01
Prólogo
Estou em um beco escuro e sujo da periferia localizado em uma área onde o estado não mais atua, um lugar e a que todos apenas se referem como o Expurgo.
Está frio, venta muito e é alto da noite. Trovões denunciam o aproximar de um temporal.
Começou a garoar e estou sem a porcaria da capa de chuva. Em poucos minutos fico toda encharcada.
O chuvisco aliado ao vento forte e gelado parece chicotear minha pele, meu caro vestido parece que está sendo arrancado do meu corpo.
Sinto uma estranha sensação. Parece que eu não estou aqui, apesar de estar, é como se eu estivesse assistindo de longe a minha própria vida e não a protagonizando.
Tudo é um grande déjà vu e a impressão que tenho é a de estar revisitando tudo isso. Meu palpite é de que o que estou vivenciando já aconteceu e agora estou apenas seguindo um roteiro.
Estou confusa. O que estou fazendo aqui na rua a uma hora dessas?
Não me lembro exatamente quais foram as motivações que me levaram até aqui. A única coisa que sei é que tenho que estar em um local específico e pontualmente na hora marcada para tratar de algo do meu interesse com alguém que nunca vi antes.
Esse algo mudará minha vida para sempre, mas nem me vem a cabeça qual será o assunto.
Estou preocupada, ofegante, nervosa e meu passo é apressado. O que está me causando toda essa ansiedade? — Pergunto-me.
Não consigo me lembrar. Apenas sigo andando como se eu estivesse no automático e as minhas pernas não fossem minhas mesmo, mas sim obedecendo as ordens de uma outra pessoa.
Tudo é muito estranho, afinal eu poderia ter realizado essa reunião, fosse com quem fosse, em um ambiente virtual quentinho e agradável no Metaverso por meio de avatares.
Mas não, eu tinha que estar aqui de aparecer de corpo presente. Resultado: cá estou eu tomando toda essa chuva. A esta altura dos acontecimentos já estou encharcada, não corro mais o menor risco do meu vestido ser erguido pelo vento, ele já grudou em mim.
Hoje em dia ninguém sai de casa para um simples encontro já que tudo pode ser resolvido online, ainda mais nesse tempo.
Já fazem semanas que não saio fisicamente do meu apartamento, devo estar louca. — Penso comigo.
Olho para os lados e me pergunto: Que lugar ermo é esse? Cruzes.
Ao reparar nos detalhes ao meu redor eu me arrepio toda, além de parcamente iluminado estas vielas estão atulhadas de entulho e lixo pelos cantos e um cheiro desagradável de esgoto invade minhas narinas.
Estou rodeada de uma multidão de inválidos e mendigos largados e apilhados pelos cantos. Todos esses são os chamados de intocáveis, inúteis para a sociedade.
Como ainda sobrevivem? — Fico a me perguntar.
Quem se importa com isso afinal? — Dou de ombros como resposta a minha própria pergunta.
Esse cheiro horroroso continua invadindo minhas narinas me obrigando a configurar o meu sistema de suporte e bem-estar para anular o odor. Desta forma, ao invés do desagradável aroma de esterco, eu sinto apenas cheiro de alfazema.
O sistema vai enganando meu cérebro a medida que caminho de modo que, sempre que surgir esse cheiro desagradável, eu seja bombardeada por refrescantes lufadas de alfazema.
De todo modo continuo caminhando apressadamente por ruas e vielas cada vez mais estreitas. Chamo a atenção e muitos olhares se voltam para mim com curiosidade.
Me sinto aflita, um desconforto, um nojo toma conta de mim. Desejo imensamente que estes miseráveis não me olhem mais e tampouco que eu também os veja.
Ajusto o meu visor de realidade ampliada instalado diretamente na minha retina para ocultar todo e qualquer indivíduo classificado como "intocável" do meu campo de visão.
Com o dedo em riste manipulo o menu que flutua bem na minha frente e na altura das minhas vistas. Pronto, a partir de agora eles serão meros "borrões" que deixarão de ter um rosto e forma.
