Assuma riscos ღ Capítulo 30
Em Fortaleza, o sol estava tomando conta de tudo, e não era diferente no coração de Vicente, mas ele era bom em esconder as tristezas. Normalmente, pessoas racionais são vistas como frias, e ele sabia que algumas pessoas o viam dessa forma, mas nem se importava.
Junho havia chegado, trazendo provas, provas e mais provas, para enfim ter um mês de férias. Mas não era como se Vicente estivesse totalmente focado nisso, para seu próprio desespero. Fazia alguns dias que Sol havia pedido um tempo para, segundo ela, organizar sua cabeça e coração. Mais precisamente, um dia após ela ter uma conversa com seu ex-namorado para se desculpar por algo do passado, ela se foi. A coincidência foi tanta que Vicente estava certo de que os dois haviam se resolvido e estavam juntos novamente.
Ele não sabia distinguir quais partes dele eram saudade, raiva e coração partido por mais uma vez ter gostado de alguém sozinho. Seria o karma da sua vida? Mas, com Sol, era diferente; seus sentimentos eram distintos de todas as vezes que teve um envolvimento com alguém pessoalmente, o que deixava claro que para o coração não existia isso de distância.
Ele aceitou sua decisão sem interferir ou perguntar o porquê. Afinal, em sua cabeça, já tinha a resposta, e não era como se Sol lhe devesse explicações por suas escolhas, com pouco tempo de amizade. Ele a respeitou e, mesmo chorando após desligar a ligação, torceu para que ela fosse feliz. No fundo ele não tinha esperanças de ela voltar, Vicente ficou visivelmente mal por dias e o menino que já era calado por natureza, ele se calou ainda mais e recusou qualquer conselho de Bruno e Joaquim, pedindo apenas que os garotos ficassem calados.
A visita de Cibele em um feriado o ajudou a manter a cabeça ocupada, ele pôde se divertir alguns dias, mesmo que a noite fosse o momento em que mais pensava em Sol, afinal, eles se falavam quase todos os dias. As redes sociais de Sol estavam quietas, sem memes ou fotos, mas ele gostava de ver suas fotos antigas de qualquer forma.
Desde o início aqueles sentimentos estavam fadados ao fracasso, mas isso não importou, seu coração foi tomado.
—Ei. —Juliana se sentou ao seu lado.
Vicente saiu de pensamentos distantes e sorriu para a menina ao seu lado.
—Oi, Juli, preparada para a prova?
—Ninguém está preparado para uma prova de análise vetorial. —Ela sorriu. —O que vai fazer nas férias?
Juliana tinha olhos para Vicente desde o primeiro dia de aula, quando ele a ajudou a achar a sala de aula. Ela o achava gentil, bonito e inteligente, ou seja, o combo dos seus sonhos.
—Então, espero dormir muito. —Vicente sorriu, mostrando suas covinhas. —Mas quero ler um livro sobre multiverso!
Juliana, animada, lhe entregou um doce. Antes que ela puxasse assunto, o professor chegou e os alunos sentiram uma onda de tensão.
A última prova do semestre seria a mais difícil, basicamente a única que Vicente estava com medo de não passar, principalmente quando não estava focando o suficiente. Esses eram alguns dos problemas mais frequentes da faculdade pública: a falta de pagamento deixava os professores chateados a ponto de fazer uma prova mais difícil do que era necessário.
—Queridos e amados alunos, estamos finalizando o primeiro semestre e, como sempre, espero que não desistam da física. —O professor fez os alunos sorrirem. —A professora Marília, vulgo minha esposa, que deu à luz ao nosso filho Matteo, pediu que eu entregasse os trabalhos que fizeram no início do semestre e mandou parabéns à turma pela aprovação de todos.
A sala gritou e bateu palmas, incluindo Vicente.
—Parabéns pelo bebê, professor.
—Bem-vindo, Matteo!
