Conhecendo pessoas ღ Capítulo 34
Vicente estava vivendo muitas coisas em poucos dias, arriscando até a dizer que sua vida nunca esteve tão agitada.
Duas semanas haviam se passado desde sua chegada, e ele se dividiu entre sair com Sol e passar tempo com sua família. Com Sol, ele já havia ido a muitos lugares, feito piqueniques e até passado momentos relaxantes, apenas sentado na rede da casa dela onde se beijaram até suas bocas adormecerem. Eles aproveitaram muitas coisas juntos e fizeram o planejamento que haviam mencionado, e claro, estavam no auge da paixão. Quando finalmente chegou o dia de Sol ir à casa dos avós de Vicente, ele estava nervoso, mesmo já conhecendo a família dela e sabendo que seria bem recebido.
Era um sábado ensolarado, e toda a família estava em casa curtindo a piscina. Suzana havia preparado o que fazia de melhor para o almoço: sua lasanha de três queijos. Vicente jogava videogame com seu irmão e seu primo, até que chegou a hora de receber Sol.
— Vicente, como você é ruim. — Bruno resmungou. — Parece que nunca jogou FIFA, isso me deprime.
Vicente bufou, ignorando.
— Primo, toca para o lateral. — Luan falou, mas Vicente ignorou novamente. —Precisa deixar os jogadores te ajudar...
— Vocês falam demais, credo. — Disse Vicente. — É só um jogo, por que tanta competitividade? —Os garotos bufaram.
Luan era o filho mais velho de Ângelo, fruto de um breve romance que o mesmo teve no passado, o jovem então foi criado por seu pai e sua madrasta, após sua mãe biológica entregar sua guarda sem motivo aparente. Um ano após o nascimento do filho mais velho, Ângelo casou-se com sua atual esposa, que havia dado à luz a pequena Anna há poucos meses.
— O jogo requer competitividade, essa é a graça. — Bruno resmungou. — Mas você é péssimo, joga sem vontade, é?
Vicente largou o controle quando a campainha tocou e correu em direção à porta, os garotos encarraram o mais velho correr, ele estava de short, regata e chinelo, como o dia pedia.
— Ela chegou? — Marli apareceu na sala.
Suzana correu, com pressa.
—Ela chegou! — Suzana afirmou.
— Quem chegou? A namorada do Vicente? — Ângelo saiu da cozinha.
Vicente parou antes de abrir a porta e encarou o tio.
— Querido tio anjo e família, não somos namorados ainda, então... não apressem nada para não assustá-la. — Vicente sussurrou entre os dentes, e todos consentiram.
— Irei junto para falar com a mãe dela, estou empolgada. — Marli sorriu, animada.
A casa era bem grande, então ele junto a mãe atravessou um jardim mediano até chegarem ao portão, e logo que abriram deram de cara com Sol e sua mãe. Sorrisos sinceros mostraram o quão aquele dia havia sido esperado após alguns dias sem se verem, a mães se encararam e logo sorriam uma para a outra.
—Olá, boa tarde. —Isis falou e Marli apertou sua mão. —Sou Isis, a mãe da Sol.
—Oi, prazer em te conhecer, me chamo Maria Lilian, sou mãe desse rapaz maior que eu.
Elas trocaram apertos de mãos e simpatizaram de imediato, as mulheres sorriram.
—O prazer é meu, chegamos em cima da hora do almoço, mas o atraso foi meu. E nossa, você não me é estranha Lilian. —Isis sorriu. —Pareço que já te conheço de algum lugar!
Sol e Vicente se encaravam com risos baixinhos um de cada lado ainda enquanto suas mães faziam uma breve introdução de quem eram e o que faziam.
—Ah, tudo bem e quer entrar Isis? Podemos almoçar todos juntos e você pode lembrar de mim mesmo, eu venho aqui em São Paulo algumas vezes por ano desde a adolescência. —Marli sorriu.
—Nossa eu adoraria entrar, mas tenho tem um parto agora e preciso correr para o hospital, podemos marcar novamente e conversamos mais? —Isis perguntou.
—Claro, e eu cuidarei bem da sua filha, não se preocupe.
Isis havia simpatizado com Marli e assim ficou tranquila em deixar Sol ali, ela tinha um senso ótimo para pessoas boas. Elas se despediram rapidamente e Sol logo entrou, quando Isis de partida no carro.
Sol foi abraçada por Marli antes mesmo que alguma palavra foi trocada.
—Você é tão linda, sou a mãe do Vicente. Se sinta em casa... —Marli tocou os cabelos dela, fazendo Sol sorrir. —Ele fala tanto de você, e olha que ele mal fala...
Ambas se soltaram e Sol finalmente percebeu de quem Vicente tinha herdado suas covinhas, logo o rapaz sorriu sem jeito sabendo que sua mãe poderia falar demais.
—Me chamo Sol e a senhora também é linda, é tão nova nem parece que tem filhos enormes. —Sol sorriu. —Comigo ele fala muito sabia?
Elas foram entrando e Vicente bufou por ainda não ter tido a chance de abraçá-la, sua mãe estava literalmente agarrada no braço da menina.
