ღ Epilogo ღ
Fazia algum tempo que dias e noites pareciam iguais para Vicente. Afinal, aquele ano começou esmagando seu coração em milhões de pedaços. Mesmo sem ainda ter voltado para Fortaleza, aquele menino, que havia perdido o brilho, se trancava em casa. Das poucas palavras que saíam da sua boca, a maioria era "estou bem."
Para qualquer pessoa que conhecia e convivia com aquele casal, a sintonia entre eles era inegável. Era doloroso ver o término, mesmo que fosse por um bem maior. Marli se mantinha neutra diante da situação, mas seu coração de mãe doía ao ver seu filho sem ânimo, saindo do quarto apenas para comer. Ela recordava como Vicente havia mudado naquele ano e sabia que aquelas mudanças se deviam ao relacionamento, mesmo que curto, com Sol. Esse relacionamento o tirou da bolha em que vivia, transformando-o em uma pessoa mais aberta.
Entretanto, não havia muito o que fazer. A pedido de Vicente, a família evitava perguntas ou palpites como "por que não permaneceram juntos mesmo à distância?" ou "não podem desistir do amor assim."
Marli conversou com o filho, que demonstrou maturidade, mas também escondeu sua dor. Diante disso, aquela mãe fez algo que raramente fazia: ligou para seu ex-marido. Contou sobre o ocorrido e pediu que ele conversasse com Vicente.
Miguel atendeu o pedido daquela mãe, e igualmente preocupado afirmou não saber de nada além do que Marli já sabia. Sentada na sala naquele fim de tarde Marli esperava Miguel atender, e as pessoas em volta esperavam junto.
O pai dos meninos atendeu e Marli colocou no viva-voz.
—Oi Lilian, boa noite. —O advogado falou, com simpatia.
—Eai, falou com ele? —A mulher perguntou às pressas. —Boa noite.
Dani apertava a mão do namorado e Bruno mexia a perna repetidas vezes, também preocupado com o irmão.
—Ele falou a mesma coisa que falou para todos vocês, que está bem e sempre irá priorizar o futuro da Sol. Obviamente que todos estamos preocupados, mas sabemos que o Vicente nunca foi um garoto de expor o que sente e força-lo é pior. —Miguel bufou. —Ele disse que está triste como qualquer pessoa ficaria e toda essa cobrança para ele falar alguma coisa é irritante, ele finalizou a conversa pedindo que eu não me preocupasse e que logo voltaria para sua rotina, e desligou bem dizer na minha cara.
Marli passou a mão nos cabelos e suspirou aguardando Miguel concluir, e encarou Micael que concordava.
—Lilian, acho que seja realmente precisamos dar espaço. —Miguel continuou. —Sabemos bem que todo termino no início dói e preferíamos não falar sobre isso, ele precisa de um tempo para sofrer e quando voltarem para cá, ocupará sua cabeça.
Marli e Miguel com o passar do tempo começaram a ter conversas mais amigáveis em prol dos filhos, até por que era o único assunto que tinham em comum.
—Tem razão, dar espaço parece ser apenas o que podemos fazer. —Ela concordou com o ex-marido. —Obrigada por ligar, o Joaquim chega aqui em breve.
—Certo, diga ao Bruno que mandei um beijo e ligo amanhã mais cedo para ele. —Miguel se despediu.
A ligação dos dois encerrou após pouco mais de cinco minutos e Marli consentiu com cara de poucos amigos.
—É, vamos dá espaço a ele mesmo que todos se preocupem. —Suzana falou. —Finais são dolorosos, principalmente quando se trata de primeiros amores.
—Eu soube que a Sol também está tão mal quanto ele e até se recusou a uma festa de despedida, foi uma escolha difícil embora.—Marli sussurrou, sem animo. —Todos nós assim como ela priorizaríamos essa oportunidade.
—Concordo, mas não acho que ele está com raiva ou algo do tipo. —Micael negou.
Gilberto, não tinha muito o que falar que diferisse da opinião das pessoas, era obvio que aquilo não estava sendo fácil para nenhum dos dois.
—A cada passo para frente, algo fica para trás. —O senhor falou, cruzando os braços. —Essa é a vida, não tem como fugir. E se ela perdesse uma oportunidade dessa talvez nunca mais encontrasse outra, tudo é como Deus escreve.