É, só que isso piorou as coisas para mim já que estes "borrões" começaram a me assustar, eles davam a impressão de serem fantasmas vagando a ermo pelos cantos. Dei comando para o sistema apaga os "vultos" e no lugar tentar preencher com objetos virtuais ou recriar o cenário digitalmente.
Contudo eles ainda podiam me ver, o que me deixava exposta, e para contornar isso utilizei os meus privilégios como cidadã classe "B" para fazer o console me ocultar, dessa forma eu ficaria invisível para eles assim como eles são para mim. Minha sorte é que todo mundo, até mesmo os inválidos, tem implantes de realidade ampliada nos olhos, logo não havia como alguém me ver naturalmente.
Continuei assim meu insólito passeio me sentindo um pouco mais segura.
Se não fosse o ressoar dos meus saltos altos batendo no asfalto não haveria como eles saberem que eu estava caminhando por aquele beco.
Cheguei.
Esperei.
E nada.
Me posiciono na esquina e me abrigo embaixo de um toldo. Não há uma alma na rua salvo os inválidos que continuavam ocultos das minhas vistas.
10 minutos esperando e nada. Eu espirro compulsivamente, com certeza eu ficarei resfriada.
— Droga! Cadê essa pessoa? — Resmungo sozinha.
Noto que vem vindo alguém em minha direção.
— Quem é você? — Pergunto.
Não há resposta.
O sistema do meu console me diz que essa pessoa não tem um perfil de rede social ou mesmo uma identidade válida.
Fico apavorada ao notar que algo está errado, já que todo cidadão sem uma classificação deveria ser categorizado como "intocável".
O que não está acontecendo nesse caso.
Deveria ser só mais um indigente, mas eu estou vendo ele e, pior, ele está me vendo.
Não há como burlar o sistema, exceto se a pessoa não possuir um console implantado, o que é bem improvável.
Fico a me tremer de medo tentando descobrir porque ele, mesmo com meus bloqueios, ainda conseguia me ver.
A medida que ele chegava mais perto eu notava suas roupas estranhas e esfarrapadas.
Meu coração faltou saltar da minha boca quando notei que ele se ocultava atrás de uma máscara.
Petrificada hesitei e acabei perdendo a chance de fugir.
Ele exibiu uma faca para mim assim que ficou a poucos metros de mim.
— Meu Deus, você tem uma faca! — Conseguir vencer a letargia e gritar. — Afaste-se de mim!
— Não, não, não! — Supliquei.
Escuridão e silêncio. Não sinto mais nada.
QUEM ME MATOU? © 2018 WMACHADO (Walacy Machado)
1ª Edição — Brasil
Todos os direitos reservados ao autor.
Produção Editorial:
Agente Literária: Guta Bauer
Revisão: Graziela Reis
Capa: João Henrique de Jesus
Ilustrações e versão em quadrinhos: Vinicius de Souza
Este é um projeto do autor WMachado em parceria com a Increasy, agência e consultoria literária (www.increasy.com.br).
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes — tangíveis ou intangíveis — sem autorização do autor. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n° 9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código Penal.
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Este livro foi shortlist do prêmio Wattys 2018 e finalista do concurso Sweek Stars 2018.
A adaptação em quadrinhos desse trabalho foi finalista do XII concurso de mangá da Norma Editorial da Espanha.
Esta mesma adaptação em quadrinhos é publicada no formato "webcomics" no aplicativo WebComicsApp.
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Capítulo 01
Eu acordei de sobressalto.
Tateei tudo ao meu alcance sem reconhecer nada, aquela não era minha cama e aquele lugar tampouco era a minha casa. Tive um pequeno acesso de pânico por não conseguir abrir os olhos totalmente graças a uma luz muito forte que incidia diretamente sobre mim a ponto de ofuscar e me fazer lagrimejar.