—Estava ansiosa após saber da sua existência, quem seria a menina que faria esse garoto largar aquela coisa feia de fumar e pegar um avião para São Paulo com esse medo de voar que ele tem. —Marli fez Sol sorri e Vicente estapeou a testa. —Sempre preciso implorar tanto para ele viajar, é uma luta!
Sol sorriu em sua direção, e ele negou.
—Mainha, não tenho medo de voar, tenho medo do avião cair. —Vicente explicou. —A senhora pode ir entrando, vou mostrar a piscina a Sol, antes dela entrar mais tarde.
Eles pararam no caminho e Marli consentiu.
—Olhem a casa, vou esquentar as comidas e colocar os pratos na mesa. —Ela sorriu, entrando. —Se certifique que a piscina não é muito funda para você, Sol.
—Certo, tia. —Sol falou, sem jeito. —Posso te chamar assim? —Marli levantou o polegar e sorriu mais uma vez.
Os dois finalmente a sós, se abraçaram de modo apertado como todas as vezes, e Sol o beijou várias vezes rapidamente como se ansiasse por isso.
—Senti saudade, está tão sexy de regata e short estampado... —Ela tocou seu rosto e Vicente sorriu.
—Eu também senti sua falta, e obrigado, algumas ocasiões me pedem estampas! —Ele a olhou de cima a baixo. —Uau, está muito bonita, de óculos e a fitinha no cabelo como sempre, isso é fofo.
Sol encarou o próprio corpo e passou a mão no rabo de cavalo, um pouco envergonhada com a facilidade e frequência que Vicente o elogiava, ela já estava se acostumando e gostava daquilo.
—Estou de short, blusa, sandália e a fita de todos os dias. Estou normal mano... —Ela o encarou e o mesmo deu de ombros.
Vicente a puxou para mais colado ao seu corpo, ela sentia ao ascender por dentro com o toque firme dele.
—Sim, mas é bonita mano... —Vicente imitou seu sotaque, a fazendo estapear seu ombro. —Não vou mais falar que é bonita então, já que não gosta.
Sol o abraçou e suas mãos pousavam na bunda no rapaz, o que o fez gargalhar.
—Vai sim, eu gosto. —Ela sorriu, o mandando sua cara mais fofa que conseguia. —Sua bunda é grande, uau.
Sol brincou e prendeu o riso quando ele fez a mesma coisa, mas obvio, com mais força. Eles já haviam experimentado mãos bobas e eram deliciosas.
— Não é maior que a sua, e a sua é boa de apertar, preciso conter minha mão boba... —Ele sussurrou e ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo. — Vamos ver a piscina, como está sua família? Eu adorei conhecer eles, seu irmão gostou de saber que a lua só brilha por causa do Sol.
Vicente mudou se assunto e logo Sol percebeu que o rapaz estava vermelho.
—Todos estão bem e gostaram tanto de você, minha vó disse que você fala bem e acha sua mãe muito forte por causa do seu pai, eu também acho. Minha tia compartilha com você o desejo de pisar na lua, minha mãe gostou de saber que você é estudioso, a Sofia e o Cris não preciso dizer. Só falta conhecer a Ceci a noite, ela chegou após dias na casa da vó, podemos vê-la hoje. —Sol explicou rapidamente.
Vicente havia conversado muito com Cristian, quebrou a barreira que o garotinho tinha quando acharam coisas em comum.
Eles caminharam juntos até a piscina quadrada e pararam em frente a ela. Sol admirou o jardim amplo, com uma churrasqueira grande e um chuveiro enorme próximo a piscina, era perfeito para um dia quente.
—A Cecilia parece ser tão legal, eu percebia nas vezes que falando com você, ela falava junto. —Vicente consentiu, fazendo Sol consenti.
Ele percebia o quão Sol sorria ao falar da sua melhor amiga!
—Ela legal demais, minha melhor amiga em todo o mundo. —Sol sorriu, mostrando seu papel de parede do celular onde eram as duas. —Ela é divertida e alto astral, mas também sabe dar ótimos conselhos.
—Fico aliviado com todos gostaram de mim e nós vamos sim ver a Ceci. —Vicente consentiu, segurando sua bolsa. —Mas e você?
—Eu o que? —Sol o encarou confusa.
—Gostou de me conhecer? —Ele sussurrou.
Sol o encarou dos pés à cabeça com uma fisionomia descontraída, ela poderia fazer caras e bocas engraçadas o tempo todo.
—Não.
Vicente arregalou os olhos, baixando os óculos.
—Não? —Vicente perguntou indignado.
Sol sorriu, puxando sua orelha e o rapaz fez uma careta.
— Eu definitivamente amei conhecer você e, mesmo sabendo que existe um tempo para tudo, gostaria de ter te conhecido antes, tipo anos atrás. — Sol encarou a piscina de novo e sorriu.
— Oxe, por quê? — Perguntou ele, com graça. — Eu não era tão bonito e tatuado assim antes.
Vicente a fez rir com a facilidade de sempre, e ela logo apertou os lábios, deixando claro que precisava falar alguma coisa e estava tomando coragem para isso.
— Oxe, porque você me traz paz de espírito, como se tudo fosse ficar bem, não importa o quão caótico esteja. — Sol imitou seu sotaque, dando um passo à frente ainda encarando a piscina. — E isso foi meu alívio mais vezes do que você imagina, você sempre foi a paz em meio ao caos.
