Caleb O'Brien

Estava parado no vão de sua sala de estar. Marion estava sentada no sofá de costas para mim, distraída falando ao telefone. O pequeno corpo feminino e as formas que conhecia tão bem, marcadas por um vestido de seda branco sensual. Engraçado há alguns meses atrás, voltar dormir com Marion, era tudo o que eu mais queria. Desde que nos separamos eu não sentia meu corpo sobre o dela. Era para estar me sentindo satisfeito, pois enfim o meu plano de reconquistar-la estava dando certo. Mas depois de tudo o que aconteceu com Sophia, a única coisa que conseguia era me senti arrependido por ter-la deixado sozinha, e ter terminado a noite com Marion.

A figura angelical de Sophia veio a minha mente. Seu cheiro, a doçura que ela carregava em seu olhar, mas logo essa lembrança foi substituída, pela mágoa que eu carregava dentro de mim há cinco anos. Droga! Eu precisava aprender a controlar meus pensamentos em relação a ela, pois isso estava me destruindo aos poucos. Desde que voltei a conviver com Sophia, já não era mais o mesmo homem, estava mais fraco e vulnerável.

Sophia não se passava de uma mulher fútil, que me traiu friamente com seu professor de dança. Uma mulher fria e mimada que brincou com meus sentimentos. Minha mão direita se fechou só de lembrar-me da cena que vi naquelas malditas fotos.

Marion continuava conversando ao telefone, quando uma parte de seu dialogo me chamou atenção.

- Não ele ainda está dormindo no meu quarto, mas fique tranqüilo ele não desconfia de nada.

Fiquei parado ouvindo a sua conversa. Estava claro que ela falava de mim, mas com quem estava falando?

- Já disse para ficar tranqüilo, pois Caleb não desconfia de nada. Mesmo que Sophia diga alguma coisa sobre a nossa conversa, ele nunca descobrirá que a dopei para tirar aquelas fotos. Caleb nunca descobrirá que realmente armei para os dois, ele nunca saberá que Sophia nunca o traiu. - ela diminuiu o tom de voz, mas ainda pude escutar claramente a ultima parte de sua conversa.

E foi nesse momento que minha consciência desabou. O que senti foi como uma segunda punhalada em meu coração. Primeiro a traição de Sophia dias antes do nosso casamento, agora Marion a mulher com quem eu convivi nos últimos anos, a qual eu julgava amar dizendo que armou para me separar de Sophia.

Sentia-me perdido olhando-a sentada no sofá. Estava em completo estado de choque. Uma corrente de fúria me atravessou, perigosamente.

Vagabunda! Falsa! Cínica!

Retomei o fôlego e a surpreendi entrando na sala de repente.

Marion se surpreendeu com minha presença poucos metros a sua frente. Seu susto foi tão grande que seu corpo se lançou para trás, batendo com força as costas no encosto do sofá. Involuntariamente, sua face empalideceu, seus olhos se arregalaram. Sua mão tremula deixou o telefone cair sobre o chão de mármore.

- Te assustei querida? - perguntei, erguendo uma sobrancelha, sufocando minha ira.

- S-i-sim, eu achei que ainda estivesse dormindo querido. - ela tentou disfarçar o nervosismo.

Fui até ela em passos largos. Segurei-a com força apertando seus braços, fazendo com que ela se levantasse do sofá.

- Então Sophia estava falando a verdade o tempo todo? Ela nunca me traiu, você armou para nos dois! Como pôde fazer isso?

- E-e-eu, não sei do que você está falando Caleb. Calma me deixe explicar. - Ela se soltou dos meus braços. - Eu não sei que parte ouviu da minha conversa querido, mas tudo não passa de um engano.

Ela estava em pânico, eu podia ver como seu corpo tremia.

- Sim, ter me casado com você foi o maior engano que cometi! - falei, rispidamente.

- Caleb, por favor, não tire conclusões precipitadas, deixe-me explicar o que você ouviu.

Passei as mãos pelos cabelos, recobrando minha sanidade.

