Não, eu não chorei

quando ele partiu.

Meus olhos não se umedeceram

quando ele me deixou.

Lágrimas – apenas lágrimas –

inundaram meus olhos,

invadiram meu rosto:

escorrendo como um rio

– transbordante –

formando sulcos

abrindo trilhos

buscando caminhos.

Eu não gritei

quando ele desapareceu.

Me certifiquei:

abandono mudo sem despedida.

Paralisei; mas não chorei, nem solucei.

Lágrimas inesperadas

brotaram em meus olhos

lavaram meu rosto

alojaram-se em meu colo.

Quando ele se afastou,

pensei, mas não implorei.

Apenas deixei

lágrimas incontroláveis

(como a tempestade

escurece a cidade

em uma tarde de verão)

desfocarem meu olhar.

Não tentei mais evitar:

Lágrimas – uma torrente de lágrimas –

subjugaram meu corpo.

Quando ele partiu

– sem nem olhar para trás –

não! eu não acreditei.