Mesmo com os olhos ainda fechados eu me sentia como se estivesse imersa em um mar de luz. Assim que decidi enfrentar o clarão minhas vistas naqueles primeiros segundos tiveram muita dificuldade para se acostumar. As lágrimas desceram torrencialmente me obrigando a levar uma das minhas mãos ao rosto para tentar bloquear um pouco, sem sucesso, aquela luminosidade toda.
Restou a mim clamar por ajuda.
— Onde estou? — Questiono assustada. — Que lugar é esse? Tem alguém aí?
Silêncio.
— Oi! — Insisto — Tem alguém aqui?
Consegui me debruçar sobre o local onde estava estirada para assim desviar o olhar da luz. Cocei os olhos a fim de desobstruí-los e tão logo minha visão deixou de ficar turva dei uma boa olhada em volta de onde eu estava.
A medida que tudo começa a ficar em foco noto que estou em uma sala totalmente branca e deitada em uma maca. Salvo essa mesma maca não existia mais nenhum móvel no local.
Volto meus olhos para mim mesma e vejo que não estou vestida adequadamente.
— Que roupas são essas? — Pergunto a mim mesma. O que eu trajava parecia aqueles aventais de hospital feitos de tecido grosso e áspero.
Eu só podia estar no hospital.
Uma nova onda de medo percorreu minha espinha. Sofri um acidente? Estou em um hospital? — Me perguntei.
Viro meu pescoço para o outro lado do ambiente e tomo um susto. Tem um cara esquisito de terno me olhando. Só tem eu e ele aqui.
Ele é atarracado e forte. Tem traços latinos com cabelos e olhos bem escuros.
— Onde estou? Quem é você? — Pergunto impaciente enquanto sento a beira da maca.
— Olá Jéssica, peço que se acalme. — Ele não mudou sua expressão serena. Não sei porque, mas essa tranquilidade dele me deixou ainda mais nervosa.
— Como sabe meu nome? — Perguntei quase rosnando.
— Fique onde está. Tenho uma notícia para dar a você. — Ele fez um sinal com a mão para eu não me levantar.
— Como assim? — Inquiri.
— Por favor, mantenha-se sentada. — Ele deu uma ordem, de forma rude devo dizer.
— Quem é você? — Gritei.
— Eu sou da polícia. Investigador Filipe Casamata. — Ele falou acendendo um cigarro.
Quem é essa pessoa que pode acender um cigarro tranquilamente? Ele tem alguma permissão especial do Ministério da Saúde?
— Polícia... — meu tom de voz foi de puro medo — o que aconteceu?
— Estamos no meio de um processo de regressão de memória. Qual a última imagem que lhe vem à mente? — Ele falou após tragar seu cigarro.
— Um beco, um homem e uma faca. Dor, muita dor. — Falei confusa. — O que aconteceu?
— Você morreu há oito meses atrás. Revivemos você porque precisamos de informações que nos leve até o seu assassino. — Ele explicou após expelir a fumaça como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
— Eu o quê? Morri? — Gaguejei de nervoso.
— Sim, e você vai me ajudar a prender o desgraçado que fez isso a você. — Disse ele apontando o cigarro para mim.
•••
O Metaverso é um simulacro em realidade virtual na grande rede onde qualquer um pode projetar sua consciência e interagir com outros usuários na pele de um avatar. Praticamente a vida de todos acontece dentro dele.
A interação entre humanos de corpo presente, olho no olho é dispensável hoje em dia. Você pode resolver tudo do conforto do seu cubículo sem jamais precisar colocar os pés na rua.
Ir para a escola, trabalhar, passear e até namorar já são atividades triviais de serem resolvidas nesse ambiente digital. As pessoas passam a maior parte dos seus dias na simulação do que fora dela, não é incomum relatos de mortes de alguns após muito tempo de imersão. O excesso de Metaverso é a maior causa de óbitos na atualidade.