- Explicar o que Marion? Eu ouvi muito bem, quando você disse que eu nunca descobriria que você dopou Sophia, para tirar aquelas malditas fotos. - gritei exaltado assustando-a - Então querida creio que a única coisa que tem a explicar é por que fez isso.

- Caleb querido, repito você está totalmente equivocado quanto ao que ouviu.

A sua insistência em continuar mentindo fez-me socar a parede. Ela me olhou assustada, mas não disse nada.

- Você acha mesmo que eu sou burro? Como você tem coragem de dizer que eu não ouvir bem Marion? Agora tudo faz sentido... Meu Deus o que eu fiz! Eu destruir a vida de Sophia. - lamentei, dando-me conta do tamanho da gravidade da situação.

- Caleb, por favor, me escuta. - diz melosa - Tudo o que eu fiz foi por amor... Por amor a você meu amor.

Dei uma risada irônica.

- Amor? Por acaso você sabe o que é amor?

- Caleb eu me apaixonei por você... Sim, eu me apaixonei pelo noivo da minha melhor amiga! - ela gritou com lagrimas nos olhos - Eu precisava fazer alguma coisa por esse amor, eu precisava fazer alguma coisa por nos dois. Eu não planejei me apaixonar por você, as coisas simplesmente aconteceram.

Cínica!

Sinto o sangue ferver nas minhas veias. Aquilo não podia está acontecendo.

- Sophia te amava como uma irmã. Como teve coragem de destruir todos os seus sonhos de forma tão cruel? Que tipo de pessoa é você Marion? - a olhei com desprezo.

- Por favor, querido não me olhe assim. - implorou - Eu não consigo suportar ver você me odiando, tudo o que eu fiz foi por amor Caleb. Eu não queria magoar Sophia, mas as coisas ficaram fora de controle.

- Todas aquelas conversas que tivemos onde você dizia notar Sophia diferente, como se estivesse escondendo algo, era tudo mentira! Eu cheguei a seguir Sophia semanas antes do nosso casamento, pois você dizia que ela saia de casa a noite, pelo menos três vezes na semana misteriosamente. Mas quando cheguei ao local, vi que se tratava de um estudio de dança. Você sabe muito bem, como fiquei aliviado quando descobrir que ela estava fazendo aulas de dança, pois queria me fazer uma surpresa no dia do nosso casamento. Mas meu alivio durou pouco não é Marion? - dei um sorriso cínico - Até o detetive me enviar aquelas fotos, onde Sophia aparecia dormindo seminua com seu professor de dança. Como eu fui estúpido! - gritei - Foi muito fácil dopar Sophia, não foi Marion? Vocês moravam juntas, ela jamais desconfiaria que sua melhor amiga, estivesse armando um plano tão sombrio contra ela. E que seu professor de dança, seria cúmplice dessa sujeira toda. Quanto você o pagou Marion? - a indaguei furioso.

- Caleb as coisas não aconteceram dessa forma. - ela sussurrou.

- Não? E de que jeito aconteceram então?

Eu não conseguia acreditar que tudo aquilo era verdade. De repente era como se tivesse tirado uma venda dos meus olhos. Tudo ficou claro como o sol. Comecei a me lembrar de todas as vezes que Marion sugeriu que Sophia me escondia algo, de todas as nossas conversas sobre isso, e de como ela dava a entender que Sophia realmente estava me traindo.

As lembranças vieram na minha mente como um soco. Eu me senti despedaçado quando o detetive me entregou aquelas fotos. A minha noiva, a mulher que eu escolhi para viver até o fim da minha vida, a mulher a quem eu confiava cegamente, enganando-me descaradamente. Eu fiquei arrasado, sem cabeça para nada. Eu perdoaria qualquer coisa de Sophia, menos sua deslealdade.

Fui para o primeiro lugar que encontrei para encher a cara como um covarde. A minha Sophia nos braços de outro homem era muito para mim. Foi quando Marion apareceu naquele pub, disposta a me ouvir, a me consolar. E agora vejo que sua presença ali não foi mera coincidência, claro que ela estava à espreita esperando o melhor momento para terminar seu plano. Tudo o que eu queria naquela noite era ficar sozinho, mas ela conseguiu me convencer que não me faria bem ficar só, e que me acompanharia até meu apartamento. Depois que chegamos continuei a beber e acabei dormindo com ela. No outro dia de manhã, Marion me convenceu que o melhor era que eu saísse do país, e que ela me acompanharia a onde eu fosse, pois me amava. O meu orgulho ferido me fez agir como um covarde, eu abandonei Sophia no altar sem lhe dar nenhuma satisfação.

