Prólogo | Quase Doce
PRÓLOGO
Minha respiração falha enquanto sinto todos os músculos do meu corpo se enrijecerem.
Eu devia ter imaginado que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Eu tinha silenciado minha mente, ignorado todos os sinais como se não passassem de exageros e dado a ele todas as chances para ver o quanto estava errado com relação às suas suposições sobre mim. Mas lá estava ele, provando que minha decisão havia sido a pior.
Sinto minhas mãos suarem. Não adianta que eu esteja puxando a voz do fundo da minha garganta para pedir que ele pare, porque ele simplesmente não é capaz de me ouvir.
Ele o está machucando muito e não sei como impedi-lo.
Fecho os olhos, me sentindo responsável pelo que está acontecendo. Sinto muito, ecoa em minha mente, apesar de eu não dizer em voz alta. Mas eu sei dentro de mim que a culpa não é minha. Talvez também nem seja culpa dele. Talvez não haja culpados ou, de alguma forma, todos sejamos culpados. Só que isso não importa agora. Eu só preciso pará-lo.
Eu me aproximo, tentando conter a onda de fúria que o domina.
- Para! - continuo gritando.
Toco o braço dele, esperando acalmá-lo, mas seu cotovelo me acerta com força, me fazendo cair no chão. Eu perco o ar, os barulhos externos diminuem e é como se o mundo tivesse parado, embora tudo em minha cabeça esteja girando.
- Clarice, Clarice! - ele repete desesperado e o som da sua voz é tudo que consigo ouvir em meio ao zumbido em meus ouvidos. - Clarice!
Ele se arrasta até mim e sinto quando seus dedos tentam se aproximar do meu rosto.
- Não me toca - rebato, repelindo-o com uma das mãos. - Não me toca nunca mais! - reforço, olhando em seus olhos com um misto de raiva e decepção.
Droga, eu estou com tanta raiva! Na verdade, eu o odeio nesse momento.
Odeio tê-lo amado um dia. Odeio que, por causa dele, eu tenha perdido parte de mim, achando que seria capaz de curar todas as suas feridas sem me importar em me machucar também. Odeio que, mesmo agora, com tudo o que acabou de fazer, eu ainda tenha um resquício de pena por ver o arrependimento estampado em seus olhos.
Nós se formam em minha garganta e sinto as lágrimas quererem invadir meus olhos. Engulo-as para dentro.
- Me perdoa, Clarice. - Ele leva as duas mãos à cabeça, movimentando o corpo para frente e para trás. - Me perdoa.
Ele está perturbado porque sabe que arruinou tudo e que não há mais volta. Assim como eu, ele também pode ver os pequenos cacos do que já fomos um dia espalhados sobre a superfície dos nossos sonhos que se tornaram tristes pesadelos.
Estamos estilhaçados.
Não posso mais ceder. Eu não vou ceder. Dessa vez, não posso simplesmente esquecer o que ele fez.
Sinto muito, mas não temos mais solução Victor Walter Vilela.
_______________
Iiihhhh!
D
ifícil, hein!
Espero que vocês estejam animados! Serão duas postagens por semana para que todos possam acompanhar com calma <3
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top