Ela não conseguia encará-lo após falar aquelas coisas de forma sincera, a moça se sentia bem e tímida, então se aproximou da piscina e sentiu Vicente abraçá-la por trás. Sol tocou as mãos dele, que agarravam sua cintura, e encostou a cabeça nele. Como se o tempo não estivesse passando, eles permaneceram ali, encarando a piscina.
— Quando eu era pequeno e passávamos as férias aqui, eu não gostava. Mas meus pais sempre falavam da importância de não perdermos o contato com a família materna. — Vicente falou.
Ainda abraçados, Sol o ouvia.
— Por que não gostava daqui? — Ela perguntou.
Vicente suspirou, logo falando.
— Um dos meus defeitos, além da falta de confiança em mim mesmo e a dificuldade em expressar emoções, é não ter facilidade em sair da minha bolha. Sempre fui a criança que gostava de ficar no quarto, era feliz só com meu irmão e dois amigos. Coisas que me tiravam da rotina eram difíceis, e eu sempre fui a pessoa que fala pouco e ouve mais, sei lá. — Ele explicou.
Sol saiu do abraço dele e o encarou.
Ela podia sentir a sinceridade em suas palavras e perceber como eles eram diferentes em algumas coisas. Todos os dias ao lado do rapaz, ela aprendia mais sobre ele e seus modos de viver. Vicente era uma das pessoas mais diretas, formais e sérias que ela conhecia, e, ao mesmo tempo, uma das que mais a fazia sorrir. Ela ainda tinha muitas curiosidades sobre ele, especialmente sobre o cigarro. Ele não tinha cheiro algum daquilo, será que havia realmente parado como sua mãe mencionou? Será que ele iria falar sobre isso?
— Por isso demorou a baixar o aplicativo do Joaquim? — Ela perguntou, e ele consentiu. — Como falou comigo com tanta facilidade? Nunca pareceu falar pouco ou ser tímido.
Vicente consentiu, tocou os cabelos da menina falante e acariciou sua cabeça. Sol encarou seus olhos escuros e brilhantes por trás de óculos pequenos, ela gostava de ouvi-lo falar e de como ele piscava os olhos rapidamente. Muitas vezes, ele quem parecia ser o sol.
— Sabe aquele brinquedo que é um palhaço dentro de uma caixa, e a pessoa gira uma manivela, fazendo-o pular para fora? Mas quase ninguém tem coragem de girar... — Vicente perguntou.
Sol o encarou sem entender o rumo da pergunta.
— Sim, eu tinha um quando criança! — Ela respondeu, e ele sorriu.
— O motivo de eu não parecer ser do jeito que sou com todas as pessoas do mundo quando estou ao seu lado, é que eu sou o palhaço da caixa, e você é uma exceção que girou a manivela. Desde o dia que nos falamos e não paramos mais, quase não me reconheço em algumas coisas. — Ele sorriu sem jeito, mostrando suas covinhas.
Sol sorriu sem saber como reagir às suas palavras. Ela tocou suas bochechas e passou a mão em seus cabelos de forma carinhosa, deixando seu nariz tocar o dele por alguns segundos, até que Vicente a beijou sem pressa. Ambos fecharam os olhos já abraçados e embarcaram em um beijo lento, repleto de sentimentos. As mãos dele percorriam o pescoço dela, e alguns sorrisos entre o beijo deixaram claro que sentiam a mesma coisa.
Eles se afastaram após o nome dele ecoar em algum lugar do mundo, avisando que o almoço estava na mesa.
— Sabe que tenho uma queda por covinhas, sinto vontade de beijar você quando sorri. — Sol se afastou e tocou os próprios lábios avermelhados.
Vicente respirou fundo, como se uma chama dentro dele fosse acesa a cada vez que seus corpos se tocavam.
— Eu preciso sorrir mais então. — Ele sorriu e a empurrou pelos ombros. — Sabe o que percebi?
— Sorria mais por favor e o quê percebeu? — Sol perguntou, sendo empurrada por ele.
— Você é palavra de afirmação, e eu sou uma mistura de tempo de qualidade com toque físico. — Ele afirmou.
Sol concordou após sua afirmação com convicção, e Vicente iria a empurrando até a porta, entre brincadeiras internas eles se divertiam juntos.
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— Sério, você existe. Não é fantasia da cabeça dele! — Bruno encarou Sol e sorriu. — Sou o Bruno e fico feliz em te conhecer.
Ele a abraçou rapidamente, e ela consentiu.
— Existo, e você é tão alto. — Ela brincou com a altura do menino mais novo. — Tem apenas dezesseis anos? — Ele consentiu.
Na sala rodeada de pessoas, Sol foi recebida com muita animação. Ela conheceu Suzana, Gilberto, Ângelo, Marli, Bruno, Luan e a pequena Anna. Todos estavam felizes em conhecer a menina que foi o motivo daquela viagem em família, o que deixava os pais de Marli radiantes.
— Ela é patinadora, não é legal? — Marli exibiu Sol. — Acho um esporte tão lindo e cheio de classe.
Vicente sorriu, e, sentado ao lado dela, se sentia bem.
