Noticias ღ Capítulo 7

Vicente sabia que às vezes tudo que precisávamos era de um tempo sozinho para curtir a própria companhia, mas naquele fim de tarde observando a orla de fortaleza com seu fone de ouvido ele não queria curtir a própria companhia, e sim entender o próprio coração, se fosse preciso até deixar alguma lagrima escapar.

Uma semana havia passado após sua primeira desilusão amorosa, encarando o mar ele relembrava todos os momentos com Cibele ao longo dos anos e tentava entender quando parou de vê-la apenas como uma amiga e quis algo a mais, por mais que pensasse não sabia como havia deixado às coisas chegarem aquele ponto. De fato, ele sentia seu coração estremecer quando se lembrava do momento em que ela feliz apresentou seu namorado e momentos depois deu a triste notícia que após a escola na Nova Zelândia iria fazer sua tão sonhada faculdade junto a Brad nos estados unidos, Vicente estava triste por tantos motivos que o fazia sentir-se egoísta.

— Nem sei o que é pior, no final das contas, Bob, e isso tudo é um problema apenas meu. Como ousaria contá-la e fazê-la sentir culpa, sem ter culpa alguma? — Ele falou com seu cachorro, que, deitado na areia, não se importou.

Bob era um poodle branco que estava na família há quatro anos, a única companhia de Vicente quando queria desabafar. Afinal, o cachorro não o julgava.

O pôr do sol estava bonito, o vento estava forte e muitas pessoas passeavam na orla, corriam com seus fones de ouvido, brincavam com seus animais, crianças andavam de bicicleta livremente e aproveitavam o calor intenso para saborear coisas geladas. Vicente fechou os olhos e sentiu a brisa bater em seu rosto, provavelmente fazendo a maresia grudar em seus óculos. O rapaz não sentia raiva, inveja ou desgosto; Vicente gostaria de ver Cibele com seu belo sorriso no rosto, não importando se isso o fizesse mais triste. — Ele enxugou uma lágrima e acariciou Bob.

— Sabia que te encontraria aqui. — Bruno pulou na areia e sentou ao lado do irmão. — O Joaquim disse que já te ligou milhões de vezes, mas não pode sair, em alguns dias é o lançamento do...

Vicente suspirou interrompendo o irmão, apertou os olhos e sorriu.

— É o lançamento do Circle Of Friends... — Vicente completou a frase do seu irmão, e Bruno consentiu.

— Sim... — O caçula encarou o mar e suspirou. — Irmão, nós achávamos que ela realmente... — Ele pausou, receoso de magoar o irmão.

Vicente era a única pessoa que fazia Bruno pensar antes de falar. O menino jamais ousaria magoar o irmão com palavras impensadas e expressava constantemente seu amor, eles tinham uma bela conexão, mesmo sendo pessoas completamente diferentes em questão de personalidade. Vicente era uma das poucas pessoas que entendia Bruno ou simplesmente o deixava ser quem ele quisesse ser.

— Achavam que ela gostava de mim? Não... E pensando bem, ela nunca deu nenhum sinal de que gostava de mim, é unilateral e eu sempre soube. — Vicente sorriu para Bruno, tocando em seu ombro. — Ela está feliz com a pessoa que gosta dela e que ela gosta de volta. — Ele completou.

Bruno encarou seu celular e pouco passava das cinco da tarde daquele ano que estava apenas começando. Os meninos entraram em um silêncio ensurdecedor, encarando o mar.

— Dizem que quando uma porta se fecha, outra se abre... — Bruno sussurrou, fazendo Vicente sorrir.

Meu pequeno irmão ainda precisa aprender os ditados populares...

— Quando uma porta se fecha, abre uma janela. A avó sempre dizia isso, aliás, sinto falta dela... — Vicente falou em um tom mais animado, e Bruno concordou. — Quando será que vamos vê-la...

A família da Marli morava quase toda em São Paulo. Após se mudarem para trabalhar lá, decidiram permanecer. Já a família do Miguel, mesmo morando em Fortaleza, não era nada próxima; chegava a ser irônico a distância sentimental entre eles. Os meninos sentiam falta dos avós que moravam longe, mas quase nunca os viam. Eram calorosos e amorosos com os netos.

— Isso, uma janela abre. — Bruno bateu palmas. — Talvez seu coração esteja te confundindo; ele tem essa mania de nos fazer ver coisas onde não há. Em breve, você perceberá que o que sente por ela é apenas uma intensa e velha amizade, nada a ver com amor. — Bruno levantou e puxou seu irmão pelo braço, fazendo o cachorro os acompanhar.

