Capítulo 6 - Praia

6

SEGUNDA-FEIRA CHEGOU E ESTOU conversando com Rose na nossa aula livre. É uma das únicas aulas que fazemos juntas e porque é uma matéria obrigatória.

A professora de inglês faltou.

—Ele disse o quê?! —Rose perguntou em um tom indignado, mas baixo, até porque Thomas também está nessa aula.

Expliquei para ela toda a história do dia que dormi lá -tirando a parte do meu pai, é claro- e ela definitivamente não aceitou bem o que Thomas disse.

—Pois é. Ele foi bem–

—Machista! —Rose me interrompeu— Isso não pode ficar assim! —disse, se levantando. Peguei a mão dela.

—Não Rose, não faz isso, por favor... Ele só deveria estar em um dia ruim. —falei, tentando ser discreta.

—Você vai defender ele?! —ela gritou indignada. Agora todos da sala nos olham confusos, ótimo. Ela foi até a direção do Thomas que olha a cena sem entender e bateu com força as mãos na mesa dele— Você é ridículo O'brian, completamente idiota! A Ally te trata bem desde que ela chegou aqui! —Rose gritou, o encarando de perto. Ele olha tudo com as sobrancelhas franzidas.

Levantei do meu lugar e fui até Rose, segurando sua mão.

—Rose, não precisa disso... —falei baixo, com vergonha da exposição agressiva. Todos estão nos olhando.

—Oi? —Rose soltou a mão bruscamente— É claro que precisa, Ally! Esse cara —apontou para Thomas, ainda me olhando— trata as pessoas mal disfarçando a falta de educação com "gênio forte" ou ''o passado triste". —fez aspas com as mãos— Porra, todo mundo tem problemas, mas isso não dá a ele o direito de tratar as pessoas que o tratam bem de maneira grosseira, ele é assim até com o Érick! Que ódio, Ally! —ela se virou para Thomas, apontando o dedo no rosto dele— Vá se foder! Na próxima vez que você quiser ajuda, se vira sozinho, filho da puta! —Rose gritou e saiu da sala irritada.

Todos ficaram em silêncio, me encarando agora. Olhei para Thomas que me olha com uma expressão surpresa e ao mesmo tempo arrependida. Sem aguentar todos os olhares de acusação, saí da sala correndo atrás de Rose.

—Rose! —gritei quando finalmente a avistei, no pátio. Fui correndo até sua direção e sentei ao seu lado no banco de madeira.

—Desculpe por aquilo Ally, e-eu só... —ela começou mas a interrompi com um abraço.

—Obrigada por ter me defendido. Ninguém nunca fez isso por mim.

Ela saiu do meu abraço sorrindo mas depois fez uma expressão apreensiva.

Ela é incrível. Rose tem se mostrado uma maravilhosa amiga. Nunca me deixou na mão quando eu mais precisei. Quero tanto me abrir com ela, mas o medo de que ela vá embora ainda é demais para mim. A última pessoa na qual eu fui completamente sincera sobre mim mesma decidiu desaparecer sem nenhuma explicação.

Soltei um suspiro.

—Rose, e-eu... —comecei, sem saber como terminar.

Ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas.

—Há algumas coisas sobre mim que eu gostaria de te contar. —falei com um tom normalizado.

Segurei suas mãos. Ela me olhou confusa.

—Não precisar se sentir obrigada, Ally. Eu entendo sua dificuldade em se abrir. Não sei o motivo, mas eu entendo de verdade.

—Não me sinto obrigada. —disse com firmeza— Quero fazer isso. Você é uma amiga muito querida. A minha melhor amiga.

Ela me olhou com surpresa e um sorriso.

—Então, tudo bem! —ela disse— Obrigada.

Respirei fundo mais uma vez.

—Você deve ter percebido que minha mãe nunca está. —Rose assentiu— Ela não se foi, mas está internada. Ela está em estado vegetativo por um tumor no cérebro causado por um acidente, que eu acredito que tenha sido decorrido de uma briga com meu pai, mas não quero entrar em muitos detalhes por agora. —suspirei. É difícil falar isso sem chorar.

Rose me olhou por algum tempo me deu um abraço.

—Eu sinto muito, de verdade... Eu posso conhecê-la algum dia? Preciso ver se você se parece com ela.

Ri um pouco.

—Claro que pode. E obrigada. Com o tempo eu posso te contar mais coisas, mas por agora ainda é difícil.

