Capítulo 2 - O CBA e A Xícara de Café
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O suor que escorria em minha testa era um claro sinal de que eu já estava no Rio de Janeiro. Apesar do frio do aeroporto e do ar condicionado do avião gelarem as minhas mãos, agora eu sentia o calor do verão escaldante da cidade maravilhosa nas minhas veias.
Eu nunca havia estado aqui antes, e podia afirmar que o Rio de Janeiro tinha uma energia contagiante. Mesmo com o fim recente do carnaval, ainda conseguia ver vestígios da folia dos quatro dias nas ruas e muito glitter espalhado pelas calçadas. Apesar do Uber que me conduzia dirigir um pouco mais rápido do que estou acostumada, ainda consegui aproveitar quase tudo que apareceu em meu campo de visão.
Quando ele parou em frente ao CBA, meu coração quase pulou para fora do peito e um sorriso repleto de entusiasmo e ansiedade se abriu em minha face antes mesmo que eu percebesse. O motorista me ajudou com as malas e logo me vi ali sozinha parada com minhas bagagens em frente ao portão imponente do CBA. Passei pelos portões já abertos da escola com um sorriso que mal cabia em meu rosto.
Um letreiro enorme com o nome do CBA fez com que caísse a ficha de que eu estava mesmo em uma das melhores escolas de música do mundo. Aquilo me encheu de orgulho e satisfação, de saber que existia uma escola tão boa em um país onde os próprios habitantes não o valorizavam de verdade.
Dei uma olhada ao meu redor, observando as pessoas que já haviam chegado. Algumas saíam de dentro de carros luxuosos enquanto outras chegavam de ônibus ou de táxi. As que já estavam no campus se enturmavam umas com as outras, mas também havia aquele grupo mais antissocial ou individualista que preferia não socializar. Pessoas de estilos diversificados, com violão nas costas ou baquetas nas mãos transbordavam alegria e bom humor. Algumas até faziam alguns passinhos de dança e eu comecei a me sentir a Demi Lovato em Camp Rock.
O campus estava repleto de pessoas, mas mesmo com tanta gente, ainda tinha muito espaço ao meu redor. Haviam árvores espalhadas pelas laterais do prédio, que além de enorme, era bem imponente e bonito. O prédio era marrom, com janelas imensas de vidro e seis andares que esbanjavam poder.
Haviam bancos espalhados pelo campus e pude ver que alguns bancos de madeira até ficavam embaixo das sombras de algumas árvores. Esses bancos já estavam ocupados pelos alunos que haviam chegado antes, e eu podia ver o quanto era mais fresco ficar ali. A energia do campus me fazia ter a sensação de que eu fui transportada para uma época antiga, onde as mulheres usavam várias camadas de roupa e espartilho. Era uma arquitetura que contrastava a modernidade com um toque de antiguidade que muito me agradava.
A fachada do prédio, no entanto, era a mais castigada pelo tempo. A placa com o nome da escola parecia meio opaca e suja pela poeira, e quando cheguei mais perto do prédio, eu percebi que a tinta estava descascando em algumas partes da parede e que havia uma infiltração no teto.
Meus ombros começaram a latejar por conta da mochila que eu carregava e eu fiquei procurando um lugar para sentar por uns bons minutos, porém, os bancos que estavam espalhados por ali ficavam um pouco distantes da parte do campus onde todos estavam reunidos e isso fez com que eu desistisse.
Quem se importa com o peso? Eu estou no CBA!
Um homem alto e bonito abriu a porta do prédio e passou pelos guardas. Logo me lembrei de sua fisionomia, dando-me conta de que ele era o dono e diretor do Conservatório Brasileiro de Artes. Uma mulher lhe entregou um microfone e ele se posicionou no último degrau das escadas que nos levavam até o prédio.
Um homem no canto do prédio, na escadaria, segurava uma câmera e gravava tudo o que estava acontecendo. O barulho de microfonia fez com que as pessoas parassem o que estavam fazendo para prestar atenção nele.
— Sejam bem-vindos ao CBA! — disse ele, dando um sorriso aberto e cheio de entusiasmo. — Como vocês devem saber, eu sou Arnaldo Mattos, diretor desta instituição. Vocês têm quinze minutos para se instalarem em seus alojamentos. Quero todos vocês no salão principal do terceiro andar daqui a quinze minutos para conversarmos melhor!
Ele entregou o microfone a mulher e passou pelos guardas, entrando novamente no prédio. Os guardas liberaram a nossa entrada logo em seguida, fazendo com que todos se movessem rapidamente até a entrada do prédio.
Eu, que até então estava parada e desorientada, fiz o mesmo, pegando no bolso da minha calça jeans o papel que continha algumas coisas referentes a minha inscrição. Ali tinha o número e o andar do meu alojamento. Os entreguei a um dos guardas, que conferiu a minha documentação e me liberou logo em seguida.
