ʀᴏʟᴇ̂ ᴘᴏ́s ᴄᴜʟᴛᴏ

O culto acabou com a benção apostólica, pegamos nossas coisas e seguimos Tom cumprimentando os jovens ao redor.

Blan ficou conversando com o jovem pregador e Thomas levou nós, meninas, para apresentar aos jovens da igreja.

- A paz do Senhor galera. - saudou primeiro os meninos e depois as garotas - Que culto, em?

- Maravilhoso, a presença do Pai foi forte! - uma garota diz

- Nem me diga, ou a igreja subiu ou o céu desceu hoje. - um menino concordou

- Verdade gente - sorriu Tom - Mas eu queria colocar uma reticências nesse assunto por enquanto e apresentar minhas amigas de escola. - apontou para nós três - Essas são Valentina, Angel e a Annie.

- A paz do Senhor - saudei tímida e as meninas fizeram o mesmo.

- A paz - responderam eles

- Eu sou Estela - uma garota alta, magra e morena fala

- Sou Carlos - um menino médio, de óculos e fofinho fala simpático

- Me chamo Eduardo - outro fala.

- Cátia - uma loira linda diz erguendo a mão sutilmente.

- Sou Poly - a morena de cabelos ondulados sorri.

- E eu sou Rick - sorri o último.

- E juntos somos o Hi-5 - uma moça muito bela se aproxima de nós já nos fazendo sorrir - Paz do Senhor Tom.

Ela o abraça e eu não estranho, pois eu sou assim com meus amigos de Maringá também.

- A paz do Senhor meninas, vocês devem ser a Agelina, Valentina e a Annie, amigas do Tom. - nos cumpeimenta - Ele falou muito bem de vocês, e acredite por longos dias. - ela revira os olhos - Garantiu que traria pelo menos três amigos, enfim... - dá de ombros - Eu vou ter que pagar o rodízio dele.

Rodízio?

- Angel. - confirmo - Prazer em conhecê-la. - sorrio tocada por sua animação, assim como minhas amigas.

- Desculpe, sou Mel - ela sorri - Sou a regente destes belos jovens.

- E a mais engraçadinha - acho que foi Rick que comentou.

- É um prazer conhecê-la meninas, esperamos que você volte mais vezes. - a loira diz

- Obrigada pessoal, fiquei feliz em conhecer vocês. - falou Annie, Tina estava estranhamente quieta, seu sorriso sutil demonstrava seu constrangimento.

- Nos vemos na pizzaria? - Eduardo pergunta a nosso grupo

Pizzaria? Que pizzaria Deus? Ninguém me avisou.

Olho para Thomas confusa e noto que não havia sido somente eu.

- Sim, se tudo der certo nos vemos lá. - garantiu sorrindo.

- Tudo bem, até mais. - ela acena e nós nos afastamos.

- Desculpa meninas, eu esqueci de avisar. - coça a cabeça nervoso.

- Não tem importância, eu só tenho que falar com meus pais - dou de ombros.

Annie concorda comigo e se afasta com o celular na orelha, afim de confirmar com os pais antes de falar se iria ou não.

- Eu estou na dependência da Angel, se ela for eu vou, senão.. - sorri Tina

- Certo! - concorda ele

Encontramos meus pais fora do templo, estavam em uma conversa desenfreada com Matheus, o preletor e com mais alguns irmãos.

- Mãe? - chamei baixo

- Oi querida, chegou na hora certa. - ela sorri simples - Essa aqui é minha filha, Angelina.

- A paz do Senhor - saudei-os

- A paz do Senhor - responderam

- Mamãe eu preciso falar um segundo com a senhora. - chamei

- Claro, com licença. - sorriu

Nos afastamos e Tom e Tina vieram comigo.

- Pode falar, aconteceu algo? - olha de mim para meus amigos.

- Na verdade não, mas eu queria saber senhora Edward's... - Tom parou imediatamente quando viu a cara que minha mãe fez a ele - Desculpe, como posso chama-la?

- Lauren apenas, prefiro. - ela informa gentil.

- Tudo bem, Lauren eu queria saber se a Angel não pode ir comigo e com os jovens na pizzaria? A Val vai e se tudo der certo, Annie também e o Blan, não iremos ficar até tarde.

Ela o encarou por alguns segundos e senti Tom tenso.

- Pode sim - sorriu - Te peguei garotão! - riu dele que suspirou claramente aliviado.

