SEPTIÈME CHAPITRE
07
Louis Antoine acordou naquela segunda-feira com uma sensação mágica no ar. Os raios de sol fluíam através da janela, preenchendo o quarto com uma luz dourada que parecia pintada por um artista. Esticando-se preguiçosamente na cama, estava prestes a mergulhar em sua rotina universitária, quando seu celular tocou de repente, interrompendo seus pensamentos matinais. Ao verificar o identificador de chamadas, notou que era Marie do outro lado da linha. A curiosidade misturou-se com o estranhamento, já que a amiga não era exatamente uma entusiasta das segundas-feiras.
Atendeu a ligação, brincando com a ideia de que ela havia caído da cama, mas a resposta dela o surpreendeu.
— Alô? O que aconteceu? Caiu da cama? — riu.
Marie parecia agitada.
[— Você tá sentado?]
— Mas que bobagem é essa? Acabei de acordar, Marie!
[— Então, se prepara! Você está nas manchetes de um site de fofoca!]
A notícia o deixou instantaneamente alerta. Tirou o celular da orelha e começou a vasculhar as redes sociais em busca de qualquer novidade. Seu coração batia mais rápido, imaginando qual seria a reação de seus pais ao vê-lo beijando outro homem. Seu dedo deslizava freneticamente pela tela do dispositivo até que se deparou com uma imagem dele com Afonso na exposição de arte, com a pintura como pano de fundo.
O artigo anunciava o sucesso de Papillon, a exposição de Afonso, as belas pinturas e as críticas positivas. Mas o que realmente pegou Louis Antoine de surpresa foi as palavras do colunista, que pareciam pesar toneladas em seu peito, e ele imaginou o escândalo que isso poderia causar. Foi lendo em voz alta para a amiga:
— "E como não falar da nova revelação do mundo das artes, Afonso Fernandes, em sua primeira exposição em Paris, com Papillon em pleno Feriado Nacional, ao som de Viva a França? Ele não só se destaca pela sua magnífica arte, mas também pelo affair com um jovem ainda desconhecido. Com certeza, o belo francês é a inspiração apaixonante para compor telas magistrais. Vê-se pelo beijo ardente, aos olhos de muitos presentes, que os pombinhos de enamorados não só selavam o seu amor, como, dizem alguns, há casório à vista. Só esperamos que eles oficializem o relacionamento no Jardin du Luxembourg, para o deleite dos colunistas e afins".
Lágrimas escorriam pelo rosto de Louis, enquanto Marie tentava confortá-lo. Estava desesperado.
[— Antoine! Não se deixe abater!]
— Como não, Marie? Meus pais irão acabar vendo isto! Eles vão surtar! Preciso faltar na aula hoje e falar com Afonso! Depois eu te ligo! Beijo!
Após encerrar a chamada com Marie, Louis Antoine não perdeu tempo. Saltou da cama e se dirigiu apressado ao banheiro, sentindo a urgência de se recompor antes de enfrentar o dia que prometia ser turbulento. A água quente do chuveiro caía sobre seu corpo, proporcionando um breve alívio para a ansiedade que o dominava. Enquanto a água fazia seu trajeto, um pensamento constante ecoava em sua mente: precisava encontrar Afonso.
Com a pressa como sua aliada, se vestiu rapidamente e correu em direção à galeria onde a exposição de Afonso estava acontecendo. Os detalhes do endereço, que o português o havia fornecido na noite anterior, se perdeu na névoa da paixão compartilhada entre eles. Naquele momento, Louis Antoine percebeu que seu coração estava dividido entre o medo de enfrentar as consequências da notícia que acabara de ler e o desejo incontrolável de estar nos braços do artista.
"Preciso encontrar Afonso!" — pensava, aflito.
Enquanto caminhava, as ruas que costumavam ser familiares agora pareciam desconhecidas, obscurecidas pela incerteza. Ele sabia que precisava encontrar Afonso o mais rápido possível e compartilhar aquela notícia antes que sua vida virasse de cabeça para baixo. Cada passo que dava era impulsionado pela esperança de que Afonso estivesse lá, esperando por ele, pronto para enfrentar juntos as consequências da exposição pública de seu relacionamento.
Porém, assim que adentrou no interior espaçoso e labiríntico da galeria, o viu abraçado em outro homem. O mesmo que estava na exposição e orquestrava toda a movimentação, levando Afonso para todos os lados, sempre se intrometendo entre eles dois. A cena chocou tanto o rapaz francês, que uma leve vertigem o atingiu em cheio, sem saber o que faria em seguida.
Seu único pensamento era dar meia-volta e sair dali correndo, sem rumo, mas as pernas bambas não obedeciam ao seu cérebro. E foi no exato momento em que sentiu a necessidade de correr, que ouviu a voz de Afonso gritar seu nome.
— Louis? Olha para mim? — disse, segurando seu rosto com as mãos, delicadamente. — Por que está chorando?
O francês não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Tudo estava acontecendo muito rápido naquela manhã e ele só queria fechar os olhos e acordar do pesadelo.
Afonso aninhou o jovem em seu peito, alisando suas costas gentilmente, acalmando-o.
— Você estava abraçando aquele homem... — sua voz saiu abafada, por estar com o rosto aconchegado no peito dele.
— Mon petit papillon... Ele é marchand e estava se despedindo de mim.
Louis Antoine levantou a cabeça e o encarou com os olhos marejados, deixando que Afonso secasse suas lágrimas com beijos suaves e carinhosos.
— Você viu que estão falando da gente nas redes sociais?
— E isto o incomoda?
— Meus pais irão me matar, Afonso! Eles não vão compreender...
— Uma coisa de cada vez, meu belo francês. Apenas fique abraçado a mim até se sentir mais calmo. — falava, ao passo que depositava beijos em seu rosto afogueado.
— Já me sinto bem melhor. — disse, tentando controlar as emoções que aceleravam.
— Quer tomar café da manhã comigo?
Antoine assentiu, encostando a cabeça no peito do português novamente.
Sem dizer mais nada, Afonso pegou sua mão, guiando-o até o final da rua, dobrando a esquina logo em seguida, onde ficavam alguns prédios elegantes, que abrigavam artistas de vários gêneros no bairro mais charmoso de Paris, Marais.
(986 palavras)
NOTA:
Jardin du Luxembourg: Jardim de Luxemburgo.
Mon petit papillon: Minha pequena borboleta.
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