Uma pausa nos sentimentos ღ Capítulo 28

São Paulo era a cidade mais agitada do país e nunca dormia. Também era um lugar superlotado, com muito trânsito e poluição, o que não era novidade. Entretanto, era um local com milhões de possibilidades para todas as pessoas, com muitos lugares incríveis para conhecer. Por isso, Sol não pensava em morar em outro lugar.

Em um domingo, era comum que Sol encontrasse algo para fazer junto com Cecília e seus irmãos, principalmente após seu pai ser internado e não poder mais sair com as crianças aos domingos como de costume. Naquele dia ensolarado, Cecília, Sol, as duas crianças e Isis foram ao Parque Ibirapuera. Era o lugar perfeito para andar de bicicleta e fazer um piquenique.

O parque paulista era como um Central Park nos Estados Unidos, uma grande área verde e arborizada no meio de uma capital agitada, o ponto ideal para passeios em família, descanso e momentos de paz, com a vista de um lago e algumas fontes. Sol estava aparentemente bem, mesmo que pensativa após muitas reflexões, ela ajudou Cecília e Isis a estender uma toalha na grama e espalhar as comidas sobre ela. Era um belo momento para curtir as boas companhias, Sofia andava de bicicleta por perto e Cristian corria para cima e para baixo com um menino que tinha acabado de conhecer.

Cecília, deitada na grama, exibia sua barriga ao usar uma blusa mais curta e óculos de sol. Ela estava cada dia melhor, aceitando mais a gestação. Quanto às decepções com Júnior, decidiu que não se importaria mais, ou pelo menos estava tentando. Isis tirava fotos do ambiente e dos filhos distraídos, experimentando um novo modelo de vida ao qual precisou se adaptar após tantas mudanças, não que tudo estivesse melhor, mas em sua mente havia menos preocupações.

— Cris, vem comer. — Sol falou, e o garoto pediu para esperar. — Esse pão de queijo está muito bom.

Sol lambeu o polegar, e Isis confirmou.

— Aquela padaria tem muita coisa. Olha essas frutas frescas e os pães são fofinhos... — Isis apontou. — Charles ia amar, mesmo reclamando dos preços.

Cecília sorriu e voltou a sentar, com um pouco de dificuldade por causa da sua barriga avantajada para um corpo pequeno.

— Tia, duas visitas por mês não é pouco? — A ruiva perguntou, mordendo uma maçã. — E é bem longe, uma viagem.

Sol consentiu junto com Isis, era pouco demais, na verdade.

— É, na verdade é um absurdo de pouco, mas são as regras deles para um melhor tratamento. Querendo ou não, todas as despedidas são difíceis e podem piorar a abstinência.

Sol não comentou nada, apenas deitou na grama com a cabeça no colo da mãe, e colocou seus óculos escuros. Isis gesticulou para Cecília, tentando entender por que sua filha estava tão calada, mas a ruiva deu de ombros, sem saber o que responder. Ela realmente não sabia de nada além do que Sol contava, e ela não tinha contado muita coisa.

—É, imagino que vocês estão morrendo de saudade e ele também, mas faz parte do processo. —Cecilia falou. —Eu abri mão do Júnior, ele faça o que quiser e quando quiser, darei conta.

A ruiva deu de ombros e postou um story do piquenique em sua rede social.

—O ser humano é uma caixa de surpresas, eles podem vir a agir de forma que jamais imaginaríamos. —Isis falou e acariciou a cabeça da filha em seu colo. —Filha, tudo bem?

Isis tocou sua testa e Sol sorriu.

—Sim, tudo bem. Estou aproveitando a vibe de interior mesmo morando na capital, ouvindo vocês conversarem. —Sol falou. —E estou com saudade do pai, eu odeio esse sentimento de saudade.

Isis beijou sua testa e não fez comentários adicionais.

Não era mentira, mas tinha mais coisa nisso. Ela finalmente havia recebido uma mensagem de Vicente na noite anterior, quando provavelmente o garoto acordou. Ela sentiu um misto de alivio, mas o ciúme que sentia prevaleceu a ponto de não o responder ainda.