Na entrada, no lado esquerdo, havia uma pequena área de recepção e no lado direito, havia a secretaria. Também percebi um mural de avisos vazio um pouco mais à frente, e algumas outras salas que faziam parte do corpo docente e da administração da escola. Ao que parece, cada professor tinha sua sala individual, assim como o diretor do CBA.
Eu já tinha lido tudo sobre às instalações da escola, então eu sabia que o térreo era dedicado especialmente ao refeitório, secretaria, administração e sala dos professores. O segundo andar era o das aulas, então era lá que ficavam os estúdios de dança, as salas de teatro e as salas onde eram ministradas as aulas de canto.
Eram dez estúdios de dança, seis salas de teatro e seis salas de aula para as aulas de canto e mais três salas extras, uma que era usada como depósito e outras duas que eram usadas em casos de emergência.
Também tinha a sala do zelador, que ficava no térreo. O terceiro andar era o dos alojamentos femininos, o quarto era onde os homens ficavam e o último era destinado aos professores, que dormiam ali também. O sexto era uma espécie de terraço, e pelo que eu li, não havia autorização de alunos para circular por ali.
Subi as escadas andando apressadamente. Logo após a portaria no prédio, havia duas mulheres elegantes que sorriam para nós de forma simpática anunciando que os elevadores estavam em manutenção, o que significava que teríamos que subir as escadas, para desespero dos meus ombros que já estavam fartos de carregar a mochila pesada e as malas de rodinha.
Caminhei em direção as escadas de forma tão esbaforida que nem vi a mulher que vinha em minha direção segurando uma xícara de café. Com a minha pressa, acabamos nos esbarrando e o café que ela tomava acabou se derramando em sua blusa azul turquesa. Ela me olhou como se fosse me trucidar.
— D-desculpe — pedi, realmente arrependida. A última coisa que eu queria era arrumar confusão com alguém no meu primeiro dia no CBA.
— Sua... Sua artistazinha de quinta! — esbravejou, olhando para sua blusa manchada de café com horror e assoprando constantemente seu peito.
— E-eu n-não quis... — Tentei me explicar, mas ela me olhou de cima a baixo com um olhar que me fez recuar alguns passos.
— Você vai vir comigo agora, sua desastrada! — Ela tentou segurar o meu braço, mas eu me esquivei.
Me pus a correr como uma louca pelo corredor, dando uma leve escorregada no piso bem encerado. As malas atrapalhavam o meu desempenho, mas eu não parei de jeito nenhum. Subi três lances de escada quase morrendo e percebi que a mulher não havia me seguido.
Respirei aliviada depois disso e fiquei procurando meu alojamento por uns bons 5 minutos. Os andares eram muito parecidos e os corredores me confundiam, além de ter várias meninas tão perdidas quanto eu perambulando ao meu redor. Uma placa no fim do corredor indicava que ali era o alojamento das garotas.
Procurei o número 310 e não demorei a encontrar. Abri a porta de uma vez só e mãos a seguraram, empurrando a porta bruscamente em direção ao meu rosto. Dei um passo para trás e a porta se abriu totalmente, revelando uma garota loira de olhos azuis muito bonita que me olhava de modo irritado.
— Vê se toma cuidado, garota! — exclamou, cruzando as mãos acima do peito e batendo o pé de forma impaciente.
— Desculpe — sibilei, entrando no quarto. A garota revirou os olhos e saiu, fechando a porta atrás de si com um baque certeiro.
Era a segunda vez no dia que eu pedia desculpas a alguém. Quem seria a terceira?
— Não ligue para a Barbara — disse uma menina ruiva que desfazia a sua mala. — Ela já se acha uma estrela da Broadway.
— Acho que encontrarei muitas Barbaras por aí, então. — Ela riu, sentando-se na cama e cruzando as pernas.
Ela era tão bonita quanto Barbara. Levei um soco no estômago da minha autoestima quando percebi aquilo. Seus cabelos ruivos e longos caíam em ondas pelas costas. Ele estava metade preso com uma presilha vermelha e seus lábios estavam pintados da mesma cor. Ela tinha uma postura elegante e refinada, além de parecer ter saído de um catálogo de moda.
— Com certeza — concordou, balançando a cabeça positivamente.
Coloquei minhas malas na terceira cama que havia sobrado e me joguei nela de barriga para cima. O quarto era bem claro e espaçoso e a minha cama ficava no canto esquerdo. A de Barbara ficava no meio e a da ruiva que parecia ser uma garota legal ficava no outro canto.
— Você está nervosa? — perguntou ela depois de um tempo.
— Bastante. — Mordi o lábio inferior e soltei um suspiro, lembrando-me do esbarrão desastroso que eu dei naquela mulher elegante. Eu estava torcendo para não encontrar com ela de novo.