O que foi que eu fiz?

Dei um passo para trás desabando no sofá, segurando meu rosto incrédulo com tudo aquilo. Lembrei das cicatrizes no pulso de Sophia e um nó se formou na minha garganta. Por minha causa, Sophia quase perdeu a vida. Por minha causa, Sophia passou seis meses internada em uma clinica de reabilitação. Que tipo de mostro eu havia me tornado... Eu destruir todos os sonhos que Sophia tinha ao meu lado. E agora era tarde demais para recomeçar.

Marion se agachou na minha frente tentando tocar em meu rosto.

- Não toque em mim. - segurei suas mãos. - Quero que olhe nos meus olhos e me diga de uma vez por todas por que fez tudo isso. Essa é a ultima chance que estou te dando, para me dizer toda a verdade Marion. - olhei dentro daqueles olhos negros e sombrios.

- A verdade é que eu me apaixonei por você Caleb, desde a primeira vez que o vi. Mas você se encantou por Sophia de uma forma tão intensa, que nada que eu fizesse o faria me notar. Sempre soube que você não era para Sophia, meu amor você foi feito para mim. - falou com uma convicção que me causou nojo. - No fundo eu ainda tinha esperanças de que mais cedo ou mais tarde você me notaria, mas essa esperança morreu naquele maldito noivado surpresa na casa de campo dos pais de Sophia...

- Então você decidiu trair a sua melhor amiga covardemente. - a interrompi, concluindo por ela.

- Eu não tinha mais opções! Eu sabia que a única forma de ter-lo, era o separando de Sophia e funcionou. Você não pode negar que fomos muito felizes no nosso casamento. Com o tempo você esqueceu Sophia e aprendeu a me amar. Então meu amor - ela tocou com receio no meu rosto, trazendo meu olhar para si - vamos esquecer toda essa historia e reatar nosso casamento. Vivíamos tão bem, não é mesmo?

- Até você me trair com Giorgio, o homem que quer me queimar no inferno. - sorri sem vontade - Irônico você não acha?

- Não... Não... Não Caleb. Eu nunca te trair com Giorgio. - Ela mentiu descaradamente.

- Não? - perguntei cínico.

- Não meu amor, por favor, acredite em mim. Eu nunca tive nada com Giorgio antes da nossa separação, na verdade eu nunca o quis. Giorgio se aproveitou que nosso casamento estava em crise, para me usar. Eu estava frágil, carente, você já não era mais o mesmo, estava frio, indiferente, cada dia mais distante de mim. Foi quando Giorgio apareceu me oferecendo tudo o que eu precisava naquele momento, carinho, atenção, amor... E eu cair no seu jogo, ele apenas me usou para te atingir.

- Então agora a culpa por você trocar minha cama pela a de Giorgio é minha? - dei uma gargalhada, incrédulo com sua capacidade de reverter as coisas a seu favor.

- Caleb Giorgio apenas me usou para te atingir. Eu não sei o porquê, mas ele quer tirar tudo o que é seu. Você não acha estranho o interesse repentino dele em Sophia?Não tenha duvidas Caleb, assim como ele me tirou de você ele irá afastar Sophia também. - ele me fez um favor tirando você da minha vida, pensei comigo. - Por isso eu te imploro, vamos esquecer tudo isso e retomar a nossa vida. Eu sei que ainda podemos ser muito felizes juntos, podemos aumentar nossa família, estou disposta a te dar o filho que tanto deseja. - disse melosa, colocando a mão sobre sua barriga.

As palavras de Marion pareciam queimar em meus ouvidos. Sentia meu sangue ferver a cabeça. Ela apenas estava jogando comigo e, ainda por cima, mentindo descaradamente ao dizer tudo aquilo.