Sol, quero pedir desculpas pela forma como agi. Foi de fato infantil, como você falou. Não sou infantil ou controlador e talvez tenha passado uma imagem errada ao ver que uma pessoa que te magoou estava te cercando. E também desculpa por não ter falado antes, o orgulho tentou me dominar... Fui um péssimo amigo, mas o que você fizer para sua felicidade, eu vou ficar feliz por você.

Na noite anterior, Sol havia lido a mensagem pela barra de notificações, e suas palavras a deixaram pensativa. A ênfase que ele dava a "amigo" com certeza era sincera, e nunca passaria disso, o que a deixava triste. Em sua mente, martelava como poderia ter se apaixonado por uma pessoa em tão pouco tempo, sem sequer tocá-lo ou saber se ele sentia o mesmo. Sol havia tomado a decisão de se afastar de Vicente aos poucos, para que os sentimentos em seu peito diminuíssem sem que eles perdessem a amizade.

— Vamos comer bolo? — Sofia falou, sem ar por correr demais.

— Eu também quero. — Cristian falou, parando perto das pessoas.

Cecilia sorriu ao vê-los animados. Ela conversava com Isis sobre os tipos de partos e afirmava querer o que doesse menos, mas sabia que essa opção não existia. Isis, sendo enfermeira obstetra, sabia como conversar de modo que a menina sentisse menos medo de tudo aquilo.

— Vamos, sentem-se todos. Vou cortar esse bolo delicioso patrocinado pela Ceci! — Isis falou, e Sol sentou junto a todos.

— Quero a cereja. — Sol pediu, já pegando.

A patinador sorriu, mastigando e sorrindo.

— Era minha. — Cristian fez uma careta, e Sol negou.

— Deve ser legal ter irmãos. — Cecilia pegou seu pratinho e comentou, ao ver os três na sua frente. —Ficar sozinha em casa é um tedio.

Isis sorriu, consentindo. Ela sempre quis ter mais filhos do que apenas um, para que Sol não se sentisse sozinha.

— Você vai ter a Liz, não vai mais ser sozinha em casa. — Sofia falou, fazendo todos sorrirem.

—Sim, mas é diferente gatinha, quando ela começar a chorar não posso entregar a mãe, por que a mãe sou eu. —Cecilia fingiu choro e todos riram. —Mas a trarei para correr aqui e gastar as energias, se ela for cheia de energia como eu, boa sorte para mim!

Cristian observou como a barriga de Cecilia havia crescido e fez algumas perguntas a Sol que sanaram suas dúvidas. Aquela atmosfera era boa, eles comeram juntos por muito tempo e com base a tarde caia Sol chamou Cecilia para andar um pouco enquanto sua mãe brincava com seus irmãos.

As amigas andavam tranquilamente na beira do lago, e seus cabelos voavam com o vento de final de tarde. Cecilia não tinha mais tanta disposição para andar longas distâncias, então elas sentaram em um banco de frente ao lago calmo.

— Certo, você não está bem desde sexta, hoje já é domingo. — Cecilia disse. — São os assuntos das aulas? Os treinos? A conversa com o Yuri? Preciso pedir desculpas a ele por ter sido tão rude...

Sol sorriu ao receber tantas perguntas de uma vez só. Cecilia certamente não deixaria aquilo passar batido.

— Tudo isso e mais um pouco, creia. — Ela respondeu.

Sol suspirou, encarando as mãos.

— Desembucha, sou sua pessoa! — Cecilia insistiu.

Sol contou sobre a discussão com Vicente, logo após sua conversa com Yuri, e falou até sobre o beijo. Ela contou tudo que havia acontecido nos últimos dias, incluindo a pessoa que atendeu o celular de Vicente e como ela se sentiu.

— Tudo isso, mais a pressão da escola, mais a pressão da Nadja para eu passar para as nacionais. Ela só fala nas nacionais e como isso pode abrir portas para mim agora que vou acabar a escola, eu estou treinando tipo seis horas por dia...

Cecilia consentiu, era muita pressão e Sol nunca se mostrava fraca quanto a isso.

— Você é boa na patinação e não precisa provar isso a ninguém. Eu sei que a pressão do colégio é demais, pois é o nome deles, mas não se cobre tanto. — A ruiva pegou a mão da amiga. — Sobre as outras coisas, não acha que está dividida entre os dois?

Sol encarou Cecilia pasma, mas era uma boa suposição diante dos fatos.