Aquele vô encarou o bolo preferido do neto em cima da mesa e não falou mais nada, ele sabia que assim como tudo na vida aquela dor iria passar, não sabia quando, mas iria.
Bruno, estava visivelmente incomodado em ver seu irmão daquela forma, afinal eram poucas coisas que tiravam a paz de Vicente. Foi então que ele tomou uma iniciativa, ele ligou para Joaquim e contou tudo, sendo assim após o rapaz chegar de viagem com seu pai, pegou um voou para São Paulo.
Joaquim sempre foi o melhor amigo de Vicente sem sombras de duvidas e talvez a única pessoa que poderia fazer Vicente desabafar e de fato melhorar, afinal todos aqueles estou bem não convenciam ninguém.
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Vicente tinha apenas dezenove anos e não poderia afirmar saber tudo da vida, assim como não sabia nada do amor romântico até conhecê-la em um aplicativo, onde muitas pessoas estavam online ao mesmo tempo. A partir dali, muitas vezes se pegou pensando sobre o tal destino que as pessoas tanto falavam, aquela coisa clichê de que o que é seu encontrará o caminho até você.
Deitado na cama, olhando pela milésima vez a galeria de fotos no celular, ele não percebia o tempo passar. Já haviam se passado semanas desde o término, e ele não sabia nada sobre Sol, nem se ela já havia viajado. Cortar os laços de uma vez, como haviam combinado, parecia ser a melhor solução para facilitar, mas eles estavam enganados; foi igualmente doloroso.
Ele não foi pego de surpresa, pois há meses sabia o que Cecília planejava fazer. A única surpresa foi a decisão de Sol, embora soubesse que ela precisava honrar o pedido de sua melhor amiga, como ele próprio teria feito. Vicente não sentia raiva ou mágoa, apenas a dor por não ter algo em que se apoiar para esquecê-la mais rápido, como uma briga, mentiras, ou qualquer coisa que Sol tivesse feito para magoá-lo.
Tudo entre eles era leve e calmo, transparente e profundo. Eles se conheciam bem, conheciam seus corações. Da mesma forma leve que começou, terminou com um abraço e gratidão pelo tempo juntos.
— Droga, como vou esquecê-la? — Vicente bateu o braço na cama. — Como vou tirá-la do coração se tudo que ela fez foi me fazer bem...
Ele estava agoniado, ansioso, lutando contra o impulso de fumar após tanto tédio. Vicente encarou seu papel de parede, onde ainda havia uma foto dos dois juntos, e tocou seu pescoço.
— Tudo foi como um flash, e dói assim porque foi tão bom? Como pode me fazer tão feliz e ir embora... — Ele falou sozinho, estapeando a testa. — Merda, por que estou pensando assim? Não sou egoísta!
Ele enxugou uma lagrima e sorriu, ao ver seu sorriso.
—Eu sinto sua falta, na verdade não queria que fosse para tão longe e peça ao seu Deus para ajudar nisso, por que sinto que nunca esquecerei você. —Ele apoiou o braço na cabeça, tampando os olhos. —Por favor, apenas permaneça saudável.
Ele deixou uma lagrima cair, bloqueando a tela do celular e ignorando muitas mensagens. Vicente fechou os olhos por um tempo, pelo menos até batidas na porta o fazer bufar e levantar. Vicente abriu a porta lentamente e sem óculos viu Joaquim, o encarando com pena.
— Cheguei. — Joaquim falou, curvando os lábios em um sorriso frio.
— O que está fazendo aqui? — Sem ânimo, Vicente não foi receptivo. — Em São Paulo!
Vicente o encarou, arqueando as sobrancelhas.
— Sei lá, o ônibus era da cidade de painho pra Fortaleza, acho que erraram o caminho. — Joaquim brincou, coçando a barba.
Joaquim escondeu o sorriso quando percebeu que seu amigo não deu a mínima para sua tentativa frustrada de fazê-lo sorrir.
— Ok, soube de tudo por alguém que não foi você e achei que precisava de mim. — O garoto suspirou, encarando Vicente. — Como se sente?
