Capitulo 19
De longe era possível ouvi o barulho vindo do local. A fachada da casa estava iluminada em todos os cantos, destacando a propriedade no pequeno vilarejo. A medida que me aproximava o frio na minha barriga aumentava.
Senti a mão de Caleb tateando meio vacilante até encontrar o caminho para se entrelaçar com a minha mão mais uma vez, seus dedos deslizaram delicadamente por entre os meus até que estivessem perfeitamente encaixados. Meu coração pulou no meu peito, mas não me intimidei.
Engoli em seco e apertei a mão dele e ele fez o mesmo. Minha avó me esperava cantarolando alegremente uma canção típica italiana, ela sorria.
— Sophia! — ela me abraçou apertado.
— Nona a senhora não me avisou que havia uma festa me esperando, pensei que fosse apenas um jantar...
— Nem comece querida — ela me interrompeu — hoje é um dia para se festejar, depois de muitos anos finalmente você está de volta.
Sorri sem graça.
Por mais que eu me esforçasse, no meu consciente parecia que estava fazendo algo errado, sentia que não deveria está ali sendo recebida com uma festa.
— Dio Santo! Como minha menina está linda!
Tia Pietra surgiu de dentro do casarão me surpreendendo com um abraço apertado, não agüentei segurar mais as lagrimas que insistiam em cair.
— Como eu senti falta desse abraço, minha tia querida.
Abraçamos-nos mais uma vez sorrindo em meio as lagrimas.
— Pietra deixe de ser uma velha sentimental, não ver que está fazendo a menina chorar? — minha avó ralhou.
Pude ver Caleb se segurando para não rir da cena. Aquela era Medina Salvatore, extrovertida e nada discreta matriarca da família.
— Mas hoje a senhora está impossível mamãe. — minha tia retrucou — E você rapaz como vai? Desculpe-me, não tinha notado sua presença.
— Eu vou bem Pietra e você? — Caleb estendeu a mão para cumprimentá-la.
Minha tia olhou receosa para sua mão, como se estivesse travando uma batalha interna entre apertá-la ou rejeitá-la, mas por fim, depois de alguns instantes a apertou sem graça.
— Vou bem rapaz. — limitou-se a dizer.
— Ótimo! Agora vamos entrar minha neta, temos muito que comemorar hoje. — minha avó saiu me puxando pela escadaria de pedra.
O casarão rosa estava todo decorado com flores da estação, havia arandelas por todos os cantos iluminando o varandão da casa, tia Pietra tinha caprichado na iluminação ambiente. Havia também uma mesa central com uma faixa de boas vindas para mim.
Parecia que minha avó tinha convidado toda a cidade para minha festa, reconheci vários rostos dentre as pessoas — também Pienza não era uma cidade grande —, estava mais para um vilarejo. A maioria dançava com alegria pela a varanda, outros estavam interagindo uns com os outros, e alguns estavam ao redor da mesa degustando os vários pratos servidos, uma típica festa italiana.
— Dá para demonstrar um pouco mais de animação. — uma voz disse ao fundo.
Virei-me no mesmo instante, mesmo sendo aquela voz grave inconfundível.
— Sabe que não estou à vontade com tudo isso.
Ele estreitou os olhos.
— Tente pelo menos fingi que está feliz por rever sua família.
Bufei irritada. Claro que estava feliz por rever minha família, só não me sentia mais a vontade com o lugar. Era impossível está ali e não me lembrar de quando minha família era completa.
— Ai está você pequena!
Valentina apareceu no meio das pessoas com duas taças de vinho nas mãos.
— Pensei que tínhamos um segredo Vale.
Ela me deu um sorriso maroto.
— A nona me mataria se eu escondesse da família inteira que você estava na cidade. — ela falou rindo.
— Sei... Você é uma fofoqueira, isso sim. — acabei rindo da situação.
Valentina ergueu o olhar pela primeira vez em direção a Caleb.
— Caleb! Desculpa-me não havia notado sua presença. — ela se dirigiu a ele sem dar muita atenção.
— É a segunda vez que isso acontece só essa noite. — ele deu um sorriso intimidador.
