2 | Quase Doce
Estou cansado do treino, mas não posso faltar no meu primeiro dia de estudo com a Clarice. Além do mais, preciso pensar em minhas notas. Eu tenho que melhorar se quiser me formar e me afastar de tudo o que me incomoda. Preciso me manter comprometido.
Peço ao motorista da família que sempre vem me buscar depois dos treinos para que, em vez de me levar para minha casa, me leve para a de Clarice. Dou a ele o endereço, e ele conduz o veículo até um bairro de casas simples. Assim que chegamos, eu o agradeço e o dispenso, dizendo que posso voltar sozinho.
- Tem certeza, rapaz? - ele me pergunta, enquanto pego minha mochila e abro a porta. - O seu pai pode ficar preocupado.
Antes de descer, coloco uma das alças sobre os ombros e me viro para fitá-lo com um sorriso irônico.
- Duvido que ele vai perceber que não cheguei.
O motorista apenas franze os lábios, mas não diz nada. Ele é um cara legal e se importa comigo de verdade. É um pai incrível e seus filhos têm sorte por ele ser tão preocupado e presente. Houve um tempo em que eu desejava que o meu fosse do mesmo jeito.
Fecho a porta do carro e me despeço. Caminho pela calçada até o grande portão que dá acesso a casa de Clarice. Como não há campainha, bato palmas algumas vezes e chamo pelo seu nome. O portão se abre, revelando uma mulher jovem e muito bonita, de cabelos e olhos castanhos como os de Clarice. Ela franze a testa e aperta os olhos tentando identificar quem sou e o que quero.
- Victor Vilela - me apresento. - Eu não sei se a Clarice falou de mim, mas...
- Ah, o garoto para quem ela vai dar algumas aulas - ela me interrompe com um largo sorriso. - Entre, querido, eu sou Verônica, mãe da Clarice. - Ela estende a mão para me cumprimentar.
- Muito prazer, dona Verônica. - Retribuo o cumprimento, apertando a mão dela de volta.
- Pode me chamar de Verônica, sem o "dona".
Ela me lança uma piscadela e eu a sigo para dentro da casa. Verônica pede para que eu espere um minuto e fico parado no meio da sala, enquanto ela sobe uma escada que, imagino eu, leva ao quarto da Clarice. Aguardo, reparando no quanto o ambiente é acolhedor, bem diferente da minha casa, apesar de ela ser bem maior que esta. Há um grande vaso de plantas no chão, encostado à parede, ao lado de uma mesinha com um porta-retratos. Eu me aproximo para olhar a foto. A imagem é de Clarice abraçada à mãe e ambas estampam enormes sorrisos. Dá para notar que a foto foi tirada na pequena igreja que frequentam. Há crianças ao redor das duas, com gorros e casacos, segurando vários brinquedos e algumas delas olham para a câmera e também sorriem.
- Ela está no banho, mas já vem - a mãe de Clarice diz, fazendo-me voltar os olhos para o topo das escadas. - Praticamente acabamos de chegar da loja. - Verônica passa o dorso da mão pela testa. Ela parece cansada. - Venha até a cozinha e tome alguma coisa enquanto isso, querido - convida e me guia até o cômodo.
Eu a sigo pelo corredor. A mãe de Clarice é gentil e pede para que eu me sente à mesa.
- Eu só tenho suco de laranja. - Verônica rola os olhos, enquanto abre o armário e tira de lá dois copos. - Preciso fazer compras urgentemente.
- Tudo bem do... Verônica - digo, jogando a mochila ao pé do banco.
Abrindo a geladeira, ela pega uma garrafa de suco e enche nossos copos até a borda.
- E aí, Victor, Clarice me contou que você participa da equipe de natação. - Ela se senta à minha frente e desliza o copo até mim.
- Sim - confirmo. Pego o copo e dou um gole grande na bebida sentindo um pouco do amargo da laranja. - Sou o capitão.
- Que incrível! - Ela sorri e fala baixo como se fosse me contar algum segredo. - Eu fui capitã do time de vôlei nos meus anos de escola. Ah - ela suspira como se voltasse à lembrança daqueles tempos -, eu amava a adrenalina dos campeonatos!
