Capitulo 4

O escritório de Caleb ficava em um luxuoso edifício, melhor dizendo o escritório de Caleb era em seu luxuoso edifício. Encontrava-me na recepção aguardando sua linda recepsionista me anunciar.

Era uma mulher de uns 35 anos, não muito simpática, tinha olhos verdes e cabelos castanhos, presos em um perfeito rabo de cavalo. Usava um terninho preto, com uma camisa rosa bebê.

— Seu nome srta? — ela me olhava curiosa.

— Sophia Salvatore. — dei um sorrisinho amarelo.

— Espere um momento enquanto informo ao Sr. O'Brien sua presença. — Ela pediu, pegando o telefone.

— Sim, obrigada.

Sentei-me em uma poltrona preta da recepção e agradeci por encontrar uma revista para folhear, precisava me distrair com alguma coisa enquanto esperava. Mas minhas mãos tremiam tanto, que acabei largando a revista em cima da mesinha. Comecei a respirar pausadamente, na esperança de poder relaxar, não queria que Caleb notasse meu nervosismo.

Depois de alguns minutos, ela enfim recebeu uma ligação autorizando minha entrada.

 — Srta. Salvatore. Pode subir, o Senhor O' Brien está a sua espera.

Assenti com a cabeça dando um leve sorriso. E me dirigir ate o elevador, apertei o botão do 18° andar e rezei para que tudo isso acabar-se logo.

2°, 3°, 4°... A cada andar, meu coração se comprimia ainda mais dentro do meu peito. Me deixando ainda mais tensa.

As portas se abriram em frente a uma grande entrada, percebi que se tratava de um hall do escritório de Caleb. Fui recebida por Elizabeth sua secretaria particular e, ao contrario da outra, era muito simpática. 

  — Por favor, pode entrar. O Sr. O'Brien estar te aguardando. 

Ela abriu a porta, deixando-me entrar e, logo em seguida, fechou-a.

Seu escritório era enorme e muito bem decorado, com um pequeno bar e um sofá de canto preto. Além disto, tinha uma janela enorme do chão até o teto com uma visão privilegiado do horizonte de Londres, que mostrava a cidade em direção ao Big Ben. A mesa de madeira escura era enorme, com tudo em perfeita ordem.

Caleb estava sentado em sua cadeira, me observando em silêncio. Sua posição mostrava toda sua arrogância, como dono e senhor de tudo que o rodeava. Peguei-me fazendo uma careta, não podia negar ele tinha poder. Seu jogo era perigoso, mas ao mesmo tempo excitante.

 — Então você veio? —  Ele me olhava com um sorriso vitorioso estampado na cara. — Sente-se estava te esperando.

Ele apontou para a cadeira em frente a sua mesa.

— Tinha certeza de que viria não é? — levantei uma de minha sobrancelhas.

— Sim, como te disse eu sempre consigo o que quero. — ele pisgou para mim.

Insuportavel!

Minha primeira reação foi concordar com ele, mas não o daria esse gostinho.

— Então falamos de negócios. — Fui direto ao assunto sem rodeios. — Me diga o que quer de mim?

Ele deu uma risada de canto de boca que quase me deixou sem ar.

— Você continua a me surpreender Sophia Salvatore. Mas antes de tudo, quero que me responda uma pergunta, ou melhor, uma curiosidade. — Seu olhar ficou mais intenso me fazendo congelar no lugar.

— O que? — perguntei indiferente.

— Pelo o que averiguei sobre ti...

— Você o que? — o interrompi incrédula. — Mandou averiguar sobre mim? Quem você acha que é? — perguntei furiosa com que tinha acabado de ouvir.

Pela forma que me olhava, pude sentir o quanto estava se divertindo com toda aquela situação. Isso me deixava ainda mais irritada.