Valentina o olhou confusa e eu custei a conter a vontade de rir da situação. Ele mal chegou e minha família já estava o aterrorizando.
— Mas não se preocupe Valentina, é Sophia quem deve ser notada.
Valentina assentiu, e logo voltou sua atenção a mim.
— Vamos brindar? Trouxe essa taça de vinho especialmente para brindarmos a sua volta. — ela me entregou uma das taças que segurava. — Oh! Caleb como eu sou mal educada, não peguei uma taça para você.
Dessa vez não consegui segurar minha vontade de rir. Era muito divertido ver o grande Caleb O'brien ser tratado com indiferença. Ele me olhou com um olhar de você me paga, o que me fez dá de ombros ainda rindo.
— Não se preocupe Valentina, irei pegar uma taça para mim. — disse indiferente. — Já volto meu amor.
Ele frisou bem com sarcasmo a ultima palavra.
— Você não presta Valentina. — falei rindo.
— O que foi? — indagou com um sorriso travesso no rosto. — Eu não imaginei que você teria a audácia de trazer-lo aqui.
— Não olhe para mim com essa cara. — pedi — Foi você que me dedurou para vovó, sua malandra, além disso, eu não tenho culpa se à vovó o convidou para cá. — dei de ombros.
— E falando em vovó, ela jurou chicotear os meninos, caso eles não trate Caleb educadamente.
Revirei os olhos.
— Não tenho nenhuma duvida que ela realmente cumpra a promessa. — falei, antes de tomar mais um gole de vinho.
— Nem eu — ela riu — segundo ela graças a Caleb você está de volta, por isso devemos tratá-lo muito bem, afinal de contas é seu namorado.
— Tenho que concordar que se não fosse por ele eu não estaria aqui hoje.
— Sabe de uma coisa? — ela disse depois de um tempo — Reencontrar vocês dois juntos depois de todos esses anos tem sido uma experiencia bastante inusitada.
— Inusitada de bom ou de ruim?— perguntei, tentando disfarçar o quanto estava nervosa pelo o rumo que a conversa estava tomando.
— De bom, é claro. — ela respondeu rodando a taça de vinho em sua mão.— Dá para ver que você o ama, e se você está feliz ao lado dele é isso que importa.
Virei o rosto evitando contato visual com Valentina, sabia muito bem a onde ela queria chegar com aquela conversa. Por sorte, ela percebeu o quanto fiquei incomodada, o que a fez mudar de assunto.
— Mas não vamos falar sobre isso por enquanto. Que tal brindarmos a sua volta Soph?
Concordei com a cabeça erguendo minha taça em direção a dela... E assim brindamos a minha volta a toscana.
~:~
Estava sentada na beirada da grande cama dossel que ocupava um dos quartos de hospede da casa de minha avó. Aquele não era qualquer quarto, era meu refugio ali. Todas as vezes que passava férias na casa, ocupava aquele quarto que havia sido de meu pai quando solteiro. A festa ainda acontecia animada no primeiro andar, mas precisava de um momento a sós para refleti sobre a minha volta aquele lugar.
Uma onda de sentimentos invadia minha alma e eu não conseguia evitar lembra-me de todos os bons momentos que passei na Toscana. Lembrei-me de meus irmãos e primos correndo pela casa, disputando para ver quem chegaria à casa da arvore primeiro, das vezes que excluíram Valentina e eu de suas brincadeiras, e de todos os puxões de orelha que tia Pietra e minha mãe nos davam. Como eu sentia falta de seus puxões de orelha.
Suspirei.
O tempo havia passado e a morte de minha mãe foi superada, mas a ferida que ela deixou ainda estava visivelmente aberta. Porém, por incrível que pareça, não estava sendo tão difícil está ali novamente sem ela.
Senti uma grande sensação de paz invadi meu interior. Era tão bom está novamente na presença de minha avó, tios e primos e todas aquelas outras pessoas que me viram crescer naquele vilarejo. Éramos uma família unida e feliz, sem duvidas. Naquele momento jurei para mim mesma que nunca mais os abandonaria, assim como fiz nos últimos anos que me isolei em Londres. Deveria ter visitado mais minha família, não ter abandonado minhas amizades de infância dali, também deveria ter ligado mais para todos.