- Sério? - Estou bastante surpreso. Clarice não poderia ser mais diferente.
- Eu sei o que você está pensando. - Ela faz uma careta e diz como se tivesse lido minha mente: - Nós não somos parecidas nesse aspecto. Ela nunca gostou de chamar a atenção para si mesma. Clarice gosta mesmo é de estudar e de se perder em seus livros.
Dou um meio sorriso. Clarice é uma nerd, mas não como as nerds que aparecem naqueles filmes americanos idiotas. O cinema te faz pensar que os esportistas são burros e que os inteligentes são estranhos, mas a vida real não é bem assim. Clarice é a prova de que meninas com cérebro podem ser absurdamente lindas. Ela poderia ser apenas mais uma patricinha desfilando pelo colégio, exibindo-se para os caras e procurando ser invejada pelas garotas. Mas ela não se importa com nada disso, porque sabe que existem coisas mais importantes. Ela pensa no futuro e vê muito além do que as outras pessoas.
Eu e Verônica continuamos conversando por algum tempo. Ela me conta mais sobre como ela era na época em que cursava o Ensino Médio. Descubro que meu professor de literatura inglesa - ironicamente o cara culpado por eu estar aqui - deu aulas de inglês para ela, quando lecionava em escolas públicas. Nós dois rimos quando ela me conta como os garotos se davam mal ao querer aprontar com ele.
- Você precisava ver a cara deles... Clarice! - Verônica se interrompe.
Eu me viro e vejo Clarice encostada à coluna que dá passagem para a cozinha. Um sorriso genuíno se abre em seu rosto quando me olha e percebo que ela carrega alguns livros e cadernos nos braços.
- Eu estava aqui contando para o Victor algumas bobagens dos meus tempos de aluna.
- Ela te contou que era uma garota muito popular? A maioria dos rapazes queria namorar com ela. - Clarice ergue uma sobrancelha para mim e aquele sorriso genuíno continua lá.
- Não precisa exagerar! - ela fala como se Clarice estivesse realmente exagerando, mas eu imagino que ela realmente devia fazer bastante sucesso. Ainda agora, depois de uma filha e um divórcio, a mãe de Clarice continua muito bonita com a aparência de uma atleta.
- Acho que sua filha não está exagerando, com todo respeito, Verônica.
A mãe da Clarice abana a mão e revira os olhos e eu sorrio porque ela e a filha parecem não se abalar com nenhum elogio.
Levanto-me, pegando minha mochila e caminho até Clarice para ajudá-la.
- Obrigada - ela murmura quando eu pego alguns materiais, deixando seus braços mais leves. - Tudo bem se estudarmos no quintal dos fundos? - pergunta.
- Onde você quiser para mim está ótimo.
- Crianças - a mãe de Clarice chama nossa atenção antes de nos retirarmos -, eu estarei na sala caso precisem de alguma coisa.
Clarice assente e me faz acompanhá-la até o quintal, um espaço grande com uma parte coberta. Ela coloca os livros sobre uma mesinha redonda de madeira e eu faço o mesmo. Deixo a mochila no chão e, puxando uma das cadeiras, eu me sento. Por curiosidade, vou pegando alguns livros e me deparo com um volume de bolso bastante conservado, apesar de visivelmente velho, de capa vermelha e dura. No topo, em letras douradas, está escrito "Poemas de Emily Brontë".
- Sério? - Viro a capa para que ela veja ao que me refiro.
- Por que não seria? - Clarice se senta e me encara com uma sobrancelha erguida.
- Você tem alguma obsessão por essa autora?
- Ela é incrível, Victor - defende Clarice com bastante energia. - Como você pode não gostar de um clássico? - Ela parece sinceramente chocada.
Dou um sorriso torto para ela, reclinando-me no espaldar da cadeira de forma relaxada.
- E o que torna esse livro um clássico? - questiono, atento a suas feições.
- Primeiro - Clarice enumera, ajeitando a postura -, o fato de ele ter sido escrito há tantas décadas. Segundo - continua, sem tirar os olhos dos meus -, pela importância que teve para a sociedade, causando grande furor em seu tempo.