—Que ele seja o próximo a receber o Nobel em física!
Vários alunos parabenizaram e fizeram o professor sorrir com desejos bons para o bebê. Enquanto isso, os trabalhos individuais chegavam às mesas. Vicente nem estava mais ciente de qual trabalho o professor se referia, mas lembrou quando pegou o papel e leu: O Sol.
"Já sei, pode falar sobre a estrela mais brilhante da galáxia, eu."
Muitos meses atrás, em uma conversa noturna, Vicente falou sobre um trabalho e Sol deu a ideia de escrever sobre o Sol. Ele logo aceitou e fez um ótimo trabalho.
—Uau, nota máxima. —Felix espiou seu trabalho e cochichou. —Estava inspirado em, parece amar muito o sol...
Vicente sorriu discretamente e consentiu para o amigo.
—É, pelo visto sim. —O garoto encarou a folha e sentiu uma onda de tristeza. —Droga...
Félix o encarou sem entender, mas logo deu de ombros. O professor foi à frente da sala e bateu palmas, fazendo a turma silenciar.
—Mesmo sem salário, estou feliz hoje. Aproveitem e acabem logo, quero ir ninar o meu bebê! —Ele falou. —Fechem cadernos, livros, guardem tudo que possa cogitar uma cola e não façam perguntas sobre o assunto que devem saber, hoje eu só penso em coisas fofinhas e pelúcias.
Os alunos obedeceram e, em pouco tempo, Vicente já estava com a prova em mãos. E que prova...
—Puta que pariu, e ele está feliz, né... —Ele cochichou ao ver tudo repleto de cálculos.
Vicente sabia do assunto, era algo que ele dominava, mas teria estudado mais caso não estivesse com a mente em São Paulo e espumando de ciúmes.
Ele leu a primeira questão e coçou o queixo.
—Calcule a massa do fio C... —Vicente rodopiou o lápis entre os dedos e começou a calcular.
♥
Sentado em um banco de cimento no meio do campus após a prova, Vicente esperava Joaquim terminar sua prova e encarava a carteira de cigarros à sua frente. Dizer que havia parado de vez era mentira, mas Vicente já não fumava todos os dias, fazia semanas que não fumava. Ele havia feito uma promessa de tentar e estava seguindo com confiança, mas quando estava ansioso era muito difícil.
—Por que me fez fazer uma promessa assim para depois ir embora? —Ele falou sozinho, abrindo a carteira de cigarros. —Merda, me sinto ansioso. —Ele a fechou.
Falando sozinho, ainda estava inconformado e com uma enorme vontade de ouvir a voz dela. Nas redes sociais, ambos ainda se seguiam. Ele abriu uma foto dela, que achava incrivelmente parecida com a atriz Lily Collins. Ele abriu outra foto, no dia em que ela se classificou para as estaduais, ela estava com uma roupa brilhante, e era quase impossível não reparar nas formas bonitas do seu corpo.
—Por que tão bonita assim? —Ele sorriu. —Tão falante e risonha. No final de semana já é sua competição, vai se sair bem...
Vicente reviu todas as suas fotos mais uma vez, era apenas o que podia fazer estando tão longe. Ele apertou em uma seção onde estavam as fotos nas quais ela foi marcada. Eram muitas com Cecilia, alguém chamada Nadja, sua mãe, sua escola a amava, e apenas uma com seu ex-namorado. Sol não havia desarquivado nenhuma foto ou postado mais fotos com Yuri, mas isso também não significava nada.
Ele stalkeou Yuri pela primeira vez com um sentimento no qual nunca havia sentido, e quase não tinha nada sobre o coreano além de fotos, onde ele estava definitivamente muito bonito. Lá só existia uma publicação antiga com Sol, várias fotos juntas em um único post, eles sorridentes, assistindo juntos e em um parque aquático. A publicação dizia "feliz dez meses, do resto da vida", e Vicente não lembrava se eles tinham chegado há um ano de namoro.
