ᴏ ᴊᴏɢᴏ
- E ai, o que me diz de hoje? - questionou minha mãe assim que entrei no carro
- Foi ótimo mãe. - sorrio e a cumprimento com um beijo no rosto
- Só isso? Quero mais, pode começar. - diz ligando o carro - Já fez amigos?
- Sim, alguns - digo colocando o cinto - Acredita que o Thomas está na mesma escola e na mesma sala que eu?
- O menino de ontem? Que coincidência Angel. - comenta ela me olhando rápido.
- Pois é, eu também achei. - concordo abaixando o vidro - De tantas escolas, eu cai bem na dele. - comento e ela sorri fraco - Não que isso seja ruim, ele ainda tem que pagar meu celular - concluo e o sorri da mamãe se abre de vez - Sabe aquela senhora que deu o bolo ontem? - pergunto me ajeitando no banco - Então ela é avó dele. - concluo assim que ela assente e a mesma ri baixo
- Que esquisito, mas legal. - afirma com o cenho franzido - Aquela senhorinha é uma graça de pessoa, ficamos conversando bastante ontem, tomamos até uma xícara de café. - conta
- Disso ai eu não sabia, nem me chamou para conhece-la mãe?
- Era por volta das nove e quarenta, você já estava dormindo princesa. - sorriu fraco - Mas não fuja do assunto inicial, como chama suas novas amigas?
- Não sei se posso chama-las assim mãe, hoje foi meu primeiro dia se lembra? - sintonizei o som na rádio que gostávamos.
- Como elas chamam Angel? - finge não ter me escutado.
- Alisson, Valentina, Karen a Malia e a Talia, essas duas últimas são gêmeas - conto - A senhora tem que ver como elas são lindas, são bem branquinhas e ruivas, sardinhas por todo o rosto, a senhora tinha que ver mãe, os lábios delas são vermelhinhos - digo e ela ri - E os olhos azuizinhos parecendo a água daquela praia em que fomos nas férias passadas. - digo
- Qual? A de Porto de Galinhas? - pergunta
- Não mãe, a que fomos ano passado.
- Ah sim, Arraial do Cabo. - diz
- Sim, essa mesmo. - afirmo - Elas são lindas, todas são, mas elas parecem aquelas modelos, sabe? Aquelas atrizes famosas de Hollywood? - disse e ela riu de mim
- Sei, sei. - virou o volante - E você gostou do sistema da escola?
- Adorei, eu almocei no jardim hoje. - compartilhei - Thomas pediu mini pizzas pra gente. - contei animada e ela me olha pelo canto dos olhos.
- Ah é, é?
- É, ele me contou um pouco sobre a vida dele, a mãe veio do Líbano e ele nasceu quando os pais foram buscar a avó e a tia dele.
- Sério, que legal. - sorriu - Porque a mãe dele veio pro Brasil?
- Ela pediu pra se refugiar aqui por causa da guerra. - expliquei não querendo me aprofundar no assunto
- Ah, entendi. - ela franziu o cenho de novo, havia algo que a estava incomodando então decidi deixar o Thomas de lado e falar só da escola.
- Os professores são incríveis, alguns deles até passam o almoço conversando, jogando truco com os alunos, eu achei o máximo.
- Sério? É bom mesmo que os alunos e os professores criem vínculos pois assim fica mais fácil a interação na sala de aula. - observou
- E assim, não é só com os professores, lá as pessoas se enturmam com os funcionários também, é legal. - conto - Nas aulas eu notei muita diferença, sabe? As aulas são como se fossem um bate papo, eu gostei - olhei pela janela batendo os dedos na perna ao ritmo da musica que tocava - Sem falar nos armários. - disse
- Eu sabia que você ia gostar dessa parte - ela riu
- Eu amei, na hora que tocou o sinal pra irmos embora que fomos guardar os materiais me senti em um daqueles filmes americanos, sabe? - ri de mim mesma - Mãe porque não nos mudamos antes? - perguntei
- Era ontem mesmo que você estava chorando porque não queria vir. - apontou sorrindo
- Era porque eu estava com medo, mas agora eu sinto que foi a melhor coisa que aconteceu nesse ano.
- É por isso que eu digo que não podemos ter medo de experimentar o novo - mamãe falou
- Pois é. - respirei fundo e então me lembrei de outra coisa - E a Amanda? Por que a senhora não me falou que ela é a diretora?