- Pegou mesmo, olha! - riu com ela e nos olhou com semblante engraçado.

- Só te peço uma coisa, não as leve tão tarde pra casa. - pediu

- Prometo. - assentiu sério.

- Beijo querida, e se comporte. - ela beija minha testa.

Como se eu fosse rebelde como ela mesmo me chamava, penso com um riso fraco nos lábios.

Observo ela voltar pra junto de papai e entrelaçar seus dedos nos deles, assisto ela falar algo em seu ouvido, ele então me olha e assente, sorri e acena disfarçadamente.

Devolvo o gesto e sigo com Tom e Val a procura de Annie e Blan.

Achamos ele conversando com alguns jovens sentados em um dos bancos da igreja e Annie ainda estava no celular.
- Vamos para uma pizzaria? - perguntou Blan quando Tom o chamou e ele se juntou a nós a espera da japonesa - Beleza cara!! - riu satisfeito - Até que achei essa ideia de igreja boa, o que rolou aqui hoje foi surreal, eu tremia feito vara verde. - comentou

Ele mantinha no rosto um semblante engraçado

- Louco! - afirmou por fim sorrindo.

Eu apenas neguei com a cabeça e sorri, Tom com toda a sua calma disse ao amigo:

- Se contenha grandão. - pediu com dois tapinhas no ombro do amigo.

Annie se achegou até nós e disse que não poderia nos acompanhar, pois os pais já tinham compromisso marcado para hoje e eles a esperavam em um restaurante japonês.

Nos despedimos dela um pouco chateados por não tê-la conosco, mas garantimos que teria uma próxima.

Meus pais já haviam ido embora quando fomos para o estacionamento, pois o carro já não estava mais lá. E assim que nós também saímos uma caminhonete passou ao nosso lado e buzinou e logo estacionou mais a frente.

O garoto pareceu reconhecer, pois encostou com o carro e saiu do veículo pedindo alguns minutos.

Ele atravessou a rua e caminhou até onde o automóvel havia sido parado.

Como estava um pouco longe não conseguimos ouvir, mas conseguíamos ver a cara do guri e não parecia coisa boa.

Com dois beijos ele se despediu do homem e caminhou de volta, em um momento da caminhada ele coçou a nuca parecendo nervoso.

- O que aconteceu? - Blan que estava na frente perguntou quando ele entrou.

- Minha mãe foi ao supermercado e ainda não voltou.

- Ué. - resmunga o amigo

- Meu pai veio ver se eu sabia do paradeiro dela já que eu não atendia o telefone. - explicou ligando o carro - Você pode ligar pra ela para mim cara? - pergunta a Blan que rapidamente assente.

Ele estava até muito tranquilo, não parecia tão alarmado.

- Onde você acha que ela pode estar? - pergunta o amigo ainda na chamada.

- Ela sempre ajuda aquela senhora do 220, a senhora da vila das palmeiras, mas nunca costuma demorar por lá. - conta - De qualquer maneira não deve ser algo grave. - diz saindo com o carro depois do pai.

- Você não quer cancelar o rolê e procurar por ela Tom? - pergunta Val

- É cara, não vamos ficar chateados se você cancelar e tenho certeza que a galera da igreja também não. - concorda Blan

- É até muito compreensível. - afirmo e me reencosto no banco macio e olho as notificações do celular que eu havia acabado de ligar.

- Meu pai falou que vai ir até a casa da Sra. Rosana, ela deve estar lá e que não é necessário cancelar o rolê - fala calmo - Mas se caso precisar ele vai ligar, daí eu vou.

- Beleza então. - assentimos junto do guri descolado no banco do passageiro.

Ao chegarmos eu me surpreendi com o tanto de mesa que tiveram que ser juntadas, havia muitas pessoas, eu estava animada.

A arquitetura da pizzaria era maravilhosa, mamãe amaria, um estilo italiano, janelas grandes e redondas, no andar debaixo elas iam até o chão quase e davam ao cliente a vista bonita e relaxante do chafariz do lado de fora.

Na parede do balcão de atendimento estavam expostos os mais caros, antigos e bonitos vinhos, meu pai iria gostar daquilo, não por ser consumidor da bebida, mas por na linhagem ter tido conexão com a produção, o avó do avó do avó de seu avó, ou seja o tataravô dele ou na forma correta tetravô, cultivara uma vinícola que infelizmente foi vendida a muitos anos atrás.

