queime quem dorme com o inimigo
QUINZE DIAS ANTES DE ELIZE PRESCOTT NÃO MORRER
A noite no bar com Elize Prescott foi mais divertida do que Scott J. Adams jamais imaginou, e em pouco tempo a garota ruiva e Diana pareciam até mesmo velhas amigas. Elas não tinham muita coisa em comum, mas gostavam de danças sensuais em conjunto e praticamente pararam o bar quando decidiram se exibir perto do palco.
Se havia um inferno, o tártaro fazia jus a ele. Seu nome não era só uma coincidência. Todos os lugares, todos os cantos guardavam pecados e segredos que provavelmente nunca seriam compreendidos, e um deles foi o beijo que Elize e Diana trocaram perto das três da madrugada, quando estavam bêbadas o suficiente para não ligar para nada daquilo.
— Pornô lésbico — comentou Emmet, ao lado de Scott — Eu vivo pra isso, cara.
Adams revirou os olhos. Por algum motivo, aquilo não excitava. Era uma sensação vazia, que só seria preenchida caso a situação mudasse. Talvez se ele estivesse no meio das duas, ou com uma delas.
— Podemos considerar isso algum tipo de traição? — continuou o outro, genuinamente confuso.
Scott desviou o olhar para o copo de vodca na mesa e o virou em um gole. A sensação de sua garganta sendo rasgada pelo álcool poderia ser considerada ruim, mas ele gostou. O fez acordar para coisas que ainda não havia visto.
— Tanto faz. Não estamos juntos.
— Você e Diana, você e Elize ou Diana e Elize?
Emmet não fez de propósito, e Scott estava tão bêbado que gargalhou com a confusão da pergunta, sem saber o que responder. Então voltou a olhar para as garotas e não as encontrou no lugar em que estavam segundos antes. Seu coração deu um pequeno pulo, mesmo que ele não soubesse porquê. Ele se levantou e atravessou o bar, afastando pessoas, e encontrou Diana dançando com um cara perto do corredor de saída. Ela estava ocupada, ele poderia classificar daquele jeito, então não a interrompeu, mas também não encontrou Elize.
Scott voltou para a mesa onde Emmet estava sentado, esperando que Prescott houvesse voltado para lá, mas o amigo e as doses de vodca eram tudo o que o esperava:
— Pra onde ela foi?
Emmet deu de ombros.
— Não vi.
Scott bufou, virou o copo de vodca de Emmet e voltou a sair da mesa, procurando por Elize. Ela não estava em lugar algum da pista, nem perto do palco. Scott começou a ficar preocupado. Uma garota bêbada, ruiva e meramente inocente perdida em um bar cheio de demônios não era uma coisa boa, principalmente se ela já não tinha muita noção sobre o mundo real. Elize estava acostumada com os bailes de gala da família Prescott, com champanhe e com garotas ricas sem autoestima que poderia humilhar. Mas ali, onde as coisas eram diferentes, qualquer comentário mal-intencionado poderia fazer com que Elize acabasse se metendo em grandes problemas.
Scott estava na área de fumantes, já perdendo as esperanças, quando dois braços envolveram a sua cintura. O corpo quente, o volume dos seios: era Elize, com certeza. As unhas pintadas de vermelho passando pelo seu abdome enquanto ela se apoiava nele foi a confirmação. Então, da forma mais bêbada possível, ela disse:
— Eu nunca tinha beijado uma garota antes!
A tensão que Scott antes sentia sumiu, e ele girou para olhá-la com um sorriso cheio de intenções no rosto:
— Jura? E você gostou?
— Não muito — fez uma careta. — O gloss dela tinha um gosto horrível de melancia.
— Hm, deixa eu ver.
Ele a beijou pela primeira vez naqueles quinze dias, com a desculpa mais esfarrapada possível e muito pouca coerência. Mas Elize não o recusou. Ela o puxou mais para perto como se estivesse esperando por aquilo a noite toda.
Scott não sentiu o gloss de melancia, mas sentiu gosto de vodca e Martíni de morango.
— Quanto você bebeu? — ele perguntou ao se afastar.
Ao invés de responder, ela disse:
— Estou com fome.
🔥 🔥 🔥
Elize aumentou o volume da música quando eles entraram no carro e ficou inclinada sobre o banco do conversível durante metade da viagem que eles fizeram até a casa de Scott. Depois de uma breve reflexão, Adams achou que não seria bom que ela chegasse à mansão Prescott naquele estado, então decidiu levá-la para a sua casa. Seu padrasto estava fora por conta de um trabalho e sua mãe só se importava porque Greg se importava, então não havia problemas naquela noite em especial.