— Nossa, eu acho que vi sua foto na internet. Você é a pessoa que vai representar São Paulo nas nacionais? — Ângelo se animou, e Sol percebia como ele parecia com Marli.
Ângelo parecia animado demais, sentia como estivesse diante de uma pessoa famosa.
— Sim, sou eu. — Sol sorriu, sem jeito. — A escola espalha fotos por aí para promover os esportes.
— Estamos com uma famosa ao lado, que máximo. — Luan bateu palmas, rendendo risadas.
Aquele ambiente lotado de pessoas naturalmente animadas era bom para Sol; ela sentia que estava sendo bem recebida e podia ver como Vicente estava feliz em tê-la ali. Rapidamente, recebeu pedidos de vídeos seus patinando. Eles foram para a mesa grande minutos depois, e Sol observou que, mesmo grande, a casa poderia ser simples como a sua, o que a fez sentir-se bem à vontade.
— Uau, que comida boa. — Sol uniu as mãos e encarou Suzana e Marli. — Se esse é o tempero do nordeste, me sinto no paraíso.
Marli sorriu, piscando para Vicente, e Suzana logo propôs colocar mais arroz e batata gratinada em seu prato, Sol aceitou.
— Coma bastante, uma atleta precisa sempre comer bem. — Gilberto falou, e Sol consentiu. — Moro aqui há muitos anos, mas o tempero do nordeste é o melhor.
Sol consentiu, sentindo o sabor delicioso da lasanha. Era um tempero mais forte e muito bom. Havia muitas comidas na mesa; Sol provava um pouco de cada coisa e amava tudo.
— Quero mais também. — Vicente estendeu o prato, e sua avó consentiu.
Eles conversavam muito enquanto comiam. Sol contou sobre sua família e como conseguiu estudar em uma escola tão cara. A família de Vicente a ouvia atentamente, e antes mesmo de perguntarem, Sol já contava tudo com sua natureza falante.
— E não sei se ele contou a vocês, mas entre todas as pessoas da minha família, talvez vocês não possam conhecer meu pai agora, pois ele está em uma clínica de reabilitação por conta do álcool. Ele é formado em administração e sempre foi muito bom, mas perdeu um emprego de anos e... sabem como é o vício, foi preciso intervir...
Sol sorriu baixinho, sem encarar ninguém, e tomou um gole de suco. Ela realmente achava que todos ficariam sem jeito ao saber ou falar daquilo, mas não queria que isso fosse uma surpresa mais tarde.
— O Vicente não nos contou, visto que é um assunto bem particular, e agradecemos a confiança em nos deixar saber. Vejo que seu pai criou você muito bem, não resta dúvida de que é um homem bom e inteligente. Essa fase em que ele se encontra hoje é apenas um percurso perigoso que ele seguiu na estrada da vida, e ele voltará ao caminho certo em breve. — Gilberto falou em seguida.
Sol encarou aquele senhor grisalho, que sorriu em sua direção sem fazer daquilo um bicho de sete cabeças. Isso a deixou feliz.
— Sim, basta ele querer. Tudo vai dar certo, querida! Espero que possamos fazer uma reunião todos juntos mais tarde!— Suzana sorriu, afirmando, e Sol consentiu. — E estamos em família, não faremos de nenhum assunto um tabu.
—Isso mesmo, algumas fases da nossa vida são difíceis mas logo passa! — Marli decretou.
— Obrigada. — Sol sorriu, com timidez.
Naquele momento, Vicente sentiu orgulho de sua família, especialmente porque ele não havia contado nada disso com antecedência e eles trataram tudo com normalidade.
— Em breve, ele vai estar administrando grandes empresas novamente. — Ângelo sorriu. — E você, Sol, o que pretende estudar?
— Me diz que não vai parar de patinar! — Marli falou de forma engraçada, e Sol negou.
A conversa tomou outro rumo de forma natural, a comida era saboreada, e a conversa seguia tranquila.
— Irei continuar na patinação por meio de alguma academia e farei faculdade de ciências do esporte para me especializar na patinação e, no futuro, abrir minha própria academia. — Ela respondeu, e todos mostraram animação.
— Uau, que massa. — Marli arregalou os olhos.
— Ótimos planos. — Suzana consentiu, mesmo sem entender de esportes. — Nosso Vicente estuda essas coisas do céu e muitas contas, ele vai longe também.
Vicente sorriu para o avô, lembrando como o senhor ficou feliz ao saber que ele tinha entrado na faculdade.
— Isso é um belo modelo de futuro, Sol. Ambos planejam o futuro bem certinho. — Bruno sorriu, com os cotovelos apoiados na mesa. — Perfeitos um para o outro, o aplicativo do Joaquim merece um prêmio.
Bruno fez todos sorrirem, uns por graça como Sol e outros de vergonha como Vicente que cerrou os dentes para o irmão. Sol observava os irmãos, eles eram parecidos na voz e nos gestos e ao mesmo tempo aparentemente tão diferentes. Bruno era bem alto, seus cabelos eram raspados quase na máquina um, seu rosto era um pouco mais redondo e usava muitos brincos em uma orelha só, deveria ter uns dez brincos.
—Sol, o Vicente é o queridinho perfeito e eu sou a banda voou. —Bruno continuou fazendo Sol rir mais pela forma que falava.
