Feliz 18 ღ Capítulo 17
Isis estava esperando muito por aquele dia onde sua primeira filha completaria dezoito anos, estava finalmente entrando na fase adulta. Ela mal tinha conseguido dormir por tanta ansiedade, as lembranças estavam tomando conta do seu coração e por mais óbvio que fosse para uma mãe elogiar seus filhos, ela sabia que havia criado Sol e seus irmãos da melhor maneira e eles eram maravilhosos. Sol estava completando dezoito anos, Sofia em alguns meses faria quatorze e perto do final do ano Cristian faria nove, ou seja, seus filhos não eram mais bebês.
Sua mente estava em dezoito anos atrás, naquela mulher que precisou se despedir do seu bebê e confiou plenamente que Isis seria a melhor mãe do mundo, a enfermeira sabia que havia se saído muito bem. Falar a sobre adoção poderia ser um assunto bem complexo e em muitas casas poderia ser tratado como um segredo de estado, mas não naquela.
Com base Sol crescia com muita curiosidade, aquela família se juntava quando ela dormia para combinar apenas um tipo de explicação, a verdade. Primeiro foi explicado que ela não havia nascido da barriga da sua mãe como Sofia, e sim do coração. Após ela crescer e ver fotos dos irmãos na barriga da sua mãe, Isis e Charles explicaram sobre o que era adoção e que Deus tinha enviado ela por outra pessoa, um anjo. Por fim, quando Sol já entendia tudo foi contado sua história, ela tinha cerca de doze anos e aqueles pais morriam de medo da sua revolta.
Na noite em que aquela família sentou com a pré-adolescente para contar sua história, Sol com seu jeito calmo não fez nenhuma pergunta, o que assustou seus pais. Então, na mesma noite quando seus pais estavam deitados e preocupados, Sol entrou no quarto, deitou entre eles, tocando no assunto pela primeira e única vez desde então.
— Mãe, pai... ela não vai voltar e me levar, não é? Tenho medo daquela mulher me levar embora, não quero ver ela. Se uma estranha dizendo que é minha mãe chegar perto de mim, é pra sair correndo?
Sol encarou seus pais, esperando uma resposta.
— Ela não vai voltar, acredite em nós. — Charles pegou a mão da filha. — Você é nossa.
— Seu pai está certo, você é nossa filha. Foi como a gente te explicou: quando Deus foi te enviar para nós, a mamãe estava com algum problema na barriga... Então Ele achou uma pessoa boa, você cresceu dentro dela com muito amor, e assim que nasceu, veio para os nossos braços. — Isis explicou, e Charles sorriu.
Sol respirou fundo e assentiu.
— Então ela só me ajudou a crescer na barriga dela, não pode voltar... — Sol afirmou para si mesma.
— Isso. — Isis e Charles falaram em uníssono.
Aqueles pais sorriram aliviados. A falta de curiosidade de Sol os deixava intrigados, mas de fato, ela não estava curiosa... Estava com medo.
Naquela noite seus pais a abraçaram e juraram que nada daquilo ia acontecer, até porque tudo foi feito diante da justiça e aquela pessoa não poderia voltar. Eles sabiam que Sol havia entendido muito melhor do que imaginavam, a menina nunca mais tocou naquele assunto, não teve quaisquer curiosidades ou dúvidas.
A casa dos Moreira estava um centro de organização e correria, o terraço grande da casa comportaria o jantar, os convidados e a mesa com o bolo. Sol sempre foi adepta a simplicidade pelo fato de saber quanto custava as coisas, ela pediu a sua mãe que não fizesse uma festa, mas sim um jantar para a família e seus amigos próximos, porém Isis não deixaria de fazer algo lindo apenas por ser simples.
O terraço estava com uma decoração simples e florida nas cores azul bebê, rosa, branco e alguns toques em dourado. A empresa de decoração arrumou as mesas dos convidados com um arranjo lindo em cima, a mesa de jantar estava arrumada para colocar as comidas e a mesa do bolo e dos doces estava impecável.
Na mesa do bolo haviam alguns balões em suportes, na parede seu nome e o número da sua idade em dourado, seu bolo era mediano com dois andares e muitas flores nas cores na decoração. Os doces que Luzia fez questão que fossem de vários tipos que estavam de da água na boca e Nicole pensou nas lembrancinhas mais delicadas do mundo, pequenas velas aromatizadas.