- Só tem uma coisa que ainda não ficou clara para mim Marion. Como você conseguiu fazer que o detetive colaborar-se com seu plano, se você não tinha dinheiro suficiente para suborná-lo?

Marion pela primeira vez na nossa conversa, se mostrou envergonhada por seus atos, ela abaixou a cabeça e ficou olhando fixamente para o chão.

- Nem todos os tratos são feitos a base de dinheiro Caleb. - sussurrou.

- Que espécie de pessoa é você? - perguntei chocado, deduzindo o que ela quis dizer com aquilo.

- Caleb, por favor, não me julgue. Tudo o que eu fiz foi por amor, acredite em mim. - ela suplicou baixinho.

Estava horrorizado com tudo aquilo, mas de certa forma me sentia aliviado por descobrir quem de fato Marion era. Pois era melhor do que continuar me iludindo e sendo enganado.

- Obrigada por me mostrar sua verdadeira face. Também o que eu poderia esperar de uma traidora? Uma pessoa que teve coragem de trair friamente a melhor amiga. Você tem noção do quanto Sophia te amava? Do quanto sua amizade era importante para ela? Do que nos causamos juntos a ela? Por nossa culpa Marion Sophia atentou contra a própria vida.

- Caleb você não sabe de nada!

- Realmente não sei Marion. Não sei por que você insiste em mentir para mim descaradamente e sinceramente não conheço a mulher que está na minha frente! Uma mulher que mente que é fria e capaz de tudo para atingir seus objetivos.

Ela me fitou com ódio.

- Você só se importa com ela não é? O seu mundo ainda gira em torno do dela, mesmo depois de todos esses anos. Eu não me conformo como aquela sonsa sempre teve tudo o que eu sempre quis. - ela apontou o dedo indicador para si mesma - Sou eu Caleb que mereço seu amor, sou eu que estive do seu lado todos esses anos, se doando, te amando incondicionalmente. Se não fosse por mim, você não seria tão bem sucedido nos negócios como é agora. Você não teria se tornado o grande tubarão do Reino Unido, se estivesse ao lado daquela sonsa. E sabe o que você me deu em troca? Migalhas! - ela gritou histérica, levando as mãos a cabeça - Porque você nunca sentiu por mim, um décimo do amor que sentiu por Sophia. Sabe o que mais me doeu Caleb O'Brien? Foi perceber que mesmo depois de todos esses anos, você ainda olha para ela daquela mesma forma que olhava no passado, um olhar doce com ternura. Você nunca olhou para mim dessa forma em todos esses anos. Eu posso ter errado sim, mas tudo o que eu fiz foi por amor a você, e não me arrependo!

Ela bufou irada, depois ergueu o rosto para me fitar nos olhos. Levantei-me do sofá afastando-a de mim. Marion se levantou do chão parando na minha frente.

- Você não precisa mais mentir Marion, eu já entendi tudo. - sussurrei, virando o rosto para olhar bem longe dela. Eu não conseguia mais encará-la. - Esse é o fim. Farei um cheque com um valor significativo para você, que a deixará confortavelmente bem por um tempo. Mas ouça bem Marion, pois não irei falar duas vezes. - a segurei forte pelo os ombros, controlando a raiva que sentia dentro de mim. - Nunca mais cruze o caminho de Sophia para lhe fazer mal, caso contrario você se arrependerá de ter nascido, sabe muito bem que poder para isso não me falta.

Dito isso saí caminhando a passos largos em direção a porta. Ela veio atrás de mim me gritando, mas não parei para ouvi-la. Não satisfeita ela me agarrou por trás, o que me fez parar para olhar pela ultima vez, a mulher com quem fui casado por quatro anos e meio, e somente agora estava descobrindo sua verdadeira face.

- Caleb, por favor, eu te amo! Não me deixe, por favor, eu não posso viver sem você! - ela me implorou aos prantos, tentando me beijar.

- Eu amo e sempre amarei Sophia. Você eu desprezo você. - olhei dentro dos seus olhos friamente - Quero que você e seu maldito noivo, fiquem longe de mim e de Sophia.

Nesse momento a mulher frágil e desesperada, se tornou uma mulher fria e soberba.

