Anos Atrás

Com a batida eletrônica e ensurdecedora, Rvy largou sua irmã e o namorado na entrada da balada e saiu apressada  atrás da única razão pela qual aceitou sair com Nadija e seu peguete: Chris Rogers seu ídolo perfeito. O ator favorito de Evelyn que estava confirmado como presença VVIP naquela balada em específico.

— Eu vou me resolver e vocês, vão sair e serem um casal! — diz aos seus responsáveis que realmente não queriam ser babá dela desde o começo do trato com o pai das irmãs Evergreen.

Gastou horas procurando pelo dress code do lugar, depois convencendo sua irmã a aceitar a levar ali, por último teve que usar duas vezes mais peças de roupas, pois para conseguir ficar mais perto do ator precisou de um passe para área VIP, para finalmente chegar no maldito lugar e ser tratada como uma fantasma.

— Você tem idade para beber isso? — perguntou alguém a moça que havia acabado de pedir uma dose de vodka.

Na verdade, não, mas o bar era liberado e teve um puta trabalho arrumando identidades falsas para passar na entrada. Não ia participar de uma festa com bebidas de graça e voltar sóbria para casa. Não era assim que as regras de adolescentes revoltados funcionavam.

— Eu tenho uma identidade que diz que sim! Se é que você se importa de verdade! — grita por cima do barulho para quem quer que estivesse atrás dela.

A sua liberação para área VIP só veio após Evy jurar ao gerente da boate que iria dançar uma música no poste, graças a sua incrível habilidade de dançar bem e manusear trapézios e panos para fins artísticos no circo. Panos e barras menores iam, certo? Não mataria uma barra de ferro. Poderia apenas fingir que era algum cara bonito e dançar.

— Acho que ele não quer atendê-la, senhorita maior de idade! — a voz masculina disse próximo ao ouvido de Evelyn que se debruçou sobre o balcão.

Agora com a pulseira VIP, munida de uma máscara que cobria seu rosto parcialmente, a moça sorria descarada para um cara que estava a encarando, enquanto balançava sua nota no ar chamando o garçom que continuava a ignorando. Atendendo a todos menos ela.

— Com quem eu tenho que transar para arrumar alguma bebida? — gritando furiosa recebe uma risada atrás dela.

Pronta para xingar o cara, já se preparava para o dar um soco, ao se virar e dar de cara com seu ídolo sorrindo convencido, sem máscara nenhuma, apenas o crachá de VVIP que o tornava dono do lugar por uma noite.

Que se foda, aquele homem poderia ser o dono dela pelo resto da vida que não ia ligar! Aqueles braços largos eram ainda mais sexys em vida real! O rosto dele então! Não tinha nada mais lindo! Sua falta de educação era só um detalhe estúpido, afinal de contas, não era possível ser perfeito como o ator era nos filmes.

— Escuta, vou te pagar três bebidas, uma para agora, uma para daqui a duas horas e outra para quando for embora. Você se finge de bêbada e conta uma super história para seus amigos depois, que tal? — Chris a sugeriu, ainda falando no ouvido de Evy, a olhando curioso.

Chris Rogers a pagando três bebidas? Com toda certeza! Aquele homem poderia a pagar uma mísera porção de nugget no McDonald's e ainda sim, ela sentiria-se a mulher mais sortuda do mundo, com toda certeza.

— Eu sou maior de idade! — ela insiste recebendo uma risada dele.

— Não é não! Mas vou te dar essa força, já que está tão fofa hoje! A propósito, lindos cachos! Parecia uma deusa quando apareceu na área VIP! — elogiando a moça a deixa nas nuvens.

Sentia seu peito bater forte e rápido, sua boca secar e seu estômago encher de borboletas. Não hoje, mas algum dia iria casar com aquele homem. Ah se ia.

— Obrigada! — limita a agradecer pela benção, recebendo de bom grado a bebida que ele a deu.

Tomando depressa, Evelyn não conseguiu falar com o astro, louca por uma foto que fosse com ele, já que ele havia sido cercado por seus amigos famosos e com isso desceu correndo da área VIP para falar com o DJ.

Que instruiu a colocar para tocar uma música do Henrique Iglesias que a fazia sentir-se sexy o suficiente para subir no palco e dançar naquele poste.

Aceitando todas as propostas de caras a pagando bebidas, até que recebeu o sinal que deveria subir no palco, tirando seu vestido, que jogou sobre seu cunhado, ficando só de short esportivo, saltos e top. Correndo para lá no momento que a música eletrônica parou.

Com seu corpo no torpor do álcool, suas inibições caídas por terra pelo mesmo motivo e a necessidade de continuar na área VIP, Evelyn dançou o melhor que pôde.

E chamou a atenção de muitos caras, que cercaram o palco e até mesmo passaram a mão nela, que enojada deu tapas em alguns e quase foi agredida por um, que levou seu cunhado a se intrometer, sendo agredido e fazendo ela ser expulsa do lugar junto de sua irmã, o namorado de Nana e o babaca que não soube se controlar.

— Me dá esse vestido aqui antes que eu te enfoque com ele, seu maldito! — xinga o namorado da irmã que a olha sem entender nada. — Eu odeio vocês! — berrando a plenos pulmões saiu de perto dos três outros expulsos e parou o primeiro táxi que apareceu, olhando para a fachada de boate uma última vez.

A fazendo chorar o resto da noite por nunca ter a possibilidade de tirar uma foto com seu ídolo, além de jamais poder tomar as bebidas com ele. Fazendo Evy concluir que estava fadada a morrer sozinha, sem ninguém além dos seus DVDs e romances em livros, novelas e séries.

Tudo simplesmente ia bem demais para ser verdade. E deveria ter previsto algo daquele gênero acontecer! Se ao menos tivesse pego o número dele! Azar desgraçado aquele...