19 | Quase Doce

--> EU FIZ MERDAAA <--

LEIAM COM ATENÇÃO: Se você está lendo isso depois do dia 08/05/2022 pra você nada mudou, mas se você leu o capítulo 18 antes dessa data preciso pedir um favor. Eu postei o arquivo errado e no anterior a Clarice fazia as pazes com o Victor. Foi um erro, desconsiderem. Finjam que não aconteceu, porque senão nada nesse capítulo vai fazer sentido kkkk Eu preço desculpas, foi desatenção =(

- Estou certa, Victor? - Luana pergunta. Concordo com a cabeça. Nem sei direito sobre o que ela e o pessoal estão falando, mas para ser sincero não estou interessado.

Tenho estado distraído. Por um lado estou feliz que meu pai e eu estejamos conseguindo nos entender melhor. Gosto de fazer perguntas a ele sobre algumas informações relacionadas à minha mãe e ele tem respondido a todas como me prometeu. Ainda não tive coragem de tocar no assunto sobre os motivos de ele ter ficado tanto tempo em silêncio, mas sei que em algum momento eu terei de fazê-lo. Sinto que ainda há segredos e não quero mais isso.

Apesar dessa parte da minha vida estar começando a entrar nos eixos, minha relação com a Clarice está em declínio. Ela lê minhas mensagens e as ignora e nas poucas vezes que tentei ligar, ela não atendeu. A garota tem me evitado como se eu fosse uma maldita doença contagiosa. Só que eu sei que ela não é tão indiferente a mim, às vezes ela não consegue evitar e me procura com os olhos. Sei que é de propósito porque ela sempre fica sem jeito quando percebe que também estou olhando para ela.

- Já disse que discordo - Téo repete enfático.

- Mas o Victor não - aponta Luana.

- Ele tá na Matrix, Lulu! O cara não deve saber nem que dia é hoje! - meu amigo zomba e faz um ruído desdenhoso.

- Admite a derrota, KitKat. - Luana dá uma risada zombeteira. - As garotas do vôlei carregam essa escola nas costas. - Ela se apoia em meu ombro com as duas mãos e abre para mim um sorriso sugestivo.

Penso em me afastar, porque não gosto desse contato, mas quando vejo Clarice e Bárbara andando devagar pelo corredor, conversando e rindo, e um garoto de outra turma com um braço ao redor dos ombros das duas, meu estômago queima. O garoto joga um beijo para as meninas e pisca para Clarice antes de virar o corredor. Bárbara coloca a mão no coração enquanto Clarice fica lá, sorrindo.

Você vai deixar isso assim?, a voz na minha cabeça sussurra. Ela te esqueceu tão rápido.

Meu peito está ardendo de raiva. Então é por isso que ela não me respondeu ou me atendeu? Estamos bem na porta, e não tem como a Clarice não passar por mim. Ela não vai me ignorar dessa vez. Assim que ela olha em minha direção, eu me recosto ainda mais na parede e cruzo os braços. Chego meu ouvido um pouco mais perto dos lábios de Luana e rio do comentário bobo que ela faz sobre algo relacionado ao time como se fosse a piada mais engraçada que já ouvi.

- Lulu - murmuro de um jeito charmoso e toco a ponta do cabelo dela.

- Tem como os ratos darem licença ou vou ter que chamar um dedetizador? -Bárbara intimida com sarcasmo escorrendo por todos os poros.

Passo um braço ao redor de Luana, puxando-a para mais perto de mim e abrindo passagem para elas entrarem. Bárbara atravessa esbarrando em Luana que reclama e se aperta ainda mais contra mim. Já Clarice é muito mais delicada. Ela passa por nós de cabeça erguida, mas faz questão de não encostar em nenhum de nós. Quando se vira por um instante e nossos olhares se encontram, antes que eu possa pensar sobre isso, pisco e sorrio para ela do jeito mais arrogante que sou capaz. A decepção estampa seu rosto e seus olhos brilham com um tipo de raiva que eu nunca a vi sentir. Ela vai para o seu lugar sem dizer nada.

- Nossa, que meninas infantis - diz Luana, revirando os olhos.

Téo me encara de um jeito que eu prefiro nem definir. Ele parece desaprovar o que acabou de acontecer, mas eu sorrio e dou de ombros, ignoro a sensação esmagadora em meu peito e o fato de que fazer Clarice experimentar exatamente como é estar com ciúmes não faz eu me sentir nem um pouco melhor.

