24: Sundae tropical

— Tá, então deixa eu entender. Vocês viram esse troço aqui? — questionou Theo, apontando para a figura do Khalifawe desenhada no Grimório.

— Não. A versão que apareceu pra gente era cinquenta vezes pior. — Bel respondeu.

— A nossa tinha olhos flamejantes em amarelo neon. — Completou Lia, dando um gole barulhento em seu milk-shake de limão.

— Limão? — Renan perguntou, apontando para a taça alta. Lia engoliu a bebida e respondeu:

— Melhor você se acostumar. As coisas que a Bel pede são muito piores.

— Ei! — Bel tentou se defender, mas como que invocada por mágica, Susana apareceu, com o figurino usual, camiseta amarela e jardineira lilás, trazendo um tipo de sundae que levava suco de laranja e sorvete, com os sabores de morango e leite condensado, que ela tinha escolhido.

— Eca! — Fez Renan, ao ver a taça. Bel deu um grande gole, em provocação.

Susana olhou em volta, e ao não ver nenhum cliente, sentou-se na ponta de um dos bancos, ao lado de Theo, repousando sua bandeja na mesa.

— Você não sabe da missa a metade. — Disse ela, se virando para o primo.

— A Susana foi incrível! — Bel comentou, empolgada.

— Ah, Bel, deixa disso, você também foi.

— E no fim das contas vocês trancaram o cara num pote de biscoitos? — Theo não se aguentou, e começou a rir.

— Você ri agora — protestou Lia, do outro lado dele — porque não viu a coisa com seus próprios olhos. A gente quase morreu, ok?

— Vocês podiam ter me contado! Eu podia ter ajudado.

— Você ajudou. — Susana rebateu. — Você ensinou tudo o que sabemos sobre a nossa família. Na verdade, se não fosse por você, a gente estaria no sal da goiaba.

— Verdade. — Anabel concordou.

Os sininhos da porta soaram estridentes. Marco entrou, usando jeans e um blazer preto – um blazer – na parte de cima, sobre uma de suas clássicas camisetas brancas.

O cabelo dele estava um pouco mais curto, e um pouco volumoso na parte de cima, como se ele tivesse passado gel, ou algo do tipo. Como sempre, seu perfume doce e gostoso o precedia.

— O que eu perdi? — Perguntou ele, sentando-se ao lado de Renan, no banco da parede. Ele conferiu as horas em seu relógio de pulso, e chacoalhou o braço para que ele se ajustasse do jeito certo.

— Nada demais. A gente falava sobre o Khalifawe. — Lia o atualizou.

— E como a gente prendeu ele num pote de biscoitos. — Bel completou.

— Vocês têm que admitir, essa foi uma ótima ideia. — Interveio Renan, que sempre queria levar os devidos créditos por sua ideia.

— Sempre bom ter uma pessoa formada em vilões de quadrinhos por perto — brincou Bel. Renan fez uma careta, debochando de brincadeira do comentário dela. Mas, em seguida, plantou um beijo em sua têmpora.

— Vocês me dão um pouco de náusea. — comentou Susana, com os cantos da boca retorcidos, numa tentativa de reafirmar o que disse. Bel tirou o canudo de sua taça, e bebeu o que sobrava pela borda, ignorando o comentário da irmã.

— Não, mas sério, a ideia do Renan foi boa mesmo. Quem ia pensar numa coisa dessas, gente? — Marco apoiou o amigo.

— Exato. — Renan concordou, agradecido.

(...)

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top