20 | Quase Doce

- Mas o que é isso?

Um ruído de protesto sai da minha garganta quando sinto algo se mexendo ao meu lado. Meus braços ficam vazios e todo o resto do meu corpo sente falta de um calor que estava aqui segundos antes de essa voz perplexa invadir meu sono.

Essa voz...

Ah, Merda! Uma compreensão me atinge e abro meus olhos imediatamente, lembrando exatamente de onde estou.

- Mãe, eu posso explicar... - Clarice começa tomada pelo pânico.

Vim para a casa dela ontem à noite e depois das confissões exaustivas e da maneira como ela me confortou, ficamos abraçados em silêncio. Acabamos pegando no sono e dormindo juntos sem perceber. Mas para mãe dela a coisa toda deve parecer muito mais do que foi.

- O que o Victor tá fazendo no seu quarto, Clarice? - A mãe dela exige saber.

- É que aconteceram umas coisas...

- Aconteceram umas coisas? - Verônica devolve com horror.

- Não esse tipo de coisa... É que ele veio ontem à noite e a gente perdeu a noção...

É nítido pela expressão da Verônica que a Clarice só está complicando ainda mais a situação.

- Verônica, eu prometo que tenho uma boa explicação, só dá pra gente cinco minutos, por favor? - peço com minha voz ainda rouca de sono.

A mulher está no batente da porta, os braços cruzados, olhando para nós como se não conseguisse acreditar no que está diante dos seus olhos. Imagino que para a mãe de uma menina tão na linha como a Clarice deve ser um choque se deparar com sua filha deitada na cama com um garoto, mas ainda que esteja brava Verônica assente concordando.

- Espero vocês lá embaixo em cinco minutos - decreta.

Assim que ela sai, Clarice solta um gemido desesperado e cobre o rosto com as mãos.

- Ei - eu me sento e abraço seus ombros -, não fica assim, não. Eu vou explicar tudo pra ela, tá bem?

Clarice mexe a cabeça para cima e para baixo. Dá para perceber que está bem constrangida, mas irei explicar a Verônica o que aconteceu e sei que ela vai entender que o que ela viu aqui foi puramente inocente.

*

- Isso é... - Verônica engole o nó na garganta. Os olhos dela estão marejados, mas ela pigarreia e continua: - Isso é bastante complicado, Victor. Sei que vai parecer idiota, mas como tá se sentindo hoje?

Eu e Clarice nos voltamos um para o outro. Ontem eu estava arrasado com tudo que meu pai havia contado e não consegui pensar em outra pessoa que me entenderia melhor do que essa menina. Alguma coisa me dizia que se havia alguém que poderia aliviar uma parte da dor que eu estava sentindo era ela. Não estava errado. Não é como se aquele vazio terrível tivesse sumido de vez, mas sem dúvida alguma eu me sinto mais leve.

- Bem. A sua filha tem o poder de fazer qualquer um se sentir melhor.

Sorrio para Verônica. A mãe de Clarice fita a filha e suspira.

- Eu vou deixar passar, Victor, porque você está num momento difícil, mas não façam mais isso. - Verônica estica os braços pela bancada e pega a minha mão e a da Clarice, alternando o olhar entre nós. - Quando você quiser dormir aqui é bem-vindo. Claro que não no quarto da Clarice - ressalta -, mas arrumaremos um cantinho pra você.

- Obrigado, Verônica, e saiba que eu sinto muito se de alguma forma eu desrespeitei a você e a esta casa. Não foi minha intenção.

- Tudo bem, querido. - Ela aperta minha mão. Em seguida, Verônica se vira e retira um bule do fogão. Vai até os armários, pega alguns potes e um filtro de papel. - Seu pai sabe que você tá aqui?

- Ele sabe que eu tô bem.

Verônica me olha por cima do ombro.

- Vou passar em casa antes de ir pra escola - eu a tranquilizo.

- Isso é bom, Victor. - O cheiro do café que Verônica está preparando se espalha pela cozinha e faz minha barriga roncar. - Mas antes coma alguma coisa.