Marli ria com o filho mais novo o mandando parar, ela poderia facilmente esquecer suas tristezas internas.
—O que é ser a banda voou? —Sol perguntou.
—Ela é paulista, não está ligada em gírias do nordeste. —Luan explicou e Sol consentiu.
—Significa que ele é maluco, sem freios, incontrolável, sem destino. —Vicente explicou, levando todos as risadas mais uma vez.
—Sim, esse sou eu. —Bruno disse, apontando para si. —Terminem de comer logo, tem piscina hoje. E Sol, você precisa conhecer minha namorada, ela é um docinho que ama ler.
Sol sorriu mais uma vez consentindo, era impossível não ser contagiada com as graças do Bruno e a forma descontraída da família.
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De longe, sentado em uma cadeira embaixo de um guarda-sol, Vicente observava Sol junto ao seu irmão jogarem vôlei na piscina. Ele havia saído para atender a ligação do pai e acabou se sentando para observá-la de longe por um momento.
Vicente respirava fundo e soltava o ar com calma, listando mentalmente tudo o que ainda fariam juntos e quantos dias ainda teria ao lado dela. Precisava mostrá-la as estrelas e a lua e acamparem juntos seria perfeito.
—Nossa, ela é muita areia pra mim. — Vicente murmurou para si mesmo, observando Sol sair da piscina e abaixando os óculos de sol. —Odeio admirar uma mulher apenas pelo seu corpo, mas ela é escultural.
Luan de aproximou do primo e também encarou Sol, logo o menino suspirou ao vê-la sair da piscina para pegar a bola que voou longe.
—Primo, ela é linda e se me permite comentar, nossa ela é...
Vicente negou.
—Não permito não, feche o bico e sem gracinhas por que sou muito ciumento.
Luan saiu após rir da cara do seu primo, que ainda observava a menina brincar. O tempo correu e ele continuava a observá-la, admirando todas as curvas do corpo bronzeado, resultado de anos de exercícios e talvez uma boa genética. Sol tinha curvas que o faziam admirá-la e sentir ciúme ao mesmo tempo, ela pele era macia e só de fechar os olhos, ele podia sentir o cheio.
Quando ela se aproximou sem que o rapaz percebesse, ele abriu os olhos novamente. Sol ficou em pé ao lado dele, o observando-a deitado na espreguiçadeira. Vicente estava sem camisa e usando um short próprio para piscina, ela encarou seu abdômen nem tão definido mas ainda sim bonito e seus ombros largos, ele também tinha um belo par de cochas.
—Vamos, acorde! —Ela estendeu a mão. —Eles foram lanchar, vamos jogar...
—O único Sol que gosto é você. —Ele abaixou os óculos e sorriu, olhando-a de baixo pra cima.
—Então vamos dar uns amassos na piscina, já que não tem ninguém por aqui. —Ela cochichou.
Sol fez um bico, como um bebê prestes a chorar, e sem pensar muito, Vicente pegou sua mão. Ela o puxou com força, fazendo-o levantar rapidamente, o que colou seus corpos. Ele sorriu com a proximidade e, de surpresa, a pegou no colo.
—Meu Deus! —Sol gritou quando foi erguida pelos braços dele. —Sou pesada, seu louco! Você é doido. —Ela sorria, sem parar.
Vicente correu em direção à piscina e pulou nela com Sol nos braços, fazendo-a gritar. As risadas se misturaram quando os dois submergiram após o pulo.
Sol arregalou os olhos e cruzou os braços sobre os seios, deixando Vicente confuso.
—Me ajuda, aqui atrás. —Ela riu, nervosa. —Desamarrou.
Vicente nadou até ela, e a olhou confusa.
—O que? Ajudar em que? —Ele passou a mão nos olhos, e ela virou de costas.
—Meu biquini.
Ele sorriu, ainda sem entender.
—Quer tirar? —Ele apertou os labios e ela sorriu.
—Aqui não, mas em outro lugar sim! —Sol o respondeu na lata, o deixando sem jeito. —Me ajuda, desamarrou!
Vicente se aproximou sem jeito, tocou suas costas procurando as alças e quando as achou, as amarrou rapidamente.
—Pronto, aqui ele não cai. —Ele sussurrou e Sol voltou a ficar em sua direção. —Desculpas te jogar assim, não sabia se gostava disso.
Sol consentiu, se aproximando dele e seus braços abraçaram a cintura dele por baixo da água.
—Eu amo pular na piscina, só não de ficar nua sem aviso prévio, mas foi divertido! —Ela sorriu, o fazendo corar.
Vicente passou a mão nos cabelos molhados dela os tirando dos olhos, enquanto as águas da piscina se mexiam entre eles, parados no meio da piscina. Eles se olhavam fixamente e novas sensações nasciam como um furacão.
—Você é tão bonito, como não pensar que era um fake... —Sol sussurrou seriamente o fazendo gargalhar e tirou da testa dele um fio de cabelo. —Poderíamos parar o tempo e você nem voltaria para casa tão cedo...
Ele sorriu negando e se aproximou do ouvido dela.
