tive uma mãe, não a mãe que eu queria. As vezes eu vejo Stacy conversando com a Sra.Simmons, mãe dela, e eu fico com inveja porque eu não tenho nem aquilo. Eu me sinto sozinha, mesmo sabendo que tenho Stacy e os pais dela.
- Você não está sozinha Boneca - ela me encarou - Você tem a mim.
Ela abriu um pequeno sorriso
- Por quanto tempo?
- Pelo tempo que você me querer ao seu lado. - respondi abraçando ela que não tentou me afastar - E até depois disso você ainda vai me ter.
- Toma - tirou um embrulho do bolso do casaco - Eu escondi porque queria desabafar primeiro.
Ela riu. Eu peguei e abri sentindo o cheiro e sentindo meu estômago roncar.
- Você é a melhor.- pisquei observando aquele hambúrguer.
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