Vicente suspirou, impaciente, e abriu mais a porta para o amigo entrar.
— Eu estou bem... Como eles foram te encher com isso, já volto. — Vicente tentou sair, mas Joaquim o puxou para dentro e fechou a porta.
— Fica quieto e entra, deixa de birra. — Joaquim o impediu de sair e recebeu um olhar de reprovação. — Todo mundo está preocupado com você e seu coração partido. Você teria feito o mesmo por mim?
Joaquim interrogou Vicente, que bufou.
— Sim, óbvio. — Resmungou Vicente.
— Ótimo, fico mais tranquilo.
Seu melhor amigo bocejou, mostrando cansaço, e não se importou com a forma grosseira na qual foi recebido. Ele jogou sua bolsa na cama, e Vicente o seguiu com o olhar.
— Eu só acho que você deveria aproveitar suas férias com seu pai. Já cansei de dizer que estou bem e que só estou na fossa pelo término com a primeira pessoa que amei. Eu estou bem... — Vicente falou rápido, gesticulando, enquanto encarava o amigo, que permanecia calado.
Vicente sentou na cadeira em frente ao seu notebook, e Joaquim se acomodou em outra cadeira ao lado.
— Sou seu amigo a vida inteira e moro com você há anos. Tenho a honra de te conhecer, se brincar, melhor até do que seus pais, cara. — Joaquim sussurrou e começou a contar nos dedos. — Você sempre disse que quando uma pessoa está bem, ela não precisa ficar reafirmando isso. Seus olhos estão inchados e vermelhos demais para uma pessoa que diz que o choro não resolve nada, o bolo que você ama está intocado na cozinha, e pela bagunça da cama dá pra ver que faz dias que você não a arruma, sendo que você odeia cama bagunçada. E está trancado no quarto a ponto de não notar que seus óculos estão na sala, ao lado da televisão, e você mal enxerga sem eles. — Joaquim arqueou as sobrancelhas.
Joaquim fez uma lista das poucas coisas que notou quando chegou e provou ao amigo que não iria ser fácil convence-lo de estar bem. Vicente cruzou os braços e suspirou sem poder negar nada daquilo.
—Como se sente? —Joaquim refez a pergunta.
Vicente baixou a cabeça e negou, deixando uma lagrima molhar sua camiseta e seu amigo sentir o próprio coração apertado.
—Péssimo, meu peito está doendo e cada parte minha está quebrada. Estou a ponto de surtar, não tenho fome e não durmo. Eu não estou bem, não sei quando ficarei bem e como não acredito em Deus e que ele vai me castigar se eu disser isso, sinto vontade de morrer. —Ele passou a mão por entre os cabelos e encarou Joaquim, que o encarava boquiaberto. —É como uma doença, meu corpo dói...
Joaquim deglutiu seco, levantou e abraçou seu melhor amigo, que o abraçou de volta.
—E o pior de tudo isso é que eu tenho certeza que ela está assim também. —Vicente falou abafado e Joaquim o soltou. —Eu nem tenho notícias dela, se está bem ou se descontou tudo na patinação e machucou o tornozelo. Não sei se ela está aqui ou já foi...
—Por que não tentaram... sabe? —O menino gesticulou.
Vicente negou, enxugando as próprias lagrimas.
—Não, não tinha como... Você não entenderia! —Vicente negou e deu de ombros. —Não quero fazer sobre isso.
Joaquim consentiu e voltou a sentar ao lado dele, definitivamente Bruno tinha razão quando falou que a única pessoa capaz de fazer seu irmão colocar algo para fora era seu melhor amigo.
—Nem brigamos sabe? Nossa relação nunca ao menos me deixou chateado com nada, ela nunca fez nada que me fizesse ao menos ficar verdadeiramente estressado e mesmo no final aquela menina foi sincera, ela sempre foi tão honesta, me deixou ver sua dor e foi leal a sua amiga até o fim. —Vicente continuou. —Como eu ia me opor a esse sonho de vida? O talento dela fez pessoas virem assisti-la e gostaram, sabe o quão ela se esforça para eu chegar dizer não vá? Ela não ia ser feliz aqui sem cumprir isso, todos sabemos e que tipo de amor seria o meu se eu a impedisse de ir?