*

Jogo a mochila no chão e me deito na cama tentando não pensar na "maravilha" de dia que tive hoje. Não sei como, mas o treinador soube da minha briga com Samuel. Não acho que ele tenha contado, pois quando Sérgio começou a falar sobre a importância de se haver harmonia em equipe e todo aquele lengalenga de sermos um time dentro e fora das piscinas, ele pareceu tão surpreso quanto eu. Fora isso, Luan está tendo dificuldade com o nado de costas. Estou tentando lembrar o motivo de eu e o treinador termos escolhido ele para o time, mas a verdade é que, embora todos sejam bons, nenhum é tão talentoso quanto o Téo.

Como se não bastasse tudo isso, ainda estou chateado comigo mesmo pelo que fiz. Clarice não olhou nenhuma vez para mim hoje depois daquilo e sinto que a estou perdendo de verdade. Não quero ficar pensando nisso. Falar com o Clóvis talvez seja bom para afastar meus pensamentos dela.

Troco de roupa antes de procurar pelo meu pai. Ele não está no quarto, nem na sala, mas Lídia com as crianças sim, então pergunto para ela se sabe onde posso encontrá-lo.

- Está lá no jardim tomando um banho de piscina. - Agradeço e ela assente e, com um olhar afável, diz algo sobre estar feliz por eu e ele estarmos conseguindo finalmente conversar.

Como ela disse, Clóvis está no jardim. Ele permanece relaxado, deitado numa das cadeiras, um braço cruzado atrás da cabeça, distraído.

- Que tal? - ele pergunta quando me aproximo e indica a piscina.

- O quê? Você quer competir comigo? - Dou uma risadinha provocativa.

Clóvis se levanta e ergue a sobrancelha em desafio.

- Eu também era muito bom na sua idade e... - Ele alarga o sorriso. - Ainda sou bom pra cacete nisso.

- Tá bom, vamos ver.

Tiro a calça e a blusa. Ambos temos músculos definidos e ombros largos. Sou apenas um pouquinho mais baixo que ele, mas ainda tenho uns dois anos para chegar à sua altura.

Nós dois contamos até três juntos e nos jogamos na água ao mesmo tempo. Fazemos a ida e volta até a ponta da piscina. Ganho dele por alguns poucos segundos e com um fôlego bom enquanto ele está um tanto ofegante. Ainda assim, tenho que reconhecer que para alguém que não pratica nado constantemente, ele foi muito bem.

- Garoto, ninguém te ensinou cortesia? Podia ter deixado seu pai ganhar - ele brinca.

- Na próxima te dou mais três segundos de vantagem.

Ele sorri e bate amigavelmente nas minhas costas. Ainda temos um pouco de dificuldade com essa coisa de demonstrar os sentimentos, mas estamos nos esforçando.

Clóvis sai da piscina e eu faço o mesmo. Ele me estende uma toalha e eu me seco, enquanto nos sentamos nas cadeiras. Uma confortável quietude se estabelece. O ruído de uma cigarra, o som do vento e um leve barulho de vozes soando um pouco distante são tudo que ouvimos. Meus pensamentos voltam a ganhar vida, embora em outra direção. Eu me pergunto por que nunca tivemos isso antes.

- Clóvis. - Ele volta seu rosto para mim, mas eu fico mudo.

- Pergunte, Victor - ele incentiva.

- Por que você nunca tentou se aproximar de mim antes? - solto logo de uma vez. - O que aconteceu naquele acidente de verdade? - Não sei se uma coisa tem ligação com a outra, mas são dúvidas que rondam minha cabeça e preciso saber.

Clóvis adquire uma postura mais dura.

- Você quer respostas e eu vou ser sincero com você. - Ele coloca a mão atrás da nuca como que para aliviar a tensão. - Tudo que sabe sobre o acidente é verdade, Victor. Ela estava vindo para cá quando o carro se chocou com o caminhão. Mas o que você não sabe é que... - Ele faz uma pausa para recuperar o fôlego. Dá para notar o quão é penoso para ele falar sobre o assunto, mas não posso pedir para que ele pare. - Bom, a sua mãe estava te trazendo de volta para minha casa.

- Como assim? Essa casa é dela também - digo um pouco rude.

- A sua mãe havia nos deixado há algum tempo, Victor. Ela não estava mais morando conosco, mas com o meu melhor amigo. Eles tinham sido amantes por um ano e ela resolveu que queria largar tudo para ficar com ele. Essa casa não era mais dela.

- Não estou entendendo. - Rio nervoso.