Tudo estava pronto para ser servido, as bebidas estavam gelando, e em dois banheiros a grande família ia se arrumando aos poucos. Charles e Cristian foram os primeiros a ficarem prontos com suas roupas sociais, luzia se arrumou em seguida e começou a receber alguns garçons que a mesma havia contratado, Sofia e Sol se arrumavam juntas e as duas irmãs mais velhas se ajudavam no quarto.
Nicole maquiava Isis com dificuldade, pois aquela mãe sempre se emocionava.
— Minha irmã, vamos segurar o choro? — Nicole, já arrumada, brincou com a irmã.
Isis assentiu.
— Este mês está cheio de emoções, e hoje é um dia tão especial. Lembra que ela vai receber hoje? — Isis perguntou, e a irmã assentiu.
— Está com medo? — a professora perguntou.
— Só que doa nela. Vou entregar depois do jantar... — Isis explicou.
As duas irmãs terminaram de se arrumar já sem lágrimas e tiraram muitas selfies. Elas eram parecidas em tudo, menos nos cabelos. Apesar de serem loiras, Nicole havia abandonado os cachos sem dó.
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— Uau, você está muito bonita mesmo. — Sofia encarou a irmã quase pronta e abriu a boca, admirada. — A vó tem mãos mágicas.
A menina estava encantada com a irmã e deixou isso claro, fazendo Sol sorrir.
— Você também, garota, está estilosa e perfeita. Queria ter o seu estilo... — disse a mais velha, fazendo Sofia sorrir.
Luzia havia feito um vestido para Sol, ele era na altura do joelho, um modelo ombro a ombro com flores bordadas e na cor azul claro. Era simples e bonito, o tecido era leve e confortável, como Sol havia pedido. Nicole havia a presentado com uma sandália de salto não muito alto na cor do vestido, e os acessórios ela usou alguns simples que sua mãe havia comprado. Seu cabelo estava solto, duas tranças vindas das laterais prendiam atrás, e sua maquiagem estava bem delicada.
— Aquele desenho é o que foi na gráfica imprimir hoje, quem fez? — Sofia apontou para a parede da cama de Sol.
Sol encarou o desenho que Vicente havia feito e sorriu, eles conversaram até as três da manhã e riram muito. Ele contou mais da sua vida, de como tudo mudou ao ponto de o carro da família precisar ser trocado por conta das despesas, ela recebeu fotos da tatuagem que ele tem no antebraço e achou legal o fato dos desenhos serem de autoria do mesmo. Sol contou sobre cada pessoa da sua família, sobre seu relacionamento com Yuri e de como começou a usar fitas nos cabelos, ela soube da paixão antiga de Vicente por sua vizinha que se mudou, soube Bruno e de Joaquim, o dono daquele aplicativo.
— Um amigo quem fez, não é lindo? — Sol perguntou, e Sofia concordou. — Ele disse que fez como acha que sou, imprimi na gráfica pois foi um papel diferente.
Sol explicou, deixando Sofia um pouco confusa, mas ela tentou entender.
— Ah, entendi. Então ele deve te achar a pessoa mais bonita do mundo. — Sofia sorriu para Sol. — Uma pessoa que brilha mais do que a lua, as estrelas e o Sol...
Sofia deixou Sol boquiaberta com seu elogio e, já arrumada, saiu do quarto.
— A pessoa mais bonita do mundo, ele ou a Sofia não tem juízo. — Sol murmurou para si mesma, tirando uma foto da parede com o desenho e enviando para Vicente.
Vicente respondeu com várias carinhas felizes ao ver a foto do desenho impresso na parede.
Uau, essa foi uma bela forma de estimar minha arte. Sei que hoje é uma noite corrida, espero que da próxima vez que nos falarmos, conte com detalhes de como tudo foi bom. Bonito eu já vi que está.
Sol sorriu ao ler a mensagem e mandou carinhas emocionadas.
Claro que estimo sua arte, foi um presente muito bonito. Eu te conto sim, com detalhes. Obrigada mais uma vez s2
Batidas na porta fizeram Sol desviar o olhar da parede e ao ver sua mãe, ela sorriu.
Isis, já muito bem arrumada, entrou no quarto dos filhos e sorriu ao ver Sol pronta. As duas se abraçaram sem precisar dizer nenhuma palavra; Sol sentiu o abraço apertado da mãe e percebeu a emoção no ar.
