Ligações perdidas ღ Capítulo 41
O mês de outubro chegou mais rápido que eles perceberam e já estava na metade, diariamente todos corriam contra o tempo para que pudessem da conta de suas vidas mais os corações pesados. Não era fácil viver com medo do tempo e do toque de celular, mas em meio a tempestade Sol buscou os pensamentos positivos e seus dias tinham mais coisas para fazer entre aulas, treinos e todos os dias ver Cecilia e Liz.
Sol estava ansiosa para o veredito que os médicos iriam dizer sobre seu pai, mas ela teria que esperar até o final do mês para isso, até lá sua vida seguia como sempre, mais suportando as dores da vida. E claro que todos a sua volta tentam encontrar formas de distrai-la, e por sorte não era tão difícil fazê-la sorrir.
A menina das fitas estava visivelmente mais magra, nem tão falante como antes por mais que tentasse esconder, e tentava todos os dias dar o seu melhor na escola mesmo ouvindo comentários sobre Cecilia e como a vida era injusta, chegando até a discutir com colegas. Todos os dias Sol seguia sua lista de fazer algo divertido com Cecilia ainda interna e elas colecionavam ainda mais memorias como quando Cecilia pediu ajuda da amiga para raspar sua cabeça e ganhou várias perucas coloridas que a divertia.
Junior estava quebrado milhões de pedaços e sempre que via a pessoa que amava debilitada, chorava escondido. Ele e seus pais estavam dando todo apoio e suporte para Cecilia e Liz, era até complicado Junior se separar da pequena bebê ruiva, ele sempre dava ênfase a manter Liz ao lado da mãe, e em poucos dias aprendeu como cuidar da filha entre banhos, a temperatura correta do leite e a consolar quando Liz não queria sair do colo da mãe, para orgulho de Cecilia ele sempre estava com um livro na mão que o faria aprender mais como cuidar de um bebê.
No final de setembro Liz havia completado seu primeiro mês com direito a uma mini festinha no quarto de hospital da mãe com o tema de pequena sereia e todos comemoraram a vida da pequena bebê ruiva, foi um dos momentos onde todas aquelas pessoas mais sorriram e festejaram juntos. Logo após isso Catarina e Fabio a pedido de Cecilia fizeram um ensaio mensal da bebê com a família e com a mãe, foi emocionante e o quarto da bebê já estava decorado com muitas fotos.
Muitas vezes Sol chorava ao ver sua amiga mais magra, chorava quando os médicos diziam que ela não estava reagindo aos tratamentos, chorava ainda mais quando Cecilia tinha recaídas e precisava de alguns dias na uti. Todos os dias ao ver os pais da amiga chorando, ao ver Junior contar a sua filha os planos para o futuro incerto e ao sentir toda aquela dor, Sol entendia o porquê Cecilia havia escondido de todos.
Em uma tarde aleatória Sol terminava seu treino e Vicente a esperava na porta da escola, ela sabia que o mesmo estava chegando e ficaria na sua casa mesmo com seus avós na cidade, assim passariam mais tempo juntos visto que estavam completando quatro meses juntos.
Vicente estava entre idas e vindas de modo que não prejudicasse suas provas ou trabalhos, com atestados ele não recebia faltas e seu desempenho estava alto como sempre na faculdade. No mês de setembro ele passou alguns dias e com outubro começando, ele havia chegado novamente para passar mais alguns dias ao lado de Sol.
— Oi, mãe. — Vicente encostou no carro e atendeu a chamada da sua mãe. — Cheguei agora à tarde e estava com a vó; almoçamos juntos.
Marli sorriu, orgulhosa do filho.
— Estou feliz com o esforço que você faz pela Sol. A madrinha dela tem ajudado com os atestados, é uma causa nobre. — Marli sussurrou. — Continue estudando e mande os trabalhos por PDF que o Bruno entrega para você. E sobre aquele projeto que você fez em julho, acha que dará certo tanto para você quanto para o Joaquim?
Vicente respirou fundo, mexendo na própria orelha.
— Sim, só teremos uma resposta em dezembro ou janeiro. — Ele sorriu. — Tudo dará certo, obrigado por me apoiar em tudo, meu coração fica leve.