- Porque ela queria fazer uma surpresa. - explicou
- Eu amei demais, fazia tempo que não a via. - comentei - E a senhora viu o novo visual dela?
- Vi, ela pintou o cabelo de preto, né?
- Eu amei, deixou ela super jovem. - opino
- Você gostou? Eu preferia o louro, acho que foi uma mudança muito drástica, nem a reconheci quando a vi. - conta - Ela está muito bem pra idade, né?
- Com certeza, deve estar com um cinquenta agora?
- Por ai, quero chegar nessa idade conservada igual ela. - minha mãe comenta enquanto entravamos no condomínio em que morávamos.
- Mãe, a senhora também é muito linda, pare com isso. - rio
- Obrigada filha. - ela sorri pra mim depois de colocar a digital no leitor
- E o que você achou do horário? Muito cansativo?
- Não, até que passou rápido, talvez porquê era o primeiro dia, mais daqui uma semana eu respondo essa pergunta de novo - sorrio tirando o meu cinto depois dela estacionar em frente a garagem do sobrado que não tinha muro.
A possibilidade de morar em um condomínio em que se dá pra ver o quintal dos outros vizinhos é divertido, mas também bem pouco privativo já que todos enxergam uns aos outros.
- Angel, você viu a chave? - perguntou a minha mãe procurando nos bolsos e depois no carro.
Eu conhecia bem aquela história então fui direto até a porta.
- Mãe? - a chamei - A chave está aqui. - destranco a madeira mostarda
Minha mãe era assim mesmo, vivia esquecendo a chave nas portas, tanto de casa, quanto do carro, quanto do escritório dela. Os vizinhos até já sabiam, sempre que eles viam e conseguiam pegar, guardavam e sempre nos devolviam depois
- Droga, nem fala pro seu pai se não você já sabe, né? - ela diz entrando comigo que ria baixo
- Tô com fome. - disse indo até a geladeira e pegando o bolo que ainda estava quase inteiro
- E os esportes filha, Amanda disse que eles treinam os alunos pra torneios escolares. - elas disse abrindo a geladeira e pegando a garrafa de água. - Vai continuar a jogar vôlei, não é?
- Vou, ainda não tive aula de educação física, mas vou conversar com a professora depois. - corto o bolo com a mochila ainda nas costas e colocando em um prato.
- Angelina. - minha mãe me chama com tom de reprovação na voz e eu a olho - Por que não leva a mochila pro seu quarto, troca de roupa e lava as mãos antes de comer?
- Porque eu tô com muita fome - sorrio amarelo
- Anda logo, pelo menos a mochila e as mãos. - eu deixei meus ombros caírem, mas obedeci
Deixei o prato encima do balcão e subi as escadas, ao entrar no meu quarto deixo a bolsa na cadeira da minha mesa de estudos e troco meu tênis por chinelos, coloco uma regata e continuo com a calça jeans. Vou até o banheiro e lavo meu rosto e minhas mãos, pego uma xuxinha no meu porta xuxinhas em formato de porquinho e prendo meu cabelo.
Ao descer encontro minha mãe comendo o meu pedaço de bolo, no prato que eu tinha pego.
- Mãe. - reclamo abrindo o armário novamente
- Me ajuda a arrumar um jeito de fazer essas coisas serem todas postas em seus lugares com um estalar de dedos? - pede e eu rio
- impossível - digo me sentando com ela na mesa e olhando pra sala que estava abarrotada de caixas e mais caixas, assim como a casa praticamente toda. - Mãe, sabia que a escola tem um time de futebol americano?
- Ah é? Sabia não, a Amanda não comentou.
- Pois é, o Thomas estava comentando que no ano passado conseguiram um campo pra treinarem. - conto conseguindo toda a atenção dela - Ele me chamou pra ir ver o treino hoje.
- Hoje? - me olha
- Sim, ele falou que viria me buscar se não tivesse problema. - digo e vejo o bolo descer seco por sua garganta
- Seu pai não vai gostar nada disso - fala bebendo mais de sua água
- Pelo jeito a senhora também não gostou. - digo olhando pra baixo.
