Capítulo17

Por mais quanto tempo eu ainda conseguiria manter o autocontrole antes de surtar por completo?

Caleb e eu estávamos juntos em uma viagem há quase três horas em profundo silêncio. Havíamos pousado em Florença capital da Toscana, em um vôo realizado pelo seu jatinho particular e agora seguíamos em um carro rumo ao Vale de Orcia. Uma região da Toscana atravessada pelo rio Orcia, salpicada com cidades e vilas pitorescas.

A medida com o que o carro ia avançando pela a estrada banhada por belas paisagens, meu coração se comprimia ainda mais dentro do peito. Além de triste, magoada e confusa eu estava me sentindo deslocada dentro do meu próprio país. Desde que minha mãe Giovanna, faleceu seis meses depois da tragédia do meu casamento, eu nunca mais tive coragem de voltar à Itália. A última vez que estive nessa região, fora em uma viagem de verão acompanhada pelos meus pais e Caleb.

Era inevitável olhar para aqueles campos, e não me lembrar dos momentos felizes que vivi ali ao lado da minha mãe. Era impossível não me lembrar do som da sua risada, dos seus cabelos dourados balançando ao vento, enquanto ela cavalgava pelo os campos de trigo. Sentia tanto sua falta, mesmo que meu pai se desdobrasse para preencher a lacuna que ela deixou em nossas vidas, era impossível esse buraco ser completado. Uma parte de mim morreu junto com ela naquele fim de tarde.

Deus, como eu sentia a sua falta.

Eu também não conseguia deixar de repassar mentalmente, o beijo que Scott havia me dado na última tarde. Sem duvidas ele me pegou de surpresa, eu sabia de seus sentimentos em relação a mim, mas não esperava por aquele beijo naquele momento.

Scott era a síntese de todas as coisas boas. E eu não poderia mentir em dizer que não fiquei mexida com aquele beijo, estaria mentindo para mim mesma. Eu poderia pedi para ele me esperar, mas não estaria sendo justa com ele. Também não seria justo pedi para que ele me esperasse, quando nem eu tinha certeza se um dia conseguiria amá-lo da maneira que ele merecia.

Caleb limpou a garganta.

- Você nasceu em Florença não é mesmo? - sua voz me trouxe de volta a realidade.

- Sim. - respondi sucinta.

- Mas cresceu entre Siena e o vilarejo de Pienza certo?

- Sim, por que esse assunto agora Caleb? - perguntei impaciente.

- Porque estamos na Toscana e você não parece muito contente com isso. - ele deu um sorriso malicioso.

E não estava mesmo. Ainda era muito doloroso, lidar com todas as lembranças que aquele lugar me trazia.

- Eu nunca mais voltei aqui, desde aquela ultima viagem que fizemos quando minha mãe ainda era viva. - suspirei cansada, deixando uma lagrima escapar. - É muito difícil está aqui sem ela.

Comecei a olhar para a janela, tentando esconder meus olhos marejados. Quando me virei, a surpresa: Caleb estava com a mão próxima ao meu rosto. Fiquei ainda mais surpresa, quando ele secou delicadamente com o polegar a lagrima que escapou. Afastei-me rapidamente, o que lhe fez recuar e voltar atenção a estrada.

- Sinto muito. - ele sussurrou quase para si mesmo.

Cansada e com pensamento confuso, suspirei e apoiei a cabeça no encosto do banco. Durante o restante do trajeto para Siena, Caleb tentou engatar uma conversa comigo, mas eu não disse uma só palavra. O que eu poderia dizer? Eu não estava nem um pouco feliz por estar ali com ele, ainda estava chateada pelos os últimos acontecimentos. Dentro da minha cabeça eu gritava a plenos pulmões, toda minha revolta contra ele.