— Estão dizendo que hoje terá uma avaliação. — Levantei a cabeça bruscamente e olhei para a ruiva com olhos arregalados.
— Sério?
— Sim — confirmou, olhando para as suas unhas antes de voltar-se para mim. — Não sei se disseram isso para me amedrontar, mas a pessoa que me passou essa informação me pareceu muito sincera.
— E você, está nervosa? — perguntei para ela, sentando-me na cama, tentando parecer um pouquinho indiferente em relação a suposta avaliação que teríamos que nos submeter. Entretanto, eu vi que não funcionou muito bem quando vi meu reflexo embaçado no espelho da mesinha de cabeceira. Minha expressão era de puro pavor.
— Um pouco. — Deu de ombros, lixando suas grandes e perfeitas unhas. Sua postura, seu jeito e até mesmo as suas roupas faziam com que eu me lembrasse de uma felina.
— Como você se chama? — perguntei, olhando bem para ela.
— Me chamo Clara Brandão e você?
— Sou Dianna Smith.
— Prazer, Dianna. — Ela sorriu. — Algo me diz que vamos nos dar bem!
— Assim espero. — Sorrimos uma para a outra.
— Acho que os 15 minutos já passaram. — constatou, olhando seu relógio de pulso e se levantando com a agilidade e elegância de uma gata. — Vamos!
Fomos conversando sobre o concurso e bandas das quais gostávamos mais e quando chegamos, percebemos que o salão já estava lotado e que tínhamos muitas coisas em comum.
Havia um grande palco ali dentro, onde pude avistar Arnaldo Mattos assim que me aproximei junto com Clara. Mas Arnaldo não era o único que estava ali em cima. Havia quatro homens bonitos e alinhados. Usavam trajes elegantes que pareciam até de outra época. Ambos estavam sérios e nos olhavam com um ar de superioridade. Porém, um deles em especial me chamou a atenção. Não pela sua beleza, afinal ele não era o único cara charmoso ali em cima, mas sim porque seu rosto não me era estranho.
Havia uma mulher ali também. Tratei-me de me camuflar atrás de Clara quando a reconheci. Sua blusa ainda estava manchada de café, mas ela ainda estava linda e nos olhava com um ar de deboche.
— Competidores, atenção! — Arnaldo disse, com a voz firme. Todos fizeram silêncio imediatamente. — Creio que todos aqui tenham conhecimento das regras de conduta disponíveis em nosso site, portanto, não irei repeti-las. Quero lhes apresentar seus futuros professores de dança, teatro e canto. Lembrando que vocês serão separados por turmas e que cada turma ficará com um professor e um instrutor. — Todos continuaram em silêncio, mas os suspiros de expectativa eram quase palpáveis ao meu redor. — Esse é Arthur Nogueira, meu filho. Ele já trabalhou na direção de diversos musicais, além de já ter protagonizado quatro deles. É cantor e estudou dança aqui no CBA, portanto, dança diversos estilos diferentes, desde ballet até foxtrote.
Arthur deu um passo à frente e eu logo me lembrei de onde o conhecia. Da tela da minha televisão. Lembro-me de ter assistido "Amor em Hollywood" e "Fim de Jogo" com a minha mãe incontáveis vezes. Esses musicais foram os que mais marcaram a carreira do Arthur. Eu e minha mãe sempre chorávamos com a sua atuação impecável, sua voz e o jeito que ele dançava.
Arthur parecia colocar toda a sua alma no palco, fazendo com que sentíssemos o mesmo que o seu personagem sentia. De alegria até tristeza. De dor até emoção. Ele brilhava no palco, mas naquele momento, observando aqueles olhos tão bonitos, percebi que a sua magia se perdia quando as cortinas se fechavam.
Arthur exalava confiança. Desde a postura rígida até o olhar afiado e sério ao mesmo tempo. Porém, seus olhos eram tristes.
Teve um tempo em que eu procurei saber mais sobre sua vida, e foi aí que descobri que o Arthur começou a carreira de artista bem jovem. Soube que montou uma banda com uns amigos na garagem de sua casa, mas a mesma não durou muito. Vários artigos sugeriram que seu pai fora a causa da banda ter terminado, mas os dois nunca confirmaram a informação. Depois disso, Arthur se manteve longe dos palcos por muito tempo, e só retornou bem depois com Fim de Jogo, sua peça mais aclamada. Sei que seus treinamentos sempre foram muito rigorosos, afinal, ele vive para o teatro e para a dança desde que nasceu. Seu pai, rígido e carrancudo, fazia vista grossa.
Dizem que Arthur acordava às cinco da manhã desde pequeno para correr e treinar e que só voltava para ir para a escola. Durante a tarde, ele tinha aulas de dança, canto e teatro. Sua dedicação para o estrelato era quase integral, e eu acho que isso lhe deixou um pouco frustrado. Arnaldo devia ditar todas as regras da sua vida e isso é horrível.