Aceito o convite e tomo meu café da manhã com elas. Quando terminamos, Clarice me acompanha até a saída.

- Vai chegar atrasado para a primeira aula se passar em casa - ela diz com um sorriso e seus braços se entrelaçam ao redor do meu pescoço.

Enquanto me ajeitava para descer e durante uma parte da conversa com Verônica, tive medo de que os beijos de ontem tivessem sido apenas um momento de fraqueza para ela ou que tivesse feito por pena de mim. Mas a julgar por como ela está agindo comigo hoje, acho que estamos juntos de novo.

Eu abraço Clarice e ela ergue os olhos escuros para mim, sorrindo com tanta doçura que quase me faz perder o juízo. Estou louco por essa menina. Não consigo esperar o fim de semana para estar com Clarice, não depois de ficarmos separados o que para mim pareceu uma eternidade. Quero o tempo que perdemos de volta. Preciso muito tirá-la daqui e beijá-la, ter a boca gostosa dela na minha. A necessidade de sentir seu peito subir e descer contra o meu quando ela arfar, empolgada com o toque das minhas mãos em sua cintura, puxando-a para mais perto, toma conta de mim.

Apertando Clarice um pouco mais contra meu peito, aproximo meus lábios do seu ouvido e faço uma proposta:

- O que você acha da gente matar aula hoje.

Ela se afasta um pouco e arqueia uma sobrancelha.

- A gente tem prova na segunda aula, espertinho.

- A gente mata as outras.

- E como vamos sair? - me pergunta como se não acreditasse que pensei no assunto.

- Eu tenho um segredo, linda.

Ela parece curiosa para descobrir que segredo é esse.

- O que me diz? - insisto.

- Não sei, não...

- Você só faltou uma vez esse ano, uma segunda vez não vai te matar. Ou você é certinha demais pra isso?

Não sei se é o olhar e o tom de desafio que lanço a ela, mas Clarice acaba cedendo.

- Tá. Vou levar uma roupa na mochila, porque não rola ficar com esse uniforme se vamos sair por aí. - Ela grunhe e bate de leve no meu ombro. - Você tá me levando pro mau caminho, riquinho.

- Mas vai valer a pena. Prometo - volto a sussurrar no ouvido dela.

Adoro essa menina mais do que qualquer coisa e vou fazer esse dia ser inesquecível para ela. Tenho que compensá-la por ter sido um idiota ciumento e quase ter estragado tudo entre nós.

*

Chego a tempo para fazer a prova da segunda aula. Matemática nunca foi uma matéria difícil para mim, então não demoro a terminar e entregar a prova para o professor. Fico sentado no meu lugar, esperando que o sinal da terceira aula soe para que eu e Clarice consigamos sair da sala. Vou levá-la para comer numa cafeteria bacana que fica na cidade onde aconteceu a última competição de natação em que estivemos. Sei que ela vai gostar do ambiente. Além de o lugar parecer uma viagem até o século XIX, há uma minibiblioteca em que você pode pegar alguns livros para ler por lá e sei que só por ter livros a Clarice já vai ficar entusiasmada.

Tento pensar nisso e distrair minha mente do fato de eu ter me esquivado de dar de cara com o Clóvis quando pisei em casa. Não estou pronto para lidar com ele. Talvez ele não estivesse tão errado quando achou que eu não estava preparado para saber a verdade. Fico pensando que se ela não tivesse ido me buscar e me levar de volta naquele dia, ela poderia estar viva. Mas aí me lembro que ela escolheu ir embora. Se tivesse ficado conosco, então a história seria outra.

Só que ficar divagando sobre o que podia ou não ser não é algo saudável. Sempre repeti para mim que as coisas são do jeito que elas deveriam ter sido mesmo que não seja fácil assim aceitar essa lógica.

E não é. Só porque você sabe que uma situação estava predestinada a acontecer não quer dizer que possibilidades não irão se passar pela sua cabeça. O "se" está sempre presente.

Pisco os olhos ao sentir meu ombro ser cutucado e só então noto que muitos alunos estão de pé e o professor já saiu da sala.

