A decisão ღ Capítulo 46

A expressão popular "faca de dois gumes" se aplicava perfeitamente as algumas decisões. Por um lado, tomar as próprias decisões é ter liberdade de fazer o que acha que é melhor para si, mas por outro lado sempre existirão consequências boas ou ruins nisso, e a responsabilidade é sua.

Sol tinha apenas dezoito anos quando viu sua vida pacata de adolescente, se transformar em um mar de acontecimentos desenfreados, entre eles coisas boas e ruins, mas que de toda forma transformaram seu coração e ele jamais voltaria a ser como era.

Em alguns momentos ela quis retornar a sua infância onde suas preocupações eram entre elas a hora dos desenhos animados e qual cor da fita iria usar na escola no dia seguinte, talvez em vários momentos ela se perguntasse como estaria sua vida se aquele ano apagasse, mas se tudo apagasse as coisas boas sumiriam e ela não queria aquilo.

Sol recebeu da sua melhor amiga uma carta que explicava muita coisa que seu coração precisava para ter um pouco de paz, também explicações sobre decisões de Cecilia e de todos os porquês. Naquela noite Vicente a entregou a carta deixada por sua amiga, e se retirou do quarto para que sua namorada pudesse ter privacidade, quando ele saiu do cômodo e explicou tudo a família, eles puderam entender tudo que se passava ali e ninguém cogitou se intrometer ou julgar Sol diante de qualquer que fosse sua escolha, afinal era sua vida que estava em jogo.

A menina leu aquelas palavras incontáveis vezes, o conforto que saiu daquelas letras fez com que Sol não derramasse uma única lagrima, mas a tirou sorrisos sinceros ao conseguir ouvir a voz da sua amiga, ela também pode entender os motivos de Cecilia ao deixa-la aquele presente em forma de oportunidade, mas nunca seria algo fácil de escolher, justo por isso nada sobre aquilo foi falado após aquela noite, pelo menos até Sol se pronunciar.

Dezembro trouxe um dos natais mais caóticos, felizes e cheios de saudade que Sol já viveu, na noite de natal na casa dos avós de Vicente muitas famílias se reuniram, todos da casa da Sol, a família do Vicente, a família da Laís e a família da Cecilia. Aquele natal reuniu não só pessoas muito diferentes, mas comidas de duas regiões, sotaques misturados, costumes, e muita conversa sobre cumplicidade, família, superação, recomeço e sobre o amor entre duas pessoas que era o motivo para tudo aquilo.

Naquele mês juntos, Sol e Vicente reafirmavam ainda mais seus sentimentos e focavam no presente como se não tivesse um prazo para acabar, eles sorriam juntos e viviam tantas primeiras vezes que a lista havia recomeçado pela segunda vez, aquele menino transformava os dias dela em momentos mais sorridentes e ela o fazia sentir em casa, a ponto do seu coração doer.

Faltavam poucos dias para a virada de ano, com isso faltavam poucos dias para o prazo da resposta de Sol encerrar, mas Vicente já sabia qual era apenas em olhar seus olhos, isso o tirava algumas lagrimas a noite quando a observava dormir calmamente ao seu lado, a verdade vinda de seu coração era não se reconhecer mais sem ela ao seu lado, um misto de agonia com conforto.

—Precisamos achar três roupas brancas. —Sol entrou no shopping ao lado do namorado que empurrava um carinho de bebê.

Sol e Vicente sempre pegavam Liz para passear, a bebê estava crescendo reconhecendo aquelas duas pessoas e o amor passado por elas. A menininha sentada no carinho com seus cabelos ruivos atraia olhares por onde passava, ela sorria fácil e não largava sua chupeta.

—Será que deveríamos usar algo de casal, tipo roupas iguais beirando a breguice? —Vicente encarou Sol, que sorriu.

Sol sorriu como sempre e consentiu.

—Que usar um vestido longo também? —Ela perguntou.

—Não, deixa quieto. —Vicente sorriu, passando a mão em seus cabelos ondulados. —Camiseta para mim, vestido para você e vestido para a Liz?