O sinal tocou e começamos a conversar um pouco mais sobre nossas famílias. Érick veio em nossa direção e começamos uma conversa descontraída. Me perguntei onde Thomas pode estar agora.

No meio das outras aulas, descobri que Rose e Érick tinham ido embora por conta de algo relacionado ao Josh, não entendi muito bem pois Rose só me passou uma mensagem rápida avisando que não iria embora junto comigo.

Na hora da saída, senti meu braço sendo puxado. Arregalei os olhos e olhei para trás.

Charles está me olhando com um sorriso largo. Ao seu lado está um garoto de cabelo rosa, que com certeza é seu irmão.

—Oi Ally. —Charles diz, soltando meu braço.

—Oi... —falei baixo, ainda observando os garotos— Uau. —foi tudo o que eu consegui dizer.

Eles começaram a rir.

—Prazer Allyzinha, sou Nicolas. E sim, somos idênticos. —o garoto de cabelo rosa então se aproximou de mim e me deu um abraço. Parece até que leu meu pensamento. Talvez eles estejam acostumados com a surpresa das pessoas com a semelhança dos dois.

Ele se abaixou bastante para ficar da minha altura. Quanto esses garotos medem?

E como ele sabe o apelido que minha irmã me deu?

—Prazer Nicolas. —falei ainda desconfiada e ele me soltou, agora apertando minhas bochechas.

Own, que sotaquezinho mais fofo, bem que Charles me disse.

Encarei Charles sem entender e ele sorriu, puxando Nicolas de volta.

Eu e ele trocamos algumas mensagens ao decorrer do final de semana. Ele é interessante e não parece realmente se importar se eu falo muito sobre mim.

—Comentei para o Nicolas que você é britânica e ele surtou, porque diz que a moda lá é sensacional.

—Você acha? —encarei Nicolas, ele assentiu rapidamente— Obrigada!

Conversamos por algum tempo mas já estava ficando tarde, disse que precisava ir para casa. Os irmãos se ofereceram para me acompanhar.

Fiquei bem feliz, afinal, eu não teria companhia hoje. Conversamos o caminho todo e eles se despediram de mim quando cheguei em casa.

A casa está vazia. Olhei meu celular e tem oito mensagens: Duas da Teté, três do meu pai, uma da Rose e... duas do Thomas.

Ignorei a raiva e abri a conversa de Teté. As mensagens só diziam que ela levou Ann para sair um pouco, mandei um ok rápido. Papai me mandou mensagem avisando que chegará tarde e Rose perguntou como eu estava.

Depois de algum tempo tomei coragem para olhar as de Thomas. Procurei o nome "tartaruga ninja ruiva" nos contatos e entrei na conversa.

Ele me pediu desculpas e falou que as coisas que Rosemary disse mexeram com ele, e ele viu que estava sendo um babaca.                              
Visualizei as mensagens. Ponderei se realmente deveria respondê-las, mas as palavras dele invadiram minha mente com tudo.

Ele é babaca e o comportamento bipolar dele me cansou.

Deixei o celular de lado e fui tomar um banho.

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A semana se resumiu em olhares do Thomas, a aproximação de Charles e Nicolas e a um novo grupo de amizade.

Agora eu, Rose, Érick, Charles e Nicolas ficamos grande parte do tempo juntos. Descobri que eu não tenho nenhuma aula em comum com os gêmeos, infelizmente.

Thomas tentou se aproximar de mim mais vezes, mas eu só ignorava. Acho que ele cansou, já que parou de mandar mensagens e até mesmo de aparecer na escola por alguns dias.

Érick não fala dele e eu agradeço por isso.

Hoje já é quinta-feira e eu fiquei muito feliz quando me chamaram para ir na praia. Combinamos de ir no sábado, vamos eu, Rose, Érick, Charles, Nicolas e Josh.

No intervalo estamos na mesa conversando e almoçando. Nicolas conta alguma história engraçada que fazem todos rirem, mas eu não consigo prestar muita atenção.

Suspirei pela minha falta de concentração e decidi ir ao banheiro lavar o rosto, eles perguntaram se estava tudo bem e eu disse que só iria ao banheiro rápido.

Me levantei e me senti meio tonta. Ótimo.

Fui em direção ao banheiro e lavei o rosto com água gelada. Me sinto um pouco melhor. Acho que ainda não comi o suficiente hoje.

Assim que saí de lá, vi Thomas do outro outro lado do corredor apoiado na parede com os braços cruzados, me encarando. Evitei seu olhar e voltei para o pátio.

Essa situação é uma droga.