- Essa prova tava facinha, facinha - Téo se gaba.

- É - concordo e me viro para o lugar em que Clarice senta, mas ela não está lá e dando uma conferida no resto do ambiente me dou conta de que ela já deve estar me esperando do lado de fora. - Cara, me faz um favor - peço ao Téo enquanto me levanto com a mochila nos ombros -, diz pro treinador que eu não tava bem e fui pra casa.

Téo franze as sobrancelhas ao me estudar.

- O que tá aprontando?

- Nada de mais - digo, mas meu sorriso malicioso me denuncia.

- Sei... - Ele ri.

- Digamos que hoje tirei o dia pra ficar com a minha garota.

- Fez as pazes com a Clarice? Entendi. - Ele bate nas minhas costas. - Cara, vai lá, eu te cubro.

Agradeço e encontro Clarice no corredor. Ela me fita como se sentisse culpada pela pequena travessura, mas eu a acalmo.

- Relaxa, eu já disse que você não vai se arrepender.

- Mas como a gente vai sair? - ela sussurra, olhando para os lados.

- Com isso aqui. - Pego uma chave no bolso lateral da mochila. - Cola na minha que você vai se dar bem, garota - brinco, fazendo Clarice rir e rolar os olhos.

- Você é maluco, Victor Walter Villela!

Não consigo pensar em outra definição para este lugar a não ser "uau"! Victor não estava brincando quando disse que tinha um lugar que eu ia gostar de conhecer. Já estive em cafeterias bem legais antes, mas as Starbucks da vida não estão nem perto de ser tão incríveis quanto esta aqui.

O lugar respira Era Vitoriana com suas xícaras delicadas, as mesas e cadeiras brancas e a decoração com leques na parede. O som ambiente é baixinho e instrumental e é como se alguém estivesse tocando piano ao vivo. A minibiblioteca é a coisa mais fofa e o primeiro cantinho em que vou é lá. Vejo tanto clássicos brasileiros como os livros do José de Alencar, Machados de Assis, quanto estrangeiros como Jane Austen, Charlotte Brontë e Dostoievsky.

Peço alguns docinhos que me parecem muito apetitosos e nos sentamos para comer. Depois disso, Victor me leva para conhecer a praça, que é encantadora, há até mesmo alguns patinhos nadando num lago próximo ao banco em que descansamos.

No fim da tarde, Victor me leva para a casa dele. Já está anoitecendo, então mando uma mensagem para minha mãe dizendo a ela onde estou para que não fiquei preocupada por eu não ter chegada em casa já que teoricamente esse seria o horário em que eu estaria saindo do colégio para pegar o ônibus.

- Hoje seria dia de aula se você ainda estivesse me ensinando poesia - Victor me diz com um sorriso lindo no rosto, enquanto me guia até o quintal de trás da sua casa. Estamos praticamente sozinhos, pois o pai de Victor tinha um compromisso, algo a ver com os negócios e Lídia ficou de visitar a irmã com as crianças, aproveitando que ela estava na cidade e tinha vindo de tão longe.

- Seria, é?

Ele assente.

- Era a melhor parte do meu dia, ir pra sua casa e encontrar você.

- Olha só, todo esse tempo eu achando que seu interesse era em poesia - brinco e abro um sorriso travesso.

- Você lembra o que eu te disse quando você conheceu esse lugar pela primeira vez? - ele me pergunta mudando o foco do assunto quando nos aproximamos da piscina.

Vasculho minha mente, mas não me lembro de nada que eu devesse ter guardado.

- Você vai me dizer?

Ele ri.

- Disse que um dia ia te trazer para nadar comigo.

- Mas esse dia não é hoje - digo, me afastando dele.

Victor me lança um meio sorriso e quando menos espero passa a camiseta pela cabeça, me dando a visão do seu peito nu e forte, então abre o botão do seu jeans. Antes que ele deslize a peça por suas pernas, cubro o rosto morrendo de vergonha e me viro.

- O que você tá fazendo? - minha pergunta sai num tom completamente desafinado.