- Eu sei que está confuso. - Clóvis passa compreensão ao colocar uma mão em meu ombro. - Mas apesar de te amar, sua mãe era apenas humana. Senti raiva dela por muitos anos mesmo depois do acidente e tive dificuldades em lidar com as suas perguntas, Victor. Você não se lembrava de nada e eu odiava ter que recordar tudo de novo, então me afastei de você para proteger meu coração e esqueci que estava ferindo o seu.

Estou sem reação diante do que Clóvis está me dizendo. Nada disso pode ser verdade. Minha mãe nunca me deixaria por outro cara.

- Não... - Eu me levanto em negação. - Tá mentindo pra mim.

- Queria estar.

- Como ela pôde fazer isso? Não pensou nem no próprio filho.

- Ela se sentia presa e hoje eu entendo. - Clóvis se levanta e olha fundo nos meus olhos. - A Elle sempre fez o que os pais queriam e quando se casou comigo, não acho que me amava o bastante, mas ela pensou que sim. Quando encontrou outra pessoa que deu a ela as asas que eu nunca pude, ela simplesmente voou. Elle sempre, sempre te levou com ela.

- Não, ela me abandonou, não vamos mascarar isso com palavras bonitas.

Não consigo mais ficar aqui. Estou desolado por saber que até mesmo minha mãe deixou a gente nessa casa para viver seu romance sórdido. Agora percebo o quanto Clóvis estava certo, porque de todas as possibilidades que se passaram pela minha cabeça nenhuma chegou perto disso.

- Você está bem? - Clóvis parece preocupado.

- Preciso de um tempo - digo, mas quando saio dali e chego em meu quarto, me dou conta de que preciso de muito mais que isso.

Eu preciso desabafar com alguém.

Estou tentando seguir o conselho de Bárbara e permanecer forte. No dia em que ela presenciou aquela cena infeliz entre Victor e Samuel, eu não esperei por mais nenhuma das reações dele. Puxei minha amiga para qualquer lugar longe dali e chorei. Contei tudo a ela. Desde o que houve naquele dia até o jeito como Victor havia me ignorado dá vez em que me chamou para sair com ele e seus amigos. Bárbara não me recriminou por guardar segredo, mas me disse várias coisas que me fizeram pensar.

- Clarice! - Minha mãe me chama e percebo que já deve ser a quinta vez.

- Oi?

- Você anda muito distraída! - Ela estala a língua.

- Muitas atividades no colégio - é a minha desculpa.

- Sei... - diz sem muita convicção.

- Acho que vou dormir. Estou muito cansada.

Sorrio para minha mãe antes de subir para o quarto. É difícil, mas não estou a fim de contar para ela sobre como me sinto, apesar de desconfiar que no fundo ela sabe. Mamãe me conhece bem e tenho certeza de que sabe que essa alegria forçada é apenas uma fachada. Mas não me pressiona para falar sobre o assunto. Está me dando um tempo para processar tudo primeiro e ir até ela espontaneamente. Só que se eu não fizer isso logo ela vai me encher até que eu conte a ela o que houve comigo e o Victor.

Coloco meu pijama e deito na cama. Tento dormir. Tem sido difícil cair no sono esses dias quando tudo que vejo quando fecho os olhos é Victor. Os nossos beijos, abraços, conversas e momentos gostosos preenchem minha mente e me consomem. Estou ansiosa, aflita e angustiada e depois da cena de hoje, quando eu o vi com a Luana...

Uma lágrima escorre pelo canto do meu olho. Nunca pensei que alguém pudesse significar tanto assim para mim a ponto de abalar o meu mundo inteiro. Eu me sinto tão idiota por ainda amar o Victor, mas não é como se sentimentos fossem peças que você pode simplesmente desencaixar do peito e jogar no lixo.

Minhas divagações voam para longe quando a tela do celular se ilumina. Estico o meu tronco e o braço para pegá-lo de cima do criado-mudo e deixo o aparelho cair em meu colo quando vejo o nome do Victor brilhando.

Não vou atender, não vou atender, não vou atender...

A ligação termina, mas sinto quando uma mensagem chega. Faço força para resistir, mas estou tão curiosa! Ignorando o bom senso, desbloqueio a tela e descubro que há trinta e duas mensagens não lidas somente de Victor. Meus dedos coçam para abri-las e, embora eu saiba que não devo, não consigo resistir e entro no WhatsApp para vê-las, decidida a visualizar e deixá-lo no vácuo eterno.

As mensagens consistem em Victor me perguntando se podemos conversar e dizendo que precisa muito falar comigo. Antes que eu termine de ler tudo, ele me liga novamente. Minhas mãos começam a tremer enquanto decido o que fazer. As Clarices dentro de mim conflitam. Ele não merece o mínimo da minha atenção, mas... Quero tanto ouvir a voz dele. E se algo grave tiver acontecido? Ele nunca me ligou tantas vezes seguidas.

- O que você quer? - pergunto bem ríspida ao atender.

- Clarice, por favor, podemos conversar? - pede. Sua voz grave em meu ouvido faz minha circulação aumentar e os tremores nas mãos se espalham para todo o resto junto com os arrepios que eriçam meus pelos.

- N-não... N-não... - Paro. Recupero o fôlego e tento soar firme dessa vez. - Não é uma boa ideia. Me esquece.

- Por favor - ele implora. - Sei que tá magoada comigo, mas hoje, pelo menos por hoje, eu preciso que você seja minha amiga. Só minha amiga. Eu não tenho mais ninguém, Clarice. O Téo... Ele é meu irmão, mas isso não dá pra falar com ele.

Levo o celular ao peito ciente demais da urgência em seu tom de voz. Eu não deveria ceder ao seu pedido, mas Victor parece precisar tanto de mim.

- Tudo bem - eu concordo. - A gente pode conversar.

- Você pode descer aqui?

- Quê? V-você... Você tá aqui? - Ele confirma e meu coração dispara. - Tá eu... Eu vou aí.

Mamãe já está dormindo, por isso tento não fazer muito barulho ao sair do quarto. Não ligo os interruptores e faço tudo com a luz da lanterna do meu celular a não ser quando vou até a cozinha e a sala. Acendo as luzes, procuro as chaves e abro a porta e depois o portão onde o Victor esta esperando.

Ele se vira no mesmo segundo em que ouve o barulho e é instantâneo: seu olhar derruba minha resolução que cai como um muro de tijolos despencando de uma vez. Há tanta tristeza ali e algo me diz que não tem apenas a ver com o nosso término.

- Desculpa, eu não... Eu só... - Ele morde o lábio e inspira como se estivesse fazendo um grande esforço para fazer o ar chegar aos seus pulmões. - Eu não tenho mais ninguém que... - Ele inspira de novo com a mesma dificuldade e tudo que quero fazer agora é abraçá-lo e dizer que seja o que for que ele está passando e o que o trouxe até aqui não vai durar. Mas eu nem sei o que está acontecendo. Não vou repetir a ele frases prontas e bonitas, pois sei que se ele estivesse procurando promessas vazias não teria vindo até mim.

- Victor? - murmuro.

- É sobre a minha mãe, Clarice... Ela... Eu tava tão iludido. Todo esse tempo eu... - ele parece tão perdido nas palavras e eu não sou capaz de ficar um segundo a mais ali apenas presenciando sua dor sem tomar alguma atitude.

- Ah, Victor! - Ergo meus pés e coloco meus braços ao redor dele, trazendo-o para o conforto do meu abraço. Ele se entrega, me apertando com força como se eu fosse uma boia na qual ele precisasse se agarrar desesperadamente para não se afogar e eu sei que preciso resgatá-lo do fundo desse mar sombrio em que ele parece submerso nesse momento.

Pego a mão dele e o levo comigo. Não quero que sejamos interrompidos ou que minha mãe acorde e o veja assim, então subimos até meu quarto. Nunca trouxe nenhum garoto aqui e de repente me sinto um pouco culpada por estar fazendo isso, mas não pretendemos fazer nada de errado.

Fecho a porta. Victor está com as mãos nos bolsos da calça e parece meio tímido parado no meio do cômodo. Ele dá uma olhada discreta no ambiente. Não o está julgando, apenas está curioso. Quando termina de se familiarizar com os detalhes, ele se volta para mim esperando que eu lhe diga o que fazer.

- Pode se sentar. - Aponto para minha cama e sigo até lá.

Ele meneia a cabeça e ficamos um ao lado do outro, nossos ombros praticamente se tocando. Alguns instantes de silêncio se passam. Não o pressiono para que me conte nada. Espero que ele o faça quando se sentir à vontade.

- O Clóvis me falou toda a verdade sobre ela - ele começa com os pensamentos mais ordenados. Victor junta as mãos e apoia os cotovelos nas coxas, curvando as costas e baixando a cabeça. - Você se lembra da dedicatória no livro? - Sinto a profundidade da sua dor me atingir quando seus olhos azuis se concentram nos meus. - Não era do Clóvis. Era do amante dela. Ela... Ela enganou o meu pai por muito tempo e então, num belo dia, ela simplesmente decidiu nos deixar. Fácil assim. Ela nem se importou comigo.

Victor dá uma risada sofrida e baixa os olhos. Ele me conta tudo que ouviu do pai e sobre o dia do acidente. Meu peito dói com o aperto que sinto. A maneira como ele revela tudo aquilo faz com que eu queira pegar uma parte da sua dor para mim.

- Como se joga o jogo do contente agora? - ele me pergunta com um sorriso infeliz.

Até mesmo Pollyanna teve seus momentos de hesitação. A vida vai ficando mais difícil à medida que envelhecemos, mas para algumas pessoas ela é difícil agora. Para Victor não tem sido fácil desde o acidente.

Não sei o que dizer para ele. Não acredito que existam palavras que possam amenizar o peso dessa descoberta e eu queria muito ser capaz de mudar essa situação toda, mas não tenho esse poder.

- Sinto muito por tudo isso, mas tô aqui como a amiga que você pediu.

Ele balança a cabeça.

- Eu sei. - Victor abre um sorriso doce e triste. - Eu ainda não consigo acreditar que perdi uma garota incrível como você.

Ficamos em silêncio. Não tenho uma resposta para ele. Odiei como hoje de manhã Victor me feriu de propósito.

- Por quê? - quebro o silêncio. A confusão estampa seu rosto. - Por que me provocou com a Luana? Por que faz essas coisas que me machucam, Victor?

- Honestamente? - Ele balança a cabeça. - Não sei. Não é de propósito, é só que... Eu vejo qualquer garoto se aproximar de você e é tão difícil pensar que um deles pode roubar você de mim, que um dia você vai perceber que eu não sou bom o suficiente pra você.

- Que besteira - digo suavemente e sorrio para ele. - Você nem sabia que eu existia e agora você está aqui. Como eu posso achar que você não é suficiente?

- Eu não fazia ideia - ele parece realmente surpreso. - Por que nunca me disse que gostava de mim?

- Eu seria só mais uma de tantas que já fazem fila por você. Jamais teria olhado pra mim de forma diferente.

Ele fica visivelmente triste com minhas palavras, mas sabe que tenho razão.

- Tá tudo bem, Victor. Tudo aconteceu como tinha que ser e no tempo certo.

Levo meus dedos até seu rosto. Victor fecha os olhos e aperta os dentes como se estivesse se contendo para não retribuir ao meu toque. Mas eu quero que ele me toque, que me beije e que se esqueça de tudo por alguns momentos.

Encosto minha testa na sua. Victor aperta os olhos ainda mais e sua respiração acelera quando inclino meu corpo para mais perto do dele e desço minha mão até seu pescoço. Beijo sua bochecha e o cantinho da sua boca. Victor estica o braço e apoia a mão no colchão.

- Clarice - ele ofega e entreabre os olhos me fazendo ver o brilho de desejo neles. - Eu prometi pra você...

- Mas eu não - minha voz não passa de um sussurro.

Eu beijo os lábios de Victor delicadamente e ele geme meu nome. Sua mão se enrosca nos fios dos meus cabelos, e com o braço livre ele puxa minha cintura, fazendo com que não haja mais espaço nenhum entre nós. Sua língua entra na minha boca e acaricia a minha tão lenta e suavemente que quase me enlouquece. Não quero que seja delicado.

Aprofundo nosso beijo e sinto o seu sorriso de satisfação. Ele toca meu pescoço e desce a mão pelas minhas costas que se arqueiam com o contato.

- Clarice - ele sussurra para chamar minha atenção e abro os olhos, relutante. - Você é tão linda - diz me fitando com carinho. - Você é o que eu precisava quando eu nem sabia que precisava.

- Acho que a frase não é assim - brinco e rio.

- Mas é verdade. - Ele dá de ombros. - Sentia falta de algo antes de te conhecer e agora sei que era de você.

Victor me abraça e eu me aconchego em seus braços.

Quero ficar assim para sempre.

___________

Gif do suspiro sofrido do Victor!

E aí, meus amores, o que acharam da revelação? Acredito que já dava pra sacar pela pista anterior, mas o V não tava preparado.

GENTE, estou mega ansiosa pelo próximo capítulo! Foi o que eu mais gostei de escrever, então torçam pra eu conseguir produzir mais alguns para poder adiantar ele.

Aliás, gente, tô voltando pro Ensino Médio, revendo várias contas e fórmulas matemáticas (😭) que nem lembrava. Continuem orando por mim

Como sempre, obrigada pelos votos e comentários! Ahhh e quem quiser ter mais contato comigo me segue lá no instagram NaiaraAimee. Estou sempre postando dica de livros e compartilhando projetos!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top