queime o bar

OITO DIAS ANTES DE ELIZE PRESCOTT NÃO MORRER

— Meus planos para tirar esse uniforme de você eram bem mais interessantes — Scott resmungou.

Sentado no sofá de um provador qualquer, ele se irritava com a demora de Elize. Tudo naquela loja valia mais do que todas as suas roupas juntas, e por algum motivo pensar naquilo o deixava desconfortável. Estar em desvantagem era uma das coisas que mais odiava no mundo. Pensar que não poderia comprar a droga de uma saia nova para Elize lhe dava nos nervos, fazia com que Scott quisesse quebrar tudo naquele lugar. Mas ele se controlou, mantendo em mente que deixá-la gastar a fortuna dos pais reparando estragos causados por ele era uma ótima ironia.

— Tcharam!

A cortina do provador foi puxada para o lado, revelando uma Elize dramaticamente apoiada em um dos batentes. Ela colocou uma mão na cintura, a outra levantada como se estivesse em uma exibição. Seu sorriso aberto de orelha a orelha era esplêndido, pintado de rosa e contagioso. Scott quase se distraiu por ele.

— Não, nem pensar. Muito curta.

Um tanto confusa Elize, olhou para baixo. Não encontrou problema na saia escolhida, dando até mesmo uma voltinha na frente do espelho para se certificar de que não havia perdido nada. Scott se levantou do sofá e andou até estar atrás dela, segurando-a por trás. No momento em que os dedos tatuados tocaram a cintura fina de Elize, ela se arrepiou. Scott adorava quando aquilo acontecia.

— Não está curta — a ruiva se defendeu, mas sua voz saiu embargada. Ela não conseguia pensar direito quando Scott ficava tão perto.

— Está, sim. Olha — ele levou a mão direita até a barra da saia, prendendo-a entre os dedos na altura das coxas, causando mais arrepios. — Se eu puxar só um pouco, consigo ver aquela marca que deixei em você ontem. Não é isso o que queremos, né? — Scott aproximou a boca de seu ouvido, sendo propositalmente indecente. — Seu corpo é um segredo nosso, Luci.

Elize riu baixinho, achando a linha de raciocínio muito dramática. Scott a acompanhou com a boca ainda colada ao seu ouvido, o hálito quente provocando ondas mais fortes de arrepios. Ela se virou para ele, puxando-o para mais perto pela gola da jaqueta. Seus lábios ficaram próximos, e as mãos de Scott pararam em sua bunda.

— Eu não vou trocar de saia. Mas você pode sempre escolher outros lugares para deixar marcas. Não tem segredo nenhum no meu corpo, e, se tivesse, caberia a mim decidir quando e como revelar.

Em um movimento rápido, Scott puxou a cortina do provador e empurrou Elize contra o espelho. Não chegou a machucá-la, mas foi uma surpresa assustadora. Ela pensou, por um minuto, que ele a machucaria ou algo do tipo, mas não foi isso o que aconteceu. Ao analisar o rosto de Scott, encontrou... desafio. Como se tivesse virado um jogo para ele.

— Tira a saia, Luci.

O tom autoritário fez Elize achar graça.

— Vem tirar — provocou, se sentindo uma criança.

Scott levantou uma sobrancelha.

— Se eu tirar, então você desiste dela. E eu escolho outra.

Elize deu de ombros.

— Feito.

Segurando o riso, ela levou as mãos à cintura e protegeu a saia. Scott tentou puxá-la uma ou duas vezes, mas não teve sucesso. Ele começava a ficar realmente bravo, com veias saltando de seu pescoço e tudo. Era uma imagem bonita, porque ele era bonito. O tipo de beleza que Elize nunca pensou que pudesse reconhecer, já que havia todas aquelas tatuagens mascarando os seus mais perfeitos traços. Antes de Scott, não havia se relacionado com qualquer garoto parecido com ele. Precisava admitir que a experiência estava sendo... interessante.

— Desiste, Adams. Você não vai conseguir.

Ele franziu as sobrancelhas, desafiado como nunca. Então pegou os dois pulsos de Elize e os ergueu sobre a cabeça dela, segurando-os com uma das mãos. O demônio de Westwood protestou com um grunhido baixo, mas ficou surpresa quando Scott não se aproveitou para imediatamente jogar a saia que causou toda aquela confusão para fora do provador. Era um jogo muito maior para ele, e estava longe de acabar. A diversão estava só começando.

— O que você...