—Ao invés de parar o tempo, vamos nadar juntos sem deixar seu biquini cair a vista das pessoas pelo amor de Deus, sou novo para infartar. —Vicente cochichou e Sol mexeu o pescoço com sensibilidade.
Sol estava reconhecendo novas sensações ao lado dele com o passar dos dias, e Vicente conseguia mexer com as células do seu corpo.
—Quem vencer escolhe o próximo passeio, e o que faremos nele. —Sol se afastou dele rapidamente e nadou pra longe.
Vicente ficou boquiaberto quando ela disparou para longe e sorriu em seguida.
—Não valeu, você roubou. —Ele gritou, nadando atras dela.
De longe Marli e Bruno de braços cruzados encaravam os dois brincando como crianças na piscina, era uma cena boa de se ver.
—Ele não parece o Vicente caladão de sempre. —Disse Bruno.
—Não mesmo, seu irmão encontrou uma pessoa que é o seu oposto. Ela vai ensinar coisas novas a ele, como ver mais o mundo e sair da bolha, acho que viajaremos para cá mais vezes do que imaginamos.
Bruno sorriu enquanto tirava fotos para mostrar à Dani e ao Joaquim. Ele era como um paparazzi do irmão.
—Nós vamos embora na semana que vem, e ele vai ficar, não é, mãe? —Bruno perguntou, enquanto Marli, encarando o celular que tocava, o ignorava momentaneamente. —Mãe...
Marli colocou o celular no bolso e deu atenção ao filho.
—Sim, filho, é isso mesmo.
Bruno ficou curioso sobre o motivo de Micael estar ligando para sua mãe e ela ignorar a chamada. No entanto, ele logo descartou a preocupação, pensando que devia ser apenas algo relacionado à casa que Micael estava cuidando.
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Na porta da casa de Cecilia, Sol e Vicente aguardavam alguém atender. Seus cabelos estavam molhados e vermelhos como camarões, resultado de um dia ao sol em que esqueceram de passar protetor solar. Eles estavam aproveitando os dias juntos como se tivessem um prazo, e de fato tinham, por isso, não queriam que nada desse errado.
—Senhorita Sol? —Uma voz saiu do interfone.
—Sim. —Sol respondeu, e a porta se abriu.
Vicente encarou a imensa casa com uma porta gigantesca. A arquitetura era uma das mais bonitas que ele já havia visto, e ele ficou curioso para saber o que os pais da ruiva faziam. Ao entrar, Vicente olhou ao redor, ficando ainda mais intrigado. Havia obras de arte espalhadas pelas paredes, uma decoração em tons mais fortes, como marrom, e alguns móveis eram maiores do que o normal, como um enorme sofá.
—Sol, os pais da Cecilia fazem o quê? —Vicente perguntou enquanto seguia Sol, observando tudo.
—São donos de uma rede de hotéis cinco estrelas espalhados pelo Brasil e alguns outros países da América do Sul, como Argentina e Paraguai. —Sol explicou, sussurrando, e Vicente assentiu. —Hotéis Hill.
—Nossa, em Fortaleza tem um à beira-mar. É bem caro, está explicado! —Vicente compreendeu o padrão de vida da ruiva após a explicação de Sol.
Eles subiram as escadas e caminharam até o final do corredor.
—Ceci? —Sol chamou ao ouvir uma música baixa.
—Aqui, amiga, no quarto da Liz. —Cecilia respondeu em voz alta, e Sol apontou para a porta.
Eles andaram mais um pouco e encontraram o antigo quarto de visitas ao lado do quarto da amiga. Ao entrar, Sol tampou a boca, e Vicente arregalou os olhos.
O quarto da bebê era luxuoso e estava completamente pronto em poucos meses. O ambiente tinha um estilo real, em tons de branco e dourado, e Cecilia havia deixado o quarto da filha impecável.
—Solzinha e Vicente! —Cecilia sorriu.
Cecilia abraçou Sol com força, como se estivesse ansiosa por aquele momento. Sol se agachou e beijou a barriga dela, fazendo Cecilia sorrir.
—Minhas meninas, como podem viajar sem avisar antes? Emagreceu, Ceci? —Sol fez cara de choro, e Cecilia negou.
Sol percebia algo de diferente em Cecilia, a ruiva estava um pouco pálida e sua pele um pouco mais fria que o normal.
—Vicente, você é real. Que bom que vieram! —Cecilia abraçou Vicente sem aviso prévio e ele sorriu. —Torci tanto por isso, vocês não imaginam. Irei terminar isso e da atenção a vocês. —Cecilia apontou para os dois à sua frente.
—Sou real e sua barriga está muito bonita, a Liz está crescendo. —Ele falou com simpatia, observando a barriga exposta de Cecilia, por usar apensas um crooped. —Quantos meses?
A ruiva tocou a barriga mediana e sorriu, deixando Sol orgulhosa.
—Estamos entrando no sexto mês, por isso que estou tentando deixar tudo pronto o mais rápido possível, as semanas passam tão rápido sabe? Está tudo lavado, e malas prontas!—A ruiva sorriu e voltou a colocar cabides no guarda-roupa.
Cecilia ia mostrando todas as roupas que haviam sido lavadas e a coleção de sapatinhos lindos, Liz tinha tanta coisa quanto a mãe. Ela contou sobre a decoração do quarto em estilo real inglês, de como pensou em tudo em tons claros.