Ele saiu de tudo e bloqueou a tela, o mesmo estava com mais ciúme ainda, era irracional a forma com ele literalmente foi atras de ver coisas que o deixou com ciúme.
—Sério, estudar e trabalhar ao mesmo tempo faz as pessoas irem para o céu com passagem direto? E que cara de quem vai matar alguém Vicente... —Joaquim se sentou ao seu lado. —A gente se vê por aí Lucas, e Melanie.
Joaquim falou com Vicente e se despediu de duas pessoas que passaram por eles.
—Qual deles é o pretendente da vez? —Vicente perguntou, e Joaquim negou.
Joaquim bufou, cogitando dar um tapa em sua cabeça.
—Nenhum, palhaço. E você, ainda pensativo? Posso dar um conselho? —Joaquim pediu, pegando a carteira de cigarro e guardando-a longe do amigo.
Vicente negou, sorrindo.
—Não irei sair com ninguém, muito menos transar com uma menina aleatória para esquecer ela. —Disse ele.
Joaquim arregalou os olhos e levantou as mãos em defesa.
—Eu não ia falar isso, está desconhecendo seu melhor amigo, abestalhado? —Joaquim coçou a barba rala e suspirou. —Eu ia dizer que...
Vicente negou com a cabeça e sorriu.
—Eu gosto dela de verdade, e respeito suas escolhas porque ela merece ser a pessoa mais feliz do mundo. Só em cogitar deixá-la perturbada e querendo se responsabilizar por sentimentos meus, me deixa agoniado. —Vicente decretou, estralando o pescoço.
Joaquim consentiu, tinha sorte em tê-lo como melhor amigo, Vicente era sensato. Eles se levantaram e saíram da universidade. Como sempre, iam comendo ou conversando, quem sabe até fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.
—Percebeu que a Juli gosta de você? —Joaquim perguntou. —Ela é enjoadinha as vezes e claramente não gosta de mim, mas é linda.
Vicente o encarou e piscou lentamente.
—Claro que percebi, não sou tonto. —Vicente afirmou. —Mas não estou dando abertura para ela cogitar algo além de amizade. Ela é ótima, mas a quero apenas como amiga.
Eles passariam cerca de uma hora dentro de um ônibus até chegar em casa. Joaquim almoçaria e iria trabalhar, enquanto Vicente ajudaria sua mãe em questões burocráticas que seu trabalho a distância exigia. Marli estava tão ocupada que não tinha tempo para pensar em seu coração quebrado, o que era bom..
♥
Marli e Dani fizeram o jantar: um belo cuscuz recheado, e ainda sobrou tempo para preparar um bolo de cenoura com muita calda, como os garotos amavam. Eles sempre jantavam todos juntos, menos Micael, que não achava sensato da sua parte, mas deixava Dani jantar com a família, afinal, ela adorava a atmosfera.
Na sala, assistindo à televisão, Vicente tentava se concentrar em um filme que estava ansioso para ver, mas não era como se sua mente estivesse ali. Dani e Bruno assistiam concentrados, e Marli usava o celular sem se importar com a televisão.
—Sério que esse filme estava cotado para ser um dos melhores do ano? —Bruno bufou.
Os créditos começaram a subir, e Dani murchou os ombros. Vicente encarava a televisão sem emoção e reagiu quando uma almofada o atingiu.
—Porra, Bruno. —Vicente falou, e Marli bufou ao ouvir o palavrão.
—Olha a boca... —Marli sussurrou, sem encara-los.
—Desculpa! —Vicente bufou.
Dani riu e mandou que Bruno parasse quando ele ameaçou jogar outra almofada.
—Irmão, o que achou do filme? —Bruno perguntou.
Vicente bufou, negando.
—Superestimado, repetitivo, atuação de peça escolar e parece que foi editado no celular. —Vicente comentou. —Nota dó.