Elize deixou os saltos vermelhos no carro quando desceu e acompanhou Scott para dentro da casa. Ela não estava tão bêbada a ponto de não conseguir andar, mas qualquer desculpa para tocá-lo era uma boa desculpa, então ela garrou o braço de Adams até que chegassem à cozinha e ele lhe preparasse um sanduíche.
— Até que o tártaro é legal — ela disse, mastigando, depois de uns dez minutos de silêncio noturno.
Scott sorriu.
— Eu sabia que havia uma amante de rock aí dentro. É assim que nós, pobres mortais sem acesso a música clássica, vivemos.
— Ainda não gosto de Rock, mas todo mundo na banda era meio sexy e eu me senti muito gostosa também.
Se Elize Prescott era egocêntrica sóbria, então piorava quando ela estava bêbada.
— Você sabe que é gostosa de qualquer jeito.
Ela sorriu de canto, deixando metade do sanduíche sobra a bancada. Esticou os pés descalços até que as pernas estivesse perigosamente perto de Scott e choramingou:
— Onde vou dormir?
Flerte ou não, Scott decidiu testar:
— Comigo, na minha cama. A não ser que queira ficar no sofá.
— Você é um cavalheiro — ela zombou.
Elize não estava exatamente infeliz com a ideia, era perceptível. Por isso Scott fez uma reverência em agradecimento ao falso elogio e a ajudou a descer do balcão.
Prescott não quis usar qualquer uma das camisetas masculinas que Scott ofereceu a ela, então tirou o vestido e dormiu de calcinha e sutiã. Adams nunca soube se ela fez aquilo porque estava bêbada ou porque sinceramente não ligava. O mais provável, ele pensou, teria sido pelo calor, que era forte até mesmo para quem não tinha álcool correndo nas veias.
De qualquer jeito, os dois não se tocaram naquela noite. Elize ficou de um lado da cama e Scott do outro, como uma metáfora para o que foi a vida dos dois até ali.
🔥 🔥 🔥
O dia seguinte amanheceu quente como o inferno. Talvez Westwood fosse realmente uma parte esquecida do submundo, no final das contas. Scott imaginava que o inferno na verdade era um lugar legal, já que pessoas legais iam para lá. Muita coisa com Elvis Presley andando de skate perto de um rio passava pela sua cabeça quando Adams pensava no assunto.
Outra coisa que passou pela sua cabeça quando Scott acordou de ressaca naquela manhã e pensou no inferno foi Elize Prescott. Ela deveria ser o próprio diabo. A encarnação da tentação na terra, a própria maçã proibida.
Mas Elize ainda não tinha nenhuma conexão demoníaca. Ela era apenas uma garota de dezesseis anos com pernas bronzeadas e uma lingerie vermelha convidativa. E enquanto Adams estava deitado, sonhando com o inferno e com Elvis Presley, sentiu o colchão se movimentar com o próprio demônio acordando ao seu lado.
— Você precisa me levar para casa — Elize sussurrou, querendo que Scott acordasse também.
Ele resmungou:
— Que horas são?
— Oito horas.
— É domingo, Luci! Vai dormir.
Elize subiu em cima das costas dele, espalmando as mãos como se estivesse fazendo uma massagem. A intenção era incomodar até ele não conseguir dormir, mas teve o efeito contrário. O toque quente dos dedos dela provocou uma sensação confortável em Scott, que quis muito não se mover nunca mais.
— Vamos! Tenho que chegar antes que meus pais acordem e percebam que passei a noite fora.
Com um suspiro Scott se virou, e Elize caiu no colchão. Ela o encarou com um sorriso quando o garoto subiu em cima dela e passou o braço ao redor de sua cintura, ficando com o rosto a poucos centímetros de distância do seu:
— Me fazendo acordar às oito horas da manhã de um domingo — ele comentou, passando o dedo indicador pela barriga dela: — Você vai ter que render uma puta de uma transa pra compensar.
Elize desmanchou o sorriso e o empurrou, ofendida. Vestiu as roupas da noite anterior assim que levantou da cama, como se estivesse acabando com toda a brincadeira, e Scott ficou rindo, entendo que desmerecê-la era o melhor jeito de deixá-la irritada.
Elize, já vestida, mas descalça, virou para ele e cruzou os braços:
— Vamos, chofer, estou com pressa!
Ela realmente estava. Scott descobriu apenas muito tempo depois, quando Elize já havia voltado dos mortos, que na verdade ela nunca teve muito tempo. Sua vida inteira foi baseada em momentos de pressa.
Até mesmo a sua vingança.
...
CONTINUA
N/A:
GENTE NÃO SEI LIDAR COM ESSES DOISSSSS. Vocês shippam???? Quero muito saber hahaha não se esqueçam de passar no meu instagram (andresa7ios) que eu quero bater um papo com vocês sobre as teorias já formadas!
beijão!
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