Joaquim consentia ouvindo tudo aquilo, era tocante a forma como mesmo profundamente triste, Vicente enaltecia Sol.
—Mas, o que você pretende fazer daqui em diante meu amigo? —Joaquim pegou no ombro do garoto de olhos avermelhados e apertou.
Vicente remexeu os ombros em negação, seus olhos piscavam lentamente e suas mãos suavam.
—Eu seguirei minha vida, o que mais posso fazer? —Vicente perguntou e recebeu o silencio do seu amigo. —Não sei quando ou como essa dor passará, mas o que sinto por ela...
Joaquim sorriu, pela primeira vez.
—O que sente por ela... —Joaquim sussurrou pra que ele continuasse.
—Acho que não importa quanto tempo passe ou quantas pessoas entrem na minha vida, meu coração sempre pertencerá a menina com nome da estrela mais brilhante do céu. —Vicente sorriu.
Aqueles amigos ficaram ali por mais um tempo em silencio e Vicente se sentiu mais aliviado ao expor tudo e não receber palavras de pena. Em alguma parte daquele silencio entre os dois, Bruno entrou no quarto sem bater, os assustando.
—Que susto. —Joaquim tocou no peito e suspirou.
—Desculpa assustar. —O mais novo sorriu sem jeito. —Sei que não quer nenhum tipo de mensagem como essa, mas acho que precisa saber. O pai da Sol ligou para o Micael avisando que iria atrasar em entregar alguns relatórios pois a filha está indo embora hoje, aeroporto de Guarulhos, as oito horas mais precisamente no portão dois. —Bruno falou, apressado.
Vicente encarou o irmão, e naquele momento sentiu muitas coisas como raiva por saber, tristeza por ela ir embora e uma imensa saudade. Ele encarou o relógio na sua mesa e respirou fundo...
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Sol odiava despedidas, eram dolorosas e inevitáveis. No aeroporto de Guarulhos as pessoas mais próximas estavam ao seu lado para se despedirem, pelo menos todas as pessoas que puderam ir fora Laís que foi antes a pedido de Isis para conhecer a faculdade onde a filha estudaria. Com muitas malas e passagens na mão, a menina se preparava para embarcar em uma das missões mais desafiadoras da sua vida e seu coração doía assim como antes, mas ela sabia que não seria tão fácil assim se livrar daquela dor.
Deixar Vicente foi a escolha mais difícil que ela já tomou, foi como deixar um pote de ouro, seu coração estava partido em milhares de pedaços sem sombras de duvidas e para completar sabia que a causa do sofrimento da pessoa que tanto ama era ela. Óbvio que ela não pode deixar de ouvir burburinhos do seu pai com a família onde ele contava o quão Vicente estava mal, e suas redes sociais sem sinal de vida deixava isso claro.
O aeroporto estava cheio o que fez com que aquelas pessoas ficarem longe do portão de embarque. Sentada ao meio dos seus pais, ela segurava Liz que dormia sugando sua chupeta. Ela estava lotada por saudade antecipadas, visto que nunca passou mais do que dias longe da sua família, em contrapartida vê-los felizes e orgulhosos era uma boa compensação.
Sol acariciava os cabelos da afilhada com carinho e sorria, Liz havia se apegado a Sol rapidamente pela frequência com que estavam juntas e era difícil deixa-la.
—Seu pai e seus avós prometeram que todos os anos férias iremos para a Disney juntos e faremos chamadas de vídeos sempre, não irá esquecer de mim e voltarei para e te ver crescer. —Sol sussurrou, para a bebê.
Algumas cadeiras ao lado, Junior ouvia aquilo e concordava, foi o acordo que fizeram a pedido de Cecilia e ele iria cumpri-lo a todo custo.
Isis com Sofia no colo prendia as lagrimas ao ouvir lamentações da sua filha do meio, e de como ela sentiria falta da sua irmã mais velha super protetora. Sofia e Sol eram definitivamente unidas em quase todas as questões e aquela pré adolescente se sentia orgulhosa do talento de Sol, com isso mesmo triste sorria ao ver o quão sua irmã mereceu aquilo.