Vicente levantou de modo desajeitado, e Bob o seguiu com preguiça. Os irmãos percorreram um pequeno caminho de areia em passos lentos.

— Como sabe dessas coisas se nunca namorou? Não é novo demais para fazer esse tipo de reflexão? — Vicente estapeou o irmão, que sorriu dando de ombros. — Ah, lembrei que você gosta da Dani.

Bruno era de fato um menino precioso e inteligente, ele falava tudo que seu coração mandava mesmo que as vezes não tivesse muito filtro. Ele gostava muito da Dani desde sempre, mas nunca sabia como explicar tudo que sentia a ela.

— Estamos falando de você. — Bruno sussurrou, mudando de assunto. — Não é simples, Vicente? Amar e ser amado exatamente na mesma intensidade, esse é o amor que realmente merecemos cultivar, não importa as circunstâncias da vida. — Vicente consentiu, concordando. — Vai chegar a sua hora, e quando chegar, você sentirá, não sei como, mas sentirá.

Vicente ficava cada vez mais surpreso com as reflexões do seu irmão mais novo, e o mais assustador é que tudo aquilo era verdade. E, sendo difícil ou não, ele teria que tirar aquela paixão por Cibele do coração o quanto antes.

— Bob, percebe como o Bruno amadureceu? — Vicente segurando o cachorro pela coleira, fazia Bruno sorrir.

Os irmãos foram andando e brincando pelo calçadão. Bruno sempre brincava por ser mais alto que o irmão. Aos dezesseis anos, tinha um metro e setenta e nove, já Vicente passava pouco de um metro e setenta, mas nada que o fizesse se importar.

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— Estão de folga até o resultado dos vestibulares meninos? Como foi a semana? Bruno está bem na escola? — Miguel interrogou os meninos, na mesa de jantar. —O jantar estava ótimo, eu estava pensando que poderíamos tirar um final de semana para irmos a um parque aquático. — Ele sorriu para esposa que consentiu orgulhosa.

Miguel era um bom homem, que sempre ajudava quem precisasse de bom coração, mesmo nascendo em berço de ouro sabia que para crescer na vida precisava de muito esforço a cada raiar do sol, e era assim que criava seus filhos. Seus defeitos eram explícitos e o mesmo os negava, ele sempre foi uma pessoa extremamente orgulhosa e gananciosa, o que incomodava as pessoas a sua volta, mas ele não via aquilo com defeitos.

— Que bom que gostou do jantar, e vamos sim. Precisamos mesmo sair para algum local... — Marli sorriu. — Como foi no escritório? De alguns meses para cá, sua rotina parece estar mais puxada...

Miguel explicou sobre causas importantes e processos longos envolvendo pessoas importantes; ele amava seu trabalho e poderia falar daquilo por horas.

— Finalizando casos e abrindo outros mais complicados, essa é a rotina. — Miguel explicou. — Bruno, está bem na escola? — Ele perguntou novamente.

Sabia que seu filho era preguiçoso para algumas coisas, e uma delas era a escola.

— Estou bem na escola, mas algumas matérias não gostam de mim. — Bruno explicou, enquanto seu pai apenas o encarava.

Ele sempre fazia gracinhas e as pessoas riam com facilidade ao seu lado.

— Vicente, Joaquim... — Miguel sussurrou, e Vicente o encarou com calma.

Pode não reclamar de alguma coisa, pai? Só para variar...

— Estamos esperando os resultados do vestibular para faculdade pública e, caso não seja uma nota suficiente, o que acho difícil, de acordo com nossa luta por boas notas, iremos para uma faculdade particular. — Vicente entregou seus planos ao pai de forma direta.

O menino arrumou seus óculos e respirou fundo. Sabia que uma hora ou outra precisaria contar ao pai sobre seus planos e, se não fosse pedir muito, queria sua aprovação.

— Padrinho, faculdades públicas são boas. Não precisa se preocupar... — Joaquim quebrou o silêncio na mesa.

Miguel mexia em seu celular, mesmo sempre reclamando quando todos faziam aquilo. As pessoas na mesa não sabiam o que se passava pela mente do advogado naquele momento.

— Miguel, seus filhos estão falando com você. Pode deixar o trabalho de lado... — Marli balançou o marido, que despertou em um pulo.

Bruno encarou o irmão, e Joaquim deu de ombros. Internamente, ele já estava preparando argumentos muito bons para qualquer surto do pai, até tinha ensaiado no espelho para defender seu irmão.

