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Brad C. James

Eu sorri. Pela milésima vez naquela noite. Essa é a primeira vez que eu me sentia a vontade com alguma garota daquela maneira.

Amber é interessante, eu sempre penso nisso. Mas naquele momento é diferente. É interessante pelo fato de que eu consigo ler um pouco ela agora sem aquela falsa dureza.

É interessante o fato de que agora, nesse instante, ela ri comigo.

E principalmente, o fato que determinada diante de um desafio. Confesso que estou impressionado com ela ter comido aqueles pedaços todos em quase dez minutos. Mas algo dentro de mim me diz que eu ainda posso me impressionar e muito com a garota que Amber é.

- Você tem só dois irmãos? - Ela perguntou

- Felizmente, não aguento nem os que eu tenho quem dirá mais. Você tem irmãos? - perguntei

Estava sendo uma surpresa para mim depois do que ela disse no carro estar fazendo perguntas daquela maneira, interessada, curiosa.

- Não. Mas eu considero Stacy como uma irmã.

- E a outra?

- Que outra?

- A loira que anda com vocês.

- Anelise? Ela é caloura, conhecemos ela não tem nem uma semana. Mas ela é uma boa garota. Qual nome dos seus pais?

- Ava Cott e John James. E os seus?

Ela engoliu em seco antes de dizer

- Bom, eu não conheci meu pai. Já minha mãe se chama Agnes.

- Belo nome - Falei - Como se sente por não ter conhecido ele?

Ela ficou pensativa

- Eu não sinto nada, para dizer a verdade. A realidade é que ele é um desconhecido para mim. Então não sei se era ou é uma pessoa boa ou não.

- E se ele fosse uma pessoa boa?

- Então eu teria implorado para ficar com ele, me pouparia muita coisa - Seu sorriso era triste - Ao mesmo tempo que eu não iria conhecer Stacy, e isso seria péssimo.

- Ela é importante para você?

-Igual seus irmãos são para você.

sorri

- Connor carregou eu e Oliver nas costas por muitos anos, ele teve que ser o adulto da nossa vida enquanto ainda nem tinha entrado na adolescência.

- Mas... e seus pais?

- Minha mãe morreu e meu pai ficou perdido durante anos em luto. Quando ele finalmente acordou, percebeu que seu filho mais velho que deveria estar brincando com outras crianças estava na verdade cuidando de crianças.

- Uau - Ela murmurou - Não é dificil pra você falar isso?

- Não.

- Você é de onde?

- Denver city. E você?

- Los Angeles. Denver city é a duas horas daqui não é?

- É sim - respondi - Sabe boneca, você é a única garota além dos meus amigos que sabem minha história de família. Agora.

Ela sorriu.

porra, que sorriso.

- Digamos que você é a única pessoa além de Stacy que sabe que não tive pai - Ela respondeu

- Isso me faz confiar mais em você.

- Isso me faz mudar um pouco meu ponto de vista sobre você, Brad.

Ficamos nos olhando por longos segundos indefinidos. Até que seu celular tocou.

- Cacete, já passou de meia noite.

- Quer que eu te leve embora Cinderela? - perguntei. Ela revirou os olhos

- Assim tão fácil? - perguntou desconfiada e sua expressão não negava.

Eu sei o que ela está pensando, Ele não vai insistir para me levar para a cama dele? Por mais que eu queira e essa tenha sido minhas reais intenções. Não, eu não vou levar.

- Assim tão fácil - concordei levantando e deixando o dinheiro na mesa. Ela deu um tapa na minha mão

- Deixa que eu pago, eu comi tudo!

- Vamos fazer o seguinte, da próxima você paga. - pisquei para ela que negou, saimos da pizzaria

- Não vai ter próxima vez, James. - ela disse do meu lado

- Isso o que veremos, Boneca. - respondo

Eu confesso que aquela noite não estava sendo como eu esperava. Mas foi uma noite de conhecimentos e talvez, coisas novas. Então apesar de não ter sido como planejei, estou satisfeito de como está.

O caminho até o dormitório foi em silêncio. Não um silêncio desconfortável mas sim, agradável. Não demorou nem dez minutos e eu já estacionava na frente do dormitório dela.

- Obrigada - Ela sorriu tirando o cinto

- Se for comparar com a nossa ida até a pizzaria ao agora, estamos avançando.

Ela revirou os olhos pela milésima vez naquela noite. É como se tudo que sai da minha boca fosse merda para seus ouvidos.

- Obrigada pela carona - disse abrindo a porta - até algum dia.

- Ei, Boneca - impedi que saísse por completo do carro, ela me encarou - Eu ainda quero continuar com o nosso lance.

- Nosso lance? - Perguntou confusa e sua expressão não negava isso

Sorrio abertamente

- Você me olha, eu te olho, você sustenta o olhar por três segundos e depois desvia como se nunca tivesse notado minha presença.

Ela passou a língua pelos lábios me encarando por longos e indefinidos segundos

- Até, James. - se despediu saindo do carro

Eu concordei observando ela que acenou e começou a caminhar para a entrada. Quando eu estava prestes a dirigir, eu vi a mesma voltar na direção do meu carro.

Olhei no banco já imaginando que ela esqueceu algo. Ao invés dela dar a volta para a porta de onde saiu ela simplesmente parou diante da minha e bateu no vidro para eu abaixar.

Assim que fiz ela me olhava seria e talvez incerta do que falaria.

- Quero te oferecer uma coisa, não precisa aceitar se não quiser.

- O quê?

- Apesar de não ter gostado da idéia de sair com você e não gostar muito de você, eu de fato gostei quando estávamos lá e gostei da nossa conversas e...

- Vá ao X da questão - Eu disse admirando o modo que ela falava, nervosa. E eu estava satisfeito que aquele nervosismo era comigo.

- Então... Vai parecer patético o que eu vou te perguntar mas, quer ser meu amigo?

Aquilo foi um soco no meu estômago. puta merda, Amigo?

Eu nem sabia o que dizer, essa é a realidade. claro que eu não quero ser a porra de um amigo para ela, eu quero... Nem eu sei o que quero, mas não incluia amizade porra nenhuma.

- Não precisa aceitar se não quiser, Brad - disse observando minha expressão

- Eu não quero.

- Bem, é uma pena, mas eu tenho que entrar então, tchau.

- Espera - impedi que ela continuasse andando - Amizade colorida?

Ela negou

- Ai você me deixa sem escolhas.

- Não é pra ter escolhas. Ou amizade normal entre duas pessoas sem pegações, ou nada.

Aquilo é igual me dar um banho frio. Um soco no estômago. Uma faca nas costas... puta merda... Tô até repetindo as coisas que penso.

- Aceita ou não Brad?

A contragosto, assenti

- Aceito.

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