Sol consentiu, encarou a primeira loja de bebê que entrou com Cecilia, era nostálgico e seus olhos arderam cogitando um lagrima.

—Amor, vamos ver a roupa da Liz enquanto ela está quietinha, vai que precise provar. —Sol apontou para a loja e eles seguiram.

As atendentes abordaram o casal com simpatia e de cara brincaram com Liz, Sol sorria para as moças orgulhosa dos elogios para a bebê e logo foram em busca de uma roupinha branca como Catarina pediu entre varias opções.

—Olha esse vestidinho que lindo! —Vicente mostrou a Sol. —Mas, é para bebê com seis meses e ela em alguns dias ainda fará cinco.

Sol encarou a roupa e encarou Liz.

—Acho que é melhor folgada do que apertada! —Sol pegou a roupinha. —Cacete, trezentos reais. —A menina tampou a boca após falar alto e Vicente sorriu.

Vicente sorriu, e negou.

—Relaxa amor, estamos com um cartão sem limites, não é bebê? Avós tão ricos você tem Liz, ganhamos até um cartão Black... —Ele tocou a bochecha da bebê, que sorriu.

Sol encarou aquela cena e sorriu largo, concordando. Após procurar um pouco mais e se empolgarem, eles foram ao caixa com roupinhas, alguns brinquedos barulhentos e laços de cabelo.

—Essa bebê é tão linda, é filha de vocês? Ela tem quantos meses? Ela parece com você moça, mas e o ruivo? —A atendente simpática os fez sorrir e o casal se entreolhou buscando uma resposta.

Vicente consentiu após ver sua namorada encolher os ombros.

—Essa bebê irá fazer cinco meses, e eu também a acho parecida com a mãe. —Ele explicou e Sol curvou a boca em um breve sorriso. —O ruivo é da vó, a genética não é surpreendente?

Sol que anteriormente travou com a pergunta repentina da moça não imaginou que Vicente fosse contornar tudo tão bem, e mesmo sem afirmar que Liz era filha deles, deu a entender que sim sanando a duvida da atendente que passou as compras rapidamente.

—Nossa, vocês são uma família linda. —A moça sorriu, entregando a nota junto as compras.

—Obrigada, somos mesmo viu. —Sol brincou com leveza.

Eles saíram da loja ainda rindo de como foram pais da Liz e de como a moça achou a bebê ruiva de olhos verdes parecida com Sol. Eles andaram quase o shopping todo até uma loja que Sol gostava e ela pegou muitos vestidos longos para provar, todos brancos para a virada de ano. Vicente esperava pacientemente com Liz, e afirmava que todos estavam bons.

—Acha que esse é muito brilhoso como uma noiva que irá casar hoje? —Sol saiu do provador, desfilou no corredor vazio e sorriu.

Vicente que balançava o carinho de bebê com o pé, colocou a mão no queixo.

—Eu casaria com você hoje. —Vicente falou seriamente e ela sorriu, corando.

—Vicente é sério. —Ela mordeu o lábio, parada com a mão na cintura. —Preciso da sua opinião...

—Oxe, é sério. —Ele levantou, foi até ela pegando sua mão e a rodopiou. —Esse é lindo como os outros seis, mas eu gostei muito desse.

Sol sorriu, estapeando seu ombro e o abraçou forte, sentindo seu cheiro de roupa limpa. Seu coração estava acelerado, ela sorriu e o beijou em seguida tocando seu rosto delicadamente, ela o achava o mais lindo que já viu.

—Irei provar só mais um e me diz qual gostou mais. —Sol sorriu gesticulando o numero um em sua direção.

A menina correu para o provador novamente quando ele consentiu, e ele paciente voltou a sentar ao lado do carinho da bebê e ler os comentários da ultima foto que postou com Sol no natal com a legenda fofa que dizia a garota que amo, entre eles da própria Sol, da Cibele, da sua mãe, do Joaquim e até do seu pai com quem estava em uma relação tranquila assim como Bruno.

@MLilian00: Lindos, feliz natal amores S2

@Cidecibele: Eu shippo muito, e merry christmas guys!

@SolSeifer: Eu te amo mais, loiro!