Dani gargalhou, assim como Bruno.
—Uau, ele é sincero, né? —Bruno falou, apontando para o irmão, e Dani consentiu, ainda rindo.
—Pelo menos não fomos ao cinema... Teríamos gastado à toa, que bom que esperamos! —Marli falou.
—Vamos esperar pela parte três. —Dani disse.
A menina provocou os irmãos, que a encararam de imediato.
—Não. —Vicente e Bruno falaram em uníssono.
Dani se divertia quando estava na presença dos irmãos, que eram tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão parecidos.
—Gente, vou deitar. —Vicente coçou os olhos e se levantou. —Adeus, e sua benção, mãe.
Os três acompanharam Vicente com os olhos.
—Deus te abençoe. —Marli falou, quando ele já estava subindo as escadas.
Bruno e Dani se encararam, sem muito a dizer. Marli observou a atmosfera pesada encarou o sofá, arqueando o cenho.
—Ele esqueceu o celular no sofá, tem algo de errado. —Marli sussurrou.
Bruno fingiu que não ouviu a observação da mãe. Não contaria o que conversava com Vicente, sabendo que o irmão era uma das pessoas mais reservadas que ele conhecia. Dani notou o clima um pouco mais tenso que o normal e sentia que Marli queria falar algo com o filho.
—A gente pode assistir mais amanhã, me leve até a porta. —Dani apertou a mão de Bruno e ele consentiu. —Boa noite, tia.
Dani foi até Marli e lhe deu um beijo na bochecha.
—Boa noite, gatinha. —Marli beijou Dani de volta e sorriu.
Os garotos saíram da sala e aquela mãe, como sempre preocupada, tentava adivinhar o motivo pelo qual seu filho estava estranho. Estaria faltando algo? Seu pai havia falado asneiras? A faculdade estava sendo demais? Ele estava preocupado com a situação da casa?
—Mãe... —Bruno voltou e chamou a mãe. —Já estou indo dormir.
Marli o encarou.
—Espere, sente aí. —Ela pediu.
Bruno se sentou com cara de poucos amigos, sabendo que algo sobraria para ele, mesmo sem ter feito nada.
—O que eu fiz? —Ele se defendeu, levantando as mãos.
Marli suspirou, negando.
—Me conte sobre o que houve com seu irmão. —Ela prendeu seus cabelos e bocejou. —Não negue, você sabe.
Bruno hesitou, ele era bom com mentiras, mas não faria isso com a mãe.
—Mainha...
—Eu sou a pessoa que cuida de vocês sozinha agora, Bruno. Preciso saber das coisas, me ajude!
Ele bufou e coçou a cabeça, Marli sabia como falar e como seus filhos reagiriam às suas palavras.
—Justo.
Marli ouviu tudo que Bruno sabia sobre o que seu irmão estava passando. Talvez precisasse de mais informações que só Vicente poderia fornecer, mas se recusava a julgar Sol, sabendo tudo que a menina havia passado em questão de meses. Era justo que ela precisasse de um tempo do mundo, como Marli mesmo já precisou um dia. Ela estava sendo mãe solo e não era tão difícil com seus bons filhos, mas não ter mais o pai deles ao seu lado para tomar decisões e todo o resto era difícil demais.
♥
Como nos velhos tempos, Vicente se sentou em sua cadeira de praia e apontou seu telescópio para a lua cheia. Ele estava recluso do mundo e nem sequer havia percebido que seu celular não estava ali, ou talvez simplesmente ignorou esse fato.
—A senhora Lua, que linda. —Ele sussurrou e sorriu. —Somos apenas nós hoje.
Já fazia um tempo desde que Vicente não se sentava ali e conversava com Sol ao mesmo tempo. Ao fechar os olhos, ele podia imaginar vários cenários que gostaria de viver com ela, desde coisas básicas até as mais legais, como tentar contar as estrelas. Vicente nunca se viu em um relacionamento à distância, nunca cogitou gostar de alguém assim e muito menos sem nunca ter visto. Era, de fato, uma coisa difícil de pensar emas fácil de sentir; era bom sentir aquilo.
Ele não percebeu sua mãe chegando, então ela pôde observar o filho por alguns minutos e chegar à conclusão de que ele estava mais crescido do que imaginava.
—Acho que os mosquitos vão te pegar. —Marli sussurrou, sorrindo em seguida.
Vicente abriu os olhos e viu sua cadeira de computador ao seu lado, e sua mãe observando o céu.
—Mãe? O que houve? —Vicente perguntou.
—Ora, nada. Só estava sem sono e queria companhia... —Marli sorriu.
Vicente sorriu e consentiu.
—Desculpa por não estar sendo tão presente, mãe, é muita coisa, sabe?
Marli sorriu e consentiu, ela sabia.
—Ah, sei. Principalmente quando o coração dói. —Ela bufou e ele a encarou. —Uma vez, o meu doeu tanto que eu fugi.
Vicente sabia onde sua mãe queria chegar e apenas deixou o assunto fluir.
—É aconteceu bem isso, é muito ruim.
—Seu pai também disse isso, quando eu fugi. —Marli confessou.
Ela sorriu, desbloqueando memorias, não era mais tão doloroso.
—Tudo bem, eu sei da Sol e tudo sobre sua fuga. —Marli afirmou e Vicente respirou fundo.
O rapaz coçou a cabeça e negou.
—Bruno, sempre dando com a língua nos dentes. —Ele piscou lentamente demostrando seu descontentamento.
Marli uniu as mãos e encarou suas unhas curtas na cor café, ela estava pensativa.
—Eu pressionei, não o culpe. —A senhora avistou a cidade acesa e sorriu. —Vocês ainda não sabem o quão ficamos preocupados com os filhos, e como eu disse ao Bruno, sou mãe solo agora. Seu pai manda dinheiro e vê vocês para passear e essas coisas, mas eu estou cuidando. —Marli encarou Vicente, que já a encarava.
—Não quero te encher com mais problemas mãe, coisas tão triviais diante dos seus problemas.
Vicente foi esse tipo de pessoa a vida toda, desde criança não gostava de incomodar as pessoas e buscava resolver suas coisas sozinho, e isso nem sempre foi bom para ele. Era quase impossível desabafar e pedir ajuda era como uma tortura, ele era do tipo que sofria em silencio.
—Você é meu filho e seus problemas para mim nunca serão triviais, me conte e aconselharei da melhor forma, não me intrometerei. —Ela beijou os dedos indicadores em um gesto de promessa, e tirou um sorriso do filho.
Ele concordou e assim contou a Marli tudo que havia acontecido desde que seus sentimentos vieram à tona, de como o mesmo se sentia e de como escondeu isso dela. Marli ouvia tudo com atenção, sem demonstrar surpresa.
—E foi isso, acabei seguindo aquilo de que se algo for meu, voltará para mim algum dia. —Ele findou sua explicação.
Marli concordou.
—Sua lógica não está errada, mas acho que algum dia pode ser algo distante demais. Em filmes costumam a fazer isso e passa dez ou vinte anos. —Ela sorriu. —Não precisam esperar tudo isso, nossa!
Vicente concordou com as palavras da mãe e se perguntou se ela não comentaria nada como sempre faz.
—Então acha que fiz errado? —Ele a encarou.
—Acho que quando estamos de longe, nossa visão se torna embaçada e isso pode causar mal-entendidos. Você precisa entender que da forma que fala sobre as coisas que vocês têm em comum, os defeitos também podem vir no pacote. Ela também pode ser uma menina que não sabe desabafar seus problemas ou abrir seu coração facilmente e isso com a distância, sem um contato mais profundo pode passar impressões erradas.
Vicente processava as palavras da mãe que faladas daquela maneira, pareciam tão obvias.
—Então... —Ele sussurrou.
—Você não tem certezas amor, não sabe de ela estar com o antigo namorado, não sabe se ela sente algo por você. Não sabe de ela pode realmente precisar de um tempo sozinha porque não sabe desabafar, ou se estar confusa entre duas pessoas. Não acho que você errou ao dar espaço a ela, você foi respeitoso e mostrou saber esperar por alguém importante para você. —Marli pegou a mão do filho e apertou.
O rapaz respirou fundo, sentindo seu coração acelerar.
—Eu fiz o que meu coração mandou, o que achei sensato, mas... —Ele soltou o ar dos pulmões. —Não é confortável, por algum momento eu achei que estávamos na mesma conexão sabe? Algo em mim sabia, e depois murchei.
Marli sorriu, consentindo.
—Por que fugiu do meu pai? —Vicente perguntou, curioso.
—Ah, porque eu amava o seu pai. —Ela consentiu. —E tinha medo de magoar o Micael.
—O amava e foi embora, isso tem logica? Não teve medo dele encontrar outra pessoa?
Vicente estava conseguindo ser mais curiosos que o normal e aos poucos deixava sua mãe saber todas as interrogações do seu coração.
—No amor não existe logica. —Ela falou, de forma direta. —Senti muito medo, mas sabe o que aconteceu? —Ela perguntou e continuou. —Eu era tão jovem e meus sentimentos eram limitados por nunca ter tido ninguém, passei alguns anos achando que era apaixonada por uma pessoa e as coisas iam lentamente pois nunca me confessei, mas então seu pai chegou como furação no meu coração, em questão de meses meu coração conheceu o amor, o amor de verdade.
Marli contava tudo e voltava ao passado em alguns flashes que não eram ruis, na verdade a traziam sentimentos bons.
—Então por que fugiu? —Ele perguntou. —Fugiu por que ficou assustada?
Marli consentiu repetidamente, o fazendo ser encarada.
—Existem formas do amor nos encontrar, ele pode nascer gradativamente e precisar de algum tempo para florescer. Mas, ele também pode chegar como furação e florescer rapidamente. Não existe um tempo certo, é o tempo dele e não a nada que possamos fazer. —Marli encarou o filho. —Se ela não tivesse sentimentos por você, por qual motivo fugiria?
Marli falava de uma forma bonita, que fazia o coração do filho se acalmar como magica, deveria ser o dom daquela mãe.
—Deveria ser psicológica. —Vicente brincou.
—Sim, mas apenas dos meus dois filhos. —Ela sorriu, de forma descontraída.
Vicente tinha mais perguntas, para a surpresa dele mesmo e da mãe.
—Quando você voltou? —Ele perguntou. —Precisou de muito tempo para pensar?
Ela sorriu, nostálgica.
—Quando seu pai foi atras de mim. —Ela respondeu. —Ele foi para dizer que independente dos meus sentimentos, os deles eram reais e me pediu para escolher ele, ele me pediu isso varias vezes no mesmo minuto.
Marli gargalhou, relembrando a cena.
—Ele foi sem saber se você iria ficar com ele? —Vicente sorriu quando a mãe consentiu. —Você demorou para escolher ele?
Marli concordou, admitindo que Miguel realmente havia lutado por ela.
—Eu já havia escolhido ele Vicente, nunca foi uma competição pois fui sincera com o Micael antes de ir embora, mas estava com medo do amor que sentia pelo seu pai e precisava ter certeza de que ele não soltaria minha mão. —Ela sorriu com tristeza no olhar. —Para amar alguém é necessário ser corajoso e assumir alguns riscos, desistir sem tentar não pode ser uma opção. —Marli piscou para o filho.
—Acho que entendi. —Vicente roeu a unha e deglutiu seco. —Assumir riscos.
♥
Você entendeu certo, eu sei que sim hahahaha
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