- Giorgio tirará Sophia de você em breve Caleb, será apenas uma questão de tempo. E quando isso acontecer, você virá rastejando nos meus pés, pedindo para reatar nosso casamento. - ela deu uma gargalhada maligna, batendo em seguida forte a porta atrás de mim.

Precisei respirar fundo várias vezes, para tentar aplacar a fúria dentro de mim, antes de deixar o prédio de Marion, pois no estado em que eu estava, seria capaz de matar um.

Deixei o edifício e caminhei depressa, pegando o primeiro taxi que encontrei. Não tinha coragem de encarar Sophia, não podia ir para casa. Precisava digerir tudo o que havia descobrido sozinho.

Peguei meu celular no bolso da minha calça, liguei para Nathan meu investigador particular. Precisava encontrar o maldito ex professor de dança de Sophia.

- Pode falar.

- Preciso que encontre Alexander Martinez o mais rápido possível, não me importa se tenha que procurar-lo até dentro do inferno. Quero esse desgraçado na minha frente o mais rápido possível.

- Ok.Volto entrar em contato assim que conseguir alguma informação.

- Obrigada Nathan. - falei desligando o telefone.

~:~

Passei o resto do domingo no meu apartamento no centro da cidade. Estava em choque com tudo o que havia descobrido. Tantas e tantas vezes discutir com Sophia a acusando de traidora, descontando meu ódio sobre ela. Eu não acreditava na sua inocência e sua insistência em negar tudo me causava raiva, mesmo ainda a amando.

Quando eu via aquelas fotos onde ela aparecia com outro homem não havia dúvidas a prevalecer, ela havia se entregado a outro homem. Nada seria capaz de explicar o que senti-a quando via aquelas imagens

Quantas vezes durante esses anos me peguei pensando, revivendo as lembranças de sua doce voz ao meu ouvido, quando fazíamos amor, dizendo que me amava e eu era seu, para depois descobrir que ela se entregava também para outro homem.

Eu tinha raiva dela. Pois achava que ela havia apunhalado meu coração traiçoeiramente, quando descobrir falsamente sua insensibilidade e frieza em ir para a cama com seu próprio professor de dança. O que sentia é que ela havia me levado a crer em suas palavras de amor, onde eu acreditei que ela estava de verdade disposta a ter uma vida junto a mim, onde ambos construiriam uma família e seguiríamos unidos, para depois me trair. Tantas vezes faltava enlouquecer quando imaginava que o caso deles acontecia há tempos.

Via-me como seu joguete, seu brinquedo e sua marionete. E nesses últimos dias convivendo com ela, me sentia assim todas as vezes que ela demonstrava ser a mesma Sophia que conheci no passado. Sentia que ela queria apenas brincar novamente com os meus sentimentos, me fazendo crer que ainda era a mesma mulher que conheci um dia. A mulher que planejei me casar, ter filhos e viver junto até os últimos dias de minha vida. Para mim Sophia estava jogando com meus sentimentos novamente com a habilidade de uma atriz vencedora do Oscar.

Sabia que precisava manter uma distância cautelosa e olhar para ela não como a mulher doce e amável que conhecia, mas sim como a mulher vil e traiçoeira que me desprezou.

Lerdo engano.

Sophia nunca me traiu. Sophia não mudará em nada na verdade. Continuava a mesma doce mulher de antes, claro agora mais forte devido a todos os acontecimentos que mudaram sua vida e que eu sou unicamente culpado por eles. Na verdade quem mudará fui eu, havia me tornado um homem covarde, frio, desprezível. Um homem que não era merecedor do amor de Sophia. Eu não a merecia e dá-me conta disso dilacerava meu peito.

Depois de tudo o que aconteceu, nem mesmo era capaz de voltar para casa e encarará. Encarar a mulher a qual eu amei tanto e ao mesmo tempo lhe causei tanta dor. Por ter acreditado nas mentiras de Marion, Sophia esteve a ponto de perder a vida. Meus olhos se encheram de lagrimas só de imaginar como Sophia sofreu.