— Claro que mandei. — ele disse em um tom autoritário.— Gosto de saber tudo sobre as pessoas que me rodeiam, e tenha certeza que a ultima coisa que quero ter é outra surpresa contigo. 

Surpresa?! Que surpresa é essa que ele se refere?! Mas quando ia abrir a boca para perguntar, ele continuou falando:

— Sei que passou seis meses em uma espécie de clinica psiquiátrica. Tentei descobrir porque esteve internada, mas nem com toda influencia que tenho conseguir. — ele franziu a testa.

Esfreguei minhas mãos, sentindo o suor se instalar nelas. Não queria falar sobre isso. Lembrar de tudo aquilo me incomodava profundamente. Era uma pagina da minha vida que queria esquecer.

Ele então levantou de sua poltrona e caminhou em minha direção. Seu olhar estava fixo em mim novamente. 

— Tenho quase certeza, que tudo tem relação com as marcas que tem nos pulsos. — ele se agachou próximo a cadeira onde eu estava sentada. Seus olhos azuis estavam acessos de curiosidade.

Tentei responder alguma coisa, mas minha voz estava presa na garganta. Eu não sabia como reagir, minha cabeça começou a girar enquanto meu rosto ardia de vergonha. Eu sabia que cedo ou tarde teria que falar sobre isso, mas não esperava que fosse justamente naquele momento. Quando me sentia mais vulnerável ao seu lado. Ele continuou me olhando fixamente esperando uma resposta.

— Sim. — sussurrei de cabeça baixa evitando encará-lo.

Ele então se colocou de pé enfiando as mãos nos bolsos da calça. Sua expressão havia mudado. Caleb agora estava pensativo, como se não soubesse o que me responder.

— Bem. — ele franziu o cenho. — Na investigação não constava a data exata na qual te internaram. Somente os meses que passou internada, os quais coincidem com a morte de sua mãe. — Ele fez uma pausa, o que me obrigou a olhar para ele. — Fez por isso Sophia? Por que não conseguiu suportar a morte de sua mãe? 

Continuei em silencio tentando juntar as palavras. Mas simplesmente não conseguir formar frases conexas.

— Foi por esse motivo que tentou se matar Soph? — ele repetiu a pergunta com um tom apreensivo.

Como a vida era irônica... Caleb pensava que cometi aquela estupidez, pela repentina morte de minha mãe em um acidente de carro. Minha mãe faleceu algumas semanas após eu ser internada na clinica, mas era melhor ele pensar que esse era o motivo. O que eu menos queria era sua pena ou remorso, não quero que ele nutra nenhum tipo de sentimento por mim.

— Sim é verdade. Espero que isso responda sua pergunta ou sacie sua curiosidade. — disse calmamente.

— Sim. — ele sussurrou finalizando o assunto.

Ficamos em silencio por alguns longos segundos. Fechei meus olhos na esperança de que tudo isso não passasse de um sonho. Lembrar de tudo o que aconteceu, da morte de minha mãe ainda doía muito. Só Deus sabe a dor que senti, quando Scott me contou sobre sua morte. Fiquei dias sem me alimentar, meses recusando as visitas da minha familia. Me isolei do mundo diante da minha dor. Scott foi o único com quem compartilhei meu sofrimento. A única pessoa que entendeu, que precisava de um tempo para superar tudo de ruim que havia me acontecido .

— Quero que venha morar comigo. — ele falou de repente interrompendo o silêncio em que nos encontrávamos.

E novamente Caleb me deixava sem reação, com suas atitudes egocêntricas e absurdas. Ele só podia está brincando, essa era única explicação plausível para tamanho absurdo. 

— Na sua casa? — perguntei incrédula. A ultima coisa que queria na vida é viver sob o mesmo teto que ele. — Não quero. — respondi firme.

— Soph, temos que parecer que estamos juntos pra valer. — ele falou calmamente.

Ele deve ter percebido a cara de tensão que eu estava fazendo, porque logo me provocou.