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Estou animada. Sábado chegou e é nosso dia na praia. Rose veio até minha casa para nos arrumarmos. Fiquei feliz de saber que não vou ficar sozinha nesse sábado, já que como sempre meu pai trabalha e minha irmã fica na casa de Teté.

—Ok amiga, escolhe um. —Rosa me pediu me mostrando dois biquínis; um azul com pedrinhas e um branco com babados.

—Esse. —apontei para o branco e ela sorriu.

—Isso! Era esse que eu queria. Vou me vestir. —então ela entrou no meu banheiro e se trancou lá, acho que vai tomar um banho antes de ir.

Observei minhas opções. Eu tenho alguns pouquíssimos biquínis guardados, já que não costumo ir a praia, só ia quando eu, papai e mamãe fazíamos uma viagem em família.

Observei no fundo da gaveta um maiô que só usei uma vez. Ele é lilás bem clarinho é de gola alta, também é nu nas costas.

Bom, vai ser esse.

Observei as florzinhas que minha mãe costurou na parte da frente do maiô e passei delicadamente a ponta dos meus dedos por elas.

Sinto sua falta.

Estendi o maiô na cama e fui até meu armário. Peguei um vestido soltinho marrom claro e coloquei um cintinho junto.

Está perfeito assim.

Rose saiu do banhou e reclamou que minha roupa é "tapada demais". Decidi não dar ouvidos e fui só tomar um banho. Me vesti e quando voltei vi que Rose está digitando no celular.

—Josh não vai poder ir, está recebendo entregas da loja, alguns perfumes que atrasaram. Perdemos a carona. —ela disse chateada, desviando o olhar do celular.

—Por que não chama o Charles? Eu acho que ele tem carro. —comentei, dando de ombros. Rose decidiu ligar para ele.

—Oi Charles! Tudo certo para irmos? —ela ficou em silêncio, ele deve estar respondendo do outro lado da linha— Certo, mas tem um detalhe, a gente ficou sem carona, vocês podem vir buscar a gente? —mais uma vez ela ficou em silêncio. De repente sua expressão foi de relaxada para confusa— Como assim já tem quatro pessoas no carro? Que eu sabia o Érickzinho ia com o Josh também. —então ele disse algo que a fez arregalar os olhos— O que?! Eu não sabia que o Érick tinha chamado ele. —olhei Rose com uma expressão confusa. Ela levantou a mão, como sinal para que eu esperasse— Ok. Certo. Então como a gente faz para ir? —ela esperou ele responder. Logo depois ela sorriu— Isso não pode nos trazer problemas? —estou ficando cada vez mais confusa— bom, gostei da ideia. Até logo. —e então finalmente desligou o celular.

—O que você estava falando aí? —perguntei me sentando ao seu lado na cama.

—Aparentemente assim que Josh cancelou, o Érickzinho tentou falar com a gente, mas não vimos. Acabei de descobrir que ele falou com Charles, mas ele não tem carro, então Érick pediu para o O'brian. —arregalei os olhos— Agora somos seis.

—Então como vamos? —perguntei confusa.

Ela sorriu.

—Vamos escondidas na caçamba caminhonete dele! —Rose falou animada.

—Isso não pode nos trazer problemas? Podemos simplesmente nos espremer no carro. —dei de ombros.

—Você sabe que a caminhonete dele é pequena, e ele ainda vai levar o Jack. Ele já foi legal até demais de dar uma carona. Não temos praias aqui em Benkeler, então vamos para outra cidade. A corrida de táxi ia sair cara. Não que Benkeler seja muito grande... —Rose disse— Agora, vamos lá pra fora que eu estou doida para sair! Só queria que o Josh fosse junto... —ela disse triste.

—Fica tranquila amiga, vocês vão ter mais oportunidades. No final o compromisso dele com a perfumaria vai valer a pena. —disse sorrindo fracamente e pondo a mão no seu ombro. Ela me deu um sorriso triste e concordou.

Fomos até a entrada da minha casa e ficamos sentadas na escadinha de madeira conversando. De repente meu celular tocou, é o Érick.

—Oi. Já estão chegando? —perguntei

—Oi Ally, estamos sim, o O'brian já vai virar a rua. Beijos.

—Beijos. —desliguei. Foi o tempo disso e eu vi a caminhonete vermelha virando a rua e estacionando na frente da minha casa.

Os meninos saíram do carro e vieram cumprimentar a gente. Quer dizer, menos Thomas.

—Estão umas gatas, como sempre. —Charles falou com um sorriso malicioso, enquanto me abraça.