- Qual o problema? Você já me viu competir tantas vezes e eu não tava usando nada além da sunga de banho. Qual a diferença?

- É muito diferente, Victor!

Escuto sua risada alta reverberar em meus ouvidos e só volto a me virar segundos após ouvir o barulho do seu corpo mergulhando na água. Engulo em seco quando me deparo com Victor me olhando, os braços cruzados sobre a borda da piscina.

- Entra - ele pede com uma voz baixa, mas ainda assim alta o suficiente para que minha pele se arrepie.

- Vai molhar minha roupa - digo, procurando fazer com que o ar volte a fazer meus pulmões trabalharem.

Os olhos dele varrem meu corpo e ele morde o lábio inferior. Victor me estuda com uma intensidade que faz minhas veias se agitarem e meu sangue começa a entrar em erupção, me deixando em chamas. Eu sei o que ele está sugerindo enquanto me fita assim e, por um segundo, me imagino fazendo isso, tirando cada peça de roupa, sob o olhar de desejo dele. Mas espanto o pensamento tão rápido quando surgiu.

- Não vai acontecer. - Nego com a cabeça e sorrio.

- Mesmo? - Victor umedece os lábios e os olhos azuis dele cintilam com um brilho perigoso.

- Mesmo - digo com firmeza.

- Tá bom - ele cede, erguendo as mãos em rendição. - Então entra de roupa.

- Eu vou ficar toda molhada - reclamo.

- Se você não entrar voluntariamente, vou ter que ir aí te pegar. - Victor dá um sorriso de canto e sua sobrancelha direita forma um arco.

- Ah, você não faria isso. - Dou risada, mas acho que essa foi uma péssima escolha de palavras, pois agora ele está me encarando como se eu o tivesse desafiado e ele estivesse disposto a jogar.

- Não. - Eu mexo a cabeça para os lados enquanto, lentamente, me afasto.

Eu o vejo pular para fora da piscina e quase engasgo com a visão dele usando somente uma boxer preta. É realmente parecido com os shorts de banho que ele costuma vestir nas competições e nos treinos, embora elas sejam mais cumpridas, mas ainda assim parece mesmo... diferente.

Passando as mãos pelos cabelos para tirar o excesso de água, Victor me olha com um sorriso malicioso e caminha até mim no mesmo ritmo em que me afasto dele. Aproveito que ele ainda está a uma distancia um tanto considerável e, tentando ganhar vantagem, eu me viro para correr e entrar em casa, mas Victor consegue me alcançar e agarra minha cintura. Quando me dou conta, estou com metade do corpo sobre seus ombros sendo carregada até a beira da piscina.

- Vai entrar, Clarice? - ele pergunta quando me coloca no chão.

- Victor, não! - reclamo, olhando para minha camiseta branca que já está molhada do seu corpo. - Olha o que você fez?

- Hmmm - ele geme. - Tô olhando.

Ah, meu Deus! É claro que a camiseta está transparente e eu coro ao perceber que dá pra ver o sutiã azul que estou usando.

- Não, não era pra olhar! Quero dizer, eu pedi, mas... - me embaralho toda e tento dar um soco em seu peito, mas ele segura meus punhos antes que eu o acerte e me puxa para mais perto dele, levando uma mão à minha nuca e colando sua testa à minha.

Meu primeiro impulso é empurrá-lo, mas desisto no segundo em Victor pega minha mão e a coloca sobre seu peito firme, me fazendo sentir as batidas aceleradas do seu coração. Os olhos dele estão fechados como se estivesse concentrado apenas em me mostrar como eu o afeto. Fecho meus olhos também e ficamos os dois apreciando o momento e toda essa eletricidade que nos circula. Ele move a cabeça e seus lábios roçam de leve nos meus. Victor desliza os dedos pelas minhas costas e eu suspiro. Então, ele se afasta de mim, deixando um espaço entre nós, o que faz com que eu sinta as partes sem ele ficarem frias.

- Clarice - sua voz me chama de volta do torpor causado pela sensação do momento e eu abro os olhos.