Meia hora depois, Caleb parou a BMW em frente ao hotel que ficaríamos. Sob um tenso silêncio, ele desligou o motor do carro e saiu dando a volta para abrir a minha porta. Caminhamos juntos em direção ao imenso hotel com arquitetura medieval.

Quando era criança, sempre passava próximo a esse hotel e ficava imaginando como seria ficar hospedada nele, enfim saberia.

A brisa do mediterrâneo bateu contra o meu rosto, trazendo consigo o seu frescor; varrendo a sensação de angustia que me fez companhia durante toda a viagem, substituindo-a com uma sensação maravilhosa de pertencimento, enfim estava em casa.

Estava completamente maravilhada não apenas com o hotel em si, mas com a cidade em questão que seria nossa base durante a viagem. Siena era uma das mais encantadoras cidades medievais da Itália, tudo nela era extremamente fascinante.

Já no hall do hotel, Caleb conversa com a recepcionista.

- Olá, temos uma reserva - ele fala em um péssimo italiano.

O que me faz revirar os olhos.

- Pois não... Está no nome de quem? - a moça perguntou.

- Caleb O'Brien.

Ela checou aos registros do computador e logo confirmou nossa reserva.

- Sim, uma reserva para duas pessoas, senhor e senhora O'Brien. - a recepcionista rapidamente alternou seu olhar entre mim e Caleb - Aqui estão suas chaves - ela as entregou a ele - Suíte máster, quarto andar - ela disse e mordi de leve o lábio inferior.

Espera! Ela disse apenas um quarto?

- Espera moça, existe um equivoco aqui, nossos quartos são separados. - falei confusa, sem entender porque havia reserva para um quarto.

- Perdão senhorita, foi solicitada a reserva para um único quarto. Para o senhor e senhora O'Brien.

Fuzilei Caleb com o olhar.

- Você só pode está brincando?!

Ele me olhou tenso com a situação.

- Sophia calma, foi minha secretaria Elizabeth que solicitou as reservas, como você é minha namorada, ela deduziu que dormiríamos juntos.

É lógico que havia reserva para apenas um quarto, afinal, aos olhos das pessoas, somos um casal.

Droga.

A idéia de dividi um quarto com Caleb durante aquela viagem, me fez estremecer.

- Senhorita - olhei seu broche de identificação antes de começar - Spinoza creio que houve um engano aqui, a senhorita, por favor, poderia me realocar para outra suíte comum?

Ela me olhou como se eu fosse uma E.T.

- Desculpe senhorita, mas devido à alta temporada todos os nossos quartos estão ocupados. A cidade inteira está ocupada por estarmos no mês de novembro, logo entraremos no período de chuvas...

- Finalizando a alta temporada turística. - completei incrédula, me dando conta da real situação.

Diferente de outros destinos da Europa, onde o verão era época mais procurada, na Toscana acontecia diferente. Havia uma alta procura pela região no outono devido ao clima fresco, era hora de beber vinho tinto e comer chocolate. Também estávamos na temporada do Olio nuovo, ou seja, o azeite novo, o que enchia a região de turistas querendo desfrutar da alta gastronomia.

- Paolo irá acompanhá-los até o quarto. Tenham uma ótima estadia em nosso hotel. - a voz monótona da recepcionista me trouxe de volta a realidade.

- Vamos Sophia. - Caleb colocou sua mão em minha cintura.

Um rapaz alto de cabelos ruivos nos acompanhou até o nosso andar. O quarto era simplesmente incrível, paredes brancas, uma cama enorme de dossel centralizada, além de moveis antigos e sofás de brocado. Mas o que o deixava ainda mais incrível, era a vista para as obras de artes naturais que as grandes janelas ofereciam. Tudo naquele quarto era clássico e luxuoso ao mesmo tempo, seria uma estadia perfeita se eu não tivesse que dividi- la com Caleb.

- Incrível! - Caleb diz após alguns minutos, admirado assim como eu.

- Sim - assenti.

Alguns minutos seguiram em silêncio.

- Pelo menos por essa noite teremos que dividi esse quarto - ele quebrou o silêncio - Pedi a recepcionista para me transferir de quarto caso algum vague, mas se ainda sim não se sentir confortável, você pode se hospedar com sua família não terá problema algum. - finalizou sem jeito.

- Tudo bem. - murmurei.

Ele limpou a garganta.

- Pode ficar com a cama, vou dormir no sofá.

Enquanto ele falava eu olhava para o teto. Claro que não havia a menor possibilidade de dormimos juntos na mesma cama.

- Ótimo. - respondi indiferente.

Peguei minha bolsa que tinha colocado em uma das poltronas e caminhei em direção a porta.

- A onde você vai?

- Andar pela cidade, preciso de ar puro.

- Pensei que fossemos almoçar juntos. - Caleb coçou a cabeça confuso.

- Não estou com fome, nos falamos mais tarde.

Fechei a porta do quarto atrás de mim, o deixando parado feito uma estatua decorativa medieval.

Eu precisava respirar ar puro, organizar as idéias, ter um pouco de privacidade. Coisas que não conseguiria ao lado de Caleb. Coloquei meus óculos de sol e sair caminhando pela cidade sem rumo.

Apesar de ter vivido aqui durante parte da minha infância, eu nunca tinha parado para admirar Siena de verdade, nunca havia visto com olhos de turista. A cor das fachadas e coberturas, fazia com que a paisagem da cidade fosse harmoniosa e agradável de se olhar. Siena não tinha mudado muito, desde a idade média até os dias atuais e caminhar por suas ruas, era uma espécie de viagem no tempo, um olhar para um passado sublime.

Seguir direto para o coração da cidade, para a bela Piazza Del Campo, um dos marcos turísticos de Siena. Havia muitos turistas fotografando o local, maravilhados com tudo ao seu redor, já algumas pessoas preferiam ficar sentadas por ali admirando a paisagem. Piazza Del Campo era rodeada por restaurantes, lanchonetes, cafés e até por algumas galerias de arte. Uma excelente opção de passeios ao ar livre pela região.

Movida pela a vontade de apreciar um bom vinho e uma ótima comida, escolhi um restaurante simples, mas com o interior acolhedor.

- Boa tarde senhorita, o que vai querer? - O jovem gargom perguntou, logo depois que me sentei em uma mesa mais afastada na varanda.

- Hmmm o que me sugere? - perguntei enquanto corria o olho pelo cardápio.

- Sugiro a especialidade da casa, bisteca Allá Fioretina e para acompanhar uma bela taça de Vino Chianti Clássico.

Fechei o cardápio satisfeita com a sugestão do garçom.

- Ótimo! - Entreguei o cardápio sorrindo.

Por mais que eu não tivesse nenhum motivo para está sorrindo, o fato de estar em Siena não me permitia ficar emburrada. Logo o garçom trouxe minha taça de vinho, e eu fiquei ali a saboreando e olhando a vista da cidade pela varanda do restaurante.

- Sophia?

A voz familiar fez-me virar na cadeira.

- Valentina!

Minha prima parou ao lado da mesa e me lançou um sorriso radiante, o que me trouxe instanteamente lembranças de minha infância na Toscana. Por um momento me senti perdida, olhando para aquela mulher madura tão diferente da garota que me lembrava.

- A nona não irá acreditar quando te ver depois de todos esses anos!

Ela deu um sorriso tão largo que não pude deixar de reparar. Levantei-me ainda em choque, Valentina me abraçou, mas fiquei imóvel sem reação. Ela recuou, enquanto seu sorriso enfraquecia um pouco.

- Eu não acredito que está de volta! Você está linda! - Ela passou os dedos nas pontas do meu cabelo, fazendo-o balançar. - Você está tão... Diferente. - Valentina deixou cair o braço sentindo-se repentinamente tímida.

Fiquei encarando minha prima, apenas cinco meses mais velha do que eu, mas ainda assim, mais baixa. Ao contrario de mim, Valentina era extrovertida e otimista, e costumava pensar em príncipes encantados. Já eu tentava ser a mais realista entre meus primos, até conhecer Caleb... Eu e Valentina crescemos juntas entre os vinhedos da pequena cidade de Pienza, éramos muito unidas até meus pais se mudarem para Londres.

- Você também está linda Vale!

Ela tocou seu cabelo na altura dos ombros, Valentina já não usava mais o cabelo longo preso para trás por uma faixa de tecido.

- Então tem muito tempo que chegou? - Quis saber curiosa.

- Na verdade praticamente acabei de chegar, passei no hotel apenas para deixar minha mala e decidi sair para comer algo. - olhei para a mesa em que estava sentada, me dando conta que estava sendo mal educada por não convidar-la para se sentar. - Quer me fazer companhia? Acabei de fazer meu pedido para o garçom.

- Ah sim! Claro!

Nos sentamos à mesa.

- E você? Achei que estivesse morando em Milão. - perguntei pegando minha taça de vinho.

A última noticia que tive de minha prima por intermédio de meu pai, é que ela havia conseguido um estágio, como estilista de uma das grifes mais famosas da Itália.

- Sim, ainda estou na verdade. Estou apenas passando férias pela a Toscana, não tem jeito prima, eu saio da Toscana, mas a Toscana não sai de mim. - ela riu - E você quanto tempo pretende ficar? Podemos ir para Pienza juntas amanhã de manhã?

Instantaneamente meu corpo recuou para trás. Eu não pretendia voltar para Pienza, não estava preparada para reviver todas as lembranças que aquele lugar me traria.

- Será uma viagem curta, creio que amanhã mesmo estarei indo embora. Apenas estou acompanhando Caleb em uma visita a Vinícola. - Mordi a língua quando me dei conta do que tinha acabado de falar. - Vocês a essa altura já devem está sabendo sobre Caleb e a vinícola.

- Sim, Giovanny tratou de dá a noticia a família. - ela revirou os olhos.

Minha cabeça doeu só de lembra-me da ultima vez que vi meu irmão.

- Imaginei. - suspirei entediada.

- Mas você não pode ir embora sem antes visitar a vovó!

Sua voz tinha uma nota de tristeza, e ela olhava fixamente para mim.

- Valentina...

- Sophia você tem idéia do quanto à vovó sente sua falta? Ela já está idosa, ficando debilitada, você não pode fazer isso com ela!

Valentina colocou em prática uma velha tática da família Salvatore, a chantagem emocional. Vovó a usava toda vez que queria alguma coisa de seus filhos, netos, vizinhos e quem mais convivesse com ela. Algumas vezes dava certo. Outras não.

A última vez, ela espalhou para família inteira que estava morrendo, e que não poderia descansar em paz antes que eu a visitasse. Pois bem, o plano só não funcionou, porque meu pai indignado com sua farsa me ligou, garantindo que a vovó estava mais saudável que todos nos juntos. E agora Valentina estava fazendo a mesma coisa.

- Sim, eu tenho noção do quanto ela sente minha falta, porque eu também morro de saudade de todos vocês, mas eu ainda não posso voltar para Pienza.

- É porque sente vergonha de ter voltado com Caleb depois de tudo o que ele te fez?

- Não! Até porque querendo ou não uma hora vocês acabaram embarrando com ele pela vinícola.

Eu não tinha como não sorrir diante da maneira como ela expôs a situação. Na verdade, esse era uns dos motivos que me impedia de voltar para a cidade em que fui criada, mas não era o principal, antes fosse apenas por isso.

- Então o que te impede de ir visitar a vovó?

Suspirei alto pensando em como voltar aquele lugar seria difícil para mim.

- Valentina você sabe a importância que aquele lugar tinha para minha mãe, ela passou seus últimos anos de vida sonhando em voltar para Pienza. Eu ainda não consigo lidar bem com as lembranças que serão despertadas em mim, não consigo lidar com a falta que sinto dela. Não seria justo com ela vivenciar momentos bons ali, quando ela não está mais aqui.

- Soph...

- É tudo minha culpa Valentina e você sabe muito bem disso. - uma lagrima escapou do meu olho, ao me lembrar do acidente que tirou a vida de minha mãe.

- Sophia não diga isso! - ela me repreendeu.

- Você não sabe o quanto me sinto culpada... - respirei fundo, tentando segurar as lagrimas que insistiam em tentar escapar dos meus olhos. - Eu fiz da vida da minha mãe um inferno nos seus últimos meses de vida. Ela perdeu sua alegria de viver, desde quando me viu internada naquele hospital depois de atentar contra minha própria vida.

Minha prima acariciou minha mão suavemente.

- A tia Giovanna era uma pessoa boa, ela não se abatia com qualquer coisa. Por favor, não se culpe querida, cada um de nos reagimos de forma diferente diante de um problema. Você era muito nova e não estava preparada para enfrentar todo aquele horror que passou.

Ela tinha razão, minha mãe irradiava uma energia, um entusiasmo que fazia você querer estar onde ela estivesse. Minha mãe era magnética, e por esse motivo me sentia tão culpada.

- Mas Valentina, talvez se ela não estivesse dispersa pelos os meus problemas, ela não teria dormido ao volante e capotado o carro. Se não fosse pelo o fato de eu está internada naquela maldita clinica no interior, minha mãe nunca teria feito aquele percurso. Eu via em seus olhos todas as vezes que ela ia me visitar, o quanto estava infeliz por me ver ali, mas eu não conseguia ter forças para reverter à situação, eu simplesmente não conseguia. Fui tão egoísta, tão egocêntrica em maximizar minha dor e esquecer que estava machucando as pessoas que me amavam.

Sem mais forças para continuar segurando minhas lagrimas, acabei desabando em um choro compulsivo.

- Por favor, querida não chore! - ela me deu um abraço apertado, afagando minhas costas.

Minha mãe e eu éramos tão próximas. Ela era minha melhor amiga, meu porto seguro, a pessoa que mais me entendia no mundo. Eu herdei o gênio dela. Sentia muito sua falta.

- Eu não posso Valentina, eu não posso voltar a Pienza... Era o sonho dela voltar a viver ali com meu pai, fundar a vinícola... Eles passaram os últimos anos planejando isso juntos... Eu tirei isso dela Valentina, eu mereço tudo o que eu estou passando por destruir os sonhos da minha mãe. - falei entre soluços.

- Sophia não foi sua culpa ok! O que aconteceu querida foi uma fatalidade, e infelizmente nenhum de nos estamos livres delas. Eu tenho certeza absoluta, que a tia Giovanna jamais concordaria com tudo isso que acabou de me dizer. A única coisa que ela queria era te ver feliz. E a única forma de superar toda essa dor, é batalhando pela sua felicidade.

Separei-me de seu abraço ainda chorando, Valentina enxugou meu rosto com um guardanapo.

- Me desculpe por isso. - pedi envergonhada.

- Chist! Nem comece! - me repreendeu novamente - É para isso que serve as amigas de infância.

Ficamos em silêncio até o garçom trazer nossos pedidos. Durante o restante do nosso almoço Valentina me contou sobre sua vida em Milão e de como conheceu seu noivo. Apesar da nossa conversa sobre minha mãe, me sentia feliz por ter encontrado-a ali inesperadamente.

- Foi muito bom te encontrar aqui Sophia.

- Eu também fiquei muito feliz por te ver novamente minha prima.

- Eu realmente tenho que ir agora, mas me prometa que irá me visitar em Milão, antes de voltar para Londres.

Ela esfregou uma mão na outra e mordeu o lábio inferior.

- Prometo.

Valentina sorriu.

- Lembre-se você deve viver sua vida. Você deve ser feliz independente do que aconteça. - piscou para mim.

- Obrigada querida.

~:~

Passei o resto da tarde explorando minha cidade, não estava nem um pouco a fim de passar o resto do dia enfurnada em um quarto com Caleb. No fundo ainda tinha esperanças que ele conseguisse outro quarto me deixando sozinha.

Voltei para o hotel já no inicio da noite encontrando o quarto completamente vazio, aproveitei que ele não estava ali para tomar um banho com um pouco mais de privacidade.

Levei tudo que eu iria precisar para o banheiro e deixei a água quente cai lentamente sobre meu corpo. Senti toda tensão acumulada durante o dia, desaparecer em questão de segundos, me permitindo relaxar um pouco.

Quando saí do banho secando distraidamente os cabelos molhados, encontrei Caleb sentado na beirada da cama de cabeça baixa mexendo no celular. Notando minha presença ele desviou o olhar rapidamente para minha direção.

- Oi - ele disse apático.

- Oi - respondi sem jeito.

- Só amanhã vagará outro quarto, terei que passar essa noite aqui, mas não se preocupe dormirei no sofá.

- Tudo bem. - respondi indiferente, sem deixar de secar meu cabelo.

- E como foi seu dia?

- Bom.

Ele ergueu uma das sobrancelhas.

- Bom é muito subjetivo não acha? - deu um sorriso malicioso.

- Depende do ponto de vista de cada um.

Caleb bagunçou suavemente os cabelos sorrindo de lado.

- Tomei a liberdade de pedir nosso jantar. - ele gesticulou para a mesa que estava servida.

- Ótimo! Vamos jantar? - tentei deixar o clima menos constrangedor.

- Sim.

Sentei-me a mesa e Caleb me acompanhou. Servimos-nos com uma sopa típica de Siena, que por sinal estava maravilhosa. Comemos totalmente em silêncio, vez o outra, o flagrava olhando para minha direção, mas ele desviava o olhar quando percebia que também estava olhando para ele.

Depois que terminou de comer ele pediu licença e se levantou indo para a sacada do quarto. Eu voltei para o banheiro para escovar meus dentes. Estava muito desconfortável com sua presença ali tão próximo a mim.

Quando voltei do banheiro, Caleb ainda estava lá, olhando distraído para fora encostado no parapeito da sacada. Acabei deixando meu nécessaire cair no chão sem querer, provocando um barulho no piso. Ele me olhou de soslaio, mas não disse nada.

Caleb estava estranho, pensativo demais, parecia que algo o estava incomodando e eu não fazia idéia do que poderia ser. Talvez fosse minha presença que estava o incomodando, mas ele sabia muito bem, que por mim jamais estaria ali com ele por livre espontânea vontade.

Cansada de tentar decifrá-lo comecei a preparar a cama para me deitar, estava exausta devido à caminhada que fiz pela cidade. Precisava urgentemente me deitar, no caso apenas me deitar, já que sabia que não conseguiria dormir com ele no mesmo quarto.

Ele continuava na sacada olhando para o nada, aquilo já estava me dando nos nervos. Depois que terminei de arrumar a cama, me sentei ereta na mesma e comecei a checar meu celular para ver se havia alguma mensagem importante.

Em algum momento, Caleb quebrou o silêncio.

- Eu vou tomar um banho. Você pode dormir se quiser, prometo não fazer barulho quando voltar.

- Ok - murmurei.

Deitei-me na cama pensando em mil coisas ao mesmo tempo, não entendia o porquê dele está agindo daquela forma. Virava de um lado para o outro, tentando encontrar uma posição confortável para que pudesse dormir, mas a cama parecia grande demais só para mim. Escutei o barulho da porta do banheiro se abrindo, cobri minha cabeça deixando uma gretinha entre a coberta e fiquei imóvel na cama fingindo que estava dormindo.

Não pude deixar de olhar quando Caleb saiu do banheiro usando apenas uma toalha enrolada na cintura, os cabelos ainda molhados trazendo um cheiro de sabonete masculino ao quarto. Meus olhos involuntariamente desceram em direção ao seu abdômen definido. Instantaneamente os fechei reprimindo meu ato.

Algum tempo depois ouvi o barulho da porta sendo fechada, deduzindo que ele havia voltado para o banheiro. Passado alguns minutos, Caleb retornou e de relance vi que estava vestido com um conjunto de moletom preto. Era praticamente impossível não pensar em como ele estava sexy dentro daquele moletom. Mordi meu lábio inferior tentando afastar aquele pensamento idiota da cabeça.

Escutei o barulho dele se deitando no sofá do quarto, seguido de vários outros pequenos barulhos, parecia que estava lutando para conseguir se acomodar. Imaginei o quanto ele devia está desconfortável ali, Caleb era um homem grande, logo seria impossível ele se sentir confortável em um espaço tão reduzido.

Fechei os olhos e tentei não pensar no fato que meu ex noivo traidor estava dormindo a poucos metros de mim, depois de tanto tempo. Definitivamente seria uma noite longa, uma noite muito longa.

Pouco tempo depois eu estava entregue aos sonhos.

Despertei no meio da madrugada com uma respiração próxima a mim, ainda sonolenta, abri os olhos lentamente e vi Caleb deitado ao meu lado, mexendo no meu cabelo.

- O que está fazendo aqui? - sussurrei assustada.

- Eu não consegui dormir com você tão próxima a mim. - ele disse com os lábios próximos do meu rosto, enquanto me envolvia em seus braços e me fazia deitar novamente ao seu lado na cama.

- Caleb precisamos conversar...

- Shhhhhhhh, não diga nada. Eu só preciso que você continue do meu lado. Quero só olhar para você.

Caleb começou a roçar o nariz nos meus cabelos, suas mãos subiam e desciam pela minha cintura. Seus lábios, próximos do meu pescoço, começaram a me beijar. Minha respiração acelerou. Involuntariamente um calor subiu pelo meu corpo de forma incontrolável. Não pude evitar.

Seus lábios continuaram explorando meu pescoço, até subirem para meu queijo, encontrando minha boca. Nossos lábios se encontraram em um beijo intenso, quente, desesperado.

- Eu te amo, Sophia.

- Eu também te amo, Caleb. - reapondi entre os beijos.

- A partir de hoje quero dormir e acordar ao seu lado, todos os dias pelo resto da minha vida.

Mordi os lábios só de pensar.

Acordei assustada procurando por Caleb, toda molhada de suor. Tentei controlar minha respiração que estava acelerada. E quando conseguir me convencer que aquilo tudo não se passava de um sonho, a lembrança de seus beijos apareceu na minha mente me atordoando.

Sentei-me na cama e o vi dormindo de mau jeito no sofá com a expressão serena. Peguei o celular no criado mudo ao lado da cama, e vi que ainda não passava das quatro.

Céus! Que sonho foi esse?

Deitei-me na cama novamente em silêncio, ainda atordoada pelo meu sonho intenso com Caleb. Parecia tão real, que por um minuto achei que ele realmente estivesse dormindo ao meu lado.

Eu só podia está ficando louca.

Sem meu consentimento, o sono novamente me envolveu, meu corpo relaxou mais um pouco e dormir novamente.

~:~

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Olá pessoas! Nem vou me justificar mais pela demora do capítulo. É devido aos mesmos motivos, trabalho, faculdade (me formo mês que vem, então já podem imaginar a correria). Peço desculpas mais uma vez. Espero que gostem do capítulo e que continuem acompanhando o livro!

Xoxo 💋

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