sʜᴏᴘᴘɪɴɢ
No dia seguinte Val me ajudou a fazer o café, era domingo e meus pais dormiam até oito horas, era lei, sempre.
Valentina era uma boa cozinheira, fez bolinho de chuva para comermos e seu café era espetacular, eu havia feito bolo de chocolate enquanto conversávamos coisas aleatórias.
Quando terminamos e nos sentamos pra comer havia acabado de dar oito horas, meu bolo estava muito bom e os bolinhos dela também.
Aproveitamos para ligar para Tom pra perguntar como a mãe dele estava e o garoto confirmou que ela estava melhor e que havia tido apenas uma queda de pressão, mas já estava toda animada arrumando o café para a família.
Depois que desligamos o assunto sobre a ligaçap de ontem retornou quando meu celular tocou e então eu contei a ela sobre Kelvin e a mesma se indignou comigo, ontem não estava preparada para compartilhar essa parte da minha vida, mas agora vejo que foi legal eu conversar com ela.
A programação pra hoje era ir ao shopping, Val disse que queria comprar uma calça que havia visto no site da Zara em promoção e disse que também queria comprar um sapato novo.
Como se ela precisasse.
Mamãe foi a primeira que apareceu, nos desejou bom dia e se sentou para comer conosco. Vinte minutos depois meu pai também se juntou a nós e conversamos bastante durante todo o café.
Meus pais e minha amiga se deram muito bem e eu fiquei feliz por isso, porque eu sabia que dessa maneira Val teria passagem livre para todas as permissões deles.
Eram dez horas quando eu e Tina fomos nos arrumar, a garota tomou banho e eu só troquei de roupa.
Coloquei uma regata e um shorts, calcei um tênis e arrumei meu cabelo, passei um perfume e ajeitei minhas coisas na bolsa de alça.
Já a garota se enfeitou toda e no final da produção perguntei a ela se iríamos ao shopping ou a um desfile de moda.
Mas é lei que uma garota despojada sempre tem uma amiga patricinha, no bom sentido.
Em Maringá Carol fazia esse papel.
- Vamos Angel. - reclama já fora do carro enquanto eu pagava o Uber.
- Mas que pressa, eu não poderia sair sem pagar. - digo enquanto arrumo minha roupa do lado de fora.
- Mas você tinha que trazer logo o cartão? - pergunta séria com os braços cruzados na frente do peito.
- Minha mãe não deixa eu andar com dinheiro, ela fala que é mais seguro o cartão. - sorrio para ela.
- É... - pondera - Pode ser, mas vem, vamos logo. - me puxa para ir mais rápido.
- Oh meu Deus, a loja não vai sair do lugar não menina. - reclamo enquanto ela ria baixo.
- Mais eu tenho pressa em estar lá dentro. - fala e dessa vez quem ri sou eu.
Ao entrarmos na Zara Valentina É atendida por uma mulher que parecia lhe conhecer bem, desfilados por entre as muitas peças de roupas, todas muito lindas e carinhas.
Não, carinhas era um eufemismo.
Val so se interessava pelas novidades e ela parecia ser até uma estilista formada, crítica e decidida como era estava até me dando nos nervos.
- Vou dar uma volta. - aviso e ela assente
Caminho entre manequins, roupas e mais roupas e acho um conjunto bem lindinho, uma saia e uma blusinha lilás que eu fiquei completamente apaixonada.
Eu não pensei muito para colocar na minha cesta e continuei andando por ali, eu nunca fui crítica pra roupas, mas eu sou fiel ao meu estilo.
Comprei algumas saias jeans, pois eu não tinha muitas e eu havia notado que as meninas da igreja usam muito em sua maioria.
Peguei também algumas blusas e um tênis que eu achei um arraso, eu preferia mil vezes o conforto e a segurança de um do que ficar sob saltos e correr risco de cair.
Encontrei-me com Tina no provador e juntas provamos nossas peças, ela ficava linda em cada uma delas e segunda a mesma, eu também ficava.
Quando saímos da loja era mais de meio dia e o que me surpreendeu foi o fato de que eu nem havia visto o tempo passar.
Almoçamos em um restaurante cleen que tinha na praça e eu me senti a vontade me lembrando do dia em que sai com meus pais.
Demos uma volta pelo shopping, entramos em várias outras lojas e passamos o cartão não sei quantas vezes mais, eu estava falida.
Por fim entramos em uma livraria cristã, eu não pensei duas vezes antes de namorar as bíblias que estavam expostas nas prateleiras e peguei uma azul com alguns detalhes em branco para mim.