—As luzes em todas embutidas e podem ser escolhidos os níveis de claridade, esse berço em tons de dourado com o dossel em formato de coroa para segurar o mosquiteiro também foi tudo pensado para seguir a linha realeza. —Cecilia mostrava tudo e o olhos brilharam.
Sol e Vicente observavam tudo, e ficaram impressionados.
—Que berço lindo, ela literalmente vai nascer em berço de ouro. —Vicente comentou, fazendo-as rir.
—Sim, é a primeira filha, neta, sobrinha, bisneta e tudo mais. Você não tem noção de quantos presentes chegam todos os dias. —Cecilia abriu o guarda-roupa da bebê. —A família do pai é ainda mais exagerada, por serem donos de mercados. Pelo menos, não vou gastar dinheiro com fraldas e leite!
Vicente sorriu ao ver as pequenas roupas.
—Nossa, Ceci, que coisa mais linda. —Sol apontou para uma minúscula sapatilha. —Por que está arrumando tudo com tanta pressa, ainda tem três meses pela frente =? O ensaio fotográfico não é só aos oito ou nove meses, irá ser agora?
Vicente notou a mudança na expressão de Cecilia, como se a tristeza tivesse a dominado. Ela assentiu com lágrimas nos olhos ao tocar a própria barriga.
—Estou tão ansiosa, sabe, amiga? —A ruiva fechou as portas do guarda-roupa. —Só quero que tudo esteja pronto. Vamos comer algo, gosta de comida japonesa, Vicente?
—Sim, gosto muito. —O rapaz assentiu, sendo puxado por Cecilia.
Ela os guiou pela mão, e Vicente sorriu para Sol, percebendo que todos os elogios sobre a personalidade de Cecilia eram reais. Eles saíram do quarto da bebê, já conversando sobre várias coisas. Definitivamente, Cecilia iria querer saber de tudo o que os dois haviam feito e o que pretendiam fazer.
Sentaram-se à mesa, onde foi servido um lanche até que a comida japonesa chegasse. Eles comiam macarons coloridos com suco de laranja enquanto conversavam.
—Vicente, até quando vai ficar? —A ruiva perguntou.
—Até o início de julho, basicamente cerca de um mês e pouquinho. Junto às férias, minha faculdade deu um tempo a mais por causa de obras. —Ele respondeu, mordendo um macaron rosa.
Sol gostava daquela atmosfera, lembrando-se de que a primeira vez que trocou mensagens com Vicente foi no dia em que Cecilia descobriu a gravidez, ela o conheceu ali mesmo naquela casa.
—Dá tempo de fazer muitas coisas... Estamos aproveitando cada dia ou quando não estamos ocupados com as famílias. E você, Ceci? Por que passou semanas com sua avó? —Sol perguntou.
A ruiva assentiu, sorrindo em seguida.
—Então, eu não quis contar meus problemas bem quando você encontrou sua paixão e está curtindo. —Ela sorriu, negando com a cabeça. —Terminei com o Junior semanas atrás e precisei tomar um ar.
Sol sem querer soltou o macarron no prato quando ouviu aquilo, fazendo Cecilia sorrir e Vicente se assustar. Ela ficou por alguns segundos em choque, mas em seguida lembrou de quantas vezes o rapaz tinha pisado na bola.
—Eu preciso perguntar o porquê? Nossa, o que ele fez além de raiva? —Sol perguntou e Vicente levantou a mão.
O rapaz parecia ter uma resposta mesmo sem conhecer Junior.
—É homem, ele provavelmente fez uma coisa muito errada ou pequenas coisas que a chatearam por muito tempo e se transformou em uma bola de neve. —Vicente falou, arrumou os óculos e sorriu sem jeito.
Cecilia gargalhou, apontando para ele e Sol sorriu também, Vicente não era a melhor pessoa para fazer gracinhas, mas constantemente ele fazia as pessoas sorrirem.
—A segunda opção Vicente, parabéns. —A ruiva falou, entregando a ele um salgadinho que estava a mesa. —Foram pequenas coisas que estavam desgastando e precisávamos preservar as coisas boas que vivemos, ele não aceitou muito bem mas...
Sol consentiu, mas sentia algo de estranho, como se Cecilia estivesse deixando de falar alguma coisa e trocando isso por risadas.
—Você está bem mesmo? —Sol encarou a amiga. —Deveria ter me falado, por que escondeu?
—Ora por quê? Está há três anos me ajudando com tudo, todos os meus momentos ruins, como eu iria tirar você do seu momento em paz para quebrar o clima? —A ruiva tomou seu suco, e deu de ombros. —Meus pais já sabem e voltaram ao trabalho mesmo sem viajar, tudo está em ordem.
Sol a mandou uma carreta e apertou sua mão que estava em cima da mesa.
—Não passe por nada sozinha, é sério. —Sol pediu e ela consentiu.
Vicente assistia a cena de cumplicidade das duas e lembrava da relação que tem com Joaquim, era basicamente a mesma coisa.
—Olha, mesmo que a gente esteja junto por aqui, pode agir como sempre Ceci, eu venho no pacote agora, pelo menos por um mês estando aqui e ajudarei no que precisar. —Vicente falou.