— Certo, sei que não irei fazê-los mudar de ideia de estudarem em um local um pouco mais... — Miguel repensou suas palavras e sorriu. — Fico feliz por tudo isso e não desistam, mesmo que tenham dificuldades. Sei que irão se destacar em suas áreas, afinal, são meus filhos. — O pai sorriu e apoiou os cotovelos na mesa.

Como assim? O que eu faço com isso, papai?

— Pai, até semana passada... — Vicente começou, e seu pai o encarou. — Deixa, obrigado por nos apoiar. — O menino sorriu, e Miguel limpou a boca com seu guardanapo.

— Preciso resolver alguns problemas agora, continuem jantando. — Miguel pegou o celular, suspirou e sorriu sem jeito. — O jantar estava ótimo. Trancem as portas e deixem sempre os alarmes ligados. — O homem levantou da mesa, deixando todos confusos.

Marli boquiaberta levantou junto ao marido e o seguiu, já passavam das sete e o advogado havia acabado de chegar após um dia de trabalho. Os meninos se entre olharam confusos, e encararam o casal subindo as escadas.

— Calma, ele ficou feliz por quê? — Joaquim coçou a cabeça e gesticulou para a escada. — Seja qual for o motivo da felicidade, levarei como apoio.

— Isso foi estranho em muitos níveis... — Vicente bufou.

Ele queria muito cursar Física em uma universidade pública por muitos motivos, entre eles não depender do pai para ser quem ele quisesse ser. Mas, ao mesmo tempo, se sentia mal por pegar a vaga de uma pessoa que não poderia pagar.

— Ele é doido. — Bruno falou após tomar seu suco. — Ele feliz sem ser por um caso ganho já é de se estranhar. — Todos concordaram.

Joaquim cruzou os braços e nada falou, internamente, torcia para que tudo desse certo. Ambos tiraram seus pratos da mesa e conversaram entre si sobre muitas coisas ao mesmo tempo. Vicente e Joaquim seguiram para seus quartos, enquanto Bruno percorreu a lateral da casa até a piscina e a pequena casa onde Dani morava com seu pai.

Dani sempre sentava em uma das cadeiras na área externa para escrever. Bruno gostava dela há muito tempo e nem sempre sabia disfarçar. Dani, aos seus olhos, era perfeita, tanto internamente quanto externamente; era uma menina baixinha, franzina, com cabelos cacheados até o ombro. Era doce, risonha, desastrada e escrevia muito bem.

— Que surpresa, você aqui. — Bruno se aproximou da mesa onde Dani estava, e ela sorriu ao vê-lo. — O que está fazendo em plena sexta à noite?

Dani empurrou a cadeira para Bruno sentar ao seu lado. Ele encarou seus cadernos e sua coleção de canetas coloridas.

— Surpresa? Sempre estou aqui. — Ela sorriu, entregando-lhe seu caderno. — Escrevi um texto simples e aleatório sobre as águas da piscina e o que elas refletem quando estou aqui. — Ela sorriu orgulhosa e Bruno começou a ler.

— Então, esse texto é sobre como você gosta de ver o reflexo da piscina em noites calorosas, e que você não sabe se o que aquece seu coração é o reflexo das águas ou o clima tropical? — Bruno leu o pequeno texto, e ela consentiu com um gesto. — Eu acho que você será uma das escritoras mais promissoras do Brasil.

Ele não entendeu muito bem o texto, mas ao elogiá-la, recebeu um sorriso, e aquilo era bom.

— Quer um pão de mel? Quando eu escrever um livro, você irá comprar, mesmo sem gostar de ler? — Dani lhe entregou um pacotinho, e ele consentiu.

—Irei comprar sim, ainda me gabarei por conhecer você e termos fotos juntos. — Bruno brincou, e ela o fez jurar ao esticar seu dedo mindinho. — Quando todos estiverem loucos por autógrafos, já terei um.

— Irá entrar na fila para ter. — Dani provocou Bruno, que fingiu indignação..

Dani após o provocar, o mostrou todos os seus textos maiores e alguns que por algum motivo não conseguia mais escrever. Ali eles ficaram por horas, Bruno não gostava de ler e não sabia nada sobre escritores ou livros, mas amava ouvi-la falar de todos os livros magníficos no qual já tinha lido. Sem a menina perceber, ele encarava seu rosto e sorria, até o pai dela gritar seu nome.

— Daniele, faz favor, filha. — Micael gritou, e ela respondeu de imediato, afirmando que iria.

— Preciso ir agora, não precisa mesmo ler esse livro que falei sobre o casal que se perde no mar. Sei que não gosta de ler, oxe, agora deu mesmo. — Ela levantou, e Bruno pegou o livro. — Vou entrar boa noite, e se ler, me fale o que achou.

