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— Por favor, por favor, por favor!!! — Viviane me pede.

Eu amo a minha irmã.

De verdade.

Nós somos muito, muito próximas — bem o clichê de gêmeas mesmo. Ela é minha melhor amiga. Ainda não chegamos ao ponto de ler a mente uma da outra, mas temos um dialeto próprio, às vezes nos comunicando só com olhares ou gestos de forma tal que ninguém mais consegue entender.

Ainda assim, não posso em sã consciência concordar com um pedido tão absurdo.

— Alguém com certeza vai perceber.

— Não se formos boas atrizes — ela argumenta. — O que com certeza somos. Mais ou menos — acrescenta com uma careta, provavelmente se lembrando da nossa desastrosa peça escolar de Natal no sexto ano.

— Ninguém vai perceber — diz Arthur, apertando meu joelho. — Vocês são praticamente a mesma pessoa.

Olho para ele com as sobrancelhas erguidas, chocada com a traição. Ele sorri aquele sorriso irresistível e encolhe os ombros.

Estou deitada no sofá com as pernas sobre as do meu namorado, que está sentado de frente para a poltrona onde Viviane está. Recolho as pernas, ainda olhando de cara feia para ele, antes de me sentar, virando para minha irmã.

— Não é uma boa ideia, Vi.

— Vai, Rafa, até o pamonha concorda. — Ela aponta para Arthur, a quem normalmente odeia, mas no momento, por conveniência, decide ignorar esse fato. Arthur mostra o dedo do meio para ela por causa do apelido. — Só dessa vez. Eu nunca te pedi absolutamente nada!

— E se formos pegas?

— Eu assumo toda a responsabilidade! — Viviane desce da poltrona e se ajoelha bem à minha frente. — Por favor?

Ela é a gêmea líder. Tenho extrema dificuldade de dizer não para ela. Viviane sabe bem disso e, embora finja inocência, sei que usa a informação para a própria vantagem.

Acho que todo gêmeo idêntico já trocou de lugar com o irmão pelo menos uma vez na vida.

Por conveniência, diversão ou só para testar se alguém perceberia.

É claro que Viviane e eu já fizemos isso algumas vezes. Quando éramos crianças. Depois que você cresce e cria senso de individualidade e estilo próprio, para de ter tanta graça. E passa a ser mais arriscado. E imoral. E, em certos casos, acho que até mesmo ilegal, porque talvez constitua roubo de identidade — coisa que Arthur, como estudante de Direito, deveria saber.

— Eu posso te ajudar a estudar — argumento.

Viviane bufa.

— Você já me ajudou a estudar.

— Eu te ajudo a estudar mais.

— Não adianta. Essa porcaria de matéria não entra na minha cabeça.

— Você criou um bloqueio mental — Arthur fala.

— Ninguém te perguntou — Vivi retruca, brava com ele outra vez.

Meu namorado ergue as mãos.

— Ei, eu tô do seu lado.

— E ele me odeia — ela continua, ignorando Arthur.

— Eu não te odeio — ele diz.

— O professor! — Viviane revira os olhos. — Ele me odeeeeia — repete com mais ênfase, espichando a palavra.

Eu suspiro.

— Ele não te odeia, Vivi. Para de ser besta.

— Você fala isso porque ele te amava! Você era a queridinha dele! Ele te dava ponto extra só por respirar!

— Isso não é verdade.

Nós fizemos o curso de Estatística Aplicada juntas três semestres atrás. Eu passei de primeira. Ela está na terceira tentativa e teria desistido se não fosse uma matéria obrigatória.

— Eu não posso cometer o menor errinho que ele zera minha questão inteira. Ele não dá brecha nenhuma!

— Talvez ele te ame, na verdade — Arthur argumenta. — Talvez não suporte a ideia de te ver passar na matéria e sair da vida dele pra sempre.

Viviane olha para o meu namorado com tédio.

— Vem cá, não tá na hora de você ir embora, não? Ou mora aqui agora?

Ele sorri, mas coloca as mãos no sofá, pegando impulso para se levantar.

— Ela tem razão. Tá ficando tarde.

— Não tá tão tarde assim! — protesto, segurando o braço dele. — Ignora ela.

Arthur gentilmente puxa a mão para longe de mim. Ele se inclina e me beija devagar.

— Te amo. A gente se fala amanhã.

Acaricio a bochecha dele.

— Te amo.

Quando ele vai embora, Viviane coloca o dedo dentro da boca como se estivesse vomitando. Eu jogo uma almofada nela. Vivi a pega no ar.

— Dá pra você parar de implicar com ele, saco?

— Dá pra ele parar de ser o pior do mundo? — Vivi retruca, abraçando a almofada. — Não, mas, sério. Você vai fazer a prova por mim ou não?

Suspiro.

— A gente já conversou sobre isso mil vezes. Você vai precisar desse conhecimento na sua carreira provavelmente, então eu vou estar basicamente sabotando seu futuro se concordar com essa maluquice.

Minha irmã ergue as sobrancelhas, parecendo irritada.

— Quando que vou precisar disso se eu for diplomata, Rafaela? Aliás, quando qualquer pessoa precisaria saber essas coisas de cabeça quando existe o Google? E o ChatGPT.

— Ainda não acho que...

— Eu sei que você é contra a ideia — ela me interrompe, frustrada. — Mas você faria ainda assim? — Ela se levanta da poltrona e vem se sentar ao meu lado. Coloca a almofada de lado e pega minha mão. — Por mim?

Eu respiro fundo e solto o ar bem devagar.

— Isso é um "sim"? — ela supõe, toda esperançosa.

— Isso é um "tô pensando".

Sem nenhum aviso, Viviane se joga em cima de mim, os braços ao meu redor, me apertando com força.

— Brigada, brigada, brigada, brigada!!! — exclama enquanto me sacode de um lado a outro, mal me deixando respirar.

— Eu não disse... — tento lembrar.

— Shhhh... — Ela me abraça mais forte. — Só aproveite o momento e aprecie minha eterna gratidão!

Eu amo a minha irmã.

Como eu poderia dizer não?



Olá, meus amores! 

Postei o capítulo apresentando os personagens antes da hora sem querer!!!! kkkkkkkk Saiu até faltando coisa, mas tudo bemmmm! A gente releva porque faz anos que não mexo no Wattpad. 

Mas uma coisa boa disso foi que eu descobri que ainda existe gente por aqui! Fiquei emocionada, sério. Obrigada a todos os que viram a notificação e vieram correndo! <3

Inspirada na diva Bruna Ceotto, resolvi voltar pro Wattpad. Sinto muita, muita falta da interação com os leitores, de ter gente lendo em tempo real o que escrevo, de não me sentir pressionada para escrever algo maravilhoso (e acabar escrevendo uma bosta completa, porque a pressão só estraga minha criatividade).

O Wattpad era tudo de bom. Sei que muita coisa mudou (inclusive, não saí daqui à toa), mas acho que vai ser bom retomar esse lado mais despretensioso da escrita. Quero escrever só pelo prazer, não pensando em vender ou ganhar dinheiro com isso.

Quem é quem?  vai ser escrita enquanto vocês leem. É um rascunho. É cru. Talvez tenha furos de roteiro. Mas é de coração. Me deem a mão e mergulhem comigo nessa jornada!!! E espero que vocês se divirtam!

Com amor, 

Julia Braga

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