Valentina pareceu querer, mas não levou pois sabia que os pais lhe tomaria o livro. Ao invés disso ela comprou um romance, não me lembro o nome, mas também era cristão.
- Olá meninas boa tarde. - nos saudou a caixa - Ah pera, eu lembro de vocês. - disse com um enorme sorriso. - São as amigas do Tom. - fala e nós confirmamos.
- Desculpe a indelicadeza, mas ontem conhecemos tantas pessoas que eu não estou recordando seu nome. - falou Tina delicada.
- Não tem problema, eu entendo perfeitamente. - ela sorri - Meu nome é Poly.
- Ah, eu me lembrei. - digo sorrindo - É um prazer encontrar você. - falo sincera.
- Igualmente. - sorri fazendo as duas covinhas aparecerem em cada uma das bochechas.
- Bom, nós vamos levar esses dois aqui. - entrego a ela os livros.
- Certo, vai passar junto?
- Pode ser. - quem responde é Tina.
Enquanto ela passava os produtos e os embalava conversava conosco.
- Mas vão lá mais vezes, as quartas feiras a noite temos um programa para jovens, aonde nos reunimos pra falar de Cristo e adotarmos a Ele.
- Nós iremos sim, afinal tudo o que eu mais quero é aprender sobre quem Ele é. - digo e Poly sorri
- Tenho certeza que você irá se apaixonar por Ele, que vocês vão. - afirma e assentimos.
Depois de nos despedimos saímos da loja alegre, foi o que eu pensei até olhar para Tina.
- O que foi Val? - pergunto alisando seu ombro.
- Estou com medo, eu me sinto renovada por ter Jesus no meu coração e na minha vida, mas estou com medo da reação dos meus pais. - confessa - Eu não quero esconder, sabe? E eu quero ir nos cultos e em reuniões como essa porque eu também quero conhecer Ele, mas...
- Seus pais não permitiriam. - completo
- Não, eles nunca vão aceitar e se meu pai sonhar que fomos na igreja ontem e que você é cristã, ele é capaz de me mudar de escola e bloquear todas as formas possíveis de mantermos contato.
Eu sem saber o que dizer fico em silêncio.
- As vezes eu penso em ir morar com a minha avó, mas tenho certeza que até lá eles dariam um jeito de me controlar. - suspira - Eu não entendo o rancor que ele tem por nós e por Deus, mas eu não quero seguir suas ideologias, sabe?
Eu assinto
- O que eu vivi ontem confirmou tudo o que eu sentia sobre Jesus e toda dúvida foi embora quando eu me senti completa, quando meu coração foi preenchido. - fala e eu começo a me emocionar porque eu também me sentia completa agora.
Eu olho para o chão e então para ela e depois volto meus olhos para a frente.
- Eu me sinto um pouco incapacitada perante isso porque eu não posso fazer nada, mas e se nós orássemos sobre essa situação? - digo - E quando você puder pousar lá em casa, nós vamos. - digo.
- Esse vai ser o jeito por enquanto, mas será o provisório até eu achar uma saída. - fala e eu assenti
- Pode contar comigo. - digo a ela.
- Você vai quarta feira? - pergunta
- Não sei, eu acho que vou ter que ir para Maringá essa semana ainda, meus pais tem alguns assuntos pendentes para resolver. - digo e ela assente.
- Podemos combinar um dia pra ir? - pergunta e eu assinto rapidamente.
- Claro. - sorrio
Val devolve o gesto e envolve seu braço no meu segurando com a outra mão as mil e uma sacolas de compra.
- E você não precisava pagar minha bíblia. - digo
- Você pagou o Uber. - dá de ombros
- Mas o Uber foi a metade da metade do valor que você gastou. - reclamo.
- Simples amiga, paga o Uber de novo. - eu ia dizer que ainda ficaria em falta, mas ela me interrompeu - E esqueci o resto, não tá me devendo nada.
Eu encabulada me calei e continuei andando ao seu lado.
Voltamos pra casa era quase quatro horas, havíamos passado no Starbucks para pegar café, tomamos lá mesmo porque o cara do Uber não nos deixou entrar com líquido.
- Meu Deus do céu, compraram o shopping inteiro? - mamãe ri ao nos ver entrar em casa.
- Não, mas quase, só faltou a Marisa pra entrarmos - brincou minha amiga.
- Meu Deus do céu, dá próxima vez eu quero ir com vocês, mas daí eu serei bancada, pode ser? - brinca também e nós rimos.
