Silêncio | Beatriz Amarinz

A autora:

Essa moça é super espontânea e gosta de escrever de tudo! Convido você a conhecer os outros trabalhos dela aqui no Wattpad: "Silêncio - A história" e "Miss Jackson". Em sua palavras, "Amo a música e a mensagem que ela passa, quis homenagear esse hino de alguma forma", e a música é a Dollhouse da Melanie Martinez. 

Vamos para o conto, seguido da capa:

"TODOS PENSAM QUE SOMOS PERFEITOS, POR FAVOR, NÃO DEIXEQUE OLHEM ATRAVÉS DAS CORTINAS."

Amélia

Hoje foi-me perguntado a maneira pela qual eu descreveria a "perfeição".

Embora deva admir que nunca nem ao menos parei para pensar nisso, a resposta estava na ponta de minha língua e saíu mais robotizada do que eu gostaria de admitir para eu mesma.

"A perfeição" -disse eu- "não passa de uma invenção, algo criado por seres humanos medíocres que se sentem melhor inferiorizando outros seres humanos. Passamos nossas vidas tentando ser perfeitos aos olhos da sociedade estigmatizada que nos esquecemos de sermos perfeitos aos nossos próprios olhos. A beleza está nas falhas e não na falta delas."

Minha professora me lançou um olhar assustado, provavelmente estava se perguntando o que faria uma jovem como eu, que sembre busca ver o melhor lado das coisas, dar uma resposta um tanto quanto problemática; eu apenas sorri em resposta ao seu olhar que exalava preocupação e me preparei mentalmente para atortura chamada "ver o orientador do colégio".

Ultimamente tenho ido muito à sala bege encardida e olhado muito para a cara de senhor Van-Garret; o que não é, de nenhuma maneira, agradável. Digamos que tenho coisas melhores em mente para fazer numa tarde ensolarada do dia predecessor do fim de semana.

E foi com este pensamenro em mente que me misturei com a gama de alunos que saíam da sala e partiam em busca de seus carros para irem à suas respectivas casas. Odeio multidões, normalmente esperaria que todos se fossem antes de sair; todavia minha falta de vontade para mais uma visita ao orientador gritou mais alto do que meu pânico de multidão.

Ao chegar em casa vejo a mesma cena de sempre, mamãe com um frasco de whiskey em uma mão, caída no chão com uma poça de vômito seco a rodeando. Ela havia descobrido há alguns dias que papai a traía e encontrou um "refúgio" nada convencional no alcool... logo ela que julgava a filha alcoolatra da vizinha da frente... incrível como o mundo dá voltas e nosso telhado é vidro.

Por essa -e outras razões- eu não julgo ninguém, afinal, neste mund; não há sequer uma alma que viva em estado de perfeição.

Nego com a cabeça e me abstenho de comentários, eu já a havia avisado que algo estava incrivelmente errado pois papai nunca trazia dinheiro para casa; mas -aparentemente- era mais facíl apontar o dedo para os problemas de Annalise, a nova habitante do apartamento 17-C, que supostamente estava sendo traída pelo noivo.

Ou para dona Shirley, a senhoria do 2-B que havia descoberto sobre a homossexualidade de seu neto e; quem sabe, até mesmo para Anthony, o rapaz do 16-A que havia descoberto sobre a vida "promíscua" de sua irmã. A verdade é que observar os "defeitos" das famílias alheias parece muito mais saldavel do que perceber o que realmente acontece na sua.

Enquanto mamãe e papai julgavam as outras famílias do prédio a nossa se desintegrava um pouco mais. Papai se encontrava com Alexandra, a irmã de Anthony; Luke -meu irmão- se afundava em meio à drogas e alcool, mamãe gastava todo seu dinheiro em jóias, roupas e cirurgias plásticas para se sentir mais jovem e bonita e eu...

Eu me "pegava" com minha melhor amiga. Talvez, de toda a família, eu fosse a única que não estava fazendo algo errado; afinal, não há nada de errado em se ser feliz.

A verdade é que, por detrás das cercas de madeira exageradamente brancas e das casas e prédios turquesa de Bakers Hill, haviam famílias completamente despedaçadas, cheias de segredos e orgulhosas demais para admitir suas próprias falhas. Certamente, com a minha família, não seria diferente.

E como poderia?

Da porta para fora éramos os Magnussen, a família mais influente da cidade e dona da metade das lojas e empresas ali sedeadas. Todavia, era da porta para dentro que as coisas se tornavam verdadeiramente interessantes; da porta para dentro erámos os Magnussen a família mais problemática e emocionalmente despedaçada de Bakers Hill.

Desde cedo nos foi ensinado à engolirmos nosso choro e sorrirmos para as câmeras, afinal, erámos boas crianças criadas em uma familia tradicionalmente perfeita e altamente invejada...

Mera iluzão. Sorrisos em fotos não significam, necessariamente, que a pessoa está feliz.

Se as pessoas ousassem olhar através das cortinas seriam capaz de enxergar a verdade nua e crua. A começar pelas terriveis discussões que papai e mamãe tinham todos os santos dias, passariam pelo quarto do meu irmão que exalava cannabis, pelo meu; onde a música alta disfarçava os gemidos e o tour se encerraria com meu pai saindo para trair mamãe uma vez mais e ela ligando para marcar outra cirurgia plástica antes de voltar a se afogar no alcool.

Isso nos ensina que as coisas nem sempre são como aparentam ser.

A dica de hoje é jamais olhe através das cortinas, você pode não gostar do que encontrar lá.

Todos somos perfeitos aos olhos da vizinhança e é melhor que continue assim. Então, silêncio, pouse para a foto... você quer ser um (a) bom (a) filho (a); não é mesmo?

<><><><><>

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top