Lembranças cada vez mais fortes golpeando minha mente. Lembrei-me do dia do nosso casamento. Estava a espreita na porta de seu prédio esperando Marion buscar suas coisas, quando a vi sair da portaria encontrando-se com Kate. Ela estava tão linda, tão sorridente, era como se sua felicidade iluminar-se todo o quarteirão. Lembro-me do aperto que senti no peito quando a vi, meu coração tinha sangrado ali. Eu tive vontade de descer do carro, correr em sua direção e apenas beijar-la como se minha vida depender-se daquilo. Mas o ódio ao me lembrar daquelas fotos não me permitiu fazer isso.

Hoje vejo que aquilo era muito pouco para se concluir algo, mas naquela época devido as circunstancias e o cenário que Marion havia montado, tais fotos foram o suficiente para me levar a conclusão errônea que Sophia me traía, e que merecia ter o coração dilacerado assim como o meu havia sido. Não havia justificativas, explicações ou desculpas que me fizesse voltar atrás de minha decisão.

Seu maldito egoísta!

As imagens do nosso noivado entram na minha mente, e com essa, vem muitas outras.

- Sophia Salvatore, desde o dia em que te vi pela primeira vez, tive plena certeza de que a queria ao meu lado pelo resto de minha vida. E esses últimos dois anos, serviram para confirmar o que eu soube desde aquele dia. Amo ouvir seu sotaque meio italiano, adoro a forma enigmática que me olha quando está chateada com algo, gosto de ficar te ouvindo cantar quando estamos no carro e da sua forma leve e positiva de ver a vida. Você me passa segurança de que tudo na minha vida dará certo, desde que esteja ao meu lado. É com você que me imagino construindo uma família, é você que quero como mãe dos meus filhos e como esposa. Pode parecer bobo não sei, mas não consigo imaginar minha vida sem você. E se você aceitar esse pedido de casamento prometo te amar e respeitar pelo o resto de nossas vidas.

Seus olhos marejaram ao final do meu pedido, ela tentou, mas foi em vão segurar as lagrimas que começaram escorrer pelo seu rosto. Meu coração disparou devido a sua demora em responder, comecei a suar frio pelo ao nervosismo. Nunca havia ficado tão ansioso e nervoso antes, e seu silencio só contribuía para isso. Também não poderia ser diferente, estava diante da mulher da minha vida, a mulher mais incrível e maravilhosa.

- Amor ainda estou esperando sua resposta. - Tive que interromper seus devaneios, devido meu nervosismo.

Ela me olhou com aqueles olhos verdes esmeralda, e quando nossos olhares se encontraram meu coração falhou por um segundo. Soph me abriu um sorriso, aquele sorriso que havia iluminado minha vida nos últimos dias. E gritou eufórica a resposta que tanto esperava.

- Sim! Claro que aceito!

Assim ela me puxou para um beijo apaixonado e cheio de ternura.

- Eu te amo muito.

Sussurrei em seu ouvido depois de colocar o anel de noivado em seu dedo anelar.

- Eu também te amo muito meu amor.

As lagrimas brotaram nos meus olhos deixando minha visão embaçada. Não conseguia afastar as lembranças de tudo o que aconteceu entre-nos, até o momento que eu decidi destruir tudo, tudo o que havíamos construído.

- Sophia meu amor, você precisa estudar. - ela estava envolvida em meus braços.

- Não... Não... Não, tudo o que eu preciso é do aconchego dos seus braços. - ela deitou sua cabeça no meu peito.

- Você sabe que isso é golpe baixo, não sabe? - ri da sua tentativa de me persuadir a concordar que ela faltasse à aula na faculdade.

Ela levantou a cabeça de meu peito para olhar dentro dos meus olhos. Olhei dentro daqueles olhos verdes, o perfume feminino que eu tanto amava invadindo meus sentidos, o toque suave de suas mãos em meu abdômen nu e não podia negar meu desejo por aquela garota se reacendendo.

- Tudo o que ambos precisamos está aqui meu amor. Eu preciso de você e você precisa de mim, não precisamos de mais nada, além disso. - ela sorriu com ternura.

- Eu te amo. - falei, me dando por vencido a puxando para um beijo apaixonado.