Nós tivemos que subir, pois o lugar escolhido havia sido o segundo andar, mais reservado e ainda mais bonito. lá tínhamos uma visão ampla do gramado e da decoração de fora pelas janelas grandes e de época medieval, lindo.

Ficou decidido que cada um pagaria, para não dar confusão, exceto Tom que venceu a aposta com Estela.

Ele iria pagar o meu que havia esquecido de pegar o cartão com meus pais, eu só concordei porque aceitou receber de volta depois.

Depois de muitas rodadas eu já estava explodindo por dois motivos, de tanto comer e de tanto rir. Eu não tinha noção que sair com um grupo de jovens cristãos poderia ser tão legal.

Uma certa hora da noite Rick pegou o violão que havia trago e puxou vários louvores, desde a agitados até os mais calmos, descobri que Tom era dono de uma linda voz e que fazia dupla vocal com Poly.

Fizemos também uma competição de quem chupava mais limão e quem venceu foi a Cintia, a menina fazia careta, mas não hesitava, corajosa!

Eu consegui ir até o quinto, depois desisti e me rendi a minha pizza de chocolate.

Não vi quando Tom saiu da mesa para atender o telefone, mas vi quando ele estava terminando de subir as escadas, sua cara era de preocupação agora acentuada.

- Galera eu vou ter que ir, aconteceu um imprevisto e meu pai está precisando de mim. - ele avisa e eu, Blan e Val nos levantamos quase que imediatamente.

- Ahh - alguns reclamaram, mas desejaram que fossemos com Deus.

Ofereceram para nos levar depois, mas Tom havia prometido que nos levaria e Blan não quis deixar o amigo só.

- O que aconteceu? - perguntou a Tom quando já estávamos fora do estabelecimento.

- Minha mãe passou mal e por isso não atendia o telefone, ela estava na casa da Sra. Rosana e a filha dela levou mamãe para o hospital. - contou - Eles já estão em casa, meu pai disse que ela não deixou me ligar mais cedo, pois eu iria querer ir embora e estragaria o rolê. - sorriu negando

Tom destravou o carro e nós entramos.

- E com razão. - falou Blan - Se fosse minha mãe eu também deixaria as pizzas de lado, mesmo que estivessem suculentas, gostosas, apetitosas, cheirosas e... - ele é interrompido por Tom enquanto eu e Val riamos.

- Tá Blan, já entendemos. - riu baixo também - Pelo menos por ela você deixaria a comida de lado. - comenta risonho.

Thomas nos deixou primeiro com a promessa de que nos manteria informadas, Blan se despediu de nós com um grande sorriso e com uma piada.

E então eles partiram depois de entrarmos com minha chave reserva que sempre levava comigo, precaução tomada por mim depois que minha mãe perdeu a dela e ficamos trancadas pra fora até meu pai sair do serviço. Não ficamos esperando, fomos ao shopping, mas de qualquer maneira eu passei a me precaver.

- Mãe? Pai? - chamo acendendo a luz do hall - Chegamos. - me sento para desabotoar a sandália.

- Será que eles estão? - pergunta Val me imitando

- Acho que não, minha mãe é faladeira, aonde ela está não habita o silêncio. - comento e nós rimos. - Eles devem ter ido jantar fora.

- Provavelmente. - concordou e nos dirigimos pra escada - Que culto foi esse, em? - pergunta e eu concordo entrando no quarto.

Eu assinto enquanto ela colocava a bolsa encima da escrivaninha e eu a minha no guarda-roupa.

- Eu também não sei explicar. - sorrio escolhendo uma roupa de dormir.

- Eu só sei que nunca tinha sentido nada parecido, queria que as meninas tivessem ido pra experimentar. - ela fala tirando a presilha do cabelo.

- Foi sensacional. - concordo - Elas perderam.

- É, e se nossos pais não tivessem deixado eu vir, também teria. - comenta colocando um short de dormir de maçãs inteiras, pela metade, pela metade da metade e pela metade da metade da metade, se é que me entende.

O short era bem cumprido até, me lembrava o estilo cintura alta, muito bonito. Conjuntinho com uma blusa vermelha de alcinhas.

Eu por outro lado coloquei um short normal amarelo apagado e uma camisola de manga média da mesma cor que a parte debaixo com a palavra Sleeping.

Em casa nós tínhamos um colchão inflável e era nesse que Tina iria dormir, eu estava sentada na minha cama e ela na janela, conversávamos sobre o culto ainda, ambas extasiadas com o que havia acontecido e o que havíamos sentido.

Quando começou a ventar ela fechou a janela e veio se sentar no colchão, contei a ela a história dos meus pais e sobre meus avós serem cristãos e pastores. Val ouvia com atenção e comentava coisas que nos faziam rir.

Meus pais chegaram depois de uma hora e mamãe bateu a porta do quarto, segundo ela pra conferir se estava tudo bem e depois se retirou para seu quarto.

Amanhã é domingo e não estávamos nos importando tanto em ir dormir cedo, por isso continuamos a conversar.

Não sei por qual meio chegamos ao assunto natal, mas Val disse que os pais estavam programando de irem festejar a data na Espanha na casa de amigos próximos do casal. Ela disse estar animada, pois nunca haviam ido para lá.

- O máximo que eu fui foi pra algumas cidades dos Estados Unidos - sorrio ao ouvi-la mencionar os quase vinte países pra qual já havia ido, até morado fora ela já tinha, México.

- Foram poucas as vezes que fomos pros Estados Unidos, meu pai gosta mais da Europa. - contou - Mas fomos a Disney nas férias passadas, presente de dezoito. - contou

- Eu vou ganhar minha carta de presente de dezoito. - compartilho.

- Quando é seu aniversário? - pergunta

- Mês que vem, dia dez. - falo

- Vai ter festa? - se anima

- Eu acho que não porque meus pais vão gastar com a carta, mas eu quero ir para Maringá, passar uns dias na casa do lago dos meus avós.

- Casa do lago? Que legal! - afirma e eu assinto

Meu celular começou a vibrar encima da escrivaninha e Tina se ofereceu para pega-lo, no meio do caminho ela atendeu e passou para mim falando que era um amigo meu.

Sem pensar eu atendi, tentando adivinhar pela voz qual amigo era, estava morrendo de saudades de todos.

CHAMADA ON

*Quem? - pergunto animada com um enorme sorriso no rosto.

*Angelzinha? - meu semblante murcha e a visão fica turva - Sou eu, o Kelvin.

Mesmo se ele não tivesse falado quem era, eu saberia. Sua voz me levava de encontro aos meus piores pesadelo e o apelido que somente ele usava hoje, me levava até um passado assombroso.

* O que você quer? Eu já disse pra não me ligar, pra esquecer a minha existência. - disse com a voz falha.

Valentina me encarava com um misto de confusão e preocupação.

* Angel... - tentou falar, mas eu o cortei

* Não fale meu nome, não fale comigo, não me ligue mais, não quero ouvir sua voz e nem me lembrar de você. - digo sentindo meu nariz arder e meus olhos lacrimejarem.

* Por favor, eu peço que me escute... - pede, mas eu nego freneticamente.

* Nem se você implorasse. - afirmo e tiro o celular da orelha.

* Angel, por favor... - consigo ouvi-lo dizer antes de finalizar a chamada.

CHAMADA OFF

- Desculpa. - peço a Val que me encarava.

- Não precisa de desculpar, se quiser conversar sobre... - me olha compreensiva

Eu nego, mas agradeço.

- Kelvin não é uma lembrança legal e eu prefiro empurra-lo pro lado escuro onde eu escondo as lembranças desagradáveis. - ela assente calma

Depois desse episódio o clima pesou, tratei de mandar embora a tensão e coloquei uma série para assistirmos no meu notebook.

- Sempre assistia as visões da Raven, eu amo de paixão. - fala se acomodando ao meu lado na cama.

- É quase um clássico esse seriado, é como todo mundo odeia o Chris, é impossível nunca ter assistido. - comento e ela concorda.

Não sei que horas eram quando fomos dormir, mas já estava bem tarde.

- Boa noite Angel, dorme com Deus. - ela desejou - Até amanha.

- Obrigada Val, até amanhã. - sorri para ela - Boa noite.

- Obrigada! - agradeceu e eu me virei pro outro lado

Antes de adormecer eu pensei na ligação indesejada e me peguei perguntando o que ele teria falado caso eu tivesse o ouvido.

Afastei esses pensamentos decidindo que seria perca de tempo pensar sobre.

Por que como ele mesmo me dissera a um tempo atrás, a consideração por mim havia morrido.



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