— Vou ler sim, gostei da parte em que ela alucina e acha que morreu. — Ele sussurrou, fazendo-a revirar os olhos e sorrir. — Boa noite. — Ele deu tchau e a seguiu com o olhar.

Bruno suspirou ao olhar para aquele livro enorme e sorriu balançando a cabeça em negação. Ficou por ali mais um pouco e, ao encarar a piscina, percebeu seu reflexo nas águas azuis. O texto escrito por Dani veio à sua mente, fazendo seu coração palpitar.

"Noites solitárias em um clima quente, ganho a missão de traduzir meu próprio coração. Pensamentos invadem minha mente, e sinto meu coração aquecido ao recordar. Meus olhos passeiam por águas azuis e imagino o reflexo que me faz sorrir. Anseio decifrar o motivo do calor em meu peito, o reflexo ou o clima tropical que me cerca?"

Dani o observava pela janela da sua sala e sentia seu coração aquecido apenas por breves minutos ao lado de Bruno. Mas não seria muito nova para sentimentos assim? E quem poderia garantir que ele gostava dela? Ela gostava de vê-lo sorrir e de como ele sempre encontrava uma maneira de conversar, mesmo quando não tinha assunto. Dani nunca mais se sentiu sozinha após conhecer Bruno; ela gostava de estar ao seu lado.

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Com telescópio de última geração na varanda do seu quarto, Vicente observava as estrelas com curiosidade e comia salgadinho de queijo, ali era seu ponto de paz. O vento frio por ser madrugada era bom e o silencio era confortável, sentado em uma cadeira de praia estava pensativo demais para ouvir qualquer coisa. –Seu celular vibrou e o mesmo encarou a mensagem de Cibele.

Onde está? Sumiu, está triste por minha decisão de ir embora? Não seja bobo vamos conversar Vi...

Ele leu aquela mensagem e sorriu.

Claro que não estou triste, estou feliz por sua felicidade. E você sabe, as vezes sumo para raciocinar, não vai ser fácil ficar longe, mas quero que vá em frente.

Ele respondeu sua mensagem e não havia mentiras ali, apenas não mencionou que precisava raciocinar em como mudar seus sentimentos.

Ufa, fiquei preocupada e irá se orgulhar de mim. Vai ser difícil viver longe mas precisamos ao menos tentar seguir nossos sonhos caso contrário nos arrependeremos. Vá dormir agora, está tarde.

Vicente concordou e suspirou.

Boa noite gordinha, você tem razão e sinto orgulho de você. Vou deitar mesmo, está tarde.

Ele guardou seu celular no bolso, começou a fechar seu telescópio com cuidado e cantarolava uma música lenta que adorava, ele fazia tudo lentamente e com cuidado, aquilo era incrível demais para ousar ao menos arranha-lo. Quando entrou no quarto, o menino se jogou em sua cama e desejou no mínimo dez horas de sono ininterruptas, mas sabia que sua mãe bateria na porta antes das dez horas da manhã. –Ele fechou os olhos e apagou.

Um barulho forte na porta o incomodava e o fazia perceber que não dormiu metade do que precisava, o Sol estava fraco o que significava que ainda era cedo, ainda de olhos semifechados o mesmo ignorava as batidas na porta. Vicente estava com tanto sono, que mal movia as pálpebras, estava completamente enrolado e com a mão por baixo do travesseiro tentava achar o celular.

— Que droga, quem está me acordando quando estou de férias? — Ele achou o celular com chamadas perdidas e percebeu que nem era sete horas da manhã. — QUEM É? — Ele gritou, e continuaram a bater com insistência. — Sinceramente, quem gosta de acordar cedo?

O menino saiu de baixo das cobertas bufando e colocou seus óculos. Levantou da cama apenas de samba canção e respirou fundo antes de abrir a porta. Quando a porta se abriu, ele encarou Bruno de pijama, impaciente.

— Eu espero ouvir que alguém está morrendo para você vir me acordar a essa hora e me dizer também que só eu conseguirei salvá-la; caso contrário, vou arrebentar você. — Vicente falou, cerrando os dentes, e Bruno arregalou os olhos.

— Alguém vai morrer... — Bruno coçou a cabeça, sussurrou agoniado, e Vicente arregalou os olhos. — Fudeu, irmão.

— Como é? Não brinca com isso... — O mais velho falou alto, e Bruno apertou suas bochechas, fazendo-o calar.