Atualmente, Arthur tem 24 anos e está no auge da sua carreira. Tem muita fama, sucesso e glamour nacional e internacional. Ele até já trabalhou com alguns grandes nomes da música pop estadunidense. Me senti uma idiota por não tê-lo reconhecido rapidamente. Mas não me culpe. Fazia um tempo que eu não acompanhava mais as redes sociais de Arthur com frequência. Além do mais, seu visual havia mudado. O garoto franzino que brilhava nos palcos agora parecia um lindo bad boy boêmio cruzando uma ponte debaixo de uma noite estrelada.
Mamãe vivia me dizendo que o Arthur era o genro dos sonhos dela, mesmo ele sendo alguns anos mais velho do que eu.
— Sonhar não custa nada. — Era o que ela dizia sempre que eu a contestava falando que Arthur nunca olharia para uma pirralha como eu.
Um meio sorriso se abriu em meu rosto quando lembrei de minha mãe, sentada de pernas cruzadas no sofá, com uma xícara de café nas mãos. Ela se divertia com meu constrangimento e eu secretamente amava isso.
— Estes são respectivamente Bruno de Souza, Leandro Ferreira e Tony Freitas. Ambos habilidosos e talentosos, também foram alunos do CBA e se destacaram por serem realmente brilhantes. — Arnaldo apontou para os outros homens charmosos e vi Clara se abanar com a mão. A cena me deu a maior vontade de rir. Eu também não a julgava por sua reação. Os outros três eram tão lindos e charmosos quanto Arthur. — E por fim, Deborah Ramos Bittencourt. — Ele apontou para a mulher que eu havia esbarrado no corredor. — Professora de canto, bailarina e atriz.
Merda. Merda. Merda. Merda.
Ela vai ser uma das professoras também? Se eu cair na turma dela, tenho certeza de que ela irá me infernizar para sempre.
— Espero que nenhum desses professores sejam gays — cochichou Clara, vindo para o meu lado, já que eu estava atrás dela me escondendo.
— E porque eles seriam gays?
— Você sabe o que dizem sobre os bailarinos. — Achei estranha sua visão estereotipada sobre o assunto, mas também não questionei.
— Eles não parecem ser gays para mim. Ela cruzou os dedos na altura da cabeça.
— Espero que eu fique na turma do Leandro. Ou na do Bruno. — Clara falou com muita ênfase, encarando Leandro e Bruno como se eles fossem dois pedaços de carne. Dei uma risada baixa.
Arnaldo passou o microfone para o Arthur, que o pegou e se posicionou bem no centro do palco.
— Vocês têm exatamente dez minutos para voltarem aos seus alojamentos e colocarem uma roupa confortável de dança. A primeira avaliação sujeita a eliminatória acontecerá no estúdio de dança duzentos e dez do segundo andar.
Ele disse aquilo de forma tão natural que todos nós ainda ficamos estáticos por meio segundo antes de termos uma reação aceitável.
Todo o mundo correu quase que ao mesmo tempo para fora do salão, fazendo com que os corredores ficassem congestionados e o desespero para chegar a tempo até os alojamentos fosse coletivo.
Clara e eu corremos juntas para nosso alojamento, mas quase não saímos do lugar por conta do congestionamento humano e desesperado que havia se formado. Me senti dentro de uma versão de baixo orçamento de Jogos Vorazes, em uma sátira dos filmes originais.
Quando eu e Clara finalmente chegamos em nosso alojamento, Barbara já estava lá trocando a sua roupa. Fiquei revirando as minhas malas em busca das minhas roupas de ginástica por uns bons 5 minutos.
Comecei a me vestir atrasada em relação às minhas colegas, pois Barbara já estava pronta e saía do quarto como um foguete e Clara já terminava de colocar suas sapatilhas e prender o cabelo. Minha cama estava toda desarrumada e minhas roupas, espalhadas pelo chão.
— Eu estou indo, boa sorte! — disse Clara apressadamente, sem me dar tempo de respondê-la.
— Obrigada — falei para o nada, vendo a porta bater.
Terminei de me vestir e entrei em pânico quando olhei para o relógio e percebi que tinha menos de 3 minutos para chegar ao estúdio do terceiro andar que eu nem sabia exatamente onde era. Saí do quarto e corri feito uma louca desvairada. Desci um lance de escada e cheguei ao segundo andar já arfando pela adrenalina.
Senti alguém puxando o meu braço e cambaleei para trás, parando bruscamente no corredor quando vi a professora Deborah me olhando de forma maquiavélica.
— Você não vai fugir de mim de novo — disse ela, fincando suas unhas afiadas em meu braço.
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