Fico me perguntando como Thomas e ele não se mataram no caminho, ou o porquê de Thomas ter aceitado tão fácil que Charles fosse em seu carro.

Após todos termos nos cumprimentado, Thomas saiu do carro. Ele está com uma bermuda de praia e uma regata preta.

Ele foi até a caçamba sem falar com a gente e abriu a parte de trás.

—Venham. -ele disse sério.

—Sempre tão amoroso, Thominhas. —Rose disse isso se aproximando dele com sua bolsa de praia— Vai, me ajuda aqui a subir. —Rose disse autoritária e ele revirou os olhos, a pegando pela cintura e dando impulso para que ela subisse— Isso vai ser tão legal! —Rose disse empolgada, se sentando na caçamba.

Eles devem ter se resolvido.

Fiquei olhando a cena com o cenho franzido. Isso com certeza vai dar problemas.

—Anda, porra. Não atrasa. —Thomas falou irritado para mim.

O clima entre nós ainda não está o melhor de todos.

Me aproximei devagar dele e ele fez menção de segurar minha cintura.

—O que você está fazendo?! —perguntei. Ele parou com as mãos no ar.

—Eu vou te ajudar a subir. Para de drama. —ele fez menção de novo de segurar minha cintura mas eu me afastei mais rápido. Me aproximei da caçamba e dei impulso, pulando de uma vez.

Ele bufou irritado e fechou a parte de trás da caçamba com força, logo depois entrando no carro e batendo a porta também com força.

—Não precisava disso também amiga, ele só queria ajudar... —Rose disse cautelosamente.

—Bom, eu consegui sozinha, viu? —falei com ela brincalhona. Ela deu sorriso— Certo, e como vamos nos esconder aqui? —perguntei confusa. Não tem nada para esconder a gente, além das bolsas, dois coolers e o guarda-sol.

—Vamos ter que ir deitadas. —Rose falou— Mas não por agora, só quando sairmos da cidade. Sinceramente, ninguém se importa se fizermos isso aqui. —ela deu de ombros.

Realmente, se estivermos deitadas ninguém vai conseguir ver o que tem na caçamba, a não ser que se escorem no carro.

A caminhonete começou a andar em velocidade rápida e Rose soltou um grito animado. Ri com seu comportamento.

—Isso é tão legal! —ela disse empolgada, enquanto bate palminhas.

Demorou cerca de trinta minutos até sairmos da cidade. Como Rose disse, assim que chegamos na cidade vizinha, tivemos que nos deitar. O balanço do carro me deixou um pouco enjoada, mas nada muito preocupante. Rose e eu conversamos o caminho todo e até brincamos de adivinhar o que o formato das nuvens lembra, foi legal.

Quando chegamos, tivemos que ser discretas na hora de sair. Thomas estacionou um pouco mais afastado e todos os meninos saíram do carro. Como tinham algumas coisas em volta de mim e Rose, como um guarda-sol e bolsas de praia, os garotos se tumultuaram na nossa frente para que saíssemos escondidas.

Thomas ajudou Rose a descer a saiu de perto, talvez sabendo que eu negaria sua ajuda. Os outros garotos estavam com as mãos ocupadas e não se ligaram muito em mim.

Fui até a ponta da caçamba e percebi que ela é mais alta do pensei.

Droga, subir é bem mais fácil.

Decidi pular de uma vez e todos pararam de falar quando ouviram o barulho alto dos meus pés no chão.

Gemi de dor ao sentir meu tornozelo direito doer.

—Droga! —exclamei baixo, sentindo a dor insuportável.

Érick aproximou de mim e se desculpou por ter esquecido de me ajudar. Disse que estava tudo bem e tentei andar. Apesar de estar doendo muito, eu ainda consigo.

—Ally, você quer ajuda? —Érick perguntou. Fiz que não e voltei a andar. Eu estou mancando um pouco, mas ainda consigo.

—Essa garota é orgulhosa pra caralho. —Thomas disse com tom de desdém. Nem fiz questão de olhar em seu rosto.

Érick desistiu de me esperar aceitar ajuda e simplesmente passou um braço ao redor da minha cintura. Não reclamei, pus um braço por cima de seus ombros. Mas não deu muito certo, Érick é bem mais alto que eu e teve que ficar todo curvado. Ele desistiu dessa posição e se abaixou de repente, passando o outro braço por baixo dos meus joelhos e me carregando até a praia.

—Obrigada. —agradeci baixo. Ele apenas fez que não com a cabeça, como se não se incomodasse e como se eu não pesasse nada.

Aos poucos as conversas foram voltando. Apenas Thomas não fala nada. Agora que percebi que ele está com Jack na coleira, que anda animado ao seu lado.

Quando chegamos na areia, Érick perguntou se eu já estava bem para andar. Fiz que sim mesmo sem saber. Ele me colocou no chão e assim que fiz força no chão senti a dor, mas ignorei e fingi que estava tudo bem.

Fomos até um ponto da praia. Rose, Charles, Nicolas e Érick estão conversando alguma coisa que não faço questão de prestar atenção, estou focada demais na minha dor. Na verdade estou focada em tentar esquecer ela.

Olhei para o Thomas. Ele está arrumando o guarda sol enquanto Charles arruma as cadeiras de praia. Rose já está estendendo a canga dela Érick põe um cooler na areia, Nicolas faz o mesmo com outro. Só eu que não estou fazendo algo.

Assim que Charles terminou de arrumar as cadeiras, me joguei em uma sem nem pensar, não aguentava mais ficar em pé.

Rose se sentou do meu lado falando sobre como o dia está bonito e blá blá blá, não prestei muita atenção.

Logo ela parou de falar. Não entendi nada. Então a olhei e vi que ela havia abaixado o óculos de sol olhando para um ponto fixo.

Olhei na mesma direção e meu queixo caiu. Os garotos conversam enquanto tiram as blusas. Quer dizer, menos Érick, ele está com uma blusa de botões fina aberta na frente, que deixa ele lindo.

Rosa me cutucou com o cotovelo.

—São todos gatos, aproveite. Quer dizer, aproveite o Érickzinho, o O'brian ou o Charles, Nicolas é dos nossos. —ela sorriu maliciosamente para mim.

—Nem vem, Rose. —falei, me afundando um pouco na cadeira.

Ela sorriu e voltamos a encarar os meninos, que agora estão conversando algo que eu não sei. Thomas foi até um cooler e pegou uma cerveja para cada um de nós. Quer dizer, menos para mim. Eu também não aceitaria, de qualquer forma.

Eu mesma fui até um cooler -tentando ao máximo disfarçar a dor no meu tornozelo- pegar um refrigerante. Peguei a primeira latinha de refrigerante que eu vi e voltei o mais rápido possível para a cadeira.

Rosa decidiu tirar sua saída de praia e foi até a água se molhar um pouco. Ela me convidou, mas eu disse que ia esperar mais.

—Allyzinha, você não vai tirar esse vestido? —Nicolas perguntou, tomando um gole da sua cerveja— Daqui a pouco vai ficar com a marca dele.

Isso não seria possível, já que estou debaixo do grande guarda-sol junto com eles. Mas sei que ele não falou com malícia, foi apenas um comentário.

Meu rosto esquentou. Nem eu reparei que ainda não tinha tirado a roupa. Soltei um suspiro e levantei, apoiando todo o meu peso na perna que não dói.

Percebi que todos os garotos estão me encarando.

—P-parem de olhar! —eu disse com vergonha. Eles se tocaram e olharam para outro lado, com vergonha. Tirei o vestido rapidamente e me joguei de novo na cadeira.

Eu não tenho muitas curvas, como Rose. A única coisa que eu tive avantajada foram as coxas, na minha visão, já que de seios eu sou desprovida.

Jack veio na minha direção com um galho. Olhei para Thomas confusa e ele apenas deu de ombros. Sorri para Jack e joguei o galho para ele. Ele saiu correndo.

Achei a cena fofa. Me levantei com dificuldades assim que terminei meu refrigerante e fui até Jack. Me sentei na areia, um pouco mais longe do guarda-sol e o cachorro me devolveu o galho. Joguei o mais longe que eu consegui consegui e ele foi correndo atrás.

Olhei ao redor. A praia não está muito cheia, pelo contrário. Há apenas algumas pessoas.

Jack voltou correndo na minha direção e se jogou em cima de mim. Caí para trás com o peso.

—AH! —gritei pelo susto e pela dor do peso dele. Esse cachorro é muito pesado!

Ele começou a lamber meu rosto e eu apenas fiquei rindo.

bom meu amor, bom, já entendi que você queria me dar lambeijinhos, agora me deixa jogar o galho de novo! —falei com a voz afinada, afastando Jack.

Olhei para o nosso guarda sol e Thomas nos encara com um sorriso curto e os braços cruzados. Acabei sorrindo para ele.

Talvez o dia não seja tão ruim.

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