Bruno empurrou o irmão para dentro do quarto e fechou a porta lentamente.

— Seu celular não serve? Liguei e não atendeu, mandei mensagem e não leu. Por que não volta para a época das cartas? — Bruno tentou respirar para falar, e Vicente percebeu que havia algo realmente errado. — Eu não dormi, passei a noite jogando e estou uma pilha...

Ele pausou sua fala, e o irmão gesticulou para que continuasse.

— Sem novidades até agora... — Vicente balbuciou e foi encarado. — Ok, fale.

Bruno seguiu para a mesa do irmão e sentou em sua cadeira. Havia muitas telas de computador, e Vicente o ajudou a achar o navegador.

— Eu estava assistindo vídeos e apareceu uma notificação de um site de fofoca da cidade. Um hotel de luxo chamou a polícia porque um prestigiado advogado de Fortaleza se alterou, afirmando ter sido roubado e que não sairia até resolverem o problema. Foi um barraco e gravaram... — Explicou Bruno.

Vicente arregalou os olhos quando Bruno abriu o site e viu a foto do seu pai na recepção do hotel gesticulando para os policiais.

Ele esfregou os olhos, puxou Bruno da cadeira e sentou-se para ler a matéria completa e saber se realmente era seu pai, pois a foto não estava tão nítida assim por ter sido tirada por pessoas aleatórias. O mais novo andava pelo quarto roendo as unhas.

— Advogado Miguel Dias que estava hospedado com uma mulher em uma suíte presidencial afirma ter sido vítima de um golpe nessa madrugada... — Vicente leu em voz alta, tendo uma crise de riso. — Cara, pode ser mainha com ele, eles talvez estavam na suíte...

Bruno arregalou os olhos sem acreditar no que tinha ouvido.

— Vicente, por que raios nossa mãe roubaria nosso pai? Porra, pensa. — O mais novo cochichou, e Vicente o mandou se calar... — Caralho.

Fudeu, fudeu, pai o que você fez.

— Cara, olha essa matéria sensacionalista e tão detalhada... — Vicente riu, tapando a boca.

— Meu filho, eu já li isso umas dez vezes. E por que está rindo? — Bruno bufou, tentando conter a voz.

Bruno encarou a tela e passou a mão na cabeça, enquanto Vicente tirava os óculos. Os irmãos estavam sem saber o que fazer. Vicente não conseguia entender como seu pai poderia ter feito uma coisa dessas com sua mãe e com sua família.

— Estou rindo de ódio, Bruno. E calma, é melhor nós contarmos a mainha antes que ela veja dessa forma. — Vicente sussurrou e caminhou até o irmão. — Se acalme, vamos precisar ajudar ela, e você precisa não explodir.

Bruno era esquentado e não tolerava muitas coisas, ele tinha o sangue quente e Vicente era seu pino de segurança.

— Olha a vergonha que nossa mãe vai passar, ela não merecia isso, cara. Isso só pode ser mentira... — Bruno segurou as lágrimas de raiva, e foi abraçado. — Que ódio, traiu nossa mãe e está na internet passando vergonha.

Vicente, ainda abraçado ao irmão, ouvia suas lamentações e não conseguia encontrar palavras. Não imaginava que seu pai fosse capaz de um ato tão mesquinho com a pessoa que sempre o apoiou na vida. Era injusto e revoltante.

— Precisamos descer antes que seja tarde e ela veja isso sozinha. Baixe a bola, ela tem a nós. Você assim vai deixá-la mais tensa, segure suas emoções por esse momento. Vá chamar o Joaquim rápido para vermos se tem uma forma ilegal de tirar isso do ar, e eu vou ver se ela já está acordada. — Ele falou e Bruno consentiu, respirando fundo.

Vicente colocou uma roupa na velocidade da luz. Ele estava trêmulo e apertava as mãos com raiva. Entrou no quarto da mãe, mas ela não estava lá. Correu para as escadas e, de longe, a viu já muito bem arrumada, sentada no sofá de pernas cruzadas, encarando um quadro enorme na parede.

Ele se aproximou do sofá e a chamou, a fim de encará-la.

— Mainha, acredita que perdi o sono? Acho que o cigarro me deixou com insônia, devo mesmo parar de fumar como mandou... — Ele se aproximou, fingindo um sorriso, e sua mãe o encarou com os olhos vermelhos e inchados. — Mãe...

Ele sentou em uma poltrona à sua frente e a mulher jovem deixou uma lágrima cair, quebrando o coração do seu primogênito.

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A dor dos filhos vendo a mãe passar por isso é tão pesado...

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