Fechei os olhos e a imagem de Sophia chorando na noite passada veio em minha mente. Eu nunca mais vou esquecer aquele olhar desesperado.

Eu sei que eu controlo meus pensamentos

E eu deveria parar de relembrar

Mas eu aprendi com meu pai

Que é bom ter sentimentos

Quando o amor e a confiança se vão

Acho que isto é seguir em frente.

Quando namorávamos, costumava me senti impotente só de imaginar na hipótese de alguma coisa acontecer com ela. E agora me dou conta que eu fui à pessoa que mais a fez mal. Imaginei como ela se sentiu, quando se deu conta de que eu havia abandonado no altar. Tamanha dor que a fez atentar contra sua própria vida, isso me destruiu por dentro. Por minha culpa Sophia tentou se matar. Eu provoquei o sofrimento dela. Eu quase a matei. Foi tudo culpa minha.

Eu me sentia destruído.

Perdido.

Sozinho e sem chão.

Esse era o preço que tinha que pagar pela minha prepotência.

Se eu pudesse voltar no tempo e ter a chance de fazer tudo diferente naquele dia. Rasgaria todas aquelas fotos, e correria para os braços da mulher que eu amo, me casaria com ela sem pensar duas vezes.

Porque tudo o que eu fiz a partir dali, me direcionou para o inferno que eu estava vivendo.

Eu não quero te machucar

Eu só sinto falta de você nos meus braços...

~:~

Quando o elevador parou no andar do meu escritório, as portas se abriram revelando o enorme hall de entrada. Elizabeth minha secretaria particular veio em minha direção com a agenda do dia. Ela olhou assustada para mim devida minha aparência, eu estava péssimo não havia dormido nada durante a noite.

- Bom Dia Sr. O'Brien! Aqui está sua agenda do dia. - ela me entregou a agenda com receio.

Peguei a agenda de suas mãos sem dizer nada. Caminhando direto para minha sala, para variar estava de péssimo humor.

Quando entrei na minha sala, encontrei Andrew já a minha espera. Além de meu advogado, Andrew é meu melhor amigo. Conhecemos-nos quando ele veio por indicação do meu pai fazer um estágio no escritório. Com o tempo acabei o contratando como meu acessor jurídico.

- Mas que porra é essa? O que aconteceu com você?

- Nem comece, não estou para suas brincadeiras hoje. - falei ríspido.

Sentei na minha cadeira de presidente e apoiei a testa sobre as mãos postas.

- Calma cara, só estou preocupado com você. Você já se olhou no espelho hoje? O que aconteceu? Você está péssimo.

Bufei impaciente.

- Tudo aconteceu.

- Sophia ou Marion? - ele sorriu sarcástico.

Não estava com vontade de contar o que havia acontecido, mas precisava desabafar com alguém e a única pessoa que confiava era Andrew. Ele sabia do meu plano de reconquistar Marion desde o inicio, sabia de toda a minha historia com Sophia também.

- Caleb? - ouvi Andrew me chamando.

- O que?

- Em que mundo você está? Faz tempo que estou te chamando a atenção.

- Eu... Estava pensando.

- Vou repeti a pergunta Sophia ou Marion?

Ignorei sua pergunta.

- Quero que providencie imediatamente toda a documentação para passar a cobertura onde Marion vive, para o nome dela. Também quero que passe para seu nome, as propriedades em South Hamptons e deposite um cheque na conta dela o quanto antes.

Andrew coçou a nuca confuso. Forcei meus olhos a se fecharem, massageando as têmporas.

- Então Marion voltou com você?

- Não! - respondi sucinto.

- Não estou entendendo. Você disse que só passaria esses bens para o nome de Marion se ela desistisse do noivado com Giorgio. O que pretende com tudo isso?

- Ficar livre de uma vez por todas de Marion.

Andrew me olhava curioso, esperando que lhe contasse a qualquer momento o motivo da minha mudança de planos repentina. Afrouxei o nó da gravata em torno do meu pescoço, sentindo a leve impressão de poder respirar melhor depois disto.

- Descobri que Sophia nunca me traiu. - Falei por fim, o pegando de surpresa.

- Você o que? - perguntou surpreso - Como assