💀3- VULNERÁVEL (HAZEL)💀

Sua mão subiu para os meus seios. Eu não usava nada, pois o verão intenso havia chegado em Utah, e no meu quarto, o ar condicionado havia estragado. Tansley os apertou firme, tão firme quanto esfregava a ereção em minha bunda. Ele estava duro, dando um alerta de que a hora havia chegado. Não tinha para onde correr.

Numa tentativa de justificar o seu erro, refletia, Mas ele nunca agiu desse jeito, nunca se atreveu a me tocar sem o meu consentimento. O que mudou? O que aconteceu que o tornou agressivo?

Porra, Hazel! Ele é assim! Sabe que ele é perigoso!

Engoli em seco, vendo-o abaixar o lençol envolta das minhas pernas. Parecia que retirava uma boneca de dentro da embalagem original, como um colecionador de brinquedos que muda de ideia e decide brincar ao invés de enfeitar sua estante. Desfrutei da sua euforia, quando apoiou queixo em meu pescoço, me cheirou e suspirou. Tansley levou uma das mãos à borda da minha calcinha. E com outra mão, entre o colchão e meu corpo agarrou minha cintura.

Segurei o seu pulso e pedi, ofegando:
- Tan, você está me assustando... Não faz isso... Estou menstruada...

- Ah, Lily, Lily, Lily... Não me importo. Você é muito gostosa... - Ele me elogiava, suspendendo o elástico e temia a sua reação quando descobrisse a minha pequena mentira.

Escorregando pela minha pele suavemente, chegou no início da minha entrada. Com o seu indicador tocou o meu clitóris, massageando de uma forma que seria insuportável de aguentar. Quem sabe eu pudesse me soltar, me entregar finalmente? Algum momento eu teria que retribuí-lo mesmo. Contudo, meu cérebro o recriminava, pois não tinha respeitado o meu pedido. Logo se igualava ao desgraçado que roubou a minha adolescência.

Revoltada, estragulei sua mão no meio das minhas pernas. E para me contrariar, Tansley retirou sua mão da cintura e passou o antebraço pelo meu pescoço. Ele o envolveu tão forte, como uma cobra se enrosca do corpo de uma presa, pronta para devorá-la.

Minha respiração ficou dificultosa, facilitando-o a manejar a minha coxa para trás e a apoiando em cima da sua perna. E para piorar a agonia, enfiou três dedos a seco na minha boceta.

- Hazel, sua puta mentirosa, eu sabia que estava mentindo! - Tansley gritava, e praticamente quase me deixava inconsciente com aquela chave de braço que me dava. Eu estava vendo o escuro tomar o quarto, sentia minhas mãos, os quais inutilmente tentavam retirá-lo, perdendo as forças. Estava desmaiando, isso já tinha ocorrido algumas vezes, sabia reconhecer os sintomas. - Sua ingrata! Eu estava indo com cuidado, caralho! Mas, agora... - rosnou. - Hum, Hazel... Agora vou te foder do jeito que merece! - finalizou por entre os dentes, aumentando a velocidade do entre e sai dos seus dedos.

Meu chefe soltou o meu pescoço. Eu busquei o ar desesperadamente. Queria guardá-lo nos pulmões, pensando nos minutos que se seguiriam. E se ele fizer de novo?, me perguntava, certa de que o oxigênio me faltaria. Meus pulmões não funcionavam como reservatório. Se Tansley repetisse o seu ato, definitivamente podia morrer, sem nem mesmo ele perceber como da primeira vez. Estava entretido demais.

Meu corpo se enrijeceu. O grunhido grave no meu ouvido, me fez ter raiva e repulsa dele. Bati no meu chefe algumas vezes, mas desisti de tentar sair. Perdi-me nas lembranças do passado. A minha mente vagou para longe, para 11 anos atrás. Eu sentia o cheiro do gás do fogão, da fumaça da guimba do cigarro, do calor na ponta do polegar de quando acendi o isqueiro e do fogo iluminando aquela noite...

Isso me impediu ainda mais de ficar lubrificada. Respirei fundo, enquanto sua insistência, me machucava, por causa da fricção que fazia com os dedos, desconsiderando a minha falta de vontade.

O professor Peyton estava certo no título da hipotética carta de recomendação. Eu aguentava a dor, aprendi a lidar com ela, por uma necessidade.

Foi então que Tansley notou que não me excitava e arriscou uma última tentativa. Eu poderia considerar uma gentileza toda a sua atenção nas preliminares, chupando os próprios dedos e me molhando com a sua saliva quente. Só que eu preferia que o meu corpo não respondesse ao seu estímulo. Perdia o controle sobre ele. Eu sabia que os espasmos, por vezes, eram involuntário. Eu quis tanto gritar de ódio. Não queria dar esse gostinho a ele de achar que também o desejava.

Tansley foi rápido ao notar que ficava úmida, me virou de barriga para cima e abriu as minhas pernas, antes mesmo de me lubrificar por completo. Ele, vestido com uma camisa social azul marinho, se deitou sobre mim. Automaticamente no instinto empurrei o seu abdômen. Apesar de não ter os músculos exagerados, ele era bem forte. Mesmo com o peito sendo erguido por mim, não se preocupou. Ele pressionou a virilha ainda mais na minha. E disse, acariciando meu ombro e subindo com os dedos até o maxilar: - Preciso de você hoje... Eu fiz uma besteira!

- Tan, não importa o fez... Vai ficar tudo bem... Nem o que começou fazer agora, você pode parar. Você não é assim... - Minha voz oscilou e apesar de ver que não consentia, simplesmente negou com a cabeça. - Tan... - Arfei. E ele se abaixou e fincou os braços e cotovelos em minha volta. Meu chefe me olhou de um jeito leve, já eu, aterrorizada. Suspeito que eu chorava, algo que evitava faz tempo. No entanto, ele fechou os olhos, não queria me enxergar. - Por favor... Por favor...

Juro, que achei que voltaria atrás, com base na pausa que fez. Ele parecia refletir, tinha na face o arrependimento. Mas não. Meu chefe suspendeu o corpo novamente e o vi desafivelar o cinto, abrir sua calça e tirar o pau para fora da cueca. Foi quando me debati e gritei, tentando escapar por cima, me segurando nas hastes de madeira da cabeceira. Entretanto, ele me puxou de volta e me colocou na posição que queria. Abriu novamente minhas pernas, olhando fixamente nos meus olhos, dessa vez, sem mostrar qualquer sentimento ou dúvida e então se enterrou com vontade.

Ergui meu tórax, sem emitir um gemido sequer e me agarrei aos seus ombros. Aquilo doeu emocionalmente e fisicamente. Eu não estava preparada suficiente. Não transava com ninguém há muito tempo. O filho da puta sabia disso, mas decidiu me ignorar. Porém assim que acostumei com o seu tamanho dentro de mim, deitei no travesseiro e encarei o teto com um enorme espelho retangular. Ver aquela cena esdrúxula, que me dava a sensação de que meu coração era novamente esmagado, pendi a cabeça para o lado, esperando que ele pelo menos terminasse rápido.

Enquanto ele me estocava, deu para sentir o quanto reprimi-lo o tornou violento. Apesar disso, Tansley não conseguiu concluir, reparou no meu olhar vazio em direção à janela e no silêncio absoluto que eu devolvi ao sexo bruto que ele fazia solitariamente.

Meu chefe se ajoelhou no meio das minhas pernas e moveu o meu rosto pelo queixo, querendo que o olhasse. Mas desobediente fitei um outro ponto do quarto.

- Ei, Lily? Me desculpa...

- Não me chame de Lily! Meu nome é Hazel! - Olhei-o com as sobrancelhas tensionadas e os lábios sangrando de tanto mordê-los para impedi-los de soltar um mínimo ruído.

Ele arregalou os olhos e passou a mão pelos cabelos grisalhos. Tansley suava feito um porco. Para mim sua beleza tinha ido embora depois que invadiu o quarto.

- Por que não me quer? Por que não fala a verdade para mim? - Bufou, como se ele fosse a vítima.

Revirei os olhos e os fechei. Soltei um suspiro demorado, evitando descarregar tudo que achava dele depois de me estuprar.

Você é um homem desprezível, um merda que eu aturo somente por dinheiro. Vai se foder!

Tansley se deitou ao meu lado, e intrigada me virei para ele. Apoiei as mãos embaixo do rosto e respondi sua pergunta com outra:

- E por que você me quer? Por que cismou comigo?

- Como assim porquê? - indagou, um tanto indignado. Franzi minha testa, esperando entender sua reação. - Lily... - iniciou, porém revoltada com o apelido, estalei a língua e ele se consertou. - Hazel, você não sabe porque eu vim aqui. Eu... Eu... Eu precisava de você, do seu carinho...

Então isso era um carinho?, fiz uma careta.

- Caralho! Estou tão estressado. Pedi a Melani em casamento na frente dos pais dela, mas não é o que quero... Eu... Eu vou ligar para ela e terminar tudo...

- Não, Tansley! Ela está grávida do seu filho.

Eu não compreendia todo o estardalhaço. Meu chefe já tinha avisado sobre o motivo do jantar. Por que agora vinha com esse papo?

- Eu quero casar com você, Lily.

Surpresa, nem reclamei do apelido.

- Você sim combina comigo. Não é perfeita, me entende. Não ficaria me cobrando para abandonar a lanchonete, o motel e... - Ele se calou e me fitou, analisando o meu semblante. Eu não era boba, sempre imaginei que tivesse algo a mais. Porém quando conheci ele, a empresa filantrópica que construiu me atraiu. - Eu te amo...

- Tansley! - Ergui minha voz e me sentei. - Não pode estar falando sério. Você não gosta de mim. Só tem vontade de saber como é foder comigo. Foi isso que veio fazer? Veio testar se é bom? Então pronto, já sabe mais ou menos a sensação. Já pode voltar para a princesa que te espera dormindo na sua casa.

- Eu não quero esse tipo de princesa! - Meu chefe se levantou e bufou. Saiu da cama e me apontou um dedo. - O seu mal é esse... Se vê como se fosse a pior mulher do mundo, e como se até eu fosse bom demais para você! Hazel, desde o primeiro dia, eu te pedi para ser só minha. Quis te poupar daqueles caras que aparecem no All Tastes. Eu não te cobro nada, droga! Só penso no seu bem...

Você quer me ter na sua mão, quis responder, entretanto, permaneci quieta.

- Você gosta de mim pelo menos só um pouco? - indagou, fechando o botão da calça que ainda estava aberta.

Eu não previa nem tão cedo uma melhora em minha vida. Sabia também que não seria a exclusiva. Alguma hora poderia se cansar de mim, porém teria o tempo que precisava crescer profissionalmente e planejar um futuro descente em outro estado. Talvez em outro país.

- Tan... - balbucei, relutante, mas já me sentindo culpada. O quanto eu era má por cogitar roubar o noivo de outra, pensando no meu próprio bem?

Eu estava cansada de ter que me reerguer. Não chegaria ninguém para me salvar. Tansley não repetiria a sua trágica atitude se o satisfizesse de vez em quando. Vivia ausente e com certeza faria as minhas vontades, como um dia prometeu.

Eu já tinha aceitado o seu pedido há meses, quando bateu na minha porta todo assustado, carregando uma arma na mão. Então Tansley me puxou para trás do sofá, depois que arrastou meu guarda-roupa para trás da porta, fechou as cortinas e apagou todas as luzes.

- Estamos em perigo? - perguntei.

- Sinceramente não sei... Eu bati num cara da boate, só que ele tinha uns capangas com ele - respondeu com a fala meio atrapalhada, notoriamente bêbado.

- E você veio aqui para me botar em risco?

Boquiaberto por ter enxergado a merda que tinha feito, falou: - Eu nem reparei.... Vim aqui porque não queria morrer sem te ver pela última vez. Se eu sobreviver a isso, um dia vai ser minha? - Ele sempre me pegava desprevenida.

Sem dar uma palavra, saí de debaixo da mesa e fui à janela espiar. Meu chefe tentou me impedir, me segurando pelo braço, porém não conseguiu. Então ficou de pé parado perto de mim, enquanto eu estava em cima da cama, segurando a borda da cortina.

- Não tem ninguém vindo para cá. Isso é um jogo psicológico para me fazer aceitar ser a rainha das prostitutas? - zombei, me virando para ele. Foi quando o vi, deitado no lado esquerdo da cama abraçado a sua pistola e com o dedo no gatilho.

Sentei no colchão devagar e a tirei com cuidado de sua mão, com medo de que se mexesse na hora e acabasse se ferindo. Estiquei-me por cima dele e apoiei a arma na cômoda. Tansley se espreguiçou e ao me ver, pediu que eu deitasse do lado dele.

- Eu vou te dar o que quiser. - sussurrou, acariciando meus cabelos.

- Eu quero trabalhar com as crianças carentes - falava de um projeto social que ele tinha, onde ensinavam estudantes com dificuldade no aprendizado, num prédio perto da maior escola do bairro.

- Tudo bem... E agora vai casar comigo? - Sorriu de olhos fechados e se aconchegou mais perto de mim.

Eu não era apaixonada por ele. Porém nessa hora, beijei a sua boca, que tinha um forte gosto de gin com limão e o abracei antes de dizer sim.

Tansley estava bêbado demais para lembrar e agradeci a Deus por ele não me cobrar no dia seguinte. Porque naquela noite eu me remoí por dentro, pois quebraria a promessa que fiz a Dick quando ia embora com seus novos pais adotivos.

"Eu vou te procurar!", gritei e o vi subir o vidro do carro. Pela sua fisionomia, não era o Dick que gostava da minha companhia, mas, sim, o que me maltratava.

Corri atrás da Mercedez azul preta até que o portão do orfanato Saint Brigt se fechou.

Eu sempre o amaria, mesmo que suas outras versões me odiassem.

💀

Depois que Tansley viu que estava tarde e precisava arrumar a lanchonete para tirar a cara de puteiro que adquiria todas as noites, ele foi embora com o meu pedido de tempo para pensar na sua proposta. Fiquei parada olhando ele da janela. Quando ele entrou no estabelecimento, reparei na estrutura fraca da madeira, um tanto esgarçada e estufada. Com certeza não faziam manutenção naquela porcaria. E também eu não teria dinheiro para trocar por uma nova. Decidi que durante o meu almoço, iria à loja de ferramentas do Bell para comprar alguns parafusos. Às vezes o idoso se oferecia para dar um jeitinho nas minhas coisas. E não via maldade na sua atitude. Bell conhecia todo mundo e não fazia diferença entre as pessoas.

Já eram 5:30, eu tinha que ser rápida ou chegaria atrasada no trabalho. Peguei a toalha e meu uniforme pendurado no cabide dentro do guarda-roupa e saí pelo corredor, indo em direção ao banheiro.

Após o banho, vesti a saia da cor rosa-chiclete, que imitava couro, mas era um plástico mixuruca, o qual craquelava em menos de duas semanas. A camisa branca era um pouco transparente e apertada, com o decote enorme que fazia os meus seios saltarem para fora. Eu precisava respirar com cuidado, pois era capaz de fazer um dos botões pularem na xícara de café de algum cliente.

Assim que retornei ao quarto, vislumbrei a janela aberta e o vento sobre minha pele úmida me fez arrepiar na mesma hora. Não era um dia frio, acho que não foi culpa do vento. Eu estava mesmo sentindo pavor por ver meu colchão fora do lugar e as portas do guarda-roupa escancaradas. Aparentemente nada tinha sumido. Quem quer que fosse fez questão de que eu soubesse, queria me apavorar. Do contrário, porque não disfarçaria as mudanças no quarto e abaixaria o vidro da janela.

Corri para a mesma e apoiei as mãos no peitoril, pondo a metade do corpo para fora. Havia só um homem caminhando na rua. Um cara de cabelos pretos balançando pelo o vento. O qual usava calça preta e um casaco com capuz da mesma cor.

Respirei fundo, sentia no meu íntimo que ele era o intruso. E quando estava distante, olhou em minha direção. Forcei as vistas e quase avancei pela janela, tentando o reconhecer, mas não tive sucesso. Ele, sem deixar de me encarar, guardou algo vermelho por dentro do casaco e cobriu sua cabeça com o capuz.

Fiquei atônita, com taquicardia. A maneira que ele caminhava, exibindo um ar de marra e preponderância, me lembrou o jeito que Dickson andava pelos corredores do orfanato.

Foram dezenas de vezes que eu o segui durante a madrugada e ele não se importava. Fazia questão de que eu o visse. E de que eu o assistisse pelo buraco da fechadura, trepando com a pior das educadoras de Saint Brigt. A mulher tinha quase trinta anos e pedia que ele fizesse barbaridade com ela.

Bufei, o ciúme que eu sentia de anos atrás começou a me dominar.  Pressionei minhas unhas tão forte na madeira da janela que uma delas quebrou.

Tremendo e ofegando descompassadamente, visualizei o desconhecido colocar o capacete,  subir numa moto preta e ligá-la. O som do motor potente, certamente acordou os vizinhos. Ele seguiu até o final da rua, fez uma curva brusca e parou. Ele era dramático, começou a acelerar e vi nitidamente sua cabeça se inclinar para minha direção. O motoqueiro me provocava, sem sair do lugar, apenas rugia aquela máquina esportiva. Intimidada entrei com o corpo para dentro do meu quarto e só voltei a observá-lo quando ouvi o barulho da moto se aproximando. E foi então que o vi levantar algo para me mostrar. Estava carregando um caderno vermelho semelhante ao que eu escondia na estrutura vazada embaixo da última gaveta do guarda-roupa.

Abandonei a sua apresentação ridícula e fui conferir se era o meu caderno que havia sido roubado. Sentei sobre minhas pernas e retirei a gaveta, poeiras grossas foi o que encontrei no espaço.

— Eu o perdi... — constatei, desolada. Mas uma parte de mim curtiu a adrenalina, a qual foi se espalhando e esquentando todo o meu corpo.

Era Dickson que havia voltado?

Deitei na minha cama e fiquei ali imaginando o que ele acharia das histórias eróticas que eu fiz sobre ele. Estava tudo descrito detalhadamente. As cordas que colocaria em meu corpo, as chicotadas bem dadas como punição, as mordaças, as vendas, as algemas...

Passei a mão pelo meu rosto e fui descendo, apertando os meus seios e ansiosa abrindo a minha perna. Precisei subir aquela saía apertada e retirar minha calcinha. Eu estava tão encharcada, que em poucos minutos alisando o clitóris entrei numa crise de espasmos, me contorcendo, fantasiando Dick na pele do motoqueiro me fodendo sem pena. Cheguei então no ápice do meu prazer, como há muito tempo não chegava.

Oi, amigas! Agora as coisas vão esquentar! Será que era mesmo o Dick? Estão ansiosas para conhecê-los?


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