- Partindo desse ponto - rebato, sem tirar o meio sorriso dos lábios, os braços cruzados sobre o peito -, daqui a uns cem anos Cinquenta Tons de Cinza será um grande clássico da literatura por, em nosso tempo, ter causado grande furor?
Sei que não devia gostar tanto disso, mas estou amando como fiz Clarice ficar sem palavras. Ela abre a boca e a fecha algumas vezes, sem emitir qualquer som e percebo que desiste do que quer que fosse dizer.
- Você me pegou, Victor. - Ela se inclina e toma o livro de poema das minhas mãos. - Mas não pense que vai ficar com esse sorrisinho no rosto por muito tempo, porque eu logo vou tirá-lo daí - ameaça com uma expressão maquiavélica.
- Ora, ora - eu rio -, temos alguém aqui que não sabe perder.
Clarice faz uma careta, coloca o livro de poemas de volta à pilha e pega outro tão velho quanto o que eu estava segurando há poucos minutos, porém muito mais desgastado na capa.
- Vou te apresentar aos poemas de Rebecca Kingsbury - ela diz, abrindo o livro. - Vamos ver o que você sabe.
☆
Clarice está me observando, com o cotovelo sobre a mesa e a mão entre os cabelos, enquanto eu leio como ela me pediu. Assim que termino, percebo que suas sobrancelhas estão franzidas.
- Foi tão ruim assim?
- Péssimo. - Ela sequer hesita. - Você conseguiu entender alguma coisa do que leu? Quero dizer, as palavras foram pronunciadas corretamente, mas você conseguiu mesmo entender?
- Eu não sou bom com isso, Clarice - digo e esfrego a nuca.
- Tente - ela insiste.
Solto o ar, aborrecido ao pensar que só estou me esforçando assim porque sou burro demais por achar que poderia me dar bem em qualquer coisa.
Releio o poema antes de tentar responder de novo, só que dessa vez apenas em minha mente.
Um pássaro voa
Na linha que divide dois caminhos.
Suas asas quase tocam o chão,
E o céu está demasiado longe.
Mas há um pássaro.
E ele voa,
Voa,
Ébrio,
Porque pode alcançar o céu.
Faço isso pelo menos mais três vezes, e a cada uma delas parece que os significados se embaralham, deixando-me muito mais confuso que antes. Se isso é o mais simples não quero nem pensar quando chegarmos ao mais difícil.
- Eu não tenho ideia do que quer dizer. - Paro para pensar por alguns segundos. Um pássaro voando ébrio... Que merda isso significa? - Ela tá bêbada e delirando sobre ser um pássaro?
Silêncio.
Clarice não diz uma palavra e não consigo ler nada em sua expressão impassível, então estou me perguntando se minha resposta foi tão idiota assim, porque eu realmente preferia que ela demonstrasse alguma emoção. Porém, tudo que ela faz é se inclinar para pegar o livro de volta, colocando-o à sua frente.
Em poucos segundos, o som da sua voz é o que preenche o curto espaço de tempo em que ficamos em silêncio. Clarice começa a ler com ritmo, de um jeito completamente diferente do meu. Eu estava mais para um dançarino desajeitado, tropeçando sobre os próprios pés, enquanto Clarice está mais para uma bailarina profissional, executando seus passos com leveza e segurança. Fico olhando-a mover os lábios e recitar aquela estrofe como se tivesse sido escrita por ela mesma. Acho graça em sua delicadeza, mas não rio, porque sei que ela vai interpretar o meu riso de forma errada, então me controlo e apenas fico apreciando-a. Continuo sem entender metade do que aquelas palavras querem dizer, mas posso afirmar que é algo significativo e intenso. Sinto o impacto, mesmo que nem tudo esteja claro em minha mente.
Assim que termina, ela ergue os olhos do livro e os direciona a mim.
- Eu sei que parece bobo - ela diz e eu devolvo um olhar incerto para ela, perguntando-me se em algum momento transpareci não estar gostando de ouvi-la. - Mas o jeito como você lê um poema faz toda a diferença no momento de interpretá-lo.
Aaah. Faz sentido.
- Apesar da forma irregular, você precisa respeitar a pontuação - ela continua e seus olhos ainda estão sobre mim, mas com um quê de curiosidade. - Você consegue me dizer agora como se sente?
- Tá - concordo e tomo fôlego porque dessa vez eu não quero parecer tão burro. - Ainda estou confuso com o poema, mas consigo sentir angústia e ao mesmo tempo esperança.
Acho que dessa vez cheguei perto, pois Clarice abre um sorriso orgulhoso.
- Quando você vê um pássaro, no que pensa?
- Liberdade - respondo de imediato.
- Exato! Pássaro simboliza liberdade e esperança - explica. - Quando ela diz que ele voa sobre a linha que divide dois caminhos, está querendo dizer que precisa fazer uma escolha.
Clarice faz uma pausa. Assim que retoma sua fala, não está mais olhando para mim e, na verdade, não está olhando para nada. Está num mundo somente dela e começo a pensar que aquele poema tem para ela algum significado muito profundo.
- "Suas asas quase tocam o chão" significa que ele está voando muito baixo, que está inseguro. Depois ela diz que o céu está longe, mas que há um pássaro que voa ébrio, porque, mesmo parecendo distante, pode sonhar. Ele voa, ou seja, tem a possibilidade de conseguir alcançar aquilo que deseja. Só precisa estar preparado.
Quando para de falar, aproveito para analisar seu rosto. Clarice está com os olhos baixos, o dedo indicador fazendo círculos imaginários sobre o tampo de madeira da mesa. Paro para refletir sobre as palavras dela, dando-me conta de que ela parece estar falando mais de si mesma do que da poesia. Por isso não penso muito quando decido perguntar a ela a respeito.
- E o que falta pra você se sentir preparada, Clarice?
Ela parece sair de seu transe quando ouve minha voz, e olha para mim, surpresa. Não desvio meus olhos dos dela. Apenas espero. Quero muito saber o que faz essa menina pensar que já não está pronta para o que quer que seja.
- Não sei se quero mesmo sair daqui, Victor - ela confessa. - Eu amo minha vida e não sei se estou pronta para deixar esse lugar ou minha mãe...
Aí está algo que não temos em comum. Não há nada que me prenda nesta cidade. Quero me afastar de tudo e principalmente do meu pai, da sua nova família e da felicidade que ele nunca foi capaz de construir quando éramos apenas nós dois, porque nunca fui o bastante para ele - nem perto disso. Às vezes chego a pensar que não somos do mesmo sangue. Parecemos estranhos um para o outro de uma forma que, eu odeio admitir, dói.
- Mas não é como se eu também não quisesse conhecer outros lugares e entrar numa boa faculdade - ela diz, cortando meus pensamentos.
Olho para Clarice. Não sei como é a vida dela, mas pelo pouco que presenciei da interação das duas e pelo sorriso que vi naquela foto onde elas estão abraçadas, me parece que ela mantém uma boa relação com a mãe. Se eu tivesse o que ela tem talvez também estivesse em dúvida.
- Você possui asas, Clarice, e sei que quando escolher seu caminho, não importa qual seja, vai alcançar o céu.
O rosto de Clarice adquire um tom de rosa que faz meus lábios se curvarem num meio sorriso involuntário. Os lábios dela estão sorrindo também, mas timidamente e os olhos brilham de um jeito que faz com que seja muito difícil desviar os meus. Ela tem longos cílios escuros e dá para notar que são naturais e não precisam dos artifícios que algumas mulheres usam para deixá-los maiores. A pele dela parece macia e preciso controlar meus dedos que sentem uma necessidade urgente de tocá-la para conferir se estou certo. Caramba, Clarice é linda, mas... Caramba! Olhando para ela assim, tão de perto, sinto meu corpo inteiro vibrar e não tenho muita certeza de que esse seja um bom sentimento.
Eu me endireito na cadeira e torno a ficar sério, porque não posso me distrair. Se eu começar a me interessar pela Clarice desse jeito, tenho a sensação de que não vou mais conseguir me concentrar em nada. Na verdade, acho que já passei tempo demais aqui e ir embora é o melhor que eu posso fazer.
- Será que já chega por hoje? Estou um pouco cansado.
- Claro - ela concorda e algo na sua voz parece me dizer que ela lamenta que eu já esteja indo.
Nem procuro analisar isso.