- Não é filha, você sabe que eu não ligo, mas o problema é que não conhecemos muito bem esse garoto. - diz calma
Sim, ela tinha razão, ouvi Thomas contar sua história, dizer como se rendeu a Cristo, mas uma coisa é ouvir falar, outra é ver. Sabemos como o mundo está hoje em dia, cuidado nunca é demais, pois infelizmente até algumas pessoas que se dizem "cristãos" são más. E realmente não conhecemos o garoto, não que ele esteja mal intencionado, mas temos que ter cuidado com as aparências pois elas enganam e muito, experiências próprias me ensinaram isso.
- Não estou falando pra você deixar de ir filha, mas tome cuidado. - volta a comer - Não aja pelas emoções, você sabe, o coração do homem é enganoso. - disse ela
Está ai, a convivência que eu falei com o cristianismo, isso era comum em casa, afinal de contas vovô é pastor e vive dando conselhos pros meus pais aonde o livro da psicologia é a bíblia e eu tenho que dizer, sempre funciona. A bíblia é aquele livro antigo, mas ao mesmo tempo atual, pois é, acredite quem quiser.
- Eu sei mãe, eu sei. - concordo com ela - Por um momento eu me deixei levar, mas obrigada por me aconselhar. - digo comendo meu último pedaço de bolo.
- Eu amo você e por isso eu intervenho em muita coisa, você sabe... - eu a interrompo
- Eu sei, vocês só me corrigem por que me amam. - digo e ela sorri
- Isso ai. - concorda
- Então eu posso ir? - pergunto depois de me levantar, mamãe suspira fraco
- Só depois de lavar a louça. - diz se levantando e dirigindo-se a pia e depositando o prato da sobremesa
- Ah mãe. - resmungo desgostosa
- "Ah mãe" coisa nenhuma, lave rápido se você quiser ir. - diz na sala abrindo uma das caixas - Ah, e deixe seu celular porque seu pai combinou com o pai do garoto de irem na assistência depois que ele sair do serviço.
- Tá bom. - concordo indo pra beirada da pia, estava com preguiça, apesar de ter pouca coisa. - Será que vai demorar muito pra ficar pronto?
- Acho que sim, né filha? Você sabe como são esses aparelhos de hoje em dia, o tanto de é complexo o concerto, ainda mais os aparelhos da Apple. - comenta um pouco alto pela pequena distância.
- E quanto vai custar, será? - questiono enquanto enxaguava um copo
- Teu pai havia feito um orçamento que deu mais de setecentos contos. - diz e eu quase que engasgo
- Caramba, ainda bem que é o pai do Thomas que vai pagar - digo rindo ensaboando um prato
- Nada disso senhorita, seu pai vai pagar metade também porquê reconhecemos que se ambos não estivessem distraídos nada disso teria acontecido. - fala
- Eu não estava distraída mãe, eu estava vendo uma coisa na vitrine de uma loja e... - me interrompe
- Distraída, vamos lá Angel. - ri baixo tirando alguns livros e colocando na estante - Se o tivesse visto teria desviado filha. - me olha com um sorriso engraçado.
- É, talvez, mas isso significa... - me interrompe de novo
- Sem mesada esse mês filhota. - conclui meu pensamento pavoroso
- Droga! - resmungo
- O que Angelina? - a vejo parar aonde estava e me olhar séria
- Nada não mãe, é o copo que escorregou aqui. - dou uma desculpa
Depois de terminar corri para meu quarto pra me arrumar, calça jeans, uma blusa preta e um moletom azul claro, pois estava esfriando de novo, calcei meu tênis e prendi meu cabelo novamente, dessa vez em um rabo de cavalo firme deixando só uma mecha de cabelo em cada lado da minha testa. Passei um gloss e peguei uma bolsa pequena, lá dentro coloquei minha carteira.
Fui na gaveta que aonde era guardado carregador e os outros acessórios eletrônicos e peguei meu celular antigo, coloquei meu chip e peguei meu fone de ouvido e os coloquei na bolsa também.
Desci assim que a mensagem de Thomas chegou avisando que estava na portaria do condomínio, por ser parente próximo de uma moradora não teve tanta burocracia pra ele entrar. Ele buzinou quando estava entregando meu iPhone pra mamãe.
- Tô indo mãe. - disse me despedindo com um beijo - Benção. - pedi
- Deus te abençoe filha, vai com Deus, cuidado. - pediu
- Tá bom mãe, qualquer coisa eu ligo. - disse saindo de casa.