@advMiguel: Quero conhecer a Sol em breve, o pai tá com saudades e feliz natal para vcs.

@jjoaquim_ss: Saudades irmão, meu casal!!!!

—E esse? —Sol abriu o provador o assustando e desfilou novamente. —Mas é curto e esse decote na frente é muito grande, não acha?

Vicente arqueou o cenho ao ver sua namorada com um vestido na metade da coxa e com um decote entre os seios, ele sorriu batendo palmas silenciosas.

—Uau como você é gata, esse é lindo e sexy. —Ele sussurrou, e ela rodopiou para mostrar as costas.

—Mas não incomoda você? Preciso usar sem sutiã, ainda ficarei com peitos grandes!—Ela o mandou uma cara de choro e ele negou rapidamente.

Sol bufou, encarando-se no espelho e esperou a opinião do namorado.

—Você gostou? Se sente bem com esse? —Ele a interrogou, segurando seu queixo.

—Sim gostei, e acho que o longo vai sujar demais na areia da praia. —Sol explicou.

—Se gostou é isso que importa amor... precisa usar que gosta e se sente bem. —Ele consentiu. —Não sou ciumento a ponto de me importar com olhares, você é muito bonita e atrai atenção, entretanto se isso vir a te deixar desconfortável, o cenário muda e confrontarei a pessoa safada.

Sol gargalhou com a forma séria e engraçada com que ele explicava as coisas, obviamente ela já sabia da opinião do namorado para coisas do tipo e isso era uma das coisas mais bonitas e confortáveis em Vicente. Logo após a longa escolha do seu vestido para ano novo, Sol acompanhou ele em sua escolha e o menino provou apenas uma, escolhendo ela mesma.

Em alguns dias eles iriam passar o ano novo sozinhos em uma praia, para a virada do ano as famílias escolheram destinos diferentes e eles puderam fazer o mesmo na forma que mais gostavam, curtindo a própria companhia.

Em uma praia mais afastada no litoral paulista, Sol e Vicente passariam sua primeira virada de ano juntos, aquele lugar era mais um que o casal achou onde não atraia muita atenção de grupos festeiros diferente da capital, então apenas algumas pessoas sendo sua maioria em casais aguardavam a queima de fogos.

O casal apreciava de momentos a sós como aquele em locais pacíficos, então eles sempre que estavam juntos encontravam um local recluso e curtiam o tempo juntos, justo por isso quando as famílias começaram a fazer um roteiro de onde iriam virar o ano, ambos decidiram nem ir para o Rio de Janeiro, nem para o interior de São Paulo ou muito menos para uma festa como Nicole e Rafaela iriam.

Com suas cadeiras de praia praticamente coladas, uma mesinha que apoiava taças, champanhe e petiscos, o casal conversava, tiravam fotos e faziam uma retrospectiva de tudo que passaram, os nos momentos, e até as brigas.

—Vivemos tantas coisas esse ano, me sinto feliz ao seu lado! —Vicente encarou o mar escuro e suspirou.

Sol encarou seu namorado e sorriu sem o deixar perceber, ela gostava das suas covinhas fundas e de como sua grande tatuagem de destacava por causa da blusa branca de tecido, ela sentia uma gratidão e um amor que não era possível medir, era assustador como aquela pessoa preenchia todas as lacunas da sua vida e a ajudava sem ao menos perceber.

—Sou tão bonito assim? —Ele sorriu, a encarando de volta. —Se me encarar demais eu ficarei vermelho, sou tímido.

Sol sorriu e consentiu, ela pegou sua mão cruzando seus dedos e encostou a cabeça em seu ombro.

—Nunca imaginei ter a oportunidade de conhecer alguém como você, tão leal e companheiro. —Ela sussurrou, encarando o mar. —Você se esforçou tanto por nós, tentou tanto estar comigo e me ajudou em momentos pesados, as vezes acho que fiz menos por você.

Vicente apertou sua mão negando.

—Nós somos uma dupla de amigos e namorados. —Ele afirmou. —Nós nos esforçamos cada um a sua maneira, e sempre te falei que faria o que pudesse para ficar o mais perto de você, até por que se para mim era um pouco mais fácil, não precisamos medir quem fez mais. —Ele explicou.

Sol consentiu e sorriu discretamente com aquelas palavras.

—Nossas inúmeras tentativas resultaram em um amor forte e imenso, capaz de romper as barreiras do tempo e espaço. —Ela falou, e foi encarada.

—Isso, é exatamente isso. —Ele sorriu e beijou sua testa.

Todo aquele clima de romance foi quebrado quando alguém gritou que o ano estava perto de virar, o que fez Sol arregalar os levantou do seu ombro e encarou a hora do celular.

—O ano vai virar. —Ela levantou, encheu as taças e sorriu largo, fazendo seus olhos brilharem. —Vamos.

Vicente levantou as pressas e Sol o puxou pela mão para ficarem mais perto do mar.

—Calma amor, sou sedentário. —Ele ria e corria com ela fazendo seus pés afundarem na areia molhada.

Parados de frente para o mar de mãos dadas, aquele casal contava os segundos juntos e Sol sentia uma imensa vontade de chorar e sorrir ao mesmo tempo, muitas pessoas ali gritavam animadas com a chegada do ano novo, mesmo que com ele viesse tanta incertezas, a esperança se sobressaia.

—Três, dois... —Vicente falou e encarou Sol.

Ele sorriu em sua direção deixando uma lagrima cair e ela já deixava varias rolarem mesmo sem tirar o sorriso do rosto.

—Um. —Sol falou, apontando sua taça para Vicente, que brindou.

—Feliz ano novo! —Eles falaram em uníssono e sorriam com a coincidência.

Em meio a sorrisos, de alguma parte do litoral paulista muitos fogos estouraram no céu, o deixando completamente colorido. Aquele casal emotivo se abraçou o mais forte que conseguia e sorriam juntos, ambos conseguiam sentir os corações acelerados.

—Eu te amo. —Sol sussurrou.

—Eu te amo um pouco mais.... —Vicente respondeu, a erguendo do chão com graça.

Sol tocou o rosto do seu namorado e suas testas grudaram, ela o beijou lentamente e com delicadeza, suas línguas se encontraram em perfeita sincronia e aquela menina sentia borboletas no estomago.

Sentados na areia sem se importar em sujarem suas roupas, Sol e Vicente eram um dos únicos casais que permaneciam na praia para ver o sol nascer, sem sono e com a garrafa de champanhe apoiada na areia, o casal avistava o céu ficar cada vez mais claro.

—Preciso te falar algo... —Sol sussurrou, sentindo seu nariz arder ao prender o choro. —Eu...

Vicente a encarou com lagrimas nos olhos e sorriu, Sol não conseguia falar e nem precisava.

—Eu sei amor, eu fico feliz por sua decisão. —Ele falou e ela o encarou. —Estou tão orgulhoso...

Sol arregalou os olhos, deixando uma lagrima cair e Vicente sorriu em sua direção com os olhos avermelhados, ele deixou uma lagrima cair e sorriu.

—Como sabia? —perguntou Sol.

Vicente retirou a garrafa que estava entre eles, e se aproximou da menina, colando seus corpos. Eles viraram um de frente para o outro, se encararam quase sem piscar e ele tocou seus cabelos que eram bagunçados pelo vento.

—Por que eu leio seus olhos castanhos, eu sinto em seu toque e conheço as expressões que seu rosto faz a cada palavra que fala. —Ele sorriu. —Por que eu conheço cada detalhe seu, eu sei tudo que está aqui... —Ele apoiou a palma da mão no peito dela e sentiu seu coração.

Sol segurou a mão dele com força e deixou uma lagrima cair, ela sentia uma dor nunca antes sentida, era impossível descrever.

—Poderá me perdoar por deixar nosso namoro ainda mais distante, Vicente? —Ela perguntou. —Me perdoa por precisar fazer isso, por precisar ir para tão longe por tanto tempo... Se eu não aguentar de saudade, voltarei sem pensar duas vezes, já avisei a minha família semana passada! —Sol tentava explicar.

Vicente pegou suas mãos e as apertou, chorando como ela. Ele sentia seu corpo tremer e seu tórax comprimir como nunca antes.

—Não precisa pedir perdão por que não errou em nada, quando a Cecilia me chamou no quarto e pediu minha permissão para fazer isso, eu fui a pessoa que mais quis que ela fizesse sabe por que? —Ele perguntou e Sol negou. —Por que ela te amava, por que eu sabia que aquilo era tudo que ela poderia fazer e foi de todo coração...

O rapaz respirou fundo, ele estava sentindo seu peito rasgar.

—Sol, eu preciso ver você alcançar tudo que puder mesmo que eu não possa estar ao seu lado, eu preciso que seja livre para conhecer o mundo e tudo que ele pode te oferecer... —Vicente fungou. —Quero que vá livre e não cogite voltar por mim e nem por ninguém.

Sol o encarou e deixou uma lagrima cair, aquilo quebrava o coração dele em milhões de pedaços.

—Eu não quero te deixar, eu não quero ficar longe, não quero terminar com você. —Ela o encarou e ele enxugou seu rosto. —Você é tudo para mim e não quero ninguém além de você,  não precisamos terminar...

Ele consentiu em lágrimas e enxugou o rosto dela mais uma vez, mesmo que as lágrimas não parassem de cair, Vicente sentia uma imensa vontade de gritar o quão aquilo estava doendo, de como o chão havia aberto e sentia que estava caindo em um buraco sem fim.

—Por favor não se culpe eu sei que precisa fazer isso, e Sol eu não sou egoísta... ao invés de ficar comigo, quero que vá e conquiste o mundo na maneira mais linda que conseguir, que estude muito com essa oportunidade e brilhe como o sol que é, quero que orgulhe a Cecilia e saiba sempre será meu primeiro amor. —Vicente consentiu, sorrindo em meio a lagrimas. —Eu preciso que foque apenas em você, e eu estarei te esperando como sempre fiz.

Sol tampou os olhos deixava as lagrimas caírem, mas Vicente logo pegou suas mãos e as tirou do rosto, a fazendo o encarar. Sol estava entendendo onde  rapaz queria chegar, aquilo a deixava desesperada, mas ela sentia que não poderia o obrigar a nada.

—Eu te amo como nunca amei ninguém Sol, você foi a pessoa que me tirou de uma bolha e me mostrou o mundo colorido e barulhento e nesse momento eu me sinto quebrado... Você sempre será a menina que me fez sorrir, me amou com a intensidade do sol e me mostrou o verdadeiro significado de lealdade. Assim como nos encontramos antes, faremos isso novamente porque temos um fio vermelho amarrados nossos dedos e ele sempre nos trará de volta... —Ele sorriu e se declarou. —Tem como terminar comigo? Eu prometi isso, mas não consigo...

Sol o beijou novamente negando e a dor exalava por seus poros entre lagrimas e amor.

— Eu não quero terminar, não quero perder você...  —Ela negou. —Podemos tentar, não sei...

Vicente sentiu seu coração quebrar naquele momento, ele sabia que aquilo não era o que ele queria de verdade, mas o que precisava fazer, por ela. Ele pegou sua mão e a beijou com carinho.

—Não podemos deixar a distancia destruir o que temos, eu não tenho como ficar indo e você não tem como ficar vindo. Isso nos distanciaria, nos machucaria e não quero isso para nós, eu não quero um fim assim. Eu sempre te amarei, quando voltar eu ainda vou estar de amando como um louco e verá que estarei sozinho porque ninguém será você... —Ele deixou uma lagrima cair. —Eu sei que precisa fazer isso, e eu quero que faça, eu quero que vá.

Sol consentiu, sabendo que o rapaz tinha razão.

 —Obrigada por me mostrar o amor, a paciência, a ternura, as pequenas coisas e os grandes gestos. Obrigada por você ser você por ter baixado aquele aplicativo e me enviado um oi, obrigada por me fazer rir, me fazer sentir a pessoa mais sortuda do mundo e por me mostrar que o amor é leve, e quente. —Ela falava, o fazendo rir. —Obrigada por me amar e por me apoiar, nunca poderei te agradecer por tudo, obrigado por me apoiar.

Sol sorriu, consentindo e ele fez o mesmo.

—Eu sempre te amarei com tudo que existe em mim e não terá um dia que não pense em você e não importa quando tempo passe, nos encontraremos novamente. Assim que voltar o destino nos unirá novamente como ele fez agora, e eu nunca mais te deixarei ir. —Ele sorriu. —É uma promessa...

Sol esticou seu dedo mindinho e Vicente fez o mesmo.

—Ok. —Ela consentiu e  deixou uma lagrima cair, ao olhar em seus olhos. —É uma promessa.

A notícia do término pegou muitas pessoas de surpresa, foi um choque para todas aquelas pessoas em volta, mas era compreensível diante da escolha dela em ir embora para outro país estudar. Apesar da felicidade dos seus pais em ver a filha ter uma grande oportunidade, era perceptível a ausência dos seus sorrisos e de como seu coração estava explicitamente quebrado a cada dia que ela passava sem Vicente e era notório por seus irmãos seu choro todas as noites.

Após o antigo casal contarem juntos para as famílias e ambos se despedirem daquelas famílias onde foram acolhidos, eles não trocaram mais mensagens e aquilo era igualmente doloroso, afinal ela não sabia onde ele estava ou se estava em São Paulo e ele bom, apenas imaginava como ela estava.

Eles ainda se seguiam em redes sociais, mas não postavam nada que mostrasse um sinal de vida, as fotos permaneciam ali, os colares em seus pescoços e as fotos em seus quartos. Os corações daquelas duas pessoas foram trancafiados e congelados, como se não tivesse mais nada em seu peito, mas aquele amor continuaria ali.

Sol recusou qualquer festa de despedida e todos entenderam os motivos. Ela encontrou cada amigo em particular, sua família paterna, Nadja, o pessoal do seu antigo trabalho, seus familiares, chorou muito ao se despedir da sua afilhada e acreditou nas promessas feitas por Catarina e Junior como Cecilia os pediu.

O tempo voou, ela passou praticamente o mês de janeiro se despedindo das pessoas que mais amava, fez todas as refeições com sua família, todos a ajudaram a arrumar as malas, ela passou dias brincando com seus irmãos e assistindo filmes com seus pais, ela cozinhou muito com sua vó e treinou o inglês com sua tia. Sol arrumou sua documentação, organizou suas malas levando tudo que poderia, afinal a passagem era cara e não poderia vir quando quisesse, ela arrumou tudo como se não pudesse deixar nada para trás, a não ser eu notebook velho que não fechava mais.

Em uma manhã, no dia da sua viagem que seria a noite, ela entrou no cemitério assim como fazia todos os meses e sentou de frente ao tumulo da sua amiga colocando ao lado um vaso pequeno com uma flor artificial para que a flor não morresse nunca.

—Ceci, irei embora hoje para a Inglaterra... —Sol falou, tocando sua foto. —Eu vim me despedir por um tempo, eu aceitei a oportunidade que deixou para mim como pediu. —Sol encarou as próprias mãos e sorriu fraco.

—Muito obrigada por isso, não ligue para a minha desanimação, tudo ainda dói por causa de despedidas, mas logo estarei bem. —Sol falou sozinha. —Eu e o Vicente terminamos e deixa-lo ir fez meu coração murchar como uma uva passa, está doendo tanto que mal posso respirar e parte de mim está vazia, mas eu não sou egoísta...

Sol tocou no rosto da sua amiga na foto e deixou uma lagrima cair, falando sozinha.

—Sinto sua falta e prometo voltar formada em uma das melhores universidades para esportistas do mundo e abrirei minha academia, eu voltarei, não sairei mais de perto da Liz, ajudarei toda minha família e serei muito feliz amiga, não se preocupe... —Sol sorriu, consentindo. —Farei isso por você e por mim Ceci, não irei desistir mesmo que eu precise endurecer como uma pedra para fugir da dor.

Sol levantou, limpou sua calça suja de grama, e encarou o tumulo.

—Até breve Ceci, eu te amo. —Sol enxugou uma lagrima e sorriu de longe para a foto da menina.

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