— Não, louca, isso não é um triângulo amoroso. — Sol negou, eufórica. — Quando o Yuri me beijou, não senti as borboletas nem vontade de retribuir. Eu me desculpei por ter sido rude, e óbvio que ainda sinto um carinho por ele, mas...

Cecilia encarava a amiga, tentando ler suas expressões faciais.

— Então... o Yuri não está mais em seu coração de forma romântica...

Sol negou, e Cecilia consentiu, deixando-a continuar.

— Você tinha razão daquela vez Ceci... Eu me apaixonei por uma pessoa que mora do outro lado do Brasil e que nunca vi. Pensei ser algo impossível de acontecer, mas aconteceu... — Sol suspirou. — Ele é um ótimo amigo, que está lá não importa a hora e sempre tem algo bom para falar. A amizade foi natural e pensei ser apenas isso, mas com o passar dos dias, percebi meu coração acelerando quando ouvia sua risada ou quando ele apontava a câmera para seu globo ocular a troco de nada. As mensagens dele se tornaram esperadas durante todo o dia, e suas alegrias me deixavam feliz e tenho sonhado com ele sempre.

Sol sorriu, encarando o lago, e voltou a falar.

— Mas não é recíproco, Ceci. Ele tem sua paixão de infância lá, e qual seria a probabilidade de ele ter se apaixonado também, quando sempre dá ênfase à palavra amigo e amizade?

A patinadora bufou alto, murchando os ombros.

— A probabilidade é baixa, mas não é impossível. Precisa contar a ele, amiga! — Cecilia exclamou.

— Não, já tomei uma decisão. — Sol encarou Cecilia. — Desde ontem, não o respondo. Vou dar uma desculpa e me afastar até que meu coração se acalme e tudo isso passe.

Cecilia bufou.

— Sol, se ele é ótimo como diz, dar esse espaço é dar uma chance para ele conhecer alguém lá.

Sol sorriu e arregalou os olhos.

— Ceci, não é uma competição e não vou perder algo que não tenho. Já estou longe e não tenho chances comparadas às pessoas que estão ao lado dele. A distância é um empecilho dos grandes e não quero perder a nossa amizade deixando um clima bizarro entre nós. Sabe como é raro ter um amigo respeitoso como ele nos dias de hoje?

Cecilia consentiu e não comentou mais sobre o assunto. Elas ficaram em silêncio por um longo tempo, cada uma em seu universo particular. O sol se punha conforme as horas passavam, até que Cecilia quebrou o silêncio.

— Certo, siga seu coração, e se estiver bem, eu estarei bem também. A Liz não quer sua madrinha triste... — a ruiva falou, abrindo um largo sorriso.

Sol a encarou com os olhos esbugalhados e abriu a boca, surpresa.

— Madrinha? — Sol falou alto, tampando a boca em seguida. — Eu?

Cecilia consentiu.

— Claro, achou que seria quem? Você é minha pessoa e a pessoa que com certeza amou a Liz antes mesmo do teste dar positivo... — a ruiva falou.

Sol a abraçou com força, como se tivesse sido atingida por um raio de felicidade em meio a um mar de tristeza. Ela tocou na barriga da amiga e falou com a bebê.

— Liz, serei a melhor madrinha de todas. Nós vamos andar por aqui e correr na grama, vamos crescer juntas. — Sol e Cecilia sentiram seus olhos se encherem de lágrimas.

— A Cecilia me chamou para ser madrinha da Liz! — Sol exclamou ao sentar-se à mesa com sua família.

— Uau, que maravilha. — Nicole sorriu. — Mal posso esperar para conhecer a Liz. Acho que será uma bebê ruiva.

— Nossa, então ela já aceitou completamente o bebê? Que bênção de Deus. — Luzia sorriu, enquanto servia macarronada para Cris.

Sol explicou que tudo estava indo devagar e que Cecilia estava vivendo uma coisa de cada vez. Os pais da ruiva até conversaram com Isis e Laís, e tudo estava caminhando bem. Sol aproveitava esses momentos em família para falar sobre muitas coisas e também mencionou Yuri.

— Eu gosto dele, o Yuri é um rapaz doce e gentil. — Isis sorriu para a filha.

— Não shippe mais, mãe, não teremos mais nada. — Sol decretou, e Cris bateu palmas.

