ʜᴏsᴘɪᴛᴀʟ
Estávamos nos divertindo a bessa, tinha perdido a conta de quantos saltos eu havia dado, estava muito massa, mas então a alegria virou preocupação quando Joaquim pisou em uma pedra e acabou cortando o pé.
Esse foi o motivo de voltarmos, Kelvin e Marco ampararam o menino que, apesar de não demonstrar, sentia muita dor, o tanto de sangue que saia denunciava que havia sido fundo.
Quando chegamos em casa todos almoçavam e conversavam, entretanto quando viram as nossas caras e Jô, rapidamente vieram em nossa direção.
- Não foi culpa deles. - interveio o garoto com uma careta de dor.
- Irresponsabilidade da parte de vocês, onde estavam com a cabeça? - minha mãe pergunta brava.
- Desculpa, mas mamãe... - ela me olha furiosa enquanto minha avó e tia Marta analisavam o pé do guri.
Eu me calei e cruzei os braços, estava preocupada e me sentindo culpada.
- Angelina, você não está mais na idade de fazer tudo o que vier na cabeça. - meu pai chega do meu lado e então olha pra Kelvin - E o nosso trato? - cobra.
- A Angel está inteira. - ele ergue as mãos.
- Todos estavam na sua responsabilidade. - resmunga meu pai.
- Eu sei, eu sei. - diz abaixando a cabeça - Não tive como impedir. - justificou.
Tia Marta e tio Liz tiveram que levar Joaquim pro hospital, como eu disse, estava fundo o corte e com certeza precisaria de uns três ou quatro pontos.
Depois disso o clima pesou, que lindu, maravilhoso penúltimo dia.
Nós almoçamos fora de casa por estarmos molhados, a comida nunca foi tão difícil descer.
Durante o almoço não teve muitas brincadeiras, poucas risadas e o mínimo de conversa, estava tenso.
Estávamos todos dispersos, Carol e Nanda dormiam em uma rede. Jess estava conversando com Marco, Stil e com Alicia perto do balanço.
Andrew estava fazendo um trabalho da faculdade na mesa da cozinha, eu estava sentada na cadeira da varanda, as mãos na barriga e olhando pras vigas com telhas.
Meus avós foram descansar como de costume depois do almoço, meu pai e meu tio venwravam suas varas, minha mãe e minha tia faziam um doce e Kelvin estava no quarto desde que Joaquim foi levado pelos avós.
Fecho meus olhos e suspiro fundo., agora sstava caindo a ficha que amanhã eu estaria voltando pra São Paulo e não os veria por um bom tempo.
Era tão bom tê-los pertinho, meu coração ficava quentinho e eu me sentia tão em casa, mas também sentia saudade dos meninos da escola.
Meu coração se apertou assim que me lembrei de Valentina, com toda essa agitação eu realmente acabei esquecendo da situação que nos envolvia.
Com tudo que estava acontecendo, que eu sabia, só consegui ficar mais preocupada com ela.
Peguei meu celular, queroa saber como eles estavam, ia digitando o número de Thomas quando minha mãe saiu de casa.
- Angel? - me chama e a olho - Você não quer ir lá falar com o Kel não? Ele não parecia bem quando passou por mim. - aconselha e eu assinto não pensando muito para me levantar.
Boa pai.
- Tudo bem, obrigada por avisar mãe. - agradeço e beijo seu rosto quando passo por ela.
Com o celular em mãos e bloqueado eu atravesso a sala e o corredor.
- Kelvin? - chamo ao bater na porta.
- Pode entrar. - ouço sua voz baixa.
Ao entrar no quarto encontro ele tentando limpar o machucado de frente para a janela, devia ter tomado banho.
- Deixa que eu faço isso. - me aproximo e tiro o algodão de sua mão. - Senta ali. - aponto pra cama e ele me obedece.
Eu fico em pé ao seu lado, ele estava sem camisa me permitindo ter acesso mais facilmente ao ferimento.
- Está doendo muito? - pergunto quando vejo ele se contrair com o toque do algodão, o sentia tenso desde que entrei.
Com certeza estava chateado por causa do acontecido, não havia sido sua culpa.
- Um pouquinho. - responde voltando para o silêncio.
Kelvin permaneceu olhando pra janela e então eu suspirei frustrada.
- Não precisa ficar assim você sabe, não é? - me afasto indo buscar a gase que estava encima da cômoda.
- Ele se machucou feio Angel. - murmura e sinto seu olhar nas minhas costas.
- Mas não foi culpa nossa Kel, Marcos falou pra ele não ir por aquele caminho. - relembro - Eu também avisei, eu conheço aquele lugar como a palma da minha mão e ele não deu importância quando disse o que podia acontecer. - faço o curativo nele.
- Mas eu me sinto mal, o garoto só foi porque nós fomos. - me olha com os cotovelos nas coxas.
- Eu sei, mas nós não estávamos fazendo nada errado, eu avisei meu pai, aliás todos ouviram e nós pedimos desculpas pra ele. - o vejo se levantar e analisar o ombro pelo reflexo do espelho.
- Não sei, pedir desculpas não vai fazer sarar mais rápido e nem voltar no tempo. - coloca a camiseta preta.
Fico sem ter o que falar e meu amigo percebe.
- O que acha de ir buscar um sorvete comigo? - pergunta calmo.
Dez potes pra 300 famintos, só assim.
- Agora? - questiono calma.
- Sim, quero sair um pouco pra refrescar a mente. - explica com um suspiro.
- Tudo bem, vou jogar uma água no corpo. - olho para o maiô e o shorts que ainda usava.
- Te espero no carro. - pega o celular e a chave do Jeep.
Realmente Kel não está bem e o pior é que nada que eu falar vai ajudá-lo a esquecer isso.
Depois do banho coloco um vestido florido e com a saia minimamente rodada, era um curto aceitável, dois dedos a cima do joelho mais ou menos, calço meu tênis e saio do quarto.
- Mãe vou com Kel comprar sorvete, po... - ela me corta com um aceno.
- Tenta fazer ele ficar bem Angel. - pede e eu assinto.
- Vou tentar mãe. - prometo e vejo Celeste entrar em casa. - Irreversível? - pergunto e ela sorri.
- Não. - alisa meu braço - Já, já ele melhora. - afirma e eu respiro fundo.
- Obrigada. - olho pra minha mãe - Tô indo. - ela assente de novo e saio de casa.
Caminho em direção ao carro de Kelvin quando ouço um grito.
- ANGELINA!! - Jéssica me chama ao longe - Aonde cê vai?
- Buscar sorvete com o Kelvin - digo e ela sorri grande.
- Eu quero ir. - Nanda levanta a cabeça da rede.
- Eu também. - diz Stil.
Eu olho pra eles sem saber como explicar que nenhum deles iriam poder ir.
- Gente, cêis são besta? - Drew fala e em seguida ri alto.
- Aaaah, meu Deus... - Nanda parece entender. - Quero ir mais não... - voltou a deitar.
Eu me aproximei deles.
- Foi mal galera, mas o Kel tá mal e ele vai sair pra espairecer. - explico e eles assentem.
- Entendi, boa sorte com o boy. - Stil zomba voltando a se sentar no troco e eu dou um leve tapa em sua testa.
- Tonto. - rio e retorno a caminhar em direção ao carro.
Quando abro a porta o vento geladinho do ar bate em meu rosto e ouço uma música calma tocar no rádio.
Ever Be, esse era o nome da música segundo o celular dele.
- Eles queriam vir? - pergunta enquanto eu colocava o cinto.
- Ahan. - confirmo passiva.
Já estava a tarde, se aproximava das seis, logo o sol começaria a se pôr, minha hora preferida do dia.
- Porque não deixou? - pergunta baixo enquanto saíamos da propriedade.
- Não achei que seria uma boa ideia, eles gostam de animação e convenhamos, você não está nenhum pouco animado. - justifoco e ele sorri fraco.
- É, verdade. - assente dando ceta e indo em direção a cidade.
- Gostei da música. - elogio e ele sorri.
- É mais uma da playlist gospel. - conta - Elas me ajudaram bastante durante a recuperação, as letras me levavam a buscar ajuda de Deus e isso foi essencial para eu me recuperar. - conta e eu sorrio.
Era bom ouvir aquilo, era ótimo, fazia meu coração borbulhar de alegria e gratidão ao Senhor.
Era reconfortante pensar que em todo tempo Ele esteve lá, mesmo quando eu não estava.
- Sabe o que disse hoje lá no meio do mato? - relembra e eu assino - Era o que eu estava pensando durante a caminhada. - conta sorrindo - E aí eu me perguntei se assim como as plantas Deus tinha um plano pra minha vida. - diz e eu o olho.
- E o que você acha? - questionei.
- Que Ele tem um trajeto perfeito para mim, mesmo que eu não entenda ou consiga ver agora. - respondeu simples.
Sim, a verdade, essa era a verdade.
Simples e clara.
- Kel, você já entregou sua vida pra Cristo? - perguntei com meu coração não mão.
- Não, eu achei que Ele já estava comigo. - fala calmo.
- Bom, é como um pacote Premium, você só desfruta de tudo ilimitadamente quando você assina. - digo e ele ri - Mas com Cristo é algo mais sério, você precisa confessar isso perante o céu e o inferno e então Ele fará morada dentro de você e o inimigo não terá mais poder para se aproximar. - explico.
Talvez eu seja péssima com exemplos, não sei.
- Então eu quero. - afirmou e eu sorri.
Mas e agora?
Eu não sabia o que fazer além disso.
Thomas, claro, com certeza.
- Hoje a noite eu tenho uma campanha de oração, meu amigo poderá fazer essa confissão junto conosco, você quer? - pergunto e ele assente sem hesitar.
- Sabe Angel, eu não quero viver como antes, como se a vida fosse acabar a qualquer momento e eu tivesse que aproveitar cada momento. - diz - Eu quero aproveitar sim, mas não inconscientemente, sabe? - pergunta e eu sorri.
- Eu consigo te entender. - afirmo.
- Eu perdi muitos momentos da minha vida por causa das drogas Angel, e eu não quero que isso aconteça nunca mais e com nada. - falou.
Os vícios vão muito além do que as drogas ou o álcool.
- Não irá, meu tempo com Cristo é ainda pequeno, mas eu tenho certeza de que com Ele nosso tempo nunca se perde. - digo e ele sorri. - Somos melhores a casa dia por Ele.
- Eu estou pronto para isso. - assente calmo.
Kelvin dirigiu até um supermercado e nós dois entramos, conversávamos amenidades e ele finalmente estava deixando a tensão de lado.
Pegamos três potes de cinco litros de napolitano, o clássico. Meu amigo empurrava o carrinho enquanto passeavamos pelos corredores, ele me pagou uma barra de chocolate e pegou um doritos pra ele.
Pegou duas cocas pra tomarmos com o sorvete, uuuhn amo.
Assim que ele pagou a moça do caixa carregamos as compras dentro das sacolas ainda no carrinho, dessa vez quem empurrou foi eu.
- Aqui. - fui dando as sacolas pra ele pôr no porta malas.
Fiquei apenas com as nossas comidas e então entrei no carro enquanto ele distanciava o carrinho.
- Tá bom? - perguntou pra mim que comia meu chocolate como se fosse Suíço.
- Uma delícia, obrigada. - agradeço de novo.
- Sem problema. - ligou o carro. - Aí, pode abrir meu doritos, por favor? - pediu enquanto saímos do estacionamento.
- Claro. - deixo a barra de lado.
Quando ia reabastecer a boca Kel dirigia com uma mão só o que me deixava com o coração na mão.
- Quer um pedaço? - pergunto.
Kelvin ri e eu o olho confusa.
- Pode pegar Angel. - me entrega seu pacote.
- Como você...? - rio divertida.
Nos conhecíamos a bastante tempo era difícil focar constrangida com ele, eu e Kel tínhamos uma longa caminhada, amigos de infância por assim dizer.
- Eu te conheço guria, sei quase todas suas manias. - acusa e eu rio nervosa.
Minha nossa Senhor...
Esse costume eu carregava comigo desde pequena, oferecia meu lanche na escola quando tinha interesse no lanche do meu cologuinha.
Oiá aí uma bela duma dica, sempre que quiser algo ofereça o seu, por que daí a outra pessoa vai se sentir na obrigação de te oferecer também.
É, algumas só, se ela não for gulosa e dizer não.
Brincadeira!
- Obrigada, mas agora é sério... - sorrio - Você quer um pedaço?
- Não, pode comer seu chocolate. - eu assinto e coloco um pedaço da barra junto com o doritos na boca.
Nem tinha percebido até sentir o sabor casar, uau.
- Caramba Kel. - murmuro e ele me olha calmo.
- O que foi? - pergunta lambendo os lábios para limpá-los.
- Experimenta isso. - fiz um sanduíche de doritos com chocolate no meio.
- Sério Angel? - pergunta com um sorriso hesitante e uma careta no rosto.
- Abre logo a boca monte everest. - reclamo com a mão em frente dos seus lábios.
Ele abre a boca e eu coloco o sanduíche lá dentro, vejo ele mastigar e quando ele ergue as sobrancelhas em aprovação eu rio.
- Bom, não é? - assinto e ele concorda.
- Muito bom, você sempre faz as melhores combinações Angel, incrível. - ele ri. - Quero mais. - pede e eu não hesito.
Depois de acabarmos com o lanche eu limpei meu colo e coloquei os saquinhos dentro da sacola de novo.
- Kel, posso te pedir uma coisa? - pergunto calma e ele assente. - Posso dirigir?
Vejo seu sorriso de negação crescer no rosto dele e então me adiantei.
- Por favooor. - juntei minhas mãos - Já estamos chegando e eu não posso fazer isso em São Paulo.
- Nem aqui, você ainda não tem carta moça. - replica.
Errado ele não tava, mas...
- Por favorzinho Kelzinho. - faço minha melhor voz de pidona e ele ri.
- Eu não acredito que estou deixando. - resmunga parando o carro.
- Iiiih. - balanço minhas mãos na frente do rosto feliz.
Trocamos de lugar e eu me senti muito bem no volante enquanto voltávamos pra casa.
Sentia saudades de dirigir, era muito bom, eu amava.
Chegamos em casa o sol já tinha se posto, a caminhonete do tio Liz estava estacionada na vaga de antes e os meninos estavam lá fora todos sentados na varanda.
- CHEGARAM! - Caramel gritou como se ninguém tivesse visto.
Eu estacionei o carro já rindo, desci e Kelvin fez o mesmo.
Fomos até o porta malas para pegarmos as compras e notei meu amigo tenso de novo.
- Aí, relaxa. - aconselhei sorrindo.
Ele assentiu e então fechou o porta malas.
- Quem aí quer sorvete? - pergunto erguendo as sacolas.
Meus amigos fizeram o maior barulhão enquanto se levantavam. Andrew e Caramel veio ajudar a gente com as sacolas e então todos entramos em casa.
- Que isso, que isso? - meu tio riu quando nos viu entrar - Apareceu uma assombração foi? - zomba e nós rimos.
- Nada tio, é que chegou a sobremesa. - explicou Ocean.
Meu pai comemorou esfregando uma mão na outra, mamãe foi pegar os potinhos de sobremesa e a tia foi pegar o mouse de morango e maracujá pra comermos com o sorvete.
Vi quando Kel foi em direção a Joaquim e conversou com ele, logo depois com os seu avós.
Estava me servindo quando ouvi o pneu de um carro.
- Ué, a gente tá esperando alguém? - pergunto e ninguém responde.
Eu rio quando vejo eles com a boca cheia.
- Sem problemas, eu vou lá ver. - digo deixando meu pote de vidro encima da mesa.
Sai na varanda da frente e vejo um carro branco, não conhecia o motorista e nem o carro dele, mas então vi Matt sair do banco de trás seguido por Mari.
- Aaah. - soltei um gritinho feliz e eles sorriram pra mim se aproximando de mãos dadas. - Oi casal. - sorri abraçando os dois de uma vez.
A turma estava completa.
Levei eles pra dentro e a galera vibrou, Matt e Mari cumprimentaram a todos e logo depois se serviram.
Quando a turma toda estava servida fomos pra varanda e contamos pra eles o resumo do dia, foi divertido, até Joaquim se enturmou.
Enfim, ele não era de tudo chato.
Galera, eai, tudo certo?
Passei só pra me desculpar pela demora mesmo, espero que tenham gostado do capítulo, estou a cada dia mais apaixonada por eles todos.
Espero que vocês também.
Beijinhos, Alice.
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