— Claro que apoio. Desde que você escolheu a física, nunca o vi mais determinado com seus planos, e você sempre me ajuda muito. É uma via de mão dupla. — Marli soltou uma risada tímida. — Hoje vamos ao cinema, eu e o Micael, e o Bruno com a Dani. Estou animada.
Vicente, encostado no carro, sorria ao ouvir sua mãe falar sobre seus planos, mesmo que fossem coisas simples. Em sua nova página da vida, ela estava vivendo momentos que nunca pôde experimentar antes, e isso era leve.
— Viva leve, mãe. Você e o Micael merecem isso e quero que dure para sempre. — Vicente foi sincero. — A vida juntou os seus caminhos outra vez; isso é uma nova chance.
Vicente sorriu com vontade após sua mãe contar quantas coisas novas seguia fazendo como iniciar uma pós graduação na área que já é formada, ele ficou sabendo que Bruno seguia aceitando o relacionamento com Micael e Miguel seguia fazendo o que quase todo pai que se separava da mãe faziam, sumia.
De longe ele viu Sol correndo em sua direção, e sorrindo. Ela estava saindo do treino, Vicente sabia que sua namorada estava se esforçando em todos os quesitos da sua vida, mesmo que fosse difícil com a cabeça chia
— Amor, feliz quatro meses! — Sol se jogou nos braços de Vicente e o abraçou, sentindo seu cheiro floral. — Acabei de tomar banho, que bom que chegou. — Ela o beijou.
Vicente a ergueu do chão e ela beijou seu pescoço.
— Que saudade, uau que saudade eu estava!— Ele a colocou no chão e pegou sua bolsa. — Feliz quatro anos... — Ele fez uma careta e negou. — Meses, errei.
Sol gargalhou e negou.
— Já quer ter quatro anos comigo? — Ela sorriu animada e ele consentiu. — Falei com a Ceci, o enjoo dela melhorou e a Liz foi vê-la hoje.
Sol entrou no carro e eles seguiram para a casa dos Moreira conversando como sempre. Vicente tentava manter a mente de Sol longe dos problemas, falando mais do que era seu costume.
— Que ótimo que tudo está sob controle. Eu trouxe doces para vocês provarem, sabe como a Marli é, né? Ela mandou várias coisas... — Vicente falou animado e Sol consentiu. — E como você disse que o presente de quatro meses deveria ser apenas o jantar, sei que você vai amar.
— Uau, estou ansiosa para esse jantar. Sinto que vai me ajudar a distrair a mente... — Ela sorriu e ele pegou sua mão, apertando-a.
♥
— Meu genro, o bolo de rolo está ótimo. — Isis fechou os olhos. — A Nicole deveria estar aqui para provar; a Sol comeu vários pedaços.
— Guardem um pouco para levar para o Charles; prometi da última vez. — Vicente pediu, ajustando seus óculos.
Isis se sentia ótima por Vicente constantemente lembrar de Charles e por seu marido sempre perguntar por Vicente, eles se davam muito bem.
— Esse salgadinho é dos deuses, agradeça à sua mãe por essa gentileza, Vicente. — Luzia sorriu ao ver Vicente segurando a caixa de salgadinhos amanteigados. — Com um café...
Vicente sorriu com o entusiasmo de Luzia pelos biscoitos.
— Foi de coração, vó. E estou muito agradecido por vocês me deixarem ficar aqui no mês passado e agora, até compraram uma cama para mim. — Vicente sorriu. — Espero em breve receber todos em minha casa, lá. Vocês vão amar, o nordeste é incrível!
— Preciso de férias. — Isis sorriu, brincando.
— Quero ir. — Cristian levantou a mão.
A família Moreira estava se deliciando com as comidas típicas do Nordeste enviadas por Marli. As crianças estavam encantadas com pé de moleque, quebra-queixo e um biscoito doce com goiabada.
— Quero ir para a praia. Será que encontramos para comprar isso aqui? — Sofia perguntou a Vicente. — A Sol está demorando para se arrumar.
— Acho que, mesmo sendo difícil, encontra sim, Sofi... — Vicente comeu um biscoito do pacote de Cristian, e o garotinho não ligou. — Ainda temos tempo, ela disse que levaria um tempo para se arrumar. — Vicente encarou o relógio.