Deveria...
Estava tão deslumbrada e hipnotizada analisando — e relembrando — cada detalhe que não vi quando minha avó entrou no quarto. Quando me dei conta, ela estava parada na minha frente sorrindo.
— Sabia que a encontraria aqui. — falou triunfante, por ter aceitado seu palpite.
Coloquei meus braços por cima de seus ombros, abraçando-a.
— Estava com saudade desse lugar. — confessei.
Dona Medina sorriu abraçando meus braços ao redor de seu pescoço.
— Olhe para você! Eu nunca vi uma mulher mais maravilhosa do que você em toda a minha vida. E eu não estou dizendo isso apenas por ser minha neta. — sorriu orgulhosa— Oh! Minha querida, nunca mais me abandone, senão a colocarei de castigo eternamente.
Rimos juntas.
— Eu prometo.
Aproximei seu rosto suavemente depositando um beijo ali. Amava demais aquela senhorinha com aparência doce e frágil, mas mais forte do que a família inteira junta.
— Mas vamos descer! Teremos muito tempo para conversar minha querida.
Concordei com a cabeça.
— Sua tia me disse que não a viu comendo nada durante a noite inteira. — ela me enviou um típico olhar reprovador — Deve ser por isso que está tão magrinha! O que comia em Londres? Aposto que só aquele peixe frito horroroso com batatas fritas, não sei se isso é comida. — resmungava sem parar.
— Nona eu posso pesar 200 kilos que a senhora sempre dirá que estou fraquinha.
Ela beslicou minha bochecha. Infelizmente belicões, puxões de orelha e apertões na bochecha são demonstrações de carinho freqüentes na Itália. Mesmo na vida adulta.
— Vamos! O rapaz está sozinho lá embaixo, por mais que tenha ameaçado Martin e Valentim com chicotadas, ainda temo pela integridade de Caleb. — ela riu.
— Eu também nona... Eu também.
Quando voltei para a festa encontrei Caleb parado sozinho em um canto segurando uma taça de vinho. Ele estava sendo observado pelos olhos atentos de meus primos, que pareciam dois leões famintos cercando o cordeiro indefeso. Estavam conversando por gestos, por isso talvez Caleb não conseguisse imaginar o teor do assunto. Martín batia rápida e repetidamente a lateral da mão direita na palma da esquerda, o que significava em bom italiano: Vá embora! Já Valentim olhava ameaçadoramente para Caleb, fazendo um triangulo com as mãos, na verdade o que ele estava dizendo com aquele simples gesto, era que acabaria com Caleb. Na certa estavam tramando alguma coisa entre si, eu conhecia bem aqueles dois e sabia bem do que eram capazes.
Fiz questão que ele percebesse que estava entendo bem o teor da conversa deles. Quando perceberam que eu estava olhando, abaixaram a cabeça e saíram sem graça do local. Nesse momento começou a tocar Too Good At Goodbyes do Sam Smith, não sei o porque, mas movida por um impulso decidi convidar Caleb para dançar.
— Podemos dançar?
Ele me olhou surpreso e um sorriso sedutor brotou em seus lábios. Começamos a dançar pelo jardim em plena sintonia. Caleb ainda continuava com aquele sorriso sedutor me provocando.
— Já pode tirar esse sorriso de conquistador barato do rosto Sr. O'Brien, só estou preservando sua vida e nada mais. — sussurrei no seu ouvido.
Ele arqueou a sobrancelha. Colando ainda mais seu corpo no meu, me tirando qualquer possibilidade de movimento. Suspirei com o calor que percorria todos os meus membros.
— Preservando minha vida? — senti sua voz extremamente próxima a mim. — Sophia, Sophia, Sophia... — ele murmurava afundando o rosto no meu pescoço.
Fechei os olhos. Tentei a velha tática de contar até dez, mas não consegui sair do três. Estava estática.
— Irá ficar em silêncio? — riu, divertindo com a situação.
Neguei. Neguei ainda de olhos fechados.