Victor está me fitando e eu demoro a decifrar o sorriso que se estende por seu rosto, até que tudo finalmente faz sentindo. Ele me pega no colo e eu solto um gritinho entendendo exatamente suas intenções, mas é tarde demais para fazer algo a respeito.

Sinto meu corpo todo afundar na água fria quando ele pula comigo em seus braços. É tudo tão rápido que mal tenho tempo para processar a queda e o choque. Levam alguns segundos até que eu retorne a superfície de novo.

- Seu filho da mãe! Seu... seu... - mal consigo achar um adjetivo para definir a ousadia dele.

Ele joga água em mim e eu estreito os olhos.

- Eu falei que ia te pegar. - Ele sorri travesso e, por mais que eu esteja tentando parecer irritada, não consigo manter a pose. Vê-lo com essa carinha de menino voltando à infância me desarma por completo. É como se quando está comigo ele se tornasse um garotinho de novo e meu coração transborda diante desse Victor.

- Bobo! - Jogo água nele também e ele faz um gesto negativo com a cabeça.

- Ah, menina, eu vou ter que te pegar de novo! - ele ameaça, os olhos cerrados.

- De jeito nenhum! - Balanço a cabeça, rindo.

Mergulho antes que ele apronte alguma e começo a nadar para a outra extremidade. Victor agarra meu tornozelo, mas eu o puxo de volta e nado até encontrar a parede. Lanço meu corpo para cima para recuperar o fôlego e me empenho em escapar mais uma vez, mas Victor me encurrala. Ele estende os braços um de cada lado do meu corpo, bloqueando minha passagem de forma que fico presa. Ainda estou rindo dele quando jogo água novamente em seu rosto para tentar desnorteá-lo.

- Trapaceiro! - Empurro seu braço, mas seus músculos ficam ainda mais rijos tornando difícil sair dali. - Isso não vale, Victor!

Ele nem dá atenção aos meus protestos. Chacoalha a cabeça e pisca por causa das gotículas presas em seus cílios. Victor crava seus olhos azuis em mim e eu é que fico desnorteada diante do brilho que vejo neles. Sei que o arrepio que atravessa minha coluna até a nuca não tem nada a ver com a brisa fresca que nos atinge. Meu sorriso de repente vacila.

- Victor...

Minhas palavras são silenciadas pela boca dele. Ele as engole para dentro de si e rouba meu ar. Rouba meus sentidos. Ele rouba tudo de mim e eu sou uma poça que escorre entre seus dedos, derretida com o toque das suas mãos. A língua dele invade minha boca e se enrosca na minha, produzindo uma sensação gostosa no meu estômago. Estou quase sem fôlego com a força com que seus lábios se movem sobre os meus. É como se tudo ainda não fosse o suficiente para ele.

Estou completamente inebriada quando as mãos de Victor vão até minhas coxas. Ele me impulsiona para cima e minhas pernas instintivamente rodeiam sua cintura e se apertam contra ele. Não sei mais se estou dentro de uma piscina ou de um vulcão porque de alguma forma aqui parece muito mais quente do que na superfície.

Victor se afasta um milímetro de mim. Ele tira os fios de cabelo que grudaram no meu pescoço e os substitui pelos seus lábios. Minhas mãos apertam seus ombros com força na tentativa de conter as ondas de calor que se alastram pelas minhas pernas, braços até a ponta dos meus dedos. Meu estômago se contrai como se minhas sensações se materializassem na forma de pequenas borboletas que dançam uma coreografia em mim. Solto um gemido baixo quando Victor beija a base do meu pescoço e toda a pele exposta do meu colo. Sua mão continua trabalhando, descendo pela minha cintura até o zíper da minha calça e imediatamente eu fico alerta. Me forço a abrir os olhos e encontrar minha voz.

- Vi-victor - ofego e coloco minha mão sobre a sua para que ele entenda o que estou pedindo.

Ele deixa meu pescoço com relutância e me olha fundo nos olhos, ainda está tão perto que é difícil raciocinar.

- Você não quer? - pergunta com a voz rouca e baixa.