Caminhei calmamente até o carro e entrei sem muito rodeios.
- Oi, tudo bem? - perguntou ele
- Tudo, e com você? - devolvi a pergunta colocando o cinto de segurança
- Estou bem, está pronta? - sorriu ligando o carro
- Prontíssima. - confirmo e ele assente - Você já tem carteira de motorista ou...? - ele solta uma gargalhada me interrompendo
- Eu tenho, se te deixa mais tranquila é só abrir o porta luvas e pegar na minha carteira. - disse sorrindo fazendo a rotatória e indo de novo para a portaria.
- Ah não, não preciso ver. - digo simples - Acredito em você. - digo baixo olhando para fora da janela.
- Então, eu não sei quase nada sobre minha passageira, tenho que saber quem eu deixo entrar no meu carro. - diz sorrindo depois de acenar para o guarda
- Não seja por isso. - ri me ajeitando no banco para ver seu rosto. - Angelina, 17 anos, terceiro ano do ensino médio, fanática por chocolate e cor favorita, azul. - resumi
Ele gargalhou tirando toda minha concentração.
- Legal, bom saber, não como chocolate perto de você. - fala e eu rio também - E eu jurava que sua cor favorita fosse beje. - ironizou olhando para meu cabelo e para minha blusa
- Deixa eu. - retruquei. - Continuando, gosto de mousse de morango e não suporto manga. - faço careta - Amo Nutella e odeio peixe. - sorrio da cara que ele faz - Que mais? - fiquei pensativa.
- Pratica algum esporte? - pergunta
- Sim, eu jogo vôlei, participava de campeonatos que a prefeitura promovia na minha cidade. - conto - Eu sempre fui muito ativa e pretendo continuar aqui também. - digo
- Legal, o time de vôlei da nossa escola é bom. - conta - Tem o masculino e o misto, faltam garotas pra completar o time feminino. - explica - Inclusive as meninas jogam muito, a Alisson, a Valentina e a karen.
- Elas jogam? -pergunto interessada
- Jogam, participaram das interclasses ano retrasado, mas depois nunca mais quiseram. - conta - Tenta convence-las a volta. -pedi
- Tento sim, mas por que elas pararam? - pergunto interessada
- Pararam depois do acidente que aconteceu com uma das gêmeas, elas estavam jogando em uma aula e Talia acabou perdendo o equilíbrio quando foi receber a bola e torceu o tornozelo, foi bem grave sabe, ficou inchadão e roxo e tal. - disse ele calmo - O caso das meninas é que elas tem uma síndrome conhecida como articulações hipermóvel, quando Talia se machucou elas já faziam fisioterapia, mas com o acidente a mãe delas decidiu restringir o esporte, entendeu?
- Nossa, eu nunca tinha ouvido falar disso - confesso um pouco chocada - As meninas não jogam então pra não deixar elas chateadas por não poderem?
- Provavelmente, eu nunca fui muito próximo delas pra saber com detalhes, sabe? Mas o Blan é amigo da Karen e ela contou pra ele que contou pra mim. - disse e eu ri o fazendo sorrir
- Ôh Deus, essa é a prova que os homens também gostam de uma fofoca - digo com as mãos pra cima e olhando pro teto do carro enquanto Thomas ria - Mas não se preocupe, eu vou falar com as meninas. - prometo
- Tudo bem, obrigado. - ele diz sorrindo - E qual é se tipo de livro e filme favorito? -muda de assunto
- Eu amo ficção científica e aqueles romances light, mas odeio aqueles romances grudentos, os famosos clichês - fiz cara de nojo. - Aqueles uns que lemos ou assistimos o começo e já sabemos o restante da história, sabe? - sorrio pra ele que assentiu - Não gosto.
- Nossa - fez um bico engraçado enquanto balançava a cabeça pra cima e pra baixo - Achei que vocês meninas amassem aquela coisada toda.
- Bom, algumas preferem, outras como eu, não gostam. - digo dando de ombros
Conversamos mais um pouco antes de avistar, a uma quadra a frente, o campo aonde eles treinavam, era simples, mas bonito, a grama estava verdinha. Conforme íamos nos aproximando eu pude notar mais claramente que havia uma casa ao fundo que Thomas falou ser o vestuário e algumas cadeiras que ficavam embaixo de uma tenda vinho e amarela com o que deveria ser a logo do time.
