• Capítulo 7 •
Everlee Mattos
Regras.
Por qual motivo o nosso cérebro simplesmente não consegue segui-las? Hum? Por que às vezes somos incapazes de seguir algumas palavras escritas num papel?
Mesmo que algumas pessoas vejam como uma coisa terrível, por qual motivo gostamos de seguir o caminho do pecado? Por ser mais fácil? Ou por ter uma ótima aparência? Hum?
Mistério total.
Eu tentei seguir as regras da Rainha Dua Lipa.
Consegui? É claro que não! Vou tentar novamente? Não.
E caso vocês não conheçam essas regras, é basicamente isso:
1 - Não atenda o telefone, você sabe que ele só está ligando porque está bêbado e sozinho;
2 - Não deixe ele entrar, você terá que expulsá-lo de novo;
3 - Não seja amiga dele, você sabe que acordará na cama dele pela manhã;
4 - Sem segundas chances;
5 - Sempre trate as pessoas na mesma moeda.
As últimas duas são minhas, mas, eu também não segui elas. E Everlee por qual motivo está falando sobre regras? Infelizmente eu sou uma idiota e com certeza isso não irá mudar. Ontem Beck Callahan curtiu duas fotos minha no Instagram, na primeira era eu com o Peter na praia em Cancún, viajamos para lá nessas férias. E na segunda, foi uma foto que o Peter tirou de mim distraída, enquanto eu lia 1984 de George Orwell na varanda da casa dele, e ficou tão fofa, que resolvi postar.
E a idiota aqui, curtiu todas as fotos dele, um total de quinze e ainda ficou babando numa foto dele de sunga numa piscina enorme, não faço a mínima ideia de onde é, mas parece ser no terraço de um hotel muito luxoso na Itália. E ainda tive a capacidade de sentir uma pontada ao vê-lo com uma loira muito gata. E eu espero que eles sejam apenas amigos.
Desculpa Dua Lipa, mas, eu não consegui ser fria com ele. O idiota interagiu comigo depois de dias e eu simplesmente fiquei mexida. Eu não sei qual é o meu problema, acabei de terminar o relacionamento mais longo em toda a minha vida e já estou interessada em outra pessoa. Inacreditável. Era para eu está colocando o meu coração e cabeça em sintonia, e não fazendo captura de tela das fotos dele e colocando como papel de parede, igual uma fã maluca.
Talvez eu não seja a única maluca por aqui, como foi que ele achou o meu perfil? Meu arroba não é tecnicamente o meu nome. É @Cachinhos_EPM, deixando o meu nome assim, fico livre para postar sobre qualquer coisa, sem me importar com o ódio alheio na internet. Por exemplo, eu tenho uma foto de uma formiga roubando um torrão de açúcar, tirei sem querer, mas ficou incrível.
Apenas gostaria de saber como? Acredito que ele não olharia todos os seguidores do perfil da escola, demoraria séculos para me achar. Deve ter sido uma forma mais fácil, só que, qual?
- Everlee! O café está na mesa. - grita a minha mãe da cozinha. Hoje é segunda feira outra vez e infelizmente só verei ele amanhã, meu pai disse que vão sair hoje da Itália, era para ter sido ontem, mas surgiu uma reunião do nada. Essa vida política é complicada. - O Peter está comendo seus Waffles!
- Emma! - grito pegando a minha mochila e descendo as escadas praticamente correndo. Na sexta feira passei na secretaria e disseram que não é obrigatório usar o uniforme completo, posso usar apenas a camisa. Graças a Deus. Por isso, hoje estou vestindo uma calça jeans clara com detalhes rasgados e a bainha dobrada, um tênis branco e a blusa escolar, a temperatura está amena e isso é fantástico. - Largue esse garfo imediatamente! - digo assim que entro na cozinha e vejo o Peter levar um garfo cheio de Waffles aos lábios. Seus olhos se arregalam e ele vai abaixando o utensílio lentamente.
- Já disse para não me chamar de Emma, Patrícia! Porra! - reviro os olhos.
- E eu já disse para você não comer o que é meu, Emma. - falo seu segundo nome entre os dentes e ele engole em seco.
- Vocês ainda estão em pé de guerra por causa disso? - minha mãe diz num tom irritado, ela tolera nossas implicâncias, mas tenho que concordar que essa já passou dos limites. - Ainda bem que eu parei no primeiro, não aguentaria essas implicâncias sem sentido. - fala mais para si, do que para nós.
- Você se arrepende de ter engravidado de mim? - pergunto, sentando a mesa e pegando os meus waffles do Peter. Ele bufa para mim e eu mostro a língua, duas crianças.
- É claro que não, Ever. - sorri e se aproxima - Você é tudo para mim, meu oxigênio, minha razão de existência! Nunca nesse mundo eu sentiria arrependimento por ter gerado você. - sorrio de volta, minha mãe não é muito de demonstrar afeto ou eu que não seja muito boa em recebê-los, já que só consigo aceitar contato físico do Peter.
Fiquei dessa forma depois que cheguei na adolescência e até hoje eu não sei o porquê, talvez eu tenha passado por algum evento traumático na infância e além de ter sido bloqueado do meu cérebro, me fez evitar contato. Quem sabe daqui uns anos eu melhore, estamos sempre em mudança, não é mesmo?