O garotinho sempre tinha alguma coisa para falar, e sempre com bastante sinceridade.

— Aquele fujão de uma figa, eu gosto dele. Ele sempre me deu todas as cartinhas do álbum de figurinha de futebol, eu nunca precisei pagar. Mas, ele fugiu da nossa família!— Cristian fez todos rirem com seu comentário.

— Calma, Cris, ele teve muito motivo para fugir. 

Sol falou seriamente, e o garotinho deu de ombros. — Sol explicou, com paciência. — Ele é uma pessoa boa, só não iremos namorar mais.

— Ele é legal mesmo. — Sofia falou. — Mas existem pessoas mais legais, bem mais legais.

Sol a fuzilou com o olhar, e a menina com mechas coloridas pouco ligou. Nicole riu de fininho, e ninguém pegou o assunto no ar. A paginadora abocanhou seu macarrão, e o assunto morreu ali, sem mais insistências. O jantar era sempre cheio de conversas e agradecimentos a Luzia por cozinhar tão bem, seus netos amavam aquilo.

A rotina era a mesma todos os dias, mas após Charles sair de casa, Sol e Nicole faziam algumas coisas a mais, como verificar os portões e ficar de olho em Cristian para que ele colocasse o lixo para fora. Mesmo sendo uma rua tranquila, era São Paulo, era Brasil. Quando o relógio bateu as oito, Sol deitou na rede e colocou seus fones de ouvido, e com certeza AnaVitoria eram duas das suas artistas preferidas. Sol estava animada com músicas novas e logo deu play em uma.

— "Geleira do tempo", essa deve ser boa. — Sol falou sozinha.

A música começou, e a letra fez sentido logo de cara, como se fosse feita para ela e toda a sua situação melodramática. A música falava sobre sentimento entre duas pessoas que se conheciam há pouco tempo, e ela logo leu a letra.

"Não te conheço tão no fundo pra entender o que você diz em silêncio, suponho tantas coisas, mas não sei se é minha vontade inventando a sua... Será que a gente tá pensando o mesmo? A gente se encontra nas mesmas ideias de vida, de gente, de desconstrução e no espaço que existe entre a raiva e a risada, r rir com você dos problemas me parece bom..."

—Até as músicas estão falando dele? —Sol bufou.

Mas foi aquela música que a levou à conclusão de que não poderia ignorá-lo daquela forma. Ele nunca havia feito nada parecido ou sequer demorado a responder. Sol tomou a decisão de ligar para ele e dizer o que tinha ensaiado no espelho mais cedo. Seria o mais sincera possível, dentro que podia falar e guardaria o resto em seu coração.

A ligação chamou algumas vezes antes de ele atender, e seu singelo "Oi" fez seu coração acelerar.

— Oi... Desculpa demorar para responder e...

Ela falou rápido, um tanto desajeitada.

— Sol. — Disse ele.

Vicente chamou seu nome no meio da sua fala, e Sol se calou.

— Vicente.

Eles escutavam suas respirações e Sol sentia seu coração saindo pela boca.

— Posso começar me desculpando pela demora antes de tudo? Meu celular deu pane e me pegou de surpresa, mas já resolvi. — Vicente falou, e Sol consentiu, deixando espaço para ele continuar. — E fui infantil mesmo, como já falei. Talvez tenha visto uma parte sombria da minha personalidade que tenta abraçar o mundo com as mãos e acha que pode salvar as pessoas de perigos que talvez nem existam. Eu posso ser cabeça-dura e teimoso quando as coisas não estão de acordo com o que penso, droga. — Vicente foi sincero, e ela sorriu. — Eu não cultivo esse meu lado, mas não posso simplesmente excluí-lo. Eu tomei para mim a dor do que seu ex fez e acabei achando que ele poderia te machucar de novo. Desculpa....

Sol fechou os olhos e percebeu que, mesmo ele falando sobre seus defeitos, ainda era sincero e gentil. Era mesmo impossível não se apaixonar por ele.

— Vicente, também preciso pedir desculpas. Posso ser bem cabeça-dura e, quando estou irritada, posso ser inflexível. Então, eu entendo tudo e não estou brava ou nada do tipo...

Vicente soltou uma risada de alívio, e ela respirou fundo.

— Ainda bem. Vi que estava no parque hoje, por isso esperei sua mensagem sem pressa. — Ele falou com simpatia.