No mundo real mesmo as pessoas vivem, em sua grande maioria, muito mal mesmo e empilhadas em favelas verticais, morando em cubículos de em média apenas 20 m². As cidades estão tomadas de violência e todos vivem reféns do medo. Natural que os indivíduos trocassem a realidade cheia de privações pela liberdade sem limites do Metaverso.
O isolamento entre as pessoas é tamanho que até a venda e a entrega de qualquer coisa de que se precise se dá por drones, logo virar um ermitão ou nunca ver a cara do sol é a atitude padrão da maioria.
As pessoas podem passar anos sem precisar interagir fisicamente com as outras e por causa disso os usuários mais radicais do Metaverso são chamados de Hikikomoris. E eles aumentam de número a cada dia. É um problema de saúde pública.
Eu mesma estou agora neste Metaverso, sou apenas um avatar aqui conversando com o avatar desse policial. Estamos em um cenário neutro. Por isso ele pode fumar tranquilamente o seu cigarro que é de mentirinha.
Depois do meu pânico inicial — acho que durou alguns minutos e muitos litros de lágrimas, virtuais é claro — começamos a conversar pausadamente. Ele esperou pacientemente eu me recuperar do choque.
Todos os meus momentos finais, tudo que meu visor de realidade ampliada conseguiu gravar daquele momento fatídico estava flutuando na minha frente em forma de quadros. Retalhos de memória.
Eram essas as memórias que eu estava revisitando antes de "despertar" na maca.
Ficamos alguns minutos em silêncio. Um olhando para a cara do outro.
— Não entendi — quebrei o silêncio e falei arfando — explique de novo!
— Foi como eu disse, você morreu. — Ele respondeu com desdém.
— Eu morri? — Minha voz quase não saiu.
— Bom, vamos lá de novo. — Ele apagou o cigarro pisando nele. — No dia 22 de agosto às 23h você foi esfaqueada. Morreu a caminho do hospital.
Filipe num mover de suas mãos trouxe as memórias capturadas do momento do meu assassinato. Elas apareceram flutuando em quadros dispersos ao nosso redor. Depois que estas imagens se alinharam ele buscou e exibiu o frame que tinha registrado o momento em que meu corpo imóvel foi recolhido pelo pessoal do resgate.
— E você me ressuscitou — tomei fôlego — que conversa é essa de que eu não sou exatamente eu mesma? Como se dá essa bruxaria?
Ele revirou os olhos.
— Todos nós temos uma vida digital intensa, tudo que fazemos é online e dificilmente convivemos fisicamente com outros humanos. Essa tecnologia que nos aproxima em uma grande comunidade global nos afasta a pontos preocupantes — ele começou a passear pelo cenário branco e asséptico à medida que falava — enfim, isso não vem ao caso, o que quero dizer é que tudo que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos e sentimos pode e é transformado em dados. É digitalizado na nuvem!
— Verdade, eu tinha um serviço de armazenamento de memória. — Falei fraquejando e olhando para baixo. — Eu me lembro disso.
Eu me pus de pé e me afastei da maca. Comecei a notar os detalhes nas memórias exibidas em quadros que me acompanhavam flutuando à medida que eu andava.
— Correto, sendo assim tudo que nós sentimos, vemos e vivemos — ele levou a mão ao queixo — ou mesmo o que somos tem um backup em algum serviço na nuvem.
— E? — Questionei ansiosa.
— E que até mesmo traços de nossa personalidade e opiniões podem ser digitalizados criando uma cópia fidedigna de cada um de nós! Existe um backup de nossa psique salva em algum lugar. Sempre.
Comecei a mover e a empurrar irritada aqueles frames flutuando em torno de mim, cada um deles era um arquivo contendo um vídeo de algum trecho da minha vida. Vida essa que este cara dizia sem cerimônia que não era mais minha, aliás, que nuca foi.
Ele acendeu outro cigarro.
— Isso é um absurdo. — Quase ri da cara dele. — Que tolice, eram apenas memórias.