Entre conversas, no momento em que as crianças saíram da mesa, Isis bufou ainda comendo.
— Gente, essa melhora repentina da Cecília cerca de dois dias atrás está me deixando aflita. — Isis suspirou, fazendo todos a encararem. — Como sabem, os exames mostraram que o câncer acabou de invadir os pulmões.
Isis tinha em mente que, quando pacientes extremamente graves melhoravam repentinamente, poderia haver uma piora instantânea. Coincidência ou não, ela via isso.
— Acha que... — Vicente apertou os olhos e bufou. — Eu realmente quero acreditar em um milagre...
— Ela está em estágio terminal e, por mais que nossa fé seja imensa, devemos estar preparados. A Laís disse que tudo está sendo feito, inclusive uma equipe multidisciplinar com médicos americanos. Entretanto, ela fica mais grave a cada momento, nunca vi algo tão rápido assim! —Isis explicou.
Luzia encarou Isis e Vicente, unindo as mãos.
— O tempo de Deus é uma incógnita, nunca sabemos quando perderemos as pessoas que amamos e não existe nada que podemos fazer a não ser aceitar sua vontade. — Luzia consentiu, encarando a foto do marido na parede da sala.
Isis encerrou o assunto quando Sol gritou por sua ajuda, provavelmente para arrumar seu vestido.
Sol estava se arrumando para o jantar com o namorado, que já estava pronto. Vicente estava ficando na casa dos Moreira desde a outra vez que veio. Nicole, com muito esforço e ajuda de Sol, transformou um quarto de bagunças em um quarto de visitas. Por mais que o quarto fosse para Vicente dormir, Sol sempre levantava no meio da noite para dormir com ele, e Isis ignorava quando não encontrava Sol em seu quarto cedo. Ela apenas gostava de ver sua filha sendo bem cuidada.
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— Um prédio? — Sol arregalou os olhos quando o carro parou na entrada do edifício gigante. — Platina 220? O que está aprontando?
Vicente sorriu ao perceber a reação de Sol ao ver onde estavam. Ele não havia dito nada sobre preparar algo tão romântico para ela durante esses primeiros meses de namoro por vários motivos: alguns meses à distância e outros pela situação de Cecília, que não havia proporcionado clima para comemorações.
— Sim, Platina 220! — Ele exclamou, sem dar mais detalhes, deixando-a curiosa.
O carro entrou no estacionamento subterrâneo e Sol, curiosa, observou tudo enquanto desciam do carro; ela nunca tinha estado ali antes.
— Você está muito linda de azul-marinho. — Sol sorriu quando ele a admirou.
Sol estava elegante mesmo sem extravagância. Ela usava um vestido de seda caro na altura dos joelhos, com as costas nuas, saltos pretos medianos e alguns acessórios, como um colar de lua e brincos brilhantes.
— Esse vestido eu ganhei da minha madrinha, parece caro. — Sol rodopiou e ele assobiou.
— Eu realmente tenho uma namorada extremamente bonita e, na linguagem mais íntima... — Vicente sorriu de canto. — Extremamente gostosa.
Sol caiu na risada quando ele usou aquele termo.
— Você de roupa social está gostosão também. Sabia que essas camisas de tecido, deixando à mostra sua tatuagem, são bem sexy? — Ela arrumou os cabelos loiros do namorado.
Vicente sorriu ao ouvir Sol um pouco mais falante. Ela o deixava tímido com os elogios e ele sorriu, enquanto caminhavam de mãos dadas. Eles subiram de elevador até o último andar do prédio e, antes que o elevador abrisse, Vicente manteve a porta fechada.
— Certo, mocinha, preciso que feche os olhos. — Ele pediu, a encarando. — Sério, não abra.
— Uau, estou nervosa. — Ela fechou os olhos, colocando sua bolsa no ombro.
Vicente pegou sua mão, saíram do elevador e, com um cartão de acesso, entraram no apartamento quase totalmente escuro, apenas algumas velas iluminavam o local.
— Pode abrir. — Vicente pediu, e assim ela fez.
Sol tampou a boca ao ver onde estava e tudo ao seu redor. Seus olhos curiosos avistaram uma sala com as paredes totalmente de vidro, onde podia ver uma cidade cheia de luzes por todos os lados. Percebeu que estava em um dos maiores prédios de São Paulo.
Ela sorriu ao ver uma mesa simples e pequena no meio do apartamento parcialmente mobiliado, a mesa na sala estava posta com algumas velas e um buquê de rosas em cima.
— O... o que? — Sem reação, ela gaguejou. — Olha a cidade inteira, quantas luzes e prédios por toda parte. — Sol apontou para que o namorado olhasse.
Ela se aproximou da parede de vidro e, sem medo, olhava para baixo.
— Nossa, amor, eu lembro que te falei que queria subir aqui um dia. — Ela tocou o vidro e, ainda sorrindo, encarou o namorado com olhos brilhantes. — Pensei que não conseguiria vir aqui, isso é surreal.
Vicente sorriu aliviado, temendo ter exagerado, mas o sorriso da menina colada no vidro mostrava que havia sido perfeito.
— Feliz quatro meses, de todos os outros que virão e aos que a gente talvez não possa comemorar junto, ainda. — Ele se aproximou dela e foi abraçado.
— Eu te amo muito, Vicente. — Sol sussurrou, emotiva. — Obrigada por sempre estar ao meu lado e me deixar sem palavras, eu realmente sempre quis vir aqui.
— Devo amar você um pouco mais e sempre estarei ao seu lado, a menos que você me deixe. — Ele falou, mostrando suas covinhas ao sorrir e mediu suas alturas.
— Que deixar o quê... — Ela negou, puxando sua orelha.
Vicente sorriu ao vê-la da mesma altura dele por estar de salto e recebeu mais um abraço caloroso e confortável. Aquilo o fazia esquecer de tristezas e preocupações, Sol o beijou com carinho e o chamou para ver a cidade iluminada, logo tentando adivinhar onde estavam localizados cada local que ela conhecia.
Eles se sentaram à mesa após algum tempo olhando a cidade, e, claro, Sol registrou todo aquele momento. Com certeza, Vicente havia pensado em todos os detalhes com carinho, e seu coração estava preenchido.
— Tudo isso é tão incrível, nunca pensei que alguém faria isso por mim um dia, sabe? — Ela falou rápido, apontando para as velas, já com o buquê em mãos. — Girassóis são incríveis.
— Eu sempre farei coisas que a deixem feliz e o jantar está quase chegando. — Ele se animou e retirou um refrigerante do gelo, servindo-o em uma taça e brindaram.
Com base no que Sol falava, era encarada por ele como se o menino estivesse hipnotizado. Ele sempre gostava de observar suas expressões ao falar e de como o formato do seu rosto era totalmente proporcional. Ele gostava dos seus olhos redondos com cílios longos e de como eles piscavam rapidamente quando ela estava empolgada.
— Isso foi caro? — Sol perguntou, fazendo-o sair dos pensamentos. — Está pensando em quê?
Sol pegou sua mão em cima da mesa.
— Em você. — Ele respondeu de imediato e ela corou.
— Para, não inventa. — Sol mexeu no cabelo sem jeito e ele negou.
— Juro que é sério, em você. — Ele apoiou os cotovelos na mesa e uniu as mãos. — Eu realmente sou feliz ao seu lado e fiz tudo isso aqui para ver você sorrir. — Ele explicou. — Sei que são apenas quatro meses e que tudo isso a gente vê por aí quando casais fazem um ano juntos, mas quis fazer mesmo assim.
Sol sorriu e consentiu.
— Também sei que não está em clima de comemorações ou viagens, sei que todos nós estamos partidos de alguma forma e nada do que eu faça irá apagar sua tristeza, mas eu quis tentar um momento que se resumisse a nós e por algumas horas você sorrisse sem parar, porque... — Vicente pegou sua mão e negou. — Honestamente, eu gostaria muito de passar toda a minha vida ao seu lado e, mesmo sem saber o que será do futuro, sei que meu desejo continuará sendo esse.
Sol ouvia tudo aquilo com atenção, sentindo o famoso frio na barriga. Entre tantos dias tempestuosos, ela estava finalmente sorrindo.
— Ah, e não paguei por algumas horas da noite aqui porque o apartamento é do amigo do meu tio, paguei apenas o jantar e a decoração. Confesso que queria passar a noite aqui fazendo loucuras safadinhas e românticas com você, mas achei que seria pedir demais ao dono para passar a noite. — Ele explicou, de forma engraçada. — Não se preocupe com valores agora.
Sol reagiu risonha diante da forma com que ele explicava e logo se tornou séria mais uma vez.
— Sabe, muitas meninas por aí sonham com coisas assim não por luxúria, mas pelo fato de saber que alguém pensou em coisas que a deixariam felizes. E olhando para meu relacionamento antigo, percebo que nunca ninguém buscou me conhecer tão bem. — Sol o fez sorrir. — Eu me sinto grata e abençoada por ter você em minha vida, mesmo que às vezes nós dois sofremos com a distância. Acho que tudo estava escrito assim. — Ela sorriu, consentindo. — Desde que tudo aconteceu com a Ceci, posso não ser a companhia mais calorosa, mas tudo está mais leve com você ao meu lado, fazendo tudo o que pode para viajar até aqui. Você está sendo um apoio mental que nem imagina.
Ela encarou o menino à sua frente com seriedade.
— Obrigada por todo seu esforço e por sempre fazer muito mais do que faço por você. Por respeitar tanto minhas opiniões, que são diferentes das suas, como o fato de Deus existir e ainda rezar comigo, por entender coisas como eu não sonhar ter filhos e sempre me deixar escolher o que iremos comer ou para onde vamos. — Ela falou e Vicente consentiu. — Eu sei que tudo que faz e diz é da sua natureza incrível e não para impressionar... Espero de verdade ser tão boa para você como é para mim, Vicente.
Aquele menino visivelmente mexido com palavras doces sorriu e arqueou as sobrancelhas quando Sol tirou da bolsa um envelope dourado e o apoiou na mesa.
— O que é isso? — Vicente perguntou. — Não me diga que é um convite do seu casamento com outra pessoa?
Ele a fez sorrir com seu jeito brincalhão e recebeu uma careta.
— Louco, abre. — Sol pediu. — Como sempre, é uma lembrancinha.
Vicente pegou o envelope animado e o abriu, puxando de dentro dois ingressos enfeitados com estrelas e planetas que brilharam no escuro de imediato.
— Ingressos para o museu de astronomia, dia especial para a chuva de meteoros. — Vicente leu alto, empolgado. — Sério? Isso é incrível, eu sempre quis ver isso, Sol. Com certeza é o melhor museu de astronomia da América Latina.
A empolgação dele a fez sorrir e agradecer mentalmente por Cristian ser uma propaganda e lembrar das coisas que Vicente gosta.
— Ufa, que bom que amou. — Ela respirou fundo. — Eu comprei isso meses atrás, fiquei em uma lista de espera porque, em momentos como esse, os ingressos esgotam em minutos. — Ela explicou. — É apenas no próximo mês, mas o homem falou que a próxima chuva de meteoros provavelmente será em uns cinco ou seis anos.
Vicente consentiu, ainda encarando os ingressos, e ver aquilo fazia os olhos dela brilharem. Sol sabia que Vicente tinha tudo e que sua vida era muito tranquila financeiramente, por isso não era fácil escolher um presente. Ela teve receio de que aquilo fosse simples demais, porém ao vê-lo sorrir, percebeu a felicidade.
— Vamos juntos e em cinco ou seis anos vamos juntos novamente. — Ele decretou. — Você sempre me dá os melhores presentes.
— Sim, vamos! — Ela confirmou.
Vicente levantou e a abraçou, fazendo-a sorrir. Finalmente, após a euforia, o jantar chegou e ele havia pedido seu prato preferido: lasanha, e de sobremesa, algo que parecia caro com muito chocolate e folhas de ouro.
♥
Após o jantar romântico o casal seguiu para casa cedo como haviam prometido, chegaram cedo o suficiente para que todos estivessem acordados e claramente Sol mostrou a todos tudo que seu namorado fez. Eles assistiram juntos, Isis foi para cama com Sofia, Nicole e Rafaela conversavam junto a Luzia, Vicente jogava videogame com Cristian e Sol arrumava em seu álbum de fotos, mais fotos que haviam sido reveladas por sua tia.
— A Liz não é a bebê mais fofa do mundo? — Sol mostrou a foto dela com Liz para sua tia e Rafaela. — Esse ensaio de um mês no tema realeza ficou divino.
— Sim, é linda e parece ser doce como a mãe. — Nicole sorriu. — Essa foto deles sentados juntos ficou estilo monarquia inglesa.
— Sim, uma família linda. — Luzia sorriu. — Tudo isso é de entristecer o coração.
— Como estão sendo os cuidados com a bebê? A vi poucas vezes. — Rafaela perguntou. — A bebê no hospital não é ruim para sua imunidade?
Sol consentiu, também sentindo falta de um contato maior com Liz, mas de fato todas as pessoas estavam arrumando suas vidas.
— As duas famílias estão se dividindo com os cuidados e, como ela é muito novinha, ainda não sai muito de casa, a não ser para ver a Cecilia. Por isso, eu vou lá. — Sol explicou. — A Ceci está em um prédio oncológico, em um quarto totalmente privativo, então é tudo super estéril e sem contato com outras doenças, por isso a Liz vai.
Sol buscou arrumar as fotos rapidamente para fugir daquele assunto que a fazia pensar demais. Mesmo que aquelas pessoas não falassem nada por mal, tudo soava como pena, e ela não permitia que sua positividade fosse abalada.
— O jogo acabou e você perdeu, você é ruim em fifa cunhado!— Cristian sorriu, apontando para Vicente.
O rapaz fingiu uma tristeza profunda, fazendo com que todos rissem baixinho.
— Sim, podemos jogar mais amanhã? Sempre me dizem que sou ruim em Fifa... — Vicente sorriu e tocou a cabeça do menino. — Você é muito bom nisso, queria outra partida, mas irei anotar umas coisas da faculdade...
Cristian sorria orgulhoso, ele havia criado uma afinidade grande com Vicente e sempre via o rapaz como sua companhia masculina em casa quando estava lá, por isso sempre torcia para que Vicente voltasse logo.
— Vó, posso? — Sol pediu a Luzia para ir para o quarto com seu namorado. — Quero conversar uma coisa séria com ele e gostaria de privacidade...
Vicente encarou sua namorada com desconfiança, sem entender.
Luzia sempre foi clara ao dizer que, mesmo com Vicente lá, cada um dormisse no seu quarto. Era a única regra que ela tinha e eles respeitavam na sua presença. Porém, Sol esperava todos dormirem e então ia para o quarto de Vicente, colocando o despertador mais cedo que o de sua avó para que fosse para o seu quarto.
Rafaela e Nicole reviraram os olhos quando a senhora encarou o casal já em pé.
— Sim, mas durma no seu quarto. — Luzia arrumou seus óculos e consentiu.
— Certo, obrigada, vó. — Sol sorriu, já saindo da sala.
— Porta destrancada, por favor. — Luzia pediu.
— Tá bom, vó. — Sol bufou, de longe.
O quarto arrumado para Vicente era pequeno e confortável. O antigo quarto de bagunça havia sido transformado em um quarto de hóspedes, com cama de solteiro, guarda-roupa e uma mesinha, tudo feito com carinho para o rapaz.
O casal entrou no quarto em silêncio e, como sempre, Vicente fechou a janela, fugindo do frio.
— O que quer conversar comigo? — Ele perguntou. — Fiquei preocupado.
Sol sorriu, negando.
— Nada de importante, apenas queria ficar sozinha com você e focar apenas em nós. — Sol se aproximou dele, falando baixinho, e o menino sorriu.
Vicente entendia aquele olhar, sorriu em sua direção e tocou sua cabeça.
— Sua vó está acordada, porta destrancada, e você sabe que tudo entre nós é intenso demais para algo tão silencioso, você me deixa fora da casinha... — Ele falou sério, em um tom provocativo. — E precisamos conversar sobre o perigo que estamos nos expondo ao de vez em quando trocarmos fotos, aquela que recebi quando estava jantando me fez ficar sentado na cadeira por mais tempo, fiquei bem animado.
Sol prendeu o riso junto a ele, eles tinham suas intimidades e sabiam os perigos disso. A menina, sem mais comentários, caminhou até a porta e a trancou. Deixando seu namorado boquiaberto, retirou seu pijama, revelando uma lingerie preta quase transparente, com direito a uma meia calça sexy.
— Quero um momento nosso, safadinho e romântico!— Ela se aproximou do rapaz. — Preciso.
— Está linda, nossa. — Ele tocou sua cintura e sua mão desceu. —Você é a mulher mais gostosa do mundo.
Sol sorriu, e consentiu.
-A luz de fora apagou, o que significa que minha vó foi deitar, a porta está trancada... -Ela sorriu maliciosamente quando o namorado a puxou pela mão, e a fez sentar em seu colo. -É nosso dia, ainda precisamos terminar a noite.
Vicente beijou sua namorada com uma intensidade que parecia quase elétrica, mal conseguindo conter a paixão diante das provocações sutis de Sol. A conexão que compartilhavam era única, um entrelaçar de corpos e almas que ultrapassava o comum, algo que nunca haviam experimentado com outras pessoas.
— Sabe, eu tento ser inocente, mas você não deixa. — Ele sussurrou no ouvido de Sol, a voz carregada de desejo e um toque de brincadeira.
Sol o jogou na cama e ele sorriu, suspirando quando ela subiu nele e o beijou. A mão dele passeou carinhosamente pelo cabelo dela, e ele a puxou gentilmente, a fazendo sorrir. O gesto foi simultaneamente sensual e excitante, o que fez o rapaz apertar suas coxas e ela prender um gemido.
Sol gostava de como cada encontro entre eles revelava novas sensações, novas maneiras de explorar e conhecer o corpo um do outro. Não era apenas sobre a experiência física; era sobre descobrir novas facetas de quem eram juntos, e ela adorava cada descoberta.
— Não tente ser inocente, amor. — Sol sussurrou, um brilho travesso nos olhos enquanto sussurrava, suas mãos tocaram a cueca dele, a proximidade e o toque dela eram confortantes e excitantes ao mesmo tempo, e ele suspirou. — Temos pouco tempo...
Vicente sorriu, sua expressão revelando tanto o desejo profundo que sentia. Ele cobriu-os com o edredom, criando um pequeno refúgio para uma safadeza romântica sem serem pegos. Eles riam juntos, a leveza de seus sorrisos contrastando com a intensidade da paixão que compartilhavam. Era como se, naquele momento, o mundo exterior deixasse de existir, e só restasse o calor e a conexão deles.
Uma fresta na janela deixava o sol entrar no quarto, anunciando que o dia estava começando, embora ainda fosse pouco mais de cinco horas da manhã. O quarto dava fortes indícios de uma madrugada agitada por ali, as lingeries dela ao chão e a cueca dele do outro lado do quarto parecia ter sido arremessada para longe, a cama de solteiro estava estreita para eles mais ainda era confortável, debruçada sobre o namorado, Sol dormia parcialmente coberta pelo cobertor e Vicente dormia profundamente, ambos nus como vieram ao mundo.
O sol beijava o rosto da moça deitada sob o peito do namorado, mas não era a claridade que estava deixando a menina agoniada, mas sim uma vibração distante a incomodava. Pouco depois, finos toques a fizeram abrir os olhos. Ela encarou o namorado dormindo e, assustada com a hora, o cutucou para que ele a deixasse levantar da cama.
— O que foi? — Vicente abriu os olhos e viu a namorada sentada na cama. —A gente dormiu que horas?
Vicente sonolento, parecia está perdido em tempo e espaço.
— Meu celular está despertando do outro lado do quarto, amor. — Sol bocejou e levantou, enrolada no lençol. —Acho que desmaiamos bem tarde!
Ela colocou o vestido rapidamente, ignorando a lingerie jogada no chão, e pegou o celular que já havia parado de tocar. Sol desbloqueou a tela e seus olhos arregalaram ao ler a barra de notificações.
4 chamadas perdidas de Tia Catarina
5 chamadas perdidas de Junior cunhado
— Não, não. Vicente, acorda... — Sol deglutiu em seco. — Ceci...
♥
:(
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