Elize não terminou a pergunta. Sua voz fraquejou e ela fechou os olhos quando os lábios quentes de Scott começaram a vagar pelo seu pescoço. Mesmo imobilizada, se sentia estranhamente confortável. Seu coração batia descontroladamente dentro do peito, e suas pernas começaram a ficar moles. Se Scott não tivesse colado o seu corpo ao dela, e se não estivesse segurando os seus pulsos com tanta força, Elize teria deslizado contra o espelho até atingir o chão. 

O jeito como ela se debateu brevemente contra o espelho, buscando se soltar, o fez rir baixinho:

— Relaxa, Luci. Estou te dando um prêmio de consolação por ter perdido a aposta.

— Eu... não.... perdi a aposta.

Como se para provar o seu ponto, Scott puxou a saia para baixo e ergueu Elize do chão. Instintivamente ela o envolveu com as pernas, apertando a cintura dele entre as coxas. Um pequeno gemido de derrota escapou de seus lábios rosados, e Scott sorriu. Adorava a calcinha de renda vermelha que Elize estava usando, e não via a hora de jogá-la longe, junto com a saia, também.

— Qual é o meu prêmio de consolação, Scott? — perguntou o demônio de Westwood. 

Sabia muito bem o que iria acontecer a seguir, mas queria ouvi-lo dizer.

— Comer você nesse provador.

Ela riu. Secretamente, amou a ideia.

— Mas e as vendedoras?

Scott fingiu pensar sobre o problema, mas o modo como seus olhos brilharam entregou o fato de que ele não ligava.

— Aposto que estarão ouvindo e adorando.

🔥🔥🔥

Elize alisou o tecido da calça jeans contra as coxas, sentada no banco do passageiro com Scott dirigindo ao seu lado. Quanto mais perto chegavam da praia, mais forte o cheiro salgado tomava o ar. Em questão de minutos seria só areia, sol e pessoas em roupas de fim de tarde.

— Ei, onde estamos indo?

Pegando um desvio que os levaria para bem longe da praia, Scott fez mistério. Ele batucou os dedos no volante e aumentou o som para fingir que não ouvia as perguntas de Elize, fazendo-a se irritar, mas depois rir. Se fosse qualquer outra pessoa, em qualquer outra situação, ela mandaria que parasse o carro. Ninguém dizia a um Prescott o que fazer. Mas aquele era Scott, e aquela era Elize. Ela amava tudo o que ele fazia, e estava ansiosa para saber qual era a surpresa da vez.

Quando Elize reconheceu a colina por onde subiam, teve ideia do que estavam prestes a fazer. Ela evitou sorrir para não estragar os planos de surpresa que Scott estava conduzindo, e fingiu prestar atenção em algo no celular enquanto ele diria. Ao fazer isso, viu que algumas notificações de mensagens haviam chegado e abriu todas elas. A maioria era de algumas líderes de torcida querendo saber sobre os ensaios que Elize havia perdido, outras de sua mãe; a maioria, porém, era de Derek. Ele havia sido convidado para o seu aniversário, e agora sentia que era amigo de Elize. Patético.

O carro parou, fazendo com que Elize levantasse os olhos. Como já imaginava, o Tártaro a cumprimentava com sua velha construção. Parecia ainda mais acabada à luz do dia, mas não deixava de ser charmosa. Era outra das diversas coisas que não seriam interessantes alguns dias antes, mas que pareciam perfeitas agora, com uma companhia à altura ao seu lado.

Como um cavalheiro, Scott desceu do carro e abriu a porta para Elize. Ela sorriu, agradecendo-o com um pouco de deboche, mas não deixou de se sentir internamente derretida por aquele gesto. Eram difíceis às vezes em que Adams deixava de lado a pose indestrutível de quem não dava a mínima e fazia coisas gentis por ela.

— Não está fechado? — Elize perguntou, analisando o bar.

Scott puxou um molho de chaves da calça jeans e sorriu:

— Não se você tiver a chave.

Elize sorriu junto com ele, aceitando a sua mão quando Scott a estendeu. Eles correram juntos até a entrada do bar e destrancaram a porta entre risinhos e provocações. Como era possível que aquelas chaves estivessem nas mãos de Adams, ninguém sabia. Mas se preocupar em solucionar aquele mistério foi a última prioridade do momento. Quando Elize entrou no bar, esqueceu todo e qualquer questionamento, porque sua atenção foi tomada pela surpresa que a aguardava no salão principal.

— Scott...

Precisou interromper a fala. Até mesmo porque não sabia o que dizer. A decoração do espaço estava completamente diferente da última vez que Elize estivera ali. Ao invés de mesas cheias de pessoas bêbadas e uma banda ruim, o salão estava repleto de balões de aniversário. Um bolo com LUCI escrito em chantili havia sido cuidadosamente posto sobre a maior caixa de som do palco, com dois chifres vermelhos caindo pelas bordas de chocolate.