Nós dois nos levantamos e, mesmo insistindo que não é necessário, eu a ajudo a recolher os livros, deixando-os sobre uma prateleira na sala. Antes de sair, despeço-me da Verônica e Clarice me acompanha até a porta. Caminho em direção ao ponto de ônibus e, durante o percurso, volto a me perguntar se ter aulas com Clarice foi uma boa ideia. Chego a conclusão de que, se apenas algumas horas com ela fizeram com que eu me questionasse sobre isso, é porque já tenho a resposta.
☆
Gritinhos infantis me recebem quando entro em casa. Pedro e Maia estão correndo pelo corredor ao mesmo tempo em que Lídia pede para que eles parem.
- Victooor!!! - Maia, a mais nova, esbarra em minhas pernas. Ela passa os bracinhos ao redor delas e ergue o rosto para mim com um sorriso enfileirado por dentinhos pequenos.
Sorrio de volta e bagunço seus cabelos muito loiros e lisos. Sou incapaz de resistir a essa garotinha, porque, por mais que eu tenha minhas desavenças com meu pai, sei que essas crianças não têm culpa. Pedro se aproxima, mas mais contido. Eu bagunço seus cabelos também e ele se encolhe, fazendo-me rir.
- Que bom que chegou, Victor - diz Lídia suavemente.
Sorrio para ela, mas meu sorriso se desfaz quando vejo que meu pai está ao seu lado. O problema não é ela, mas ele. Clóvis parece muito mais relaxado do que sempre foi com essa calça jeans e a camiseta azul. Era muito difícil vê-lo assim antes de Lídia. Na maior parte do tempo, ele estava sempre sério.
- Por que demorou? - ele me pergunta.
Como se você realmente se importasse, pai.
Exibo para ele um sorriso presunçoso.
- O que foi, Clóvis? Quer fingir para a Lídia e seus filhos que é um pai preocupado?
- Victor! - ele repreende com firmeza.
- Estou dizendo alguma mentira?
A expressão em seu rosto é dura quando segue até mim, parando à minha frente.
- Você está na minha casa e vai aprender a respeitar a mim, a Lídia e a seus irmãos.
Solto o ar com deboche e nós dois ficamos nos encarando como se estivéssemos duelando. Lídia e as crianças apenas observam a cena. Nenhum de nós quer ceder e eu não vou dar a ele o gostinho de saber o quanto me afeta o fato de que seu amor por eles me magoa, e não porque eles não mereçam ser amados, mas por eles terem mais do que eu jamais tive em toda uma vida com ele.
- Está tudo bem, Clóvis. - Lídia pousa uma mão em seu ombro, tentando apaziguar o clima ruim que se instalou no ambiente.
Alguns segundos demoram até que meu pai solte o ar e relaxe os ombros.
- Vamos jantar... Todos nós juntos? - ela propõe olhando de mim para ele com o olhar esperançoso.
- Desculpa, Lídia, mas estou cansado - digo com uma voz branda para que saiba que isso não tem nada a ver com ela. - Vou para o meu quarto.
Ajeito a alça da minha mochila sobre os ombros e sigo para as escadas, mas meus passos são interrompidos pela voz do meu pai em meus ouvidos.
- Você ainda não disse onde esteve, Victor.
Eu me viro. Não quero perder meu tempo brigando com ele, então respondo, impaciente:
- Eu estava estudando com uma amiga.
- Que amiga?
- Clarice Lima de Castro. Satisfeito? - Ergo a sobrancelhas.
Meu pai dá um sutil e quase imperceptível menear de cabeça e eu desapareço de sua visão antes que ele tenha tempo para dizer ou perguntar mais alguma coisa. Não sei por que ele resolveu dar uma de bom pai agora, mas eu não vou facilitar as coisas só para ele parecer alguém que não é para Lídia e seus novos filhos.
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"Um Pássaro Voa", de Rebecca Kingsbury, personagem fictícia de Assim Como És.
Oi, pessoal. Espero que estejam gostando. Vou tentar postar Terças e Sextas para não ficar apertado para vocês.
Se você está curtindo não deixe de votar e comentar, pois não custa nada e ainda faz uma pessoa feliz ♡
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