— Não chore de novo, mãe. — Sol acariciou as costas da mãe e sorriu ao soltá-la.
Isis consentiu, arrumando seus cabelos loiros.
— Você está linda. Sei que já falei muitas coisas e você sabe que nossa conexão vai além das palavras... — Sol consentiu. — Seja sempre essa menina forte, sonhadora e sorridente. Sua família está muito animada com o fato de ter encontrado uma faculdade no caminho que mais ama, isso nos deixa muito orgulhosos.
Isis sorriu. Sol havia contado à família sobre sua decisão de seguir uma carreira na patinação depois de encontrar uma faculdade que se encaixava perfeitamente em seus planos.
—Irei orgulhá-los sempre. Obrigada por tudo que organizaram hoje. Sei que já agradeci, mas gostaria de agradecer novamente. Conversei muito com meu pai hoje e também agradeci muito pela sua força de vontade... — Disse a menina sorridente.
A mãe e a filha conversaram mais um pouco e saíram do quarto rumo ao terraço, onde as pessoas começariam a chegar. Sol abraçou mais uma vez sua avó, que lhe deu um envelope com uma quantia em dinheiro. Mesmo tentando recusar, Sol recebeu o presente para comprar algo que gostasse. Seus pais lhe deram um conjunto de brinco e colar em forma de coração, e seus irmãos se juntaram para lhe dar um porta-medalhas novo, o que fez Sol sorrir.
— Isso é para colocar mais medalhas. Achamos melhor dar agora, na hora da festa. — Sofia falou ao ver a irmã abrir o presente.
— A cor dourada foi eu quem escolhi. — Cristian disse, pulando.
Sol sorriu e abraçou os irmãos.
— São os melhores irmãos do mundo. Foi o melhor presente do mundo. — Sol sorriu para os pais e abraçou o presente. — Me certificarei de colocar muitas medalhas aqui.
Charles correu para abrir a porta para os familiares, e Sol foi receber as pessoas. Seus avós paternos chegaram com alegria; seu tio a abraçou com afeto e afirmou que o melhor fotógrafo do mundo havia chegado. Apesar de não ter tanta proximidade com sua família paterna, Sol recebia o carinho e sabia que era amada por eles, correspondendo de maneira recíproca.
— Obrigada pelo presente, vô, vó e tio. — Sol pegou o presente da mão da avó.
— Você está cada dia mais bonita. Parabéns, minha neta mais velha. — Seu avô tocou sua cabeça e sorriu.
— A patinadora mais bonita de São Paulo. — O avô feliz a abraçou.
Os idosos sorriam e admiravam o terraço, fazendo Charles sorrir. Todos entraram conversando e contando as boas novas. As famílias se davam bem; os Seifer sabiam do problema do filho e sempre estavam dispostos a ajudar, mesmo que de modo mais distante sentimentalmente.
— Crianças, a outra vovó chegou. — A senhora simpática foi até seus netos mais novos, e eles sorriram.
— Senhor e Senhora Seifer, venham sentar. — Isis foi receber os sogros.
O tio de Sol começou a tirar muitas fotos; ele era muito bom e capturava todos os ângulos e detalhes. A alegria tomava conta do ambiente com música, comidas a todo vapor, e Sol estava radiante conforme as pessoas chegavam. Quanto mais o tempo passava, mais pessoas chegavam: colegas da escola, amigos de trabalho da pista de patinação, sua madrinha Laís com um presente caro que havia prometido, alguns colegas de trabalho de Isis, alguns vizinhos, sua treinadora, e até Rafaela chegou, sendo recepcionada por Nicole.
— Ceci. — Sol abraçou a amiga na porta, e Cecilia a abraçou forte.
A ruiva estava mais corada; sua roupa evidenciava que havia um bebê ali, e ela estava sozinha.
— Minha melhor do mundo, cheguei tarde porque o velho enjoo me pegou. — Cecilia sorriu e admirou o lindo vestido da amiga. — Parabéns de novo, minha princesinha. Eu te amo muito.
Sol abraçou a amiga e expôs sua delicadeza.
— Também te amo, Cecizinha. — Ela sussurrou.
Isis veio em direção às moças, sorridente como sempre.
— Cecilia, minha flor. — Isis apareceu e sorriu. — Como está maravilhosa; esse neném está crescendo rápido...
Isis elogiou a menina e tocou sua barriga com carinho. Mesmo sabendo de tudo que Cecilia passava com a gravidez, mostrou-se feliz pela nova vida ali.
— Sim, tia, e provavelmente não gosta de comida alguma. — Cecilia sorriu com simplicidade, e Sol piscou para a mãe.
Todas entraram; Sol colocou Cecilia na mesa dos colegas mais próximos dela, todos se davam bem.
Sol sentou ao lado da amiga quando a mesma pediu cinco minutos de sua atenção para dar o presente.
— Você sabe que sua amizade já é um presente, não é? — Sol sorriu, fazendo beicinho, e Cecilia negou, entregando uma caixinha pequena. — Sério...
— Sei que gosta de coisas simples e foi de coração. Queria te dar uma viagem ao Peru, mas sei que você ia achar exagero. — Cecilia explicou, esperando que ela abrisse a caixa mediana.
Sol sorriu da brincadeira da amiga, abriu a caixa simples e debaixo de muitos papeis havia um cubo transparente com todos os lados possuindo uma foto das duas em momentos especiais. A menina das fitas sorriu emocionada e Cecilia pediu o cubo.
— Olha, ele fica apoiado nesses ferros que estão na caixa e dá a impressão de estar flutuando. Se apertar esse botão preto, todos os lados irão começar a mudar de fotos... — Cecilia apertou o botão e Sol arregalou os olhos, surpresa.
— Ceci, isso é incrível. Não tenho palavras...
Sol abraçou a amiga com força, no meio de muitas pessoas, e segurou o choro. Eram tantas fotos, e ambas lembravam de todos os dias.
— Só prometa ser sempre minha amiga... — Cecilia pediu, e Sol consentiu, ainda abraçando a ruiva.
— Sempre. — Disse Sol.
Elas sabiam o quão forte era aquela conexão, não qualquer amizade, mas uma que sabiam ser para sempre.
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Algumas pessoas ligaram se desculpando que não poderiam ir, outras pessoas que Sol não imaginou que fossem, chegaram. A festa estava rolando a todo vapor e a aniversariante comia todos aqueles docinhos e salgadinhos sem medo dos quilos a mais, e sua treinadora claramente também não estava se importando como sempre fazia. Naqueles momentos de alegria, pensou em como iria ser bom convidar Vicente, mas logo mandou embora pensamentos de coisas impossíveis.
— Irmã, a Valentina chegou. — Cristian correu e cutucou sua irmã. — Tarde, mas chegou.
Valentina era a menina que Cristian dizia ser sua melhor amiga e ela veio junto com sua mãe.
Sol encarou cada mesa com pessoas sorrindo e conversando sobre algo que ela não sabia. Era difícil sentar por muito tempo em uma mesa só, então ela ficava pulando de mesa em mesa, assim como seus pais.
— Madrinha, vamos tirar uma foto, mãe e pai. — Sol chamou os três que conversavam juntos.
Todos foram, a menina já havia tirado foto com todos das duas famílias, mas com Laís ainda precisava tirar.
— Todos perto do bolo e sorrindo. — O tio fotógrafo falou animado, e Sol posou entre os pais e a madrinha. — Agora Laís e Sol.
— Tire muitas fotos, a médica mais bonita do Brasil quer muitas fotos. — Laís sorriu com animação e abraçou a afilhada. — Mais uma, um close em nosso rosto para ficar em minha sala.
Laís fazia todos rirem com seu jeito alegre; com certeza, Isis sabia bem os motivos para ela ser sua melhor amiga e madrinha da sua primeira filha.
Após as fotos, Sol viu Yuna entrar, sendo deixada por sua mãe. Yuri não havia chegado ainda. Sol tentava se convencer de que não o esperava e, no fundo, talvez não o esperasse, mas pensou que ele viria. Era contraditório.
— Yunaaa! — Sofia correu e abraçou a garota coreana, muito bem arrumada e segurando uma sacola de papel.
— Sofiii! — A menina mostrou alegria, e Sol se aproximou.
Yuna abraçou Sol e entregou sua sacola, cujo cartão em letras garrafais deixava claro ser um presente dela e do seu irmão mais velho.
— Meu irmão não veio, mas disse que você iria gostar muito desse presente. — Yuna falou, se curvando para Sol.
— Obrigada, princesa. — Sol sorriu e sentou a menina na mesa com as crianças.
O que era para ser apenas um jantar havia se tornado uma festa com direito a muita conversa, músicas e um belo jantar servido no meio das conversas. Isis sentia um imenso orgulho ao ver a filha junto aos irmãos, tão sorridente, conversando e comendo naquele dia tão especial. Sol estava visivelmente feliz com todas aquelas pessoas ao seu redor.
Charles sorriu observando os três filhos tirarem selfies segurando docinhos. Aquele pai preocupado com a família deixou uma lágrima cair quando seus temores voltaram e Isis apertou sua mão.
— Não sei como seria nossa vida sem eles, mas não seria tão boa assim. — O homem sussurrou. — Vou ficar bem por ele, por vocês.
— Sim, amor. — A loira sussurrou.
Isis apertou ainda mais forte a mão do marido e o deu um docinho de coco que o mesmo amava, os sintomas da abstinência poderiam permanecer direto por até quinze dias e estavam cada vez piores.
Da metade para o final da festa, todos completamente lotados com comidas ótimas, foi cantado os parabéns com muita animação. Era um momento para nunca ser esquecido, Sol de frente para o bolo arrodeado de muitas pessoas, ela percebeu o quão lotadas de boas amizades estava, ou melhor, sempre foi. Ela sentia todos os bons sentimentos do mundo e mesmo tímida, após assoprar as velas, ali mesmo pediu atenção das pessoas.
-Gente, antes que todos voltem para mesa ou precisem ir, quero agradecer de verdade por cada um que veio prestigiar esse momento ao meu lado e todos os presentes. -Ela sorriu e prendeu o choro. -Eu sei que estou nova e apenas começando minha vida, e me sinto abençoada com essa família incrível que ganhei de Deus, com certeza são os melhores pais, avos, tios, irmãos, madrinha e com toda certeza também estou cercada por amigos calorosos e incríveis.
Sol recebeu uma salva de palmas e assobios fazendo-a corar. Seus pais abraçaram a menina que já deixava lagrimas caírem, seus irmãos entraram no abraço e sua tia correu para um abraço ainda maior, puxando Luzia pelo braço, a senhora já chorava e sorria ao mesmo tempo. Cecilia gritava muitas vezes chamando Sol de maravilhosa, Laís soltou uma chuva de prata e aquilo surpreendeu Sol, dando vida as fotos mais engraçadas e espontâneas da festa por seu susto e mãos para o ar.
Aquele jantar ainda rendeu muita música, sorrisos, comidas e com base as pessoas saiam, ficavam as mais próximas e o clima ficou ainda mais caseiro com apenas uma mesa grande cheia de sorrisos e retornos ao passado com as histórias que Isis contava sobre a filha mais velha, aquela noite feliz não seria esquecida tão cedo.
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No domingo de manhã pós aniversário Sol e seus irmãos acordaram as nove da manhã, os adultos já haviam arrumado o terraço e a dona da decoração tinha pegado tudo da noite anterior e todos os seus presentes estavam arrumados no sofá para a mesma abrir com calma. A cozinha estava lotada por comidas que renderiam para o almoço e o jantar daquele dia e a primeira coisa que Sol fez ao levantar e escovar seus dentes foi pegar um docinho, ou melhor, vários.
— Mãe, pai? — Sol sussurrou. — Tia? Vó?
Sol beliscou mais doces e salgados e encarou seus irmãos sentados à mesa com pratos cheios.
— Aqui estou. — Isis saiu do banheiro e Sol sorriu.
— Mãe, onde estão todos? — Sofia perguntou.
Isis se aproximou, pegando um doce do prato de Cristian.
— Seu pai está arrumando o jardim com sua vó, e sua tia e a Rafaela estão no quarto. Aproveitou muito ontem? — Isis beijou a cabeça dos três filhos e bocejou.
Sol sorriu, confirmando a pergunta da mãe, e o detalhe sobre sua tia junto a Rafaela significava que as duas haviam reatado e estavam bem.
— Já cheguei. — Charles entrou pela porta da cozinha e Isis sorriu, piscando para ele. — Ainda tem tanta comida, mas é melhor sobrar do que faltar.
Os pais e os três filhos se sentaram à mesa, voltaram a comer e a conversar sobre como tudo havia saído como planejado na noite anterior. Após cerca de meia hora conversando, os pais precisavam tomar coragem para chamar a filha mais velha para uma conversa que havia sido adiada devido à festa longa.
Os três entraram no quarto do casal, e Sol jurava que iria receber recomendações pós-majoridade. Não era isso, mais precisamente estava muito longe disso. Dezoito anos atrás, no dia em que a mãe biológica de Sol firmou sua decisão, pediu que Isis fizesse apenas um favor em seu nome.
Sentados na cama, Sol esperava que seus pais falassem algo.
— Filha, preferimos conversar aqui para termos mais privacidade, mesmo que sua vó e sua tia já saibam. Você sabe que aqui nessa casa a palavra adoção não é falada, pelo fato de não ter necessidade, certo?
Isis falou e Sol consentiu.
— Eu sei, mãe. — A menina confirmou.
— Estamos aqui para cumprir uma coisa que prometemos à sua mãe biológica há dezoito anos. E isso está sendo muito difícil para nós como seus pais, sempre zelamos por sua proteção física e mental... — Charles sussurrou.
Sol respirou fundo, sentindo um medo estranho, estava confusa.
— Ela voltou? Vocês prometeram que isso não aconteceria... — Sol embargou a voz.
Isis e Charles negaram de imediato.
— Não, filha, ela não fará isso. — Isis, prendendo o choro, negou.
O coração da menina se acalmou drasticamente assim que sua suspeita foi negada.
— A pessoa que te deu à luz pediu para te entregarmos algo quando você fizesse a idade que ela tinha quando você nasceu. — Charles falou o que Isis não conseguia. — Ela nos pediu um favor...
Sol respirou fundo sem emoções, sentindo-se apática.
— Nós nunca quisemos esconder nada de você, e não faríamos isso agora. — Isis sussurrou e pegou da sua mesinha um envelope manchado. — A escolha é sua, amor. Não estamos forçando nada, só sendo honestos.
Sol encarou nas mãos da mãe algo que poderia preencher algumas lacunas ou simplesmente não dizer nada. A menina endireitou os óculos e nada falou, não tinha o que falar. Isis esticou a mão, dando a oportunidade de a filha pegar o envelope. Quando a carta foi entregue, ela e o marido ousaram abrir para ler e se certificar de que ali não haveriam palavras que de alguma forma poderiam ferir a filha. Sendo errado ou não, eles queriam protegê-la de algo.
Por que preciso saber algo sobre ela? O que isso irá acrescentar à minha vida? O que ela precisa falar agora? Como meus pais se sentirão ao me ver querendo saber da outra pessoa?
— Filha? — Charles sussurrou.
Sol estava estática, não havia mexido um dedo para pegar o envelope.
— Não quero. — Sol falou com firmeza, unindo as mãos. — Está tudo bem, não preciso saber de nada, não tem nada pra ser falado.
Isis encarou Charles; eles sabiam que a filha achava que aquilo poderia magoá-los.
— Você ler não irá nos magoar ou algo do tipo, e sendo sincera, nós lemos no passado. — Isis falou e Sol arqueou as sobrancelhas. — Não há nada aí que possa te deixar brava, é apenas uma forma de saber um pouco mais sobre a pessoa que te trouxe ao mundo agora que você é uma adulta.
Sol respirou fundo, passando mais um tempo pensativa. Ela refletiu se deveria ler e encerrar o assunto de uma vez por todas.
— Caso tenha mais alguma, eu agradeço e recuso. Eu lerei essa em consideração a vocês que guardaram bem e já leram para me poupar de emoções ruins por ela. Quero encerrar isso, não me importo com qual sangue tenho... — Disse Sol.
Isis e Charles respiraram aliviados pela decisão da filha; sabiam que ela estava sendo forte e madura. Sol esticou a mão e pegou a carta, o envelope estava amarelado e lacrado. Em seguida, ela abraçou os pais, deixando-os surpresos.
— São os melhores do mundo, e não queria estar em mais nenhum lugar a não ser aqui. — A menina sussurrou e abraçou seus pais.
Isis e Charles sorriram e abraçaram a filha, eles estavam felizes e orgulhosos.
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Algo desafiador virá para nossa patinadora...
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