- Nossa, sim, eu quero. Quero muito. - Sou incapaz de mentir enquanto meu peito sobe e desce com esforço em busca de ar. - Mas não desse jeito, nem aqui e nem agora. Victor, eu... - Mordo o lábio, me perguntando como ele vai encarar o que vou dizer. Nunca conversamos sobre isso. - Eu sou virgem, sei que você sabe. - Ele não diz nada, simplesmente aperta os lábios e espera até que eu coloque para fora tudo que preciso. - É claro que eu desejo você, não sou de ferro. Você é tão lindo... Mas eu não quero que minha primeira vez seja assim. Talvez possa soar bobo pra você e vou entender se não quiser seguir adiante nessa relação...

- Clarice...

- Deixa eu terminar, Victor - peço e ele se cala. - Sempre sonhei que seria assim. Sempre. Imagino uma lua de mel romântica, com meu esposo, a pessoa que pretendo que seja a primeira e única. Não quero mudar isso. Se você está esperando que a gente vá dormir junto antes... Não vai acontecer.

Abaixo a cabeça. Não sei se consigo aguentar se ele disser que o sexo importa. Vou me decepcionar muito com ele.

Os dedos de Victor erguem meu queixo. Não consigo fixar meus olhos nele, por isso fico reparando nas gotas de água em seus ombros que estão douradas por causa da luz. A respiração dele atinge meu rosto e eu fecho os olhos bem apertados, tentando conter as lágrimas que imploram para sair. De repente, me sinto muito melancólica.

- Olha pra mim, por favor - pede com a voz calma.

- Não consigo.

- Você consegue, eu sei que sim. Por favor - ele insiste suavemente e eu crio coragem para encará-lo. - Não tem problema, não importa pra mim - diz e sinto que está sendo sincero. - Eu espero, Clarice. Por você eu espero a vida toda. Além disso, a gente vai ficar junto pra sempre mesmo. - Ele pisca e sorri.

Abraço seu pescoço me sentindo aliviada e feliz. São esses momentos que me fazem ter a certeza de que estar com ele é a escolha certa. Victor pode não ser perfeito e inseguro demais, mas me ama de verdade assim como eu o amo e esse sentimento vai salvá-lo. Eu acredito que o amor pode curar essa ferida e trazer o melhor que ele tem dentro de si. Eu vou lutar por ele.

Victor me dá um beijo na testa e em seguida se afasta.

- Quer apostar nado comigo? - pergunta e indica a ponta da piscina. - Ganhei do meu pai ontem, mas posso te dar alguns segundos de vantagem.

- Olha como ele é generoso - ironizo e Victor solta uma gargalhada. - Tá bom, riquinho, vamos lá - digo e ergo o queixo.

Subo a escadinha. Minhas roupas parecem pesar uma tonelada e sinto o frio me envolver. Victor está logo atrás de mim e paramos um ao lado do outro. Ele sorri e eu penso que esse sorriso faz segundas chances valerem a pena.

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08/05/2022

Eu tinha planos para um livro dos dois na época, mas não criem muitas esperanças, entretanto, não vou deletar a capa e meu comentário porque é uma linda lembrança das minhas intenções kkkk

Esse capítulo foi um dos meus favoritos de escrever e espero que vocês tenham gostado, porque esses momentos fofos vão ficar mais escassos. (Nem sou ruim kkk)

Pra quem começou a ler por essa semana, seja bem-vinda (o). Gente, estou amando os comentários de vocês. Tô vendo que o V divide opiniões em alguns aspectos e é bom a gente ter as visões de vocês. Por enquanto estou só observando as reações, mas estou bem ansiosa para ver como vai ser a opinião geral no final e compartilhar com algumas coisas bem legais sobre QD.

Ah, e lá vai um BAITAAA spoiler feito pela NKFloro , que eu não consegui segurar!






Alguém aí ficou animado? Porque eu estou! Hahaha!

Meus leitores do coração, obrigada pelo apoio de vocês. Fico me divertindo muito de tão bacana que é essa interação. VOCÊS SÃO O MÁXIMO! Fiquem com beijinhos do V amado/odiado kkkkk

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