Logo o que era uma despedida, tomou-a completamente e logo ela se recompôs.

— Sim, foi. — Sol respondeu de forma seca..

— O mês de junho está chegando, outra competição. Sua mente está bem preocupada, certo Sol?

Sol sorriu sem graça.

—Sim, minha mente está bem bagunçada na verdade. Tudo por aqui em mim está um caos, sobre isso que queria conversar com você. —Disse ela.

Sol lamentava tão profundamente aquilo, que mal poderia segurar as lagrimas.

—Pode falar! —Ele respondeu.

Um longo silencio se fez na ligação e Sol encarou a lua.

—A lua está linda hoje, ela está na minha frente. —Ela sussurrou.

—Sim, ela está cheia. —Vicente observou. —Ela está ao meu lado...

Mais um longo silencio tomou conta e Sol tomou coragem.

—A gente precisa ficar um tempo sem se falar, Vicente. —Ela falou, sentindo seu coração apertado.

Vicente fingiu uma tosse, e sorriu sem graça.

—Que? Por que? —Ele perguntou, sem entender. —Eu posso me manter mais quieto se quiser...

Sol negou, sem ele ver.

—É apenas por um tempo, preciso resolver algumas coisas internas e mentais. Minha cabeça está um caos e estou em um momento da vida com tantas coisas acontecendo, a escola, a competição e...

Mais uma pausa aconteceu, não era possível explicar o inexplicável,

—Eu atrapalho sua vida? Não tinha a intensão... —Ele sussurrou.

—Não, claro que não. Você sempre fez o oposto disso! —Ela rebateu de imediato. —É que aconteceram algumas coisas esses dias, estou precisando pensar!

Vicente tossiu, e soltou uma risada fraca.

—Certo, eu acho que entendi e respeito seus sentimentos Sol. —Vicente falou, em um tom mais baixo. —Sei que você deve ter motivos para isso e não serei insistente dessa vez, já que é para seu bem.

Sol deixou uma lagrima cair e consentiu.

—Assim que tudo passar um pouco, que minhas emoções se estabilizarem... —Sol embargou a voz. —Pode esperar só um pouco?

Vicente estava visivelmente decepcionado pela demora em responder, Sol não era boba, era perceptível.

— Espero que tudo dentro de você e seus sentimentos fiquem bem. Eu não quero atrapalhar nada na sua vida e odiaria ser o motivo para sua infelicidade, sério. — Ele sussurrou, e ela negou. — Espero que consiga o campeonato mais uma vez e passe para as nacionais ao som de Yellow. Sou seu fã, após sua família e a Cecilia, sou seu maior fã.

Sol consentiu e enxugou uma lágrima. Ele não havia respondido à sua pergunta sobre esperá-la, e aquilo doeu mais do que ela achava que doeria, era como uma facada no peito.

— Se cuide, Vicente, e cumprirei minha promessa ao som de Yellow. — Sol falou, prendendo o choro. — Até mais...

O silêncio mais uma vez reinou naquela ligação.

— Sol. — Vicente chamou.

— Oi. — Ela respondeu.

— Nada não, eu... Irei desligar agora, certo?

Vicente pediu para desligar, e Sol, já em lágrimas, não queria mais falar e deixar óbvio seu choro contido.

— Ok. — Ela respondeu.

A ligação foi finalizada. Sol tampou os olhos com as mãos e tentou não deixar o choro sair tão alto. Sofia havia ido pegar sua farda no varal e parou para ouvir toda a conversa. Era tão doloroso ouvir aquilo que não teve coragem de se aproximar, aquela irmã mais nova  já havia presenciado Sol chorar por outra pessoa, mas nunca um choro como aquele, algo era muito diferente como se ela estivesse extremamente machucada.

A menina mais nova lembrava de uma frase que havia lido na internet, embora não se lembrasse do autor. A frase dizia algo como: Sentimentos, conexão e intimidade nunca serão questão de tempo. Em questão de dias, uma pessoa pode fazer florescer em você o que em meses outra não fez.

Vicente definitivamente não era só mais uma pessoa que passou na vida da sua irmã; ele era muito mais, e nem era preciso ser tão esperto para perceber. 

Ai gente, até a autora fica mal assim sabiam?

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