— Você fingi muito bem Caleb — falei seca.
Ele suspirou. Com a cabeça em seu peito, pude finalmente ouvir as batidas de seu coração através de sua jaqueta de couro. Estavam aceleradas. Sua mão, acariciava minha bochecha. Ao olhar nos seus olhos, percebi que ele me olhava da mesma forma que fazia no passado.
Com olhar, Caleb me mostrava que um sentimento inominável crescia novamente entre nos.
— Eu já não estou fingindo a um bom tempo Sophia. Eu só estava esperando a melhor chance para te mostrar isso.
Permaneci em um silencio atônito.
— Estou cansada... Melhor ir me deitar. — sussurrei, antes de sair correndo pela casa.
Subi para o antigo quarto de meu pai, minha nona havia mandado arrumar-lo para nos receber. Ainda estava sem entender o que tinha acontecido enquanto dançávamos, estava na cara que Caleb não me suportava, mas ali tão próxima a ele, por alguns instantes tive a impressão que o sentimento que tínhamos no passado não acabou. Não... Não, não. Caleb não me amava, ele nunca me amou de verdade, se tivesse me amado algum dia, não teria me abandonado no altar para fugir com minha melhor amiga. Era a razão gritando desesperada para meu coração.
Praguejei sozinha. Não queria dividi o quarto com ele, mas não teria escolha. Não demorou muito, para ele bater na porta pedindo permissão para entrar.
— Novamente teremos que dividi o mesmo quarto.
— Não me diga. — respondi mal humorada.
— Faz parte do acordo parecemos um casal apaixonado Sophia. — disse sério.
Peguei uma almofada arremessando em sua direção, aceitando em cheio em seu rosto, claro que não foi propositalmente.
— Cala a boca seu Caleb! Quer que alguém nos escute?
— A porta está trancada, ninguém irá nos ouvi. — ele sussurrou, pateticamente.
— As paredes têm olhos, bocas e ouvidos, Caleb. Eu não quero que minha família desconfie de nada. Meu pai jamais me perdoaria se descobrisse os termos de nosso acordo.
E claro ele teve a audácia de rir. Estava totalmente indiferente ao fato de sermos desmascarados.
— Vou tomar banho antes que você coloque tudo a perder.
Peguei as roupas que havia separado e fui em direção ao banheiro. Quando voltei, Caleb já estava deitado no chão no meio do quarto. Ele havia forrado o tapete com um lençol branco e pegado um travesseiro.
— Se não se importa irei dormir no chão.
— Tudo bem. — respondi seca.
— Boa noite. — ele moveu-se a procura de conforto.
Deitei-me na cama cansada, sem duvidas havia sido um dia longo e cheio de surpresas. Precisava descansar, não havia dormido muito bem na noite passada, não me sentia segura com Caleb tão próximo a mim. O que me causou insonia depois dos dois sonhos intensos que tive com ele.
Fechei os olhos e assim que comecei a pegar no sono, ouvi a porta do quarto se abrindo com um baque. Sentei-me na cama assustada, quando vi uma senhora baixinha passar por ela com a maior tranqüilidade.
Praguejei mentalmente pela segunda vez no dia. Calebe havia se esquecido de passar a chave na porta. Mas a essa altura ele já deveria ter se acostumado com o temperamento de minha avó e suas manias excêntricas.
— Desculpe minha neta, mas só vim ver se vocês precisavam de alguma coisa. — falou, com um sorriso largo no rosto.
Olhei para ela incrédula. Ela não mudou a expressão, continuou sorrindo como se aquilo fosse à coisa mais normal do mundo. Invadi quartos alheios no meio da noite.
— Estamos bem dona Medina, obrigada por se preocupar. — foi Caleb quem a respondeu.
Ao ver-lo deitado no chão ela estreitou os olhos, curiosa, percebi outro sorriso formando-se no canto da sua boca.
— O que faz deitado no chão rapaz? Dio Santo! Vocês estão brigados — ela levou a mão à boca espantada — Sophia você não pode permiti esse pobre rapaz dormir no chão, está muito frio e ele pode pegar uma pneumonia.