—Falta poucos minutos para seu voo, talvez devêssemos ir andando para perto do portão. —Isis falou, em direção a Sol e ela concordou. —Promete que vai se cuidar? Se alimentar bem, e não trabalhar demais? -Sol consentiu, sorrindo para a mãe.
Todas as pessoas consentiram em ir andando e levantaram para seguir em direção ao portão, eles iriam conversando e caminhando juntos.
—Confiem em mim, irei trabalhar meio horário apenas para ter um dinheiro além do que a ajuda da faculdade. —Sol explicou, mais uma vez.
—Promete que vai ligar todos os dias e não vai ficar para sempre? —Sofia perguntou, com os olhos avermelhados.
Sol mesmo empurrando o carrinho com Liz, segurou a mão da irmã e negou.
—Não ficarei para sempre e irei ligar tanto que vai enjoar de mim. —Ela explicou e Sofia sorriu. —Preciso apenas seguir essa missão.
Charles consentiu, nervoso e segurando a mão de Cristian, seguia ao lado da esposa. Não era fácil ver sua filha criando asas logo para tão longe, ele não poderia visita-la quando bem quisesse.
—Irei trabalhar bastante e pelo menos uma vez por ano quero que nossa família viaje para ver você. —Ele falou com determinação. —Por favor se cuide, droga isso é difícil.
Sol consentiu e segurou o choro.
—Estou orgulhosa de você pai, e permaneça firme cuidando na nossa família. —Ela falou, quando todos pararam perto do portão de embarque.
Sol abraçou seus pais ao mesmo tempo assim como fazia quando criança e Luzia não pode mais segurar as lagrimas, logo os abraçou também, fazendo Nicole, Rafaela, as crianças, e Junior abraçarem juntos. Seus avós paterno e seu tio riam daquela cena, e por fim acabam indo ao abraço também.
Quando todos se soltaram, Sol enxugou as lagrimas e pediu atenção.
—Gente, eu sei que já falei milhões de coisas para cada um, mas reforço que sentirei saudade de todos vocês, todos os dias. Preciso cumprir essa missão e preciso agarrar essa oportunidade, mesmo deixando tantas coisas e pessoas aqui. —Sol falou, limpando o rosto. —Cuidem uns dos outros, permaneçam juntos e me esperem.
Cristian abraçou sua irmã de supetão, e Sol se agachou para abraça-lo de volta.
—Vou sentir saudade, obrigado por cuidar de mim. —O menino enfatizou. —Volta logo, vai ser ruim sem você.
Sol deixou uma lagrima cair assim como sua mãe.
—Olha, eu vou morrer de saudade e sempre cuidarei de você e da Sofi por que amo vocês. —Sol encarou Sofia, que a abraçou mais uma vez.
—Volte logo. —Sofia chorou. —Eu te amo Sol.
Sol sorriu e a abraçou forte.
—Escutem, irei para Europa e terei grandes oportunidades... —Ela encarou as duas crianças. —Irei estar perto do país do Cristiano Ronaldo, posso vê-lo na rua e pedir logo um autografo. —Sol fez o irmão arregalar os olhos, mesmo que isso não fosse fácil assim.
—É verdade. —Cristian vibrou, já feliz. —E quando eu for de férias, podemos ir até Portugal de metrô e até achar ele em um restaurante. —Sol sorriu, vendo o menino feliz.
Charles e Isis sorriam ao ser como Sol contornou aquilo tudo rapidamente.
—E Sofi, os álbuns de kpop e lightstick são quase de graça, bem baratos. —Sol encarou Sofia, que estava sendo convencida aos poucos. —Sua coleção irá disparar rapidamente...
Sofia sorriu, consentindo.
—Aceito. —A menina concordou e se animou.
Sol levantou após convencer as crianças e logo foi abraçando os adultos, ela recebeu palavras bonitas dos seus avós paternos e muitas fotos de presente do seu tio.
—Brilhe, brilhe muito. —Renan a abraçou. —Ficarei sempre por perto.
Sol sorriu consentindo.
—Tia e Rafa, não se separem mais. —Sol abraçou as mulheres juntas e sorriu. —Obrigado por sempre cuidar de mim tia, eu te amo.
Nicole enxugou as lagrimas que não paravam de cair e sorriu.