Cecilia encarou Sol e respirou fundo.
—Então deixa eu contar logo, já que estamos todos juntos. —Ela coçou a cabeça e encarou Sol. —Precisarei passar mais umas semanas fora, irei para os Estados Unidos com a vó.
Sol arregalou os olhos sem entender.
—Do nada? —Sol apoiou os braços na mesa. —Está me escondendo alguma coisa Maria Cecilia? Está bem mesmo ou muito triste a ponto de querer sumir? Não pode sumir, como ficarei? —Ela murchou os ombros.
—O que eu poderia te esconder? Estou bem mesmo, vou apenas passear um pouco antes que eu não possa mais andar de avião até a Liz nascer, e você ficará aproveitando tudo com o Vicente.
Sol bufou, a encarando com desconfiança.
—Certo, acho bom voltar logo e não perder aulas.
Cecilia sorriu consentindo, em seguida abraçando Sol e respirando aliviada por aquela pessoa estar finalmente ao lado da sua amiga. A ruiva abanou os olhos, afirmando que tudo a deixava emotiva, de fato.
—E Vicente, sabia que ela achava que você não gostava dela? Ela sentia ciúmes, e até ficava revoltada! —Cecilia sorriu. —Mó deprê ela ficou quando uma menina atendeu seu celular, pensei que ela fosse morrer de ódio.
Sol a mandou parar e Cecilia pouco ligou.
—E eu lá gostando mais dela do que ela de mim, a falta de comunicação quase foi um problema. —Vicente afirmou e piscou para Sol, a deixando sem jeito. —Foi minha amiga e ex-vizinha que atendeu o celular, eu estava com insônia por causa dela aqui com o ex e acabei dormindo a tarde, que fofa ficou com ciúme linda? Não sabia disso!
—Ciúme não foi a palavra, fiquei chateada porque você me deu um gelo e uma mulher estava ao seu lado em uma cama, ela me disse que estavam em uma cama! —Sol se defendeu, nervosa.
Vicente esfregou os olhos e consentiu.
—Sim, em uma cama gigante estava eu, no meio o Joaquim e ao lado dele, ela com o namorado. —Ele explicou. —Parece uma suruba, mas só estávamos assistindo um filme!
Cecilia prendeu o riso e Sol suspirou, envergonhada.
Sol desconversou, fazendo Vicente rir ainda mais junto a Cecilia, definitivamente eles juntos eram um trio legal e muitas risadas rendiam. Logo a comida japonesa chegou e eles ficaram um tempo em silencio para comer, eles se deliciavam com a comida e Cecilia lamentava por não poder comer os sushis crus, apenas os fritos.
—Sim, eu duvidei quando ela disse que você estava tentando parar de fumar. Me conta isso, parou mesmo? —Cecilia puxou assunto.
Ele consentiu, com firmeza.
—Eu também duvidei de mim mesmo, sabe... —Vicente confessou, e Sol riu. —Eu disse a ela que tentaria parar, e comecei a tentar de verdade, mas foi bem difícil, e às vezes ainda é.
Sol finalmente estava obtendo respostas para ele não ter cheiro de cigarro.
—Você não me contou sobre isso, mas sua boca não tem gosto de cigarro. —Sol sussurrou enquanto mastigava um sushi e Cecilia sorriu.
Vicente assentiu.
—Eu comecei diminuindo a quantidade que fumava por dia. Foi difícil, especialmente quando me sentia ansioso. Depois de um tempo, a carteira de cigarro durava quase uma semana inteira. Quando passou um mês, eu já não fumava todos os dias...
Sol bateu palmas, deixando clara sua felicidade.
—E agora? —Sol perguntou.
Ele a encarou e sorriu, sabendo que ela estava verdadeiramente feliz.
—Minha última carteira acabou de vez há quase um mês, e não comprei outra. Mas confesso que, um dia antes de vir, quase comprei. Estava tão ansioso e com medo de algo dar errado, mas minha mãe brigou comigo, dizendo que eu não poderia retroceder e aparecer fedendo!
Cecilia bateu palmas e fez uma pequena dança que o fez sorrir.
—Parabéns, foi uma evolução incrível. Continue assim, cunhado! —Cecilia apontou para ele com o hashis, e ele assentiu. —Obedeça sua mãe, e vamos jogar Uno depois, ou Truco.
Sol o encarou novamente quando o termo cunhado foi usado e recebeu um sorriso largo de Vicente, revelando suas covinhas. Ela estava orgulhosa, tanto que mal poderia expressar. Eles passariam muitas horas daquela noite conversando e jogando, como se o tempo não precisasse passar.
Cecilia comia lentamente, aproveitando aquele momento divertido, e se pegava observando Vicente e Sol sempre brincando ou rindo de alguma coisa, como quando ele colocou molho demais no temaki e ela avisou que ia ficar enjoativo. Era como se eles dividissem o mesmo neurônio, como se Sol realmente precisasse entrar naquele aplicativo para encontrá-lo. Cecilia sorria, mas sentia uma imensa tristeza dentro de si, um misto de emoções que a fazia querer aproveitar cada momento, definitivamente.
s2
Tudo indo tão bem ,né gente?
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