— Fique calma nona... Foi ele que quis assim. — tentei tranquilizar-la.
Mas ela não me deu ouvidos. Estava mais preocupada em levantar Caleb do chão.
— Vamos meu rapaz! Levante-se desse chão frio... Minha neta não tem coração, destratando as visitas desse jeito.
Ela não parava de resmungar, enquanto o ajudava levantar.
— Vou pedi Balbina para arrumar o outro quarto de hospede para você.
Medina me fuzilava com os olhos. E eu fuzilava Caleb com os meus. Tinha vontade de torcer seu pescoço por ter deixado a porta destrancada.
— Não precisa nona... — respirei fundo — Antes de a senhora aparecer, eu estava preste a pedi para Caleb voltar para a cama.
— Estava? — Caleb me provocou.
O fuzilei de novo com os olhos quase ardendo em chamas, tentando manter a calma e compostura na frente de dona Medina. Estava claro que ele se divertia muito com minha saia justa.
— Sim, meu amor — sorri entre os dentes — Venha deite-se aqui querido.
Afofei os travesseiros com mais força do que devia, na realidade, minha única vontade naquele momento era socar aquele cretino. Ele se deitou no lado esquerdo da cama, fiz questão de cobrir-lo com dois cobertores. Enquanto isso, vovó assistia a situação com um semblante desconfiado, mas alegre no rosto.
— Bom já que tudo se resolveu, estou indo me deitar minha querida.
— Claro vovó! Deixe-me acompanhar-la.
Apoiei meu braço em seu ombro enquanto caminhávamos até a porta.
— Boa Noite nona! — dei um beijo suave em sua testa.
— Boa noite meus netinhos, agora tratem de não brigar, e sim de providenciar um bisnetinho para mim.
Caleb tossiu ao ouvi aquilo. Eu engasguei com minha própria saliva. E ela piscou sorrindo antes de fechar a porta atrás de si.
Assim que ela saiu, ele teve uma crise de riso me deixando ainda mais irritada. Tratei logo de trancar a porta com o intuito de evitar mais uma visita surpresa.
E Caleb ainda ria sem parar.
— Isso não é engraçado! — respondi ríspida — Minha avó está perdendo a sanidade.
— Essa foi sem duvidas a coisa mais engraçada e constrangedora que me aconteceu em toda minha vida.
O fitei com um semblante sério.
— Por sua culpa ela agora pensa que iremos produzir bisnetinhos.
Soltei um suspiro, decepcionada. Estava ciente da vontade de minha avó de ter um bisneto, eu só não sabia quando isso iria acontecer.
Suspirei frustrada.
— Sabe que não é uma má idéia. — Caleb provocou — podemos tentar.
Ele arqueou uma sobrancelha me provocando ainda mais.
Desviei meu olhar dele irritada. — Vou fingir que não ouvi isso... Você pode voltar para o tapete agora, por favor.
Cruzei os braços, esperando ele sair da cama para me deitar de novo.
— E se ela voltar novamente de surpresa?
Revirei os olhos.
— A porta está trancada Caleb.
— E se ela tiver uma cópia da chave? — sua expressão passou de tranqüila para preocupada — Sophia seja realista, estamos falando da sua avó.
Ele tinha razão, não estávamos falando de uma senhorinha qualquer, estávamos falando de Medina Salvatore. A avó que jurava chicotear os netos e invadia quartos de casais no meio da noite, como se fosse à coisa mais normal do mundo. Odiava admiti, mas ele tinha razão, além disso, ela poderia começar a desconfiar de nos dois.
Mais do que depressa, formei uma barreira com alguns travesseiros dividindo a cama no meio.
— Nem pense em ultrapassar essa barreira. — ameacei. — Juro que farei um escândalo se isso acontecer.
Ele assentiu com a cabeça, dando de ombros.
Apenas me virei para o outro lado tentando disfarçar meu constrangimento. Novamente teria que dormir ao lado de Caleb O'Brien, e agora dividindo a mesma cama com ele.
Caleb pigarreou, eu suspirei.
— Boa noite, Sophia.
— Boa noite, Caleb.
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