—Se cuide e se algo acontecer volte imediatamente, a tia ama você e está muito orgulhosa. —Nicole sorriu. —Eu te amo raio de Sol.
—Você vai longe gata, cuidarei da sua tia, não se preocupe! —Rafaela sorriu. —Não desista!
Junior foi em sua direção e a abraçou por alguns segundos, Sol deixou lagrimas caírem quando viu p rapaz emocionado.
—Cumprirei minha promessa, não se preocupe. —Ele falou, ao segurar a mão dela. —Obrigado por tudo que fez, fez muito além do que conseguia.
Sol consentiu, se aproximou da bebê no carinho e beijou seu rosto, soltando um sorriso largo após isso.
—A madrinha te ama muito, voltarei em breve para nunca mais te deixar. —Ela sussurrou e Junior sorriu. —Cuide da nossa Liz papai, não a deixe esquecer de mim e acho bom cumprir o que prometeu. Diga a Catarina e ao Fabio que sentirei saudades e obrigada novamente por terem ajudado a Ceci com isso! —Sol socou seu ombro de leve e ele sorriu.
A próxima da fila era sua vó Luzia, que tinha seu paninho molhado por lagrimas. Sem muitas palavras aquela neta abraçou sua vó com força, sentimentos não poderiam ser descritos por Sol, afinal não tinha nenhuma palavra que descrevesse o que ela sentia por Luzia.
—A vó ama você, ama muito mesmo. —Luzia sorriu, soltando a neta. —Eu sempre falei que São Paulo era pequeno demais para seu talento, voe por ai e nunca esqueça, tudo que é seu encontra uma forma de retornar até você. E sobre a dor, mesmo que ela não passe, a ignore e respire fundo para alcançar suas metas.
Sol consentiu, e sua vó limpou sua lagrimas, logo beijando sua testa.
—Obrigada por tudo que fez por mim até hoje e por ter me criado tão bem, irei dar o meu melhor. —Sol falou, sorrindo. —Pode se cuidar? Promete se cuidar vó?
Luzia consentiu, e a neta tocou seus cabelos brancos.
—Prometo, tenho muitas pessoas me ajudando. Eu te amo, se cuide!—A senhora sorriu e foi abraçada novamente.
Como uma boa idosa, Luzia falou mais algumas coisas que fizeram aquelas pessoas sorrirem e chorar ao mesmo tempo.
—Se cuide amor, você é nosso orgulho. —Isis beijou a cabeça da filha e sorriu. —Sei que brilhará por onde for, sempre foi assim. Sua madrinha está lá esperando você, ela vai ajudar com a organização das coisas e tudo vai dá certo.
Sol abraçou a mãe e chorou.
—Sentirei saudade mãe, não trabalhe demais e eu te amo. —Sol enxugou as lagrimas da mãe e passou a mão no rosto do pai também.
—Pai, não chore demais. —A menina sorriu, abraçando o pai. —Em breve estarei de volta e você irão me ver lá.
—Irei me gabar para todos que minha filha é uma patinadora internacional, e se cuide. Me ligue sempre e não fique na rua até tarde e assim que chegar compre um spray de pimenta. —Charles beijou a cabeça da filha e sorriu ao abraça-la.
O pai abraçado a filha sorriu ao olhar a diante, do outro lado do ambiente o garoto de cabelos loiros sorriu para o homem e recebeu uma piscada. Vicente correu assim que soube das informações, ele não pensou muito e apenas saiu de casa algumas horas mais cedo sem se importar em esperar sentado ou se alguém queria vir com ele.
—Vire-se! —Charles sorriu para a filha após solta-la e Sol virou sem entender.
A menina encarou Vicente após algum tempo sem vê-lo e sorriu, seu corpo estremeceu como se fosse a primeira vez e recebeu o sorriso que tanto amava, o que a fez correr em direção ao menino deixando sua família para trás.
O corpo dela se chocou com o dele em um abraço apertado, o seu cheiro de roupa limpa invadiu as narinas dela e sentiu um alivio de quem quase se afogou e conseguiu submergir, era essa a sensação. Ela choramingou, chamando seu nome e bateu em suas costas.
—Calma, respire energética! —Ele sussurrou, e ainda abraçado com ela, tocou seus cabelos. —Tudo bem, desculpa quebrar o acordo de sem mais despedidas.