— Você acha que é Jéssica Mendonça, mas na verdade é um programa — ele apontou o cigarro para mim de novo — uma inteligência artificial muito sofisticada que herdou toda a bagagem de vida da Jéssica original. Você acha que é quem pensa ser, mas só que não é.
— Sou um — gaguejei — programa? Apenas um avatar... — Minha cara caiu.
— Sim, do tipo que nós chamamos de fantasma. — Ele tragou de novo seu cigarro de mentirinha.
— E minha mãe, minha irmã — gaguejei novamente. — E meu noivo? — Desabei no chão, na verdade eu não tinha mais chão.
— Você nunca os conheceu, sinto muito.
— Mas eu os amo — minha voz embargou — quero vê-los...
— Não, você não quer e você não os ama, você só acha que ama. Outra pessoa viveu a sua vida no seu lugar, tente lidar com isso.
— Eu quero vê-los!
— Uma pena. — Ele disse impassível, como se não se importasse. — Isso não será possível. — Encerrou a discussão com rispidez.
— Então — eu falava com o choro preso na garganta — por quê? Qual a razão de me fazer tamanha atrocidade? — Levei a mão ao peito. — Já não bastava a violência original que sofri?
— Precisamos de você para nos ajudar na investigação, não conseguimos acessar algumas memórias — expeliu mais fumaça — e uma boa parte dos registros pessoais da Jéssica foram deliberadamente apagados.
— Apagados? — Eu disse espantada. — Impossível!
— Parece que é possível porque alguém conseguiu fazer. A questão é saber quem.
— E como poderei ajudar? — Abri os braços.
— Somente a própria Jéssica poderia nos explicar o que fazia ali naquela hora. Precisamos de alguém que pense e aja como a ela.
— Como eu?
— Sim, como você.
Eu estou de posse das memórias dela, mas não sei quais foram suas motivações para aquela desastrada aventura. Ainda sinto a dor daquela lâmina fria me atravessando. Tudo parece tão nebuloso.
Ele começou a falar dando voltas em torno de mim entre uma baforada e outra.
— Há muitas coisas subjetivas e que não são passíveis de livre interpretação, e que fogem totalmente de qualquer lógica, tornando nosso trabalho inviável. — Ele colocou o indicador na minha testa.
Eu estava mesmo confusa.
— Você irá se lembrar aos poucos, — ele deu de ombros — assim que o seu programa reorganizar esse oceano de informações.
— E quando será isso?
— Demora uns dias. Podemos esperar.
— E porque eu deveria ajudar? Não vejo propósito em colaborar! — Cruzei os braços em protesto no final.
— Esse é o único propósito de sua existência. Entenda que se decidir não colaborar podemos simplesmente te apagar e criar um novo programa que colabore. — Ele falou em um tom fingindo se lamentar.
— Não! Por favor, eu não quero morrer. — Medo. Senti muito medo — De novo não.
— Se você ajudar podemos transferir sua consciência para o corpo de um androide replicante modelo Waifu 1000. Quando prendermos o assassino deixaremos você livre para começar uma vida do zero.
— Uma vida do zero? — Dei uma risada zombeteira. — Como?
— Eu me comprometo a transferir sua consciência para os servidores da Asimovia. — Jogou o cigarro no chão e o pisou de novo. O objeto sumiu do cenário em seguida.
— Asimovia?
— É, a nação das máquinas, não se lembra? — Ele sacolejou as mãos irritado — esquece isso agora. Depois eu te explico com mais calma.
— Não consigo lidar bem com a ideia de que eu não sou eu, digo — arfei nervosa —que eu não sou a Jéssica... — faltou as palavras no final.
— Então seja a Jéssica e vingue-se! — Ênfase no "seja".
— Como?
— Me ajude a caçar o desgraçado que ceifou sua vida e seu sonhos. — Ele colocou uma mão no meu ombro, como se estivesse me motivando.
Fiquei pensativa, mas não tinha mais nada a decidir. Eu só tinha uma opção.
— Eu aceito.
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