- Obrigada. - é a única coisa que consigo dizer, ainda sorrindo ela volta a fazer o que estava fazendo antes. Termino o meu café e o Peter também, vamos até a garagem, pegamos as bicicletas e vamos para a escola, saímos até que cedo hoje. Vou aproveitar para explorar um pouco mais o colégio.
Passo o cadeado na bicicleta e vou até a sala, o Peter não veio comigo, disse que ia passar na secretaria para se inscrever na equipe de basquete, as audições será amanhã e eu espero muito que ele consiga. Deixo as nossas coisas na carteira de sempre e caminho até o meu armário, esqueci meu livro de francês lá.
Não é como se eu precisasse dele, mas a professora é muito exigente e só deixa assistir a aula com o livro em mãos. Vai entender, eu mesma não consigo.
Enquanto caminho, admiro o local, tem um grande armário de vidro cheio de troféus e fotos, uma parede de homenagem para os alunos e professores que já se foram, paredes de cerâmica branca e alguns locais pintados em vermelho. Bem padrão, eu acho. Não sou o tipo de pessoa que consegue absorver e transmitir as coisas expostas ao seu redor, já que nunca me preocupei com o que estava além de mim, não sei se isso é ruim ou não.
Mas, desde que entrei aqui e conheci o Beck Callahan, semana passada, comecei a reparar mais nas coisas, mas, ainda tenho certa dificuldade em transmitir. É muito complicado, só espero que esse tipo de coisa não afete meus sentimentos e me faça ter um tal de bloqueio emocional que li recentemente no twitter. Não sei muito sobre, mas, parece ser algo horrível.
Assim que o meu armário se encontrava a uma curta distância, acabo esbarrando num aluno distraído de fone, que aparenta ser mais velho que eu. Sua pele é clara igual papel, seus cabelos são pretos e tem um belo porte físico, eu acho, não entendo muito disso, nunca me importei com o corpo da pessoa. A única coisa que me importava era o caráter e o sorriso.
Ele retirou um dos fones e me olhou com um olhar culposo.
- Oh céus! Você está bem? Por favor, não brigue comigo. - disse, nervoso. - Infelizmente, eu não lhe vi, nunca em sã consciência eu esbarraria em alguém de propósito. - como fico em silêncio observando seu nervosismo, ele se aproxima e começa a procurar algum machucado que possa ter causado em mim, sem querer.
- Oh! - rio, e me afasto. - Está tudo bem, você não me machucou e compreendo sua distração. - ele solta o ar que estava prendendo e sorri para mim, seu sorriso é lindo e as covinhas que o acompanha também. Seus olhos são castanhos claro e ainda existe culpa ali. - Só tome mais cuidado da próxima vez que estiver ouvindo música quase no último volume.
- Irei tomar, obrigado. - ri. - Me chamo Ian Theran, mas os meus amigos me chamam de papel. E você? Como se chama? - solto uma risada sem querer.
- Papel?
- Sim. - levanta a sombrancelha.
- Por que papel?
- Hum... - ele fingi pensar e aponta para si mesmo - Com certeza não é por causa da minha cor de pele, isso posso garantir. - ri e eu bato no seu ombro de brincadeira, sei que a gente se conheceu agora, mas existe uma energia divertida por aqui.
- Bobo. - digo, num tom brincalhão. - Sou a Everlee Mattos, mas algumas pessoas me chamam de Ever. - estendo a mão e ele aperta, sua mão é tão macia e seu toque é tão delicado.
- É um prazer te conhecer, Ever.
- Digo o mesmo, Papel. - rio e ele revira os olhos rindo também.
A gente se encara em silêncio por alguns segundos e ele solta a minha mão, nem lembrava que ele ainda estava segurando.
- Tenho que ir. - diz num tom baixo - Terei uma reunião agora com a minha turma, para já começar a pensar na formatura.
- Formatura?
- Sim! - ri - Sou do último ano e você?
- Primeiro ainda. - bufo e ele ri.
- Está apenas no hall de entrada do inferno. - ri e coloca o fone novamente no ouvido. - Boa sorte! - grita, indo embora.
- Obrigada! - grito de volta, mas acredito que ele nem ouviu.
Suspiro e vou até o armário, pego o livro e volto para a sala. Affs. O dia será terrível sem o Beck Callahan aqui, só queria ele aqui para eu poder admirar sua beleza genuína. Poderia me ajudar apenas dessa vez universo? E trazê-lo para cá, tipo, agora?
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1 - Se estiver ruim, me perdoem. Estou há vários meses sem escrever direito e acho que acabei perdendo a prática;
2- Ian Theran, hein pessoal? 👀 Ele será uma peça muito importante para o futuro da nossa protagonista e avisando logo, terá uma quebra de tempo muito em breve;
3- Foi um capítulo pequeno, apenas para introduzir o meu queridinho 🥰 eu amo o Beck Callahan, mas o Ian é superior no meu coração. E como a vida da Everlee por enquanto está rolando em volta do Beck, não vejo razão de ficar enrolando na sua vida monótona. Não gosto de rodar em círculos.
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