Sol o soltou e consentiu, ela tocou seu rosto percebendo que seu óculos não estavam ali e ele sorriu.
—Obrigada por vir, eu nem sei o que falar e seus óculos... —Ela apertou as mãos e sentiu ele se aproximar.
—Eu vim para dizer algumas coisas e esqueci deles... —Ele segurou sua mão e ela consentiu. — Sou seu maior fã, não recue, deixe seu coração aberto e eu continuarei brilhando por muito tempo graças a sua luz, Sol. —Ele sorriu, fazendo-a sorri também. —Sua menstruação está em dia?
Sol arregalou os olhos e consentiu.
—Está, por que? Do nada...
—Em filmes quando uma pessoa vai embora, as vezes descobre que está gravida e trinta anos depois um filho aparece. —Ele brincou, a fazendo gargalhar.
Sol sorriu verdadeiramente após muitas semanas sem sorrir e negou.
—Palhaço, eu pediria pensão... —Ela sussurrou e encarou a tela de voos quando uma voz ecoou. —Obrigada por me fazer tão feliz, eu realmente conheci a felicidade ao seu lado, nesse momento estou sentindo uma dor imensa, mas preciso fazer isso. Eu voltarei, e eu juro que te acharei e me jogarei tão forte em seus braços, que cairemos no meio da multidão.
Voo 456 para Londres, portão dois.
Vicente sorriu em sua direção e deixou uma lagrima cair assim como ela, sua família se aproximou com as malas mesmo mantendo uma certa distancia e observaram o casal, com pena.
Sol se aproximou dele e grudaram suas testas com carinho, logo tocando seus lábios pela ultima vez.
—Preciso ir agora. —Ela sussurrou.
—Vá. —Ele balbuciou, fechou o casaco da menina a sua frente e enxugou uma lagrima sua que pingou.
Ele apertou sua mão quando seu voo foi chamado pela segunda vez, era difícil deixa-la ir, sua família se aproximou novamente com as malas, e ela caminhou com ele até o portão de embarque.
—Adeus família. —Sol acenou animada, para a família.
Antes que ela pudesse entregar a passagem para a moça ao lado, ele respirou fundo e a chamou.
—Sol. —Ele a chamou.
—Oi. —Ela virou em sua direção.
—O que tivemos é suficiente?
Vicente perguntou, ela piscou lentamente sentindo seus olhos arderem.
—Por muito tempo ouvimos que apenas o amor entre duas pessoas é o suficiente para mantê-las juntas não importam os obstáculos, mas nessa situação em que nos encontramos todo amor que sinto por você e você por mim não basta, então o tivemos é quase suficiente, querido. —Ela falou baixinho.
Vicente consentiu, concordando verdadeiramente com aquelas falas.
—Então somos um quase suficiente, amor... —Ele falou, sorrindo e ela concordou.
Ele soltou sua mão, e recebeu um sorriso. A partir daquele momento nenhuma palavra foi dita entre aquelas duas pessoas, Sol entregou sua passagem e entrou em um corredor onde não era possível vê-la mais, o que o fez tampar os olhos com a mão e prender o choro, Vicente sentia como se tivesse perdendo uma parte sua, e estava.
Conhece-la foi ser apresentado ao amor verdadeiro, foi descobrir versões de si que nem ao menos sabia existir. Seu sorriso fácil, seu sotaque, sua forma engraçada de pular, sua facilidade com jogos, seu apetite para doces, seus olhos esbugalhados ao esbravejar e seus cabelos assanhados ao levantar. Todas as suas formas e faces seriam impossíveis de esquecer e não importa quanto tempo passasse, ele ainda a amaria.
Vicente pegou seu celular que vibrou no bolso e encarou a tela bufando, em seguida ao ler um e-mail, fechou os olhos deixando uma lagrima cair na tela do celular.
Sr. Vicente Dias de Albuquerque, comunicamos que a solicitação de transferência da universidade federal do Ceará (UFC) para a universidade de São Paulo (USP), no curso de física feita em meados julho do ano passado obteve sucesso!
Por favor, traga os documentos solicitados em nossa instituição até a data que consta no arquivo.
Seja bem vindo a USP.
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