— Não precisa ficar com essa cara. Não vou te atacar na primeira oportunidade que tiver. — ele disse sem rastro de humor em seu sorriso.

— Não seja cretino! Não estou tensa por esse motivo. — fiz uma pausa tentando conter minha raiva. —Perguntei por que não sei se percebeu, tenho meu próprio lar e uma vida que não posso simplesmente largar só para satisfazer seus caprichos.

Olhei para ele, e ele segurou meu olhar continuamente, de forma impassível. Irritar-me com certeza fazia parte do seu jogo.

— Não são caprichos, tenho meus motivos para querer fazer isso. — ele pausa e me fixa com seu olhar azul. —Sophia considere isso como um trabalho que será muito bem remunerado. O trato é simples, você se muda para minha casa, finge ser minha namorada por um tempo e eu me torno o sócio investidor que seu pai precisa. O ajudando a recuperar a empresa e sua saúde.

— E como posso confiar que realmente salvará a empresa do meu pai, sem prejudicá-la futuramente?

— Sophia não tenho interesse nenhum em prejudicar seu pai, além do mais farei um contrato assegurando todos os direitos do seu pai. E conhecendo Giovanny como eu conheço, nem se eu quisesse conseguiria enganar seu irmão. — ele sorriu sarcasticamente.

Me lembrei da doença de meu pai e no quanto precisava de sua ajuda. Caleb tinha razão, isso não passará de um trabalho. Além disso, ele tem razão Giovanny jamais assinaria algo que prejudicasse os negocios da minha família. Mas ainda sim, tinha minhas condições para aceitar participar de seu joguinho.

— Está bem! Eu aceito, mas como uma condição. — o encarei.

Não queria ser fantoche de Caleb por muito tempo, por isso no caminho pensei em uma condição para aceitar participar de seu jogo.

— Qual? — ele franziu a testa.

— Tem um mês para reconquistar Marion. Se dentro desse um mês não conseguir reatar seu casamento, nossa relação de mentirinha irá acabar. E você tem que prometer que nunca mais voltará a me procurar. — exigir.

Ele deu um sorriso de canto de boca, ficando pensativo por alguns segundos, mas logo me deu sua resposta.

— Parece justo Sophia Salvatore. — ele fez uma pausa. — Aceito!

— Ótimo! Vamos acabar logo com isso. — me levantei da cadeira.

— Bom, então vá arrumar suas coisas e as leve para minha casa. — Ele caminhou ate a sua mesa e tirou um cartão de dentro da gaveta. — Este é o meu endereço. Elena minha governanta dirá em que quarto se hospedará, até que dure nossa relação.

Peguei seu cartão de sua mão e, ele novamente me paralisou com seu olhar. Já estava ficando insuportavel, essa maneira possesiva que ele tinha de me olhar. Abaixei a cabeça me desviando de seu olhar e guardei seu cartão dentro de minha bolsa.

Virei-me e caminhei em direção a porta, mas antes de abrir-la o perguntei o porquê estava fazendo tudo isso.

— Por que quer que todo mundo ache que voltamos?

— O que me interessa é que Marion acredite. Quero recuperar minha esposa, e a única forma de fazer com que volte comigo é fazendo ela acha que temos algo.

Eu agradeci a Deus por está de costas. Pois, já não era capaz de conter as lagrimas em meus olhos. Claro que tudo isso tem haver com Marion, ele ainda a ama e mais uma vez estou sendo usada por ele. Mas dessa vez não serei eu que saíra destruída dessa historia.

— Sophia. — ele me chamou mais uma vez.

— Diga.

— Espero que seu pai se recupere logo.

Não o respondi, estava prestes a sair correndo, mas me contive. Fechei a porta com um baque. Toda aquela coragem que tinha no inicio de nossa reunião, havia se transformado em arrependimento por aceitar fazer parte de tudo isso.

A única coisa que queria era sair logo dali.

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