— Feliz aniversário adiantado, Luci — Scott a abraçou por trás, beijando o seu pescoço.

Elize sentia lágrimas queimando os seus olhos, mas não iria chorar. Passou anos lutando para esconder que também sofria com aquela demonstração patética de fraqueza, e não iria se deixar levar por causa de uma surpresa de aniversário. Por mais que aquilo estivesse significando o mundo para ela, seria demais permitir que Scott soubesse disso.

— Eu adorei — ela se virou para ele, o abraçando tão forte que pensou que nunca conseguiria soltá-lo.

Scott ficou tenso, talvez percebendo que ela não estava totalmente bem, mas a abraçou com cuidado logo em seguida, acariciando a pele quente embaixo da blusa.

— Eu adorei — ela repetiu.

— Eu queria passar o seu aniversário inteiro com você e não só uma parte dele. Hoje, para todos os efeitos, é o seu aniversário de verdade. Você é minha e devia ficar comigo. Esse é o aniversário perfeito.

Elize olhou ao redor, concordando com a cabeça. Tudo o que mais queria era fingir que sua vida longe dos braços de Scott não existia. Ficar com ele no dia do seu real aniversário, comendo bolo, rindo e transando com certeza era a definição de aniversário perfeito para ela, mas infelizmente sofreria consequências depois.

— É, seria incrível. Mas eu não posso.

A expressão terna dele mudou um pouco, beirando a confusão extrema.

— Como não pode? É claro que pode. Fica comigo e pronto.

— Se eu fizer isso, minha mãe nunca vai me perdoar.

— Você não precisa dela. É até melhor que assim ela te deixa em paz.

Elize balançou a cabeça e se afastou dele, olhando para o grande salão. Não queria estragar aquele momento, nem seu falso aniversário quase perfeito, então só deu de ombros.

— Eu sei que não preciso, mas é uma festa enorme feita para mim. Não posso perder. E você também não. Ou esqueceu que tem um convite vip?

Scott sorriu minimamente, a puxou para perto de novo e concordou.

— Acho que deveria desconvidar a Diana e aqueles babacas.

— Eu deveria mesmo. Mas vai ser a parte divertida da noite, e Diana disse que consegue levar maconha.

— Você não vai fumar maconha.

Elize riu.

— É meu aniversário! Claro que vou usar maconha.

Ao ver que o jogo de luzes do bar estava desligado, Elize voltou a se afastar de Scott. Procurou na mesa atrás do palco os botões de ativação e apertou todos eles, vendo borrões coloridos começarem a dançar pelo chão e pelas paredes. Scott, parado no meio do salão, com os braços cruzados e o olhar preso nela, nem se moveu. Ele ainda pensava sobre a rejeição de Elize, sobre como queria que fosse só ele e ela no seu aniversário de verdade também.

A próxima mesa que Prescott mexeu foi a de som. Ela não sabia exatamente o que estava fazendo, então só apertou botões também. Uma música relativamente lenta começou, e ela se deu por satisfeita antes de voltar até onde Scott estava, passando as mãos pelos seus braços.

— Dança comigo. — Elize fez bico, vendo-o parado como uma pedra.

— Eu não danço.

— Juro que não conto para ninguém. Ou vai me deixar dançar sozinha no meu falso aniversário?

Scott suspirou, dando o braço a torcer. Ele envolveu a cintura de Elize com as mãos enquanto o demônio de Westwood se agarrava ao seu pescoço. Ele conhecia a música que estava tocando porque era um cover de um sucesso muito antigo, mas não tinha nada de romântico na letra. Pelo menos isso. Ele provavelmente vomitaria se tivesse que dançar alguma merda de Ed Sheeran ou coisa do tipo.

Elize encostou a cabeça em seu peito, fechando os olhos diante do ritmo calmo. Poderia ficar o resto da vida ali, naquele momento, com o cheiro de Scott a rodeando e os braços firmes dele garantindo que nada nunca a tingiria na vida.

Uma pena que, pouco tempo depois, ele mesmo garantiu que Elize sofresse com a queda.

...

 CONTINUA

N/A:

OLÁ AMORES

TUDO BOM?

Espero que sim ^^ e que tenham gostado do capítulo! Logo volto com mais atualizações para vocês <3

um grande beijo, não se esqueçam de me seguir no instagram que vou postar lá a música que elize e scott dançaram (andresa7ios)

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