- Ah claro, eu pago sem problemas. - fala Val
- Mãe, a senhora me deixou sem a mesada desse mês, tô falida já. - respondo a fazendo me olhar torto.
- Você já sabe o porque, inclusive seu pai vai buscar seu celular amanhã e a noite nós iremos pegar um avião pra Maringá. - eu assinto e então peço licença pra levarmos as coisas pro quarto.
- Ah, oi meninas. - papai nos encontrou no meio da escadaria - Achei que vocês haviam sido sugadas pelas lojas, já estava preocupado.
- Ainda não pai, o senhor não vai se livrar tão cedo de mim. - rio e passamos por ele que também ri.
Val coloca as coisas no canto do quarto e vai até sua mochila para pegar uma troca menos chique, já eu me jogo na cama afim de abrir minha bíblia nova.
- Quantos dias você vai ficar por lá? - pergunta ela
- Não sei, acho que uns dois, não podemos ficar muito por causa da escola e do trabalho do meu pai. - respondo - Vocês vão sobreviver dois dias sem mim. - digo e ela sorri
- Claro que sim, mas vai ser um pouco sem graça. - exclama e eu nego
- Relaxa, quinta eu já vou estar de volta, eu acho. - franzo o cenho - Tenho certeza que sobreviveram. - digo por fim - Pode me emprestar seus cadernos quando eu voltar, pra colocar as matérias em dia?
- Claro que sim. - afirma - Angel, posso ver sua bíblia? - pergunta e eu assinto.
Ela se senta ao meu lado e entrego o livro, Valentina parecia fascinada e então eu tive uma ideia.
- Eu tive uma ideia. - digo em voz alta - E se antes de dormimos lêssemos um capitulo? - digo
- Mas eu não tenho uma... - para e seus olhos me encaram - É uma ótima ideia Angel. - ela sorri e eu também. - Assim meus pais não descobrem e eu posso ouvir a palavra de Deus.
- Exatamente isso o que eu pensei, nós poderíamos baixar um estudo em mp3 sobre o capítulo que leremos e depois conversar sobre ele a noite. - digo e ela bate palmas.
- Sim, sim, sim! - diz animada - Ai, como é bom ter uma amiga inteligente. - vibra
Nós lemos os dez primeiros capítulos de Genesis, estávamos tão impactadas e apaixonadas pela palavra que passamos o resto da tarde no meu quarto revezando a leitura, só paramos quando mamãe veio avisar que a mãe de Tina estava lá embaixo.
A garota juntou suas coisas com minha ajuda e mamãe também se ofereceu para desce-las, mas antes de sairmos do quarto eu puxei mamãe e pedi pra que ela não comentasse com a mãe de minha amiga que havíamos ido a igreja.
Ela assentiu sem entender, mas quando olhou para Valentina que mantinha um sorriso fraco no rosto pareceu entender.
- Não se preocupe querida, não vou falar nada. - promete - E sempre que quiser ir no culto de novo pode vir aqui pra casa e nós te levaremos, okay?
- Obrigada Lauren, obrigada. - ela falou abraçando mamãe com emoção.
Descemos logo em seguida e encontrei a mãe dela na sala, o marido que a acompanhava conversava com meu pai.
Valentina arregalou os olhos e senti seu corpo tencionar ao ouvirmos meu pai iniciar o assunto proibido com o homem de Val.
- Querido? - mamãe o chama antes que dissesse algo que comprometesse minha amiga.
- Oh sim, meu Deus que indelicadeza. - se levanta rápido e vem em nossa direção para nos ajudar.
Mamãe o encara quando esse fica de frente para nós, com o canto dos olhos vi os pais de Val se levantar e o homem abotoar o terno caro que vestia.
- Não comente. - mamãe pediu em sussuros enquanto entregava as sacolas e a ele, da sala tenho certeza que não haviam notado.
- Tudo bem - assente.
- Obrigada senhor Edward's - fala Val mantendo os dois sentidos no agradecimento.
Ele sorri e volta a descer as escadas.
- Bom, eu dizia que ontem fomos a um bom restaurante. - retoma o assunto para não causar estranhamento - Poderíamos combinar para irmos jantar juntos. - convida.
- Claro que sim, nós adoraríamos, não é amor? - olha para a esposa.
- Sim, sim. - sorri ela confirmando.
Valentina foi até os pais e os abraçaram, em seguida ela olhou para mim e disse:
- Pai, essa é minha amiga Angel.- sorri
- Muito prazer Angel, meu nome é William - se apresenta pegando em minha mão.
