Capítulo XX

Se posicionando o repórter se prepara para a notícia ao vivo, bombástica.

Sei que as pessoas podem se sentir ofendidas por serem enganadas, mas elas também devem ficar agradecidas se o plano der certo e o criminoso for preso.

— Bom dia! Estou nesse momento de frente a Santa Casa de Misericórdia, com o pai da vítima de tentativa de assassinato de três anos atrás. Eva Oliveira foi atacada no quarto dela, em sua residência em Muqui. Segundo relato de testemunhas, a jovem havia saído com a amiga e na volta para casa foi perseguida pelo agressor. Em investigações, até então sigilosas, a polícia civil do município, comandada pelo Delegado Assis, descobriram que o caso não foi isolado. Na verdade, o suspeito atacou outras sete jovens antes de Eva. O método utilizado pelo agressor foi o mesmo, segundo os responsáveis pela perícia e o médico legista. As vítimas tiveram as mãos e os pés amarrados, foram violentadas sexualmente e morreram após serem apunhaladas na região do peito. — o repórter prossegue — Se tratando, tristemente, de um caso de assassinato em série. — ele diz de maneira dramática — Mas um fato importante para a investigação, que teve que ser interrompida por falta de provas concretas, está prestes a acontecer. A jovem Eva recobrou a consciência e diz saber quem é o culpado. O estado de saúde dela foi mantido em sigilo, dando a entender que ela estava morta. Porém, o delegado em entrevista nos disse que foi para manter a vítima em segurança, pois tudo indicava que ela havia sido atacada por testemunhar o assassinato da última jovem encontrada, ligada ao caso do serial killer. Felizmente, o testemunho de Eva será crucial para a polícia deter o criminoso. — ele vira-se para Rodrigo — O senhor pode nos dizer qual foi estado em que sua filha foi encontrada?

— Naquela noite, há três anos, eu cheguei um pouco mais tarde do serviço. Quando abri a porta chamei por ela e não houve resposta. Alguns minutos atrás eu havia mandado uma mensagem para ela, pedindo que chegasse antes das 21h30min. Quando eu entrei no quarto dela vi o pior cenário que um pai pode presenciar. Ela estava desacordada e havia sangue. Muito sangue. Eu entrei em desespero e liguei para a polícia. Quando os paramédicos chegaram disseram que ela ainda estava respirando. Após passar pela cirurgia ela entrou em coma, pois na queda ela bateu a cabeça na quina da mesinha de estudo dela. — Rodrigo já está com voz embargada de choro — Minha menina tem lutado pela vida por esses últimos três anos. Agora finalmente veremos o culpado atrás das grades.

— Estamos torcendo, pode acreditar. — o repórter volta a fitar a câmera — O delegado encarregado pelo caso disse que já fez o pedido por um mandato de busca e apreensão. Assim que Eva testemunhar, estarão ao encalce desse sociopata. — ele faz uma pausa dramática — Renata é com você aí no estúdio.

— E corta! — o câmera-man diz em seguida.

— Muito obrigada pela ajuda, Maurício! — Lara estende a mão — Isso será de imensa ajuda.

— Que isso. Estou fazendo meu trabalho. E mesmo que não seja uma verdade inteira, consegui alertar a população sobre algo que não tinham ideia. — o jovem forte, que mais parece um personal trainer, diz convincente pegando a mão de Lara — Espero do fundo do coração que esse cara seja preso. Desejo muita sorte a vocês!

— Obrigada, cara. — Mateus estende a mão.

— Não há de quê.

👻👻👻

Quando entramos no hospital novamente, as pessoas estão cochichando sobre o noticiário. Elas parecem estar assustadas e se perguntando se a jovem Eva está mesmo internada nesse hospital.

Olhos para o lado e vejo um 'falso' faxineiro. Ao fundo uma 'falsa' enfermeira. Com o braço enfaixado outro investigador está entre os pacientes na sala de espera.

Cada um cumprindo seu papel.

Mateus e eu estamos rondando pelos corredores do hospital. Lara e minha mãe estão no quarto ao lado do de Eva.

Todos posicionados.

Espero que o culpado apareça.

👻👻👻

Cinco horas se passaram e nada de alguém estranho aparecer. Rodrigo foi a nossa casa buscar o remédio controlado de minha mãe. Toda essa agitação não está fazendo bem a ela.

Mateus e eu estamos sentados no banco de espera da recepção.

A noite chegou. Os investigadores se revezaram. Os que estavam de prontidão desde manhã foram comer.

Me levanto e vou até o quarto em que Lara está. Minha mãe dorme como se nada estivesse errado. Gostaria de ter essa calmaria.

— Não sei como ela conseguiu dormi em uma situação como essa. — Lara diz apontando para minha mãe.

— São efeitos do calmante que ela toma. — digo — Essas drogas são poderosas. — sorrio.

Lara também sorri, mas fica séria em seguida.

— Você acha que o criminoso vai vir? — ela pergunta angustiada.

— Não sei... Mas espero que venha. Temos que pegar esse louco. Só assim a Eva encontrará a paz.

— Eu quero muito que ela encontre... — Lara fica cabisbaixa — Tenho muito medo dela se tornar uma alma penada. Não encontrar a paz... sabe?

— Fica tranquila. Tenho certeza de que Deus não deixará que isso aconteça com ela. Eva é doce e meiga. Aposto que era assim em vida também. Pessoas boas são acolhidas nos braços de Deus.

Lara sorri concordando.

Meu celular toca.

É Mateus.

"Estou vendo um homem suspeito."

— Já estou indo aí! — respondo antes de a ligação terminar — Mateus viu alguém suspeito. Fique aqui e tome cuidado!

— Você também... — ela pega minha mão — Tome cuidado.

Sorrio e lhe dou um beijo na testa, antes de sair.

Sigo para o corredor onde deixei Mateus. Mas antes de chegar até ele ouço um grito aterrorizado...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top