- Você mudou de assunto quando perguntei do seu gênero favorito de filmes e livros - acuso - Pode falar. - cobrei
- Eu gosto de romance - confessou - Assim como gosto de drama e de comédia.
- Achei que meninos gostassem mais de terror. - implico sorrindo
- Bom, alguns preferem, outros como eu, não gostam. - respondeu estacionando o carro e eu sorri
- Vamos? - chamou abrindo a porta saindo, depois de assentir fui atrás dele.
Pela cerca vazada podia se ver alguns garotos se alongando.
- Legal, isso vai ser divertido. - disse e Thomas sorriu indo até o porta malas de seu carro e pegou uma mochila.
Caminhamos até o portão que ele abriu para mim passar primeiro.
- Lembre-se que ainda não estamos no nível americano. - falou caminhando comigo até a tenda aonde havia um cara barrigudinho e grisalho, ele usava uma camiseta vinho e amarela igual a lona da tenda e um boné branco.
- Thomas! - ele falou com uma carranca notável - Está atrasado. - apontou
- Sim, me desculpa por isso. - sorriu o garoto cumprimentando o treinador que estava com uma prancheta na mão - Trouxe uma amiga. - ele me apresentou
- Angel. - estendi minha mão
- Treinador Fred, muito prazer. - ele sorriu - Fique á vontade garota. - apontou para as cadeiras
- Obrigada. - sorrio
- Bom, eu vou me vestir e me alongar.
- Tá bom, pode ir - sorrio e aceno pra ele
- VAMOS LÁ PESSOAL!!! - treinador Fred deu um grito e logo depois assopra o apito
O uniforme que eles usavam era bem bonito,a camisa tinha a logo em um tamanho bem visível na frente e a cor era a mesma da tenda e a mesma da camiseta do treinador, tanto o capacete, quanto a calça e a chuteira eram brancas. Thomas saiu do vestuário vestido, mas sem o capacete, ele sorriu pra mim e depois se juntou ao time.
E então minutos depois o jogo começou, eu realmente fiquei com medo que eles se quebrassem, mas a cada um que levantava do tombo eu via que estavam bem.
Era legal assistir eles se enfrentando, apesar de ser um pouco bruto demais, gravei uma parte da disputa pelo touchdown. E foi bem quando Thomas marcou os seis pontos para sua equipe, logo depois o garoto que eles chamaram de Jen.
O treinador apitou e chamou os garotos, depois de alguns minutos conversando, eles voltaram ao campo e outro touchdown, o número 12 era bom. Depois dele Jen tentou, mas foi derrubado antes e então Thomas de novo, pura adrenalina, me peguei comemorando como se fosse realmente um jogo oficial. Havia alguns reservas do outro lado do campo sentados debaixo de outra tenda, eles ficavam observando atentamente e quando ocorria uma pausa esses jogavam garrafas de água para os que estavam em campo. Eu não era a única menina ali, sentada ao lado de um reserva, camiseta 16, tinha uma garota com um uniforme igual ao dos meninos só que feminina, com certeza era namorada de um deles, achei fofa. E foi assim o treino, com grandes quedas e vários pontos marcados.
Com um apito longo e demorado o treinador Fred deu como encerrado o treino, todos eles se juntaram e caminharam até o treinador, conversaram e no final todos juntaram as mãos.
- É isso aí Alfa - gritaram jogando as mãos para o alto.
Assim todos saíram em direção ao vestiário, mas Thomas veio na minha direção enquanto tirava o capacete.
- E aí, o que achou? - perguntou sorrindo com o rosto suado.
- Adorei - disse sincera - Gravei uma ótima cena sua marcando os seis pontos. - conto
- Eu gostaria de ver depois. - fala e olha pra trás quando alguém o chama - Mas antes preciso de um banho - sorriu.
- Pode ir, eu te espero aqui. - digo voltando a me sentar
- Ta bom, até daqui a pouco
Eu parei de olhar pra ele assim que ele alcançou Jen, voltei minha atenção para o celular aonde eu conversava com John, combinamos um dia e um horário pra fazer o trabalho logo depois eu entrei em meu site preferido de roupas, só pra olhar mesmo por que dinheiro eu não tinha não.
- Oi, posso me sentar aqui? - perguntou a garota
- Claro. - disse com um sorriso
- Me chamo Raquel - ela sorri e eu bloqueio meu celular
- Angelina, muito prazer.
- O prazer é meu - ela diz e eu sorrio olhando pra frente um pouco sem jeito - Você é namorada do Tom? - pergunta sem rodeios
- Não, não. - digo simples - Somos amigos. - digo - Estudamos na mesma escola e ele me chamou pra vir assistir hoje.
- Entendi. - ela sorri
- Namora alguém aqui? - pergunto pois estava curiosa
- Namoro - confirma - Mas eu venho mais pelo meu irmão. - conta e toma toda minha atenção
- Quem é seu irmão?
- Acho que você não conhece, ele estudou com o Tom ano passado, é o da camiseta 12. - conta - André é o nome dele.
- Realmente não conheço. - digo - E quem é seu namorado?
- O cara que estava sentado ao meu lado no reserva, você viu?
- O louro de olhos claros, né? - pergunto
- Caraca, tua visão é boa mesmo - riu - Eu não consigo enxergar a cor dos seus olhos daqui. - diz ela e eu ergo as sobrancelhas em surpresa - Tenho um problema na vista, ceratocone. - explica - já ouviu falar?
- Não - sorrio
- Basicamente minha córnea tem formato de um cone e dificulta muito minha visão - explica e minhas sobrancelhas continuaram lá encima - Olha aqui. - diz se aproximando mais e virando o rosto - Está vendo? -perguntou com o olho arregalado e eu pude ver o conezinho lá.
- Que esquisito. - digo rindo com ela
- E não é? - sorriu - Mas e ai, da onde você é? Teu sotaque te entrega. - ela diz sorrindo
- Sou do Paraná. - digo
- Legal, eu sabia que esse sotaque era diferenTe - ela tenta me imitar e eu rio - É verdade aquela história que paranaense não fala com estranhos, estrangeiros e etc? - perguntou ela e eu quase que reviro os olhos
- Não. - poxa, estou falando com ela aqui e a estrangeira aqui sou eu - Acho que em todo o mundo tem pessoas que são ruins, mas não que isso faça parte de uma cultura. - digo e ela assente
- Vamos Kel - chamou um guri alto e moreno um pouco distante de nós
- Vem cá. - ela chama ainda sentada
O guri moreno caminha até nós e sorri pra nós duas.
- A namorada do Rafiq. - ele diz sorrindo brincalhão
- Eles não são namorados. - diz Raquel
- Não são mesmo? - o garoto pareceu decepcionado
- Não, eu falei pra vocês. - Thomas se juntou a nós acompanhado pelo garoto louro, namorado da Raquel.
- Não somos. - confirmei - Angelina - estendi a mão pra ele que aceitou calorosamente e me deu dois beijinhos na bochecha.
- André e esse é meu irmão menor e cunhado, Rafa. - me apresentou
- Muito prazer em conhecer vocês - cumprimentei ele também
- O prazer é todo nosso tchê. - falou e foi impossível não rir - Do que está rindo? - pergunta rindo também assim como todos
- Eu sou paranaense, normalmente os Gaúchos que falam isso. - explico rindo
- Iiiih quis fazer bonito e acabou fazendo feio. - zombou o guri louro dando um leve tapa no ombro do cunhado
- Paguei de bobo da corte - riu ele junto a nós - Mas de uma coisa eu sei, Vina é uma delicia - diz e eu sorrio
- Essa sim. - rio dele que bate a palma da mão na minha.
- Vocês não vão embora, não? - pergunta o treinador fechando o vestuário e caminhando até nós.
- Estamos indo já, estávamos conhecendo a nova amiga do Rafiq. - explicou André e Thomas negou sorrindo
Caminhamos todos juntos até fora do portão e nos despedimos logo depois.
- Seus amigos são o máximo. - disse caminhando com Thomas até seu carro
- Obrigado, tenho certeza que eles também gostaram de você. - destrava o carro - Estava pensando em ir tomar sorvete, você quer? - convidou enquanto entrava e ele colocava a bolsa lá atrás
- Não vejo problema. - digo e ele fecha o porta malas
Lembrei da minha mãe? Sim, mas ele ia pagar, então...
- Então beleza. - entrou no carro e deu partida no carro.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top