ᴀ ᴍᴇɴsᴀɢᴇᴍ
Saio da escola acompanhada por meus amigos, Alisson contava sobre como fugiu da escola pela primeira e última vez, a tentativa lhe rendeu um braço quebrado por ter pulado o muro e caído de mal jeito. A garota disse que teve que dar a volta na escola para chegar a secretária e pedir ajuda.
- Isso é uma fase do meu passado que eu não gosto de lembrar. - disse enquanto nós riamos
Assim que passamos pelo portão de saída eu avisto o carro de mamãe, me despeço de meus amigos e caminho tranquilamente até o carro.
- Benção mãe. - digo logo que entro.
- Deus abençoe. - sorri e beija minha bochecha depois de beijar a dela - Aqueles são seus amigos? - pergunta apontando sutilmente com a cabeça para o grupo que ainda conversava.
- São sim. - não me dou o trabalho de olhar pra onde ela aponta
- Quem é quem ali? - mantem o carro desligado e eu olho pro pessoal
- A que está entrando no banco da frente da BMW é a Valentina e a que vai entrar atrás é a Alisson. - digo - A que está de braços cruzados de cabelo castanho com umas mechas roxas é a Karina. - disse e mamãe sorriu
- Rebelde igual você! - brinca
- Não sou rebelde mãe - a repreendi, ela costumava a reclamar sobre a cor do meu cabelo - Eu só gosto de azul e resolvi pintar algumas mechas do meu cabelo dessa cor em homenagem. - solto um longo suspiro - O guri que está conversando com ela é o John e aquele de boné azul escuro é o Joshep irmão gêmeo do John.
- Eles são bonitos - mamãe observa - Olha o Thomas ali. - aponta pro garoto que acaba de sair com Jen
- É ele mesmo. - concordo
- E você conhece o garoto que está com ele?
- Não muito, mas o nome dele é Jen. - digo somente - O de calça jeans rasgada e tênis branco é o Blan, ele é o máximo.
- Tem cara de ser engraçado. - ela comenta ligando o carro após perceber que acabei de listar meus amigos a ela.
- Ele é muito louco e dramático, isso sim. - resmungo voltando ao celular enquanto o percurso começa. - Mas e ai, me conta como foi na consulta hoje. - peço
- Foi boa, seu pai foi comigo e várias duvidas nossas foram esclarecidas, estou super otimista, sabe filha? Espero que tudo dê certo. - ela sorria docemente e em seus olhos havia esperança
- Que bom mãe. - deixo o celular para olhar para ela - Vocês vão fazer algum exame? - pergunto
- Sim, vamos sim. - concorda - A Dra. Karyna olhou nossos formulários e analisou eles, mas o relato que fizemos e mandamos pra ela antes de nos mudar não consta o que está escrito lá. - diz e eu a fito
- Como assim mãe?
- Quer dizer que pagamos por um tratamento que na verdade foi uma fralde, nenhum deles nos trataram de verdade, apenas roubaram nosso dinheiro. - diz e eu me indigno
- Vocês tem que falar com o Dr. Carlos mãe. - menciono o advogado da família
- Seu pai já entrou em contato e ele marcou um horário, isso não ficará assim. - diz calma
- Meu Deus... - sussurro chocada
Uma coisa é saber que existe pessoas desse tipo no mundo, mas é difícil acreditar que um dia passaremos pelas mãos de tais pessoas.
- Ela pediu alguns exames que o Dr. Augusto não pediu, mas colocou na ficha que fizemos eles. - suspira - Engraçado é que nunca é um resultado bom.
- Mãe, nunca sairá coisas boas de pessoas más. - digo simples
- É verdade filha, é verdade.
- Mas estou feliz que viemos pra cá, estou feliz que há esperança, estou feliz pelos exames que vocês vão fazer, estou feliz por vocês, estou feliz que teremos resultados concretos. - digo sorrindo
Mamãe olha pra mim e detecto lágrimas em seus olhos.
- Eu também estou feliz por tudo isso filha e também estou feliz por ter seu pai e você na minha vida, meus incentivadores, meus apoiadores. - sorri olhando rapidamente para mim.
Terminamos de chegar em casa ao som de uma melodia gostosa que mamãe havia achado na radio, o carro de papai estava estacionado na frente de casa e logo mamãe entrou com o dela na garagem
Descemos e entramos em casa, subi pro meu quarto já que meu pai estava ao telefone no escritório dos dois, tomei um banho e liguei meu notebook. Passei o resto da tarde pesquisando sobre Vinicius de Moraes e rascunhei sobre ele no Word, sua vida e suas principais obras.
- Toc, toc - papai disse a porta
- Oi pai, pode entrar. -giro um pouco a cadeira para olha-lo se aproximar
- Tudo bem filhota? - puxa meu puff e se senta a minha frente
- Está sim e com o senhor?
- Comigo está tudo bem também.
- Benção pai. - peço estendendo minha mão a ele
- Deus a abençoe - ele sorri e beija minha mão e depois eu a dele - Como foi seu dia?
- Foi legal, conheci a horta da escola hoje. - conto
- Que bacana, eles plantam o que lá?
- Desde Girassol a rabanete - conto sorrindo - Tem rúcula, espinafre, cenoura, alface, cebolinha. - conto - Tem bastante coisa, é muito bonita.
- Queria me tornar um estudante por um dia pra eu poder desbravar essa sua escola.
- O senhor iria gostar, Val me disse que a cada fim de bimestre tem culminância e que é aberto ao público. - conto
- Culmi o quê? - ele sorri
- Culminância pai, eu não entendi muito bem, mas é a entrega e apresentação dos trabalhos feitos pelas eletivas.
- E o que é eletiva? - sorri
- Uma aula extracurricular, ainda não abriu as inscrições, mas tem de música, ecologia, jogos, tecnologia, astronomia, moda, gastronomia, e outras que eu não me lembro.
- já tem ideia do que vai escolher?
- Ainda não, vou esperar todas elas serem apresentadas e ai eu resolvo qual vai ser. - respondo sorrindo - Mas como foi seu dia pai?
- Aaa....- ele se espreguiça - Foi cansativo, sai da clinica mais cedo hoje, mas tive que resolver alguns problemas da OdontoClin - menciona a futura cínica odontológica - É tanto B.O pra resolver e eu nem abri ela ainda. - ele sorri calmo
- Tenho certeza que vai dar tudo certo pai. - digo pegando sua mão
- Eu sei que sim, o apoio de você e da sua mãe me faz acreditar nisso. - sorriu grato - Obrigado filha
- Não tem de quê. - apenas sorrio e liberto sua mão - Pai, mamãe me contou sobre a consulta hoje. - começo - Ela me disse que houve uma possível fraude do Dr. Augusto.
- Sim, eu contatei o nosso advogado, ele já está a par dessa situação, iniciamos uma investigação e se caso isso seja comprovado processaremos o infeliz. - diz com raiva no olhar.
- Eu sinto muito por vocês passarem por tudo isso pai. - lamento - Mas como eu disse a mamãe, fico feliz que estejam tendo essa segunda chance.
- Ah filha, eu também. - ele sorri abertamente - A esperança voltou a brilhar nos olhos da sua mãe e o sorriso dela está mais radiante, percebeu?- perguntou e eu assenti - Eu sinto que fizemos certo ao nos mudarmos Angel, finalmente as coisas poderão se encaixar. - ele sorri
- Eu sei que sim pai, eu sei que sim. - sorrio feliz com ele
- Bom, sua mãe me pediu pra te chamar para o jantar, já demoramos demais e é melhor descermos antes que ela venha nos buscar. - diz colocando o puff no lugar
- Eu acho inteligente da nossa parte - concordo me levantando
Seguimos pra fora do quarto e descemos as escadas rumando a cozinha.
Depois do jantar organizamos os pratos na pia e seguimos para a sala, aonde ligamos a TV e papai colocou em um canal que passava somente filmes.
- Que legal, já assisti esse. - digo me acomodando na poltrona de camurça salmão
- Já? Aonde? - mamãe perguntou como sempre curiosa, com todo respeito.
- Na casa da Carol, no dia da minha despedida. - digo e me lembro que nesse dia ela abriu exceção e deixou que os meninos participassem da nossa festa do pijama
Mamãe assentiu e se voltou para o filme, eu não sei em que parte e que horas foi em que eu só fechei meus olhos e capotei. Acordei com a sensação de que estava sendo chacoalhada, abri um poucos os olhos e percebi que papai me carregava para meu quarto.
Ele empurra a porta com o pé e segue até a cama, ele me deita e então me deseja boa noite, baixinho, seguido por um beijo na testa. Ia pedir benção, mas meus olhos estavam pesados demais para abri-los novamente e não consegui abrir a boca. Ouvi a porta sendo fechada e assim virei pro lado e dormi.
- Angelina? - mamãe me chama e eu abro os olhos pela claridade que entrou em meu quarto ao ser aberta as cortinas. - Vamos, você perdeu o horário. - diz calma e eu salto da cama
- O que? - quase grito
Como assim perdi a hora no meu terceiro dia de aula?
- Que horas são? - questiono saindo em disparada pro banheiro
- Sete e vinte - responde ocupando a lateral da minha cama para arruma-la
- O que aconteceu? - pergunto retoricamente - Cadê meu celular?
- Você esqueceu na sala ontem e eu acabei acordando atrasada hoje. - diz
- Meu Deus. - cochicho enquanto passava creme pelos meus cabelos que eu havia lavado ontem, eles estavam onduladinhos do jeito que eu gostava.
Escovo meus dentes feito jato e arrumo minha mochila, meu uniforme havia chego e minha mãe havia pego ontem na secretária. Coloco ele, uma calça jeans e calço meu tênis rapidamente. Minha mãe já havia saído do quarto e quando desço ela está me esperando com um misto quente em uma vasilha e um suco de laranja em uma garrafa.
- Vamos que você come no caminho - diz
Eu assinto e caminho rápido com ela para fora, ela tranca a porta e me certifico que ela não havia deixado a chave na fechadura. Entro no carro e mamãe sai com ele da garagem, fico batucando com os dedos na minha perna, saudade do meu celular que ficou em casa carregando. Odiava quando isso acontecia, mas infelizmente não poderia fazer absolutamente nada.
- A senhora vai entrar comigo? - pergunto a ela assim que chegamos a escola e ela assente.
- Acho que tem que assinar um documento pra você entrar. - ela diz suspirando e tirando o sinto - Uma coisa assim - abre a porta e sai e eu a imita
Caminhamos para dentro da secretária e uma moça pergunta meu nome e série, eu falo e logo a porta é destravada.
- Não tenho que assinar nenhum papel? - mamãe pergunta
- Não senhora, isso só é necessário caso a aluna se atrasar mais de três vezes em um mês. - explica e minha mãe assente
- Tudo bem, obrigada. - ela sorri e eu peço benção.
Após me despedir dela eu entro na escola e ouço o sinal tocar. Caminho calmamente pelo pátio e observo os rebeldes alunos do primeiro ano que caminham pelo pátio, conversam em grupinhos e entram em outros primeiros, rio baixo da reação deles ao verem os professores do horário se aproximando. Tomo as escadas e ao chegar no segundo andar observo a mesma cena, passo por alguns professores que me cumprimentam, e continuo meu trajeto.
Assim que chego ao meu andar vou direto pro meu armário, eu havia recebido um documento em meu primeiro dia que dizia sobre as normas de uso do mesmo, era estritamente proibido sair da sala na troca de aulas para pegar ou guardar materiais. Segundo o documento isso deveria ser feito antes do inicio das três primeiras aulas, durante e após o primeiro recreio e durante e após o almoço.
Pego rapidamente as apostilas e adentro a sala, alguns alunos estavam lá fora, incluindo Val pois sua mesa estava vazia e não havia sinal dela na sala. Blan me vê e me chama para me sentar perto deles, caminho rápido até ele e me sento arrumando meu material embaixo da mesa.
- Bom dia Angel - disse ele
- Bom dia - sorrio me sentando no mesmo lugar que ontem
A mesa atrás de mim estava vazia, porém com material encima.
- Cadê o Tom? - pergunto
- Reunião do grêmio, só deu tempo dele chegar colocar o material e sair de novo. - explicou - Sorte dele, hoje a Maraísa pegou pesado. - disse
- Sério? - faço careta e ele assente
Não gosto de perder aula de matemática.
- Dois sortudos vocês. - comenta com um sorriso brincalhão
- Sortudo é você por ter assistido a aula. - sorrio
Os alunos voltam para a sala, cada um em sua carteira. O professor entra e começa dar sua aula, eu em algum momento dela eu acabo me perdendo e volto meus pensamentos ao livro que eu acabara de ler ontem.
Rabisco meu caderno enquanto analisava algumas questões sobre o livro, e o principal era o amor. As vezes é tão difícil compreender o que é o amor, é uma palavra tão forte, tão poderosa e tão pequena. E as vezes é usada de qualquer jeito, como uma maneira de conquista, uma troca.
Eu me lembro de uma ministração que meu avô fez na igreja, a última vez que fui pra Austin, ele contava sobre o maior amor do mundo, o amor que não pede nada em troca, o amor que simplesmente se entregou justamente por amor. Ele ministrou sobre o amor de Cristo por nós, eu nunca tinha pensado na morte de Cristo com tal ênfase quanto naquele dia e durante as semana seguintes. A lembrança daquela ministração ainda toca o meu peito e me faz olhar pra cima pra tentar me conectar com o amor.
Eu me sinto amada, eu sou amada, pelos meus pais, pelos meus amigos mas eu não sei como é sentir o amor dEle, deve ser diferente de algo carnal, mas eu não sei como.
Minha vó sempre diz que quando o ser humano tem um encontro com Ele, não resta duvidas. Eu sempre quis conhecer Jesus, mas eu nunca soube por onde começar, as vezes sinto perdida sem saber como pode eu, tendo pecados, ter contato com Ele, tão puro.
Devo admitir que ao ouvir a história de Tom e como ele foi transformado pelo amor, me senti motivada em ir atrás, eu quero conhecer Jesus e já não é tanto uma questão de curiosidade, está se tornando uma necessidade dentro de mim.
- Angelina, não é? - o professor pergunta depois que Blan me cutuca e eu olho dele pra ele.
- Sou sim. - respondo um pouco surpresa e envergonhada
- Eu tenho sua presença por completo em minha aula? - sorriu simpático e eu com certeza coro
- Me desculpe, eu acabei me distraindo, não vai acontecer novamente. - digo virando a folha rabiscada e focando na aula
O restante da aula passou-se sobre minha completa atenção, eu havia viajado legal e nem tinha percebido que Thomas já havia voltado, assim que a aula acabou eu me virei para o cumprimentar, voltei rapidamente a atenção para meu caderno e me deixei ser levado de novo pelos meus devaneios. Hoje eu estava totalmente absorta pelos meus pensamentos.
A terceira aula passou como um sopro e então já estávamos liberados para o recreio, eu me levantei e caminhei junto dos meninos para fora da sala. Acompanhei eles que conversavam animadamente sobre uma nova série que iria ser lançada amanhã, mas não me preocupei com o nome dela. Valentina e as outras meninas se juntaram a nós e então todos eles falavam sobre o mesmo assunto, descemos um, dois, três lances de escadas e então Alisson abraçou meus ombros.
- Está tudo bem Angel? - perguntou tomando a atenção de Blan
- Ih, essa ai tá assim desde que chegou. - conta ele
- Verdade Angel, porque chegou atrasada? - Val perguntou e ela ganhou a atenção de Tom e das outras meninas
- Acordei atrasada - digo simples.
- E o que está acontecendo? - pergunta Ali de novo
- Nada não gente, relaxa - dou o meu melhor sorriso - Eu vou ali no banheiro, já venho. - digo assim que estamos no primeiro piso
Caminho calmamente e entro no banheiro feminino, vou até a pia e lavo o rosto na intenção de levar um pouco da minha melancolia e voltar um pouco pra terra.
Ouço a descarga e me ajeito para que ela pudesse lavar as mãos, havia três pias, mas eram muito próximas.
- Oi - ela diz olhando pra mim pelo reflexo
- Oi - digo um pouco seca
- Tudo bem? Meu nome é Anne - diz e eu sorrio secando meu rosto com ajuda do papel
- Estou bem sim e você? - pergunto
- Estou bem. - também pega papel para secar suas mãos
- Meu nome é Angelina - digo
- Muito prazer. - ela sorri
- O prazer é meu, eu tenho que ir, até mais Anne. - digo
- Até. - ela acena e eu saio
Me sentei com minha turma e passamos a conversar animados, estavam mesmo empolgados com a tal série chamada Rendal , uma produção espanhola, e eu tive que ouvir com atenção o relato por cima que Alisson me fez sobre as três primeiras temporadas. Ela só me contou por três motivos, primeiro eu cai de paraquedas no assunto, segundo ninguém mais quis me contar alegando que seria dar spoiler e terceiro eu prometi que assistiria toda a série.
Depois do recreio veio mais três aulas e depois delas o almoço, eu mandei mensagem pra minha mãe e pedi pra ela pedir pra mim uma marmita e um copo de café, estava morrendo de sono. Estávamos sentados a mesa, eu, Val, Alisson, Karina, as gêmeas, os gêmeos, Blan e Tom, todos concentrados em seus celulares menos John que lia uma folha impressa.
Mamãe me mandou mensagem dizendo que o motoboy já tinha chego na secretária, eu anunciei que iria pegar minha marmita me levantando em seguida. Caminhei calmamente até a mesa das marmitas e logo avistei a com o meu nome, voltando pra onde meus amigos estavam vi Anne sentada no pátio só, parei por alguns minutos esperando que alguém tomasse o lugar vago ao seu lado, mas ninguém veio.
Caminhei até ela e chamei sua atenção, a garota com traços japoneses tirou os fones e me deu um lindo sorriso.
- Oi Angelina. - ergueu a cabeça pra olhar em meu rosto - Aconteceu algo?
- Não, não, eu estava passando pra pegar minha marmita... - parei de falar ao perceber que não precisava me explicar. - Quer vir almoçar comigo? - convido e ela sorri
- Muito obrigada pelo convite mas tem muita gente na sua mesa e... - nega sem pestanejar.
Eu não ia desistir facilmente, não queria deixa-la almoçar sozinha.
- Eu insisto, eles são bacanas, não precisa se envergonhar. - disse calma - Em menos de alguns minutos você estará se sentindo parte do grupo. - garanti - Vem, vamos? - chamo de novo e dessa vez ela assente se levantando em seguida.
- Tudo bem. - disse baixo e passamos a caminhar juntas
- Voltou a princesa. - brinca Joshep e eu sorrio
- Galera essa é a Anne. - a apresento - E Anne esse é Thomas, Blan, Valentina, Karina, os irmãos Josh e John - aponto para cada um que a cumprimenta com sorrisos e acenos - E as irmãs Malia e Talia. - digo por fim
- Muito prazer gente. - ela diz somente
- Sente-se aqui. - Karina logo cede o lugar de sua bolsa para ela que dá a volta na mesa calmamente.
Almoçamos e conversamos, os meninos ficaram empolgados com a presença de Anne que disse ser do terceiro C e eles logo fizeram uma entrevista com a garota. Ela contou que tanto o pai quanto a mãe eram japoneses e que somente ela dos três irmãos nascera no Brasil.
Após terminarmos de almoçar fui com as meninas escovar meus dentes, dessa vez não esqueci minha necessaire e pude participar do ritual de higiene feminina, o banheiro estava lotado e eu senti muita vontade de subir até meu andar só pra escovar os dentes sem ter que esperar tanto.
- Galera, que tal a gente subir pro nosso andar? - pergunto observando elas pegarem suas pastas e suas escovas.
- Sério Angel? - Karina franze o cenho
- É muita escada. - Valentina também vai contra
- Sério, olha o tanto de gente. - digo também desgostosa. - Lá vai ser bem mais rápido
- Por mim tudo bem, daí a gente já fica por lá mesmo pra jogar Uno o que acham? - incentiva Talia e Malia sorri
- Estava pensando a mesma coisa, eu topo. - diz a irmã
- Por mim tudo bem, não tô mesmo com paciência pra esperar isso aqui esvaziar não. - comenta Alisson já guardando a escova e pegando a mochila que tinha colocado encima da bancada de granito.
- Você vem Anne? - pergunto
- Pode ser, pra mim tanto faz. - responde simples
- Ah, tudo bem, vamos então. - Karina cede e mantém na mão a escova com pasta - Vai chamar os meninos?
- Se vocês quiserem ir subindo, eu chamo eles - diz Malia e nós assentimos.
Saímos do banheiro e sem muita vontade subimos as escadas, meu exercício diário. O andar não estava vazio, mas havia muita pouca pessoas se comparado ao primeiro e ao segundo, ali havia um inspetor, mas não era o que tinha a risada engraçada. Pelo que eu havia contado a escola tinha cinco inspetores, dois no pátio, um na quadra e um no segundo e outro no terceiro andar.
Ao entrarmos no banheiro estava como eu pensava, vazio. Rapidamente nós escovamos os dentes, passamos desodorantes e lavamos nossos rostos, realmente era puxado uma escola integral, porém muito bom. Valentina e Karina trocaram as camisetas do uniforme por outras exatamente iguais, disseram estar soadas por isso trocavam. Alisson penteou o cabelo castanho na altura dos ombros e o prendeu em um rabo de cavalo, puxando duas mexas, uma em cada lado do rosto, ela era muito bonita.
Mas voltando as meninas e a troca de uniforme, se fosse minha mãe ela me colocaria pra lavar e diria, com certeza, que ela não é minha funcionaria.
Ao sairmos nos encontramos com os meninos que já jogavam uma partida.
- Caramba, vocês nem nos esperaram. - diz Val fingindo estar magoada
- Desculpa, vocês demoraram demais meninas. - diz Tom - Malia disse que vocês só iam escovar os dentes.
- Mas foi isso o que nós fizemos. - ela afirma e se senta próxima a um dos gêmeos, John
- Misericórdia, nós que também escovamos os dentes e lá embaixo ainda, chegamos aqui e ainda deu tempo de jogarmos uma partida antes de vocês saírem. - diz Josh recolhendo as cartas enquanto nos acomodávamos em uma roda.
Estava sentada ao lado de Blan, e do meu outro lado Tom e ai sentou Anne ao seu lado direito, depois Karina e ao lado dela Joshep e então John, Malia e ao seu lado Talia, Val se sentou ao lado da garota ruiva e então a roda se fechou em Alisson que estava sentada ao lado esquerdo de Blan.
Rimos bastantes e em alguns momentos brigávamos com os meninos que tentavam trapacear e olhavam nossas cartas. os garotos me fizeram comprar 10 cartas, Alisson desistiu do jogo após receber um monte de +4, Val foi a primeira a ganhar e rolou uma cumplicidade entre Malia e Josh para tirar John da jogada já que ele já tinha feito Uno. Acabou que Val ficou em primeiro lugar, Anne em segundo e Tom em terceiro, as mulheres ainda vão dominar o mundo.
- As mulheres ainda vão dominar o mundo. - materializo meu pensamento batendo a palma da minha mão na das meninas em comemoração.
Eu não havia ganhado, mas das 14 cartas que eu estava acabei com 3 apenas, e atolamos John e Blan de cartas, ambos acabaram o jogo com mais de 10 nas mãos. Foi gostoso, eu amei jogar com eles, queria que minha galera de Maringá conhecesse eles, todos iriam se dar muito bem.
- A Angel começou a viajar de novo. - disse Tom após me cutucar de leve - Sua vez cachinhos azuis. - sorrio pra mim
- Aonde é que você estava dessa vez? - pergunta Blan me vendo lançar uma carta amarela.
Alisson ao lado dele reclama da cor e eu sorrio
- Estava apenas me lembrando da minha cidade e dos meus amigos de lá. - digo simples - Todos nós juntos iria ser massa. - digo e consigo ver o sorriso em alguns deles
- Eu tenho certeza que sim - John diz calmo olhando diretamente para mim, eu assinto e volto minha atenção ao jogo
Nem vimos a hora passar, só percebemos quando o sinal bateu. Malia recolheu as cartas e guardou em sua bolsa, os meninos se levantaram e limparam suas calças, eu estendi minhas mãos para Tom afim que ele me ajudasse e isso ele fez sem hesitar.
- Obrigada! - agradeço pegando minha blusa de frio que tinha colado no chão para não correr o risco de sujar minha calça clara.
- Nossa! - diz Valentina - Olha a cor da sua bermuda Blan. - exclama com o rosto retorcido de aflição.
- Nada que a maquina não tire. - ele fala pouco se importando - Vamos pegar nossos materiais antes que o chefão chegue. - diz ele e sabia que agora era aula de português, duas seguidas com o professor que não sabia falar sem gritar.
Os quatros irmãos gêmeos, Karina, Alisson e Anne se despediram de nós e foram cada um pra sua sala, os seis eram da mesma turma, apenas Anne era do C e nós do A.
Eu achei que iriamos adiantar o trabalho, mas o professor disse que iriamos dar continuidade a matéria e o trabalho faríamos em casa. O assunto da primeira aula foi as vanguardas e o da última foi redação, estávamos no terceiro e muitos alunos iriam prestar vestibular e fazer o Enem, então o professor estava focado em nos auxiliar com suas dicas valiosas, muito bem vindas por mim.
Quando o sinal final foi tocado eu suspirei cansada, aquele dia havia sido muito bom, porém eu estava cansada pra xuxu. Culpa do calor escaldante que estava deixando todo mundo mole e extremamente preguiçoso.
Nós nos despedimos na saída e eu entrei no carro de mamãe que já me esperava. Hoje ainda era quarta feira e eu estava doida pelo final de semana, mamãe tinha comentado que poderíamos ir a um clube perto de casa.
- Benção mãe. - saúdo assim que entro
- Deus te abençoe - responde com um sorriso no rosto - Como foi seu dia? - pergunta dando partida
- Foi cansativo, estou morrendo de sono. - conto
- Sério? Ia te chamar pra ir ver comigo a sala que eu queria alugar pra montar meu escritório. - ela diz
- Sem problemas, eu vou. - digo me animando imediatamente - A senhora só precisa passar em uma cafeteria pra eu me abastecer de café - digo e ela ri
- Tudo bem, mas você não acha que vai fazer mal não filha? - me olha rapidamente
- Acho que não, estou tomando bem pouco desde que nos mudamos. - digo notando isso pela primeira vez.
- Tudo bem, passaremos em um café no caminho - diz indo por uma rota diferente da que íamos pra casa
Paramos em um drive thru do Starbucks para fazer nossos pedidos, eu pedi um flat white e para não aumentar meu calor eu pedi gelado, já que tinha essa opção eu ia experimentar. Mamãe pediu um frappucinno de leite com calda de morango e chantilly. Com nossos pedidos na mão seguimos viagem ao possível novo escritório da mamãe.
Era um bairro um pouco distante do nosso, meia hora de estrada, chique no último a cara da minha mãe. Podíamos nos considerar uma família de classe média alta, mas aquilo ali era território de gente de muita grana.
- Uau mãe, aqui é muito lindo. - digo encantada.
- Espera a gente chegar. - diz com um sorriso de orelha a orelha
Não conversamos muito durante o restante do trajeto, eu estava ocupada observando e absorvendo cada detalhe daquelas casas e dos imóveis lindos. Passamos por uma praça com bastante árvores, o lugar pegava o quarteirão inteiro, havia alguns equipamentos de academia ao ar livre e equipamentos de alongamento de madeira, lindo, lindo.
Mais a frente tinha três edifícios, no mínimo cinco andares cada um, espelhados e em algumas partes ele era composto de uma superfície lateral de tonalidade carmesim. Havia vários carros que estavam estacionados pelo ambiente aberto e bem arborizado.
Mamãe sorrio ainda mais quando nos aproximamos e eu li em voz alta a placa prata e muito chique que refletia a luz do sol.
- Centro empresarial Georgia Feels. - olho para minha mãe que dá seta para entrarmos - É aqui mesmo?
- Eu não estaria entrando se não fosse, né filha? - ela ri suavemente
Instantaneamente olhei para minha roupa e me arrependi um pouco por não pedido pra mamãe passar em casa, olhei pra ela e constatei que ela sim estava arrumada perfeitamente para o local e ambiente.
- Mãe, não vou descer. - digo de imediato
- O quê? Porque? - vira-se para mim rapidamente
- Olha minha roupa mãe, eu não sabia que viríamos a um centro empresarial.
- Deixa de besteira, você não vai ficar nesse carro de jeito nenhum. - diz convicta, eu ia tentar insistir, mas ela me lançou um olhar sério, estreitou as sobrancelhas e falou calmamente - Angelina! - e pronto, meu caminho já estava traçado, eu ia ter que ir querendo ou não.
Saio do carro e bati a porta com um pouco de força, tal atitude chamou a atenção de um senhor de meia idade e muito bem vestido que caminhava para seu carro chique.
- Assim você só piora sua situação Angel. - minha mãe se junta a mim com seus óculos de sol no rosto.
- Estou de uniforme mãe. - reclamo desconfortável
- Não vejo nada demais nisso. - diz antes de sorrir e acenar discretamente para uma mulher alta, cabelos crespos lidíssimos, morena e alta.
- Sra. Lauren Edward's - disse a morena em comprimento - Muito prazer em finalmente conhece-la. - sorri gentilmente e mamãe retira seu óculos.
Ela vestia uma camisa social branca, saia lápis cinza e um terninho da mesma cor por cima, em seus pés vestia um scarpin branco que contrastava com a cor de sua pele e combinava com sua camisa, a pergunta era: Ela não está com calor?
- O prazer é todo meu Kira, pode me chamar apenas por Lauren, - mamãe diz depois de um leve e rápido aperto de mão.
- Como desejar.
- Essa é minha filha, Angelina. - me apresenta
- Muito prazer, me chamo Kira Machado e sou corretora de imóveis - diz profissional.
- O prazer é todo meu Kira. - afirmo sorrindo
- Bom, vamos entrar. - diz estendendo a mão para a entrada do edifício. - A sala que está disponível fica no quinto andar. - diz ela nos guiando pelo primeiro piso de um dos prédio da empresa
Mamãe e ela conversam mais e eu só conseguia olhar admirada pro ambiente enquanto o atravessamos para entrar no elevador. Ali havia um pequeno grande hall de entrada com algumas poltronas brancas que contrastavam com um azul marinho e um rosa puxado para o salmão. Os tapetes eram de zebra, nas paredes havia quadros com algumas modelos em passarelas, havia revistas e mais revistas de moda e uma Tv média onde passava um desfile. O balcão da recepção era de madeira branca e a moça que estava sentada ali parecia uma das modelos do quadro.
- Em cada andar são duas salas, mas em alguns deles os empresários compraram as duas. - informa e eu constato que esse aqui é um belo exemplo.
A porta que dava acesso ao escritório do ou da estilista era de vidro fosco, então não consegui ver como era lá dentro. Entramos no elevador e só saímos no 5° andar.
Era bem bonito, mas não tinha o resplendor do primeiro, pois ambas as salas estavam pra alugar e a venda. Ali havia grandes janelas que deixava o local muito iluminado, mamãe amou essa parte, as portas era de vidro transparente e minha mãe perguntou logo se poderia troca-las mesmo sendo somente alugado
A corretora disse que ela poderia por somente adesivo fosco, pois como iríamos apenas aluga-lo o proprietário não permitiu tal mudança. Mas isso não era um problema, minha mãe era uma designer maravilhosa, ela poderia transformar aquele lugar sem vida num ambiente totalmente lindo e chique.
Elas conversaram sobre o preço do aluguel e sobre algo mais que eu não prestei atenção, pois me distanciei, queria ver a vista que a janela proporcionava. Árvores, o estacionamento e parte de um lindo condomínio de luxo, uma casa pegava um quarteirão inteiro. Na entrada dela havia um lindo chafariz e um pouco pro lado um pequeno lago com, peixes? Meu Deus, o que o dinheiro não pode fazer.
Voltei para o lado da minha mãe assim que elas apertavam as mãos.
- Imagina, foi um prazer recepciona-las e mostra-la a sala. - dizia a corretora.
- O prazer foi todo meu, pode deixar que manteremos contato, até semana que vem darei a resposta. - diz mamãe
- Tudo bem, aguardarei. - diz ela com um sorriso simpático. - Tchau Angelina, foi um prazer conhece-la.
- Igualmente. - sorrio ao me despedir.
Caminhei com mamãe para o elevador e Kira não nos acompanhou, ela ficou para fechar a sala.
- O que a senhora me diz mãe? - pergunto apertando o botão do primeiro andar.
- Eu gostei, tem bastante luz natural e uma vista legal. - diz - Eu posso transformar aquele lugar em um paraíso de escritório, mas ainda tenho mais alguns lugares pra visitar antes de tomar uma decisão. - diz
- Entendi, a senhora vai ver mais algum hoje? - pergunto
- Não, agora vamos pra casa que seu pai daqui a pouco chega e tenho que começar o jantar. - diz e eu me lembro de John
- Ai meu Deus! - digo sentindo uma fisgada no estomago. - Esqueci mãe. - digo olhando pra ela enquanto saíamos do edifício
- Esqueceu o que menina? - me olha curiosa
- Que meu amigo ia lá em casa hoje pra fazermos trabalho. - digo
- Ia? E você nem me falou nada? - me olha com olhos estreitos
- Desculpe, eu esqueci, é que queríamos fazer o quanto antes, porque ainda temos mais outros pra entregar; - explico
- Que horas vocês marcaram? - pergunta depois de um suspiro
- Cinco horas. - digo e peço o celular dela para conferir as horas - Agora são quatro e vinte, ainda bem. - digo aliviada
- Moça estamos longe de casa, melhor nos apressarmos e só respirar aliviada depois que chegarmos. - disse enquanto entravamos no carro.
Minha mãe pisou no acelerador e chegamos em casa num recorde de vinte minutos, eu tinha que agradece-la por isso e foi o que eu fiz, depois sai correndo escada acima assim que entrei pra tomar um banho e preparar os materiais.
Cinco e dez o interfone de casa tocou, foi mamãe que atendeu e permitiu a entrada do meu amigo. Na mesa da sala já estava meu notebook, meu caderno e livros e minhas canetas, não demorou para meu amigo tocar a campainha e quando ele fez isso fui atende-lo.
- Desculpa o atraso Angel. - disse assim que me viu
- Acha, não tem problema. - garanti - Entre. - dei espaço pra que ele entrasse - Tudo bem?
- Tudo sim, graças a Deus. - confirmo - Venha, vou te apresentar a minha mãe - digo o guiando até a cozinha. - Mãe? - chamei
- Oi filha - ela saiu da dispensa com um pano de prato no ombro e um saco de macarrão na mão. - Ah, você deve ser o Jhonatan.
- Sou eu mesmo, mas pode me chamar só de John. - ele pede arrumando o óculos que escorregou sutilmente pelo seu nariz perfeito.
- Muito prazer John, eu me chamo Lauren, nada de senhora e nem tia. - avisa séria - Só Lauren. - diz sorrindo novamente
- O prazer é todo meu e pode ficar tranquila, sem tia. - ele sorri e mamãe também.
Guio ele para a sala de jantar e nos sentamos a mesa aonde ele deposita seu notebook e seu caderno. Jhonatan me explica que o professor pediu pra que montássemos esquemas sobre os grupos vegetais e teríamos que descrever o processo como um resumo usando somente nossos conhecimento e nossas palavras.
Fui ao meu quarto pegar folha sulfite, régua e meus lápis de cor.
- Será que nós conseguimos fazer tudo á mão? - me olha curioso
- Acho que sim, mas se você preferir eu desenho e você escreve. - ofereço
John assente concordando e começamos nossos trabalhos, enquanto eu ia desenhando o processo de crescimento das briófitas, ele ia lendo em voz alta um resumo que ele havia feito durante a aula sobre elas, ele fazia jus a aparência de nerd. Após eu terminar ele pegou a folha e fez um pequeno resumo no espaço que deixamos exatamente para isso. Trabalhar com ele foi incrivelmente relaxante e divertido, John era um cara cativante, simpático e muito educado, conseguimos terminar em duas horas o trabalho e então papai chegou.
- Benção pai. - pedi sorrindo assim que ele chegou a sala de estar que tinha o conceito aberto que mamãe tanto gostava
- Deus abençoe filhota, tudo bem? - caminhou até a mim e deu um beijo em minha testa
- Tudo sim. - sorrio - Esse aqui é meu amigo Jhonatan. - apontei pro meu amigo
- Muito prazer, Logan - meu pai estendeu a mão a ele que rapidamente se levantou para cumprimenta-lo
- O prazer é todo meu... - ele olhou rápido para mim pra confirmar se falava o "senhor" e eu neguei veemente - Logan.
Meu pai sorri satisfeito e pede licença para sair nos desejando bom termino de trabalho. Mamãe não pensou duas vezes antes de convidar John pra jantar conosco, ele todo preocupado ligou pro pai antes de confirmar, logo depois ele me ajudou a arrumar a mesa, subiu suas coisas pro meu quarto e me ajudou a por os pratos.
Assim que todos se serviram meu pai virou-se para mim.
- Como foi seu dia filha? - perguntou espetando o macarrão com o garfo
- Foi bom, mas cansativo, acho que estou começando a sentir o peso de uma escola integral - sorri - Não é uma critica. - falei rápido - Eu até que estou gostando da experiência.
- Se me permitem falar. - John toma a voz e meu pai sorri para ele - É normal se sentir assim nos primeiros meses, mas depois você acaba se acostumando. - fala para mim
- Sim, tudo é questão de adaptação - meu pai concorda
- Conte-nos um pouco sobre você John. - mamãe pede e ele sorri calmo
- Não tenho muito o que contar. - diz um pouco envergonhado e empurra o óculos pra cima - Tenho um irmão gêmeo. - conta e mamãe sorri
- Ela já sabia. - digo e mamãe ergue uma sobrancelha pra mim - Ela ficou espionando a gente ontem na saída - conto e John ri baixo - E depois fez eu dizer o nome de cada um. - rio também com a cara que minha mãe fez pra mim
- Essa Angelina, segredo filha, é segredo - diz limpando a boca com o guardanapo
- Essa parte a senhora não tinha me falado. - digo e coloco uma garfada do macarrão ao molho branco e muçarela na boca.
- E vocês são mais parecido com a sua mãe ou com o pai de vocês? - pergunta papai
- Puxamos mais para a mamãe, todos os traços do nosso rosto lembra ela. - disse sorridente
- Ela deve se orgulhar muito então. - diz mamãe antes de levar o garfo a boca
- Eu acredito que sim, infelizmente não a pudemos conhecer. - diz sem perder o sorriso, mas papai o olhou fixamente, minha mãe parou de mastigar e eu senti meu coração falhar uma batida
Meu Deus!
- Mamãe teve uma complicação no parto e faleceu no dia seguinte ao nosso nascimento. - contou
- Eu sinto muito querido. - minha mãe toca sua mão delicadamente, ela estava em choque.
- Obrigado. - ele sorri gentil - Papai nos criou com a ajuda da vovó, mãe da minha mãe e graças a Deus crescemos bem. - disse voltando-se ao seu prato
Eu também estava em choque e até a fome passou.
- A família já sabia que isso poderia acontecer e então ela escreveu várias cartas para nós, abrimos uma em cada aniversário. - ele conta sorrindo pro prato e mamãe discretamente limpa uma lágrima, meu pai que estava ao seu lado afaga sua mão sutilmente e ela sorri para ele, John por estar com a cabeça baixa não percebe a emoção que sua história transpassa - Ela nos escreveu até o aniversário de 30 anos, até agora foram 18 cartas, eu não sou triste. - diz ele - Sou grato a minha mãe por ter dado a vida dela pela minha e pela do meu irmão, não vou dizer que nunca senti e que não sinto falta dela, mas eu consigo sentir ao amor dela, sabe?
Eu engulo o macarrão que desce rasgando pela garganta seca, caramba.
- Que história. - minha mãe sorri - Eu nunca poderia imaginar - ela diz olhando para John
- Nem eu. - papai diz num sussurro.
- Mas olha, eu não quero deixar vocês pra baixo com a minha história. - sua voz continua animada - Angel disse que vocês vieram do Paraná. - comenta comendo normalmente
- Sim, nos mudamos pra cá pra fazer um tratamento medico, queremos ter mais um filho. - conta mamãe
- Que legal, tomara que vocês consigam, estou na torcida. - ele diz sorrindo
O jantar segue e graças a John o ar melancólico se esvaiu do ambiente e voltamos a conversar sobre várias coisas e nem parecia que ele havia acabado de conhecer minha família. As nove e e meia o pai de meu amigo buzinou na frente de casa, meu pai saiu para cumprimenta-lo, enquanto íamos buscar suas coisas no quarto.
- Até mais querido, foi um imenso prazer conhece-lo. - diz mamãe ao se despedir - Você e sua família serão sempre muito bem vindos aqui, viu? - ela o abraça
- Obrigado Lauren, fico muito lisonjeado pela consideração. - sorri ao se afastar - Até amanhã Angel, obrigado por me receber.
- Imagina, pode vir sempre que quiser. - o abraço também.
Ele acena e caminha para o carro, papai se despede dele e o pai do garoto acena para nós, eles então entram juntos e meu pai caminha para perto de nós.
Entramos e minha mãe suspirou.
- Você sabia disso Angel? - mamãe me perguntou
- Não, descobri junto com vocês. - disse e rumei a cozinha.
Lavei a louça e depois subi para meu quarto, arrumei meu material de volta na mochila e guardei as folhas do trabalho que ficaram comigo em uma pasta transparente, escovei meus dentes e desci pra ficar um pouco com meus pais na sala e aproveitei para responder as mensagens que o dia inteiro ficaram sem respostas. Só do grupo dos meus amigos de Maringá tinha mais de 100 mensagens.
Mensagem On
- 590 mensagens que jamais serão lidas. - mandei sem realmente me importar de ler todas elas
- Boa noite pessoal, desculpe não conversar com vocês hoje, o dia foi bem corrido - expliquei e fui para outro chat.
Mensagem Off
Entrei no Instagram para responder as pessoas que haviam mandado direct, alguns conhecidos apenas, nunca gostei de passar meu número pra quem eu não conhecia direito. Respondi as pessoas que me mencionaram em seus storys e algumas que responderam o meu story sobre os direitos dos animais, desci os chats e ao ler um dos nomes que havia me mandado mensagem eu travei. Consegui sentir o sangue fugir do meu rosto e não consegui entrar na conversa, não podia ser.
- Filha? - papai me chamou e eu o olhei ainda em choque - Está tudo bem?
- Ahan. - respondi saindo do aplicativo e me sentei no sofá - Está sim, eu só me assustei com um vídeo aqui. - menti, odiava mentir pra eles - Eu acho que já vou deitar, estou morrendo de canseira e amanhã ainda é quinta. - disse me levantando
- Que horas são? - mamãe perguntou me olhando
- Dez e meia - respondi e pedi benção a eles.
- Boa noite princesinha da mamãe. - disse minha mãe enquanto eu subia as escadas de vidro.
- Te amamos - falou meu pai
- Boa noite, eu também amo vocês. - disse mecânica
Entrei no quarto, tranquei a porta, e me sentei na cama, desliguei a internet do celular e entrei novamente no aplicativo.
Mensagem On
- Oi Angel, como você está? Nova vida, nova escola...
- Fez novos amigos?
- Como anda o coração?
Mensagem Off
Eu senti vontade tacar o celular na parede, mas ele não tinha culpa desse idiota mandar mensagem depois de tudo o que me fez. Apaguei a conversa decidida a fingir que nada havia acontecido, Kelvin já estava morto para mim e ponto.
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