Eles não se demoraram muito, pois disseram ter um compromisso para mais tarde, vai entender esse povo rico que é compromissado até de domingo.
Aceno para o carro que se afasta e entro em casa com meus pais.
- Por que não era pra comentar sobre o culto querida? - papai perguntou curioso e eu sorri
- O pai dela não gosta de cristãos, na verdade ele não gosta do cristianismo, o porque eu não sei, mas ele não permite que ela se misture com cristãos e com nada relacionado a isso. - respondo e ele ergue as sobrancelhas.
- Que bom que eu não falei demais. - comenta e eu rio
- Que bom que o senhor não falou demais. - confirmo e bato de leve em seu ombro. - Vou subir pra aprontar minhas malas, quantos dias ficaremos?
- Dois, quinta a noite estaremos de volta. - responde mamãe se servindo de suco.
- Não leve muita coisa, em Angelina? - alerta meu pai - Não tô afim de carregar as minhas e as suas. - diz e eu rio
- Pode deixar. - concordo já subindo
Pego minha mala de viagem no guarda roupa e a coloco em cima da cama, pego minhas nécessaires e vou arrumando tudo o que eu iria precisar, eu ainda ia pra escola na manhã seguinte, então deixei pra fora coisas como escova de dente, a pasta e desodorante.
Coloquei na mala algumas das peças que comprei a tarde e depois que ela estava pronta eu a coloquei no chão ao lado da escrivaninha, quando estava tudo pronto desci com as sacolas e ajudei mamãe com o jantar.
Eu já havia ligado para Velentina e li para ela até o capitulo doze, eu pretendia fazer isso durante a viagem também.
Quando deu onze horas eu já estava na cama, pronta pra dormir, o dia começaria cedo e eu tinha que estar disposta o suficiente para enfrentá-lo.
Acordei com o despertador, animada eu me levantei e o desliguei.
Me sentia muito bem e então me ajoelhei para agradecer a Deus pela noite de descanso e por acordar com saúde, vovó me incentivava a fazer isso quando criança, mas eu perdia o hábito assim que voltava pra casa.
Depois de agradecer a Deus pelo descanso e por acordar, peço pra que Ele seja presente no meu dia me guardando e livrando do mal.
Me levanto, faço minhas higiene, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, coloco uma calça jeans preta e a camisa do uniforme. Confiro meus materiais e desço em seguida, mamãe já fazia o café e me recebe animada na cozinha.
- Bom dia minha princesa. - fala e eu sorrio
- Bom dia mãe, dormiu bem? - a abracei e beijei
- Sim, graças a Deus e você?
- Dormi bem também, cadê o papai?
- Ele teve que ir mais cedo hoje pra conseguir sair antes das cinco e meia pra pegar seu celular.- respondeu e eu assenti.
Tomamos café calmamente, mamãe contava com estava animada para ir para Maringá, eu também estava, queria rever meus avós e meus amigos. Eu não contei pra ninguém que eu iria, queria fazer uma surpresa para eles.
Era sete e dez quando chegamos na escola e o sinal acabara de bater, me despedi de mamãe e entrei no edifício. Não encontrei as meninas, então continuei caminhando pro meu andar.
- Angel! - ouço alguém chamar e me viro.
- Ah, bom dia Blan. - sorrio e ele me abraça
- Bom dia, olha eu estava me lembrando que esquecemos de fazer o trabalho. - diz e eu me apavoro
- Meu Deus é mesmo Blan. - coloco a mão na testa - Que dia teremos que entregar?
- Até semana que vem, na segunda. - responde e eu suspiro aliviada - Ia perguntar se não dá pra fazermos hoje.
- Vish, não dá. - bato de leve a mão na coxa - Vou viajar e só volto quinta feira a noite. - falo simples. - Que tal sábado?
- Pode ser, acho que eu não tenho nada. - parece pensar. - Deixa eu ver...
- Quer conversar com o Tom primeiro? Podemos fazer na sexta também. - digo
- Eu acho melhor conversar com ele antes de confirmar - concorda
- Beleza. -sorrio
Nós passamos a subir juntos e lá encima encontramos o resto do pessoal.
- Angelzinha, achei que não viria. - fala Josh me abraçando de lado e me apertando de leve - A Val comentou que vai viajar
- Eu vou, mas é só a noite. - respondo - Bom dia meninos. - sorrio e abraço todos.
Logo em seguida foi cada um pra sua sala e eu me concentrei o máximo em cada palavra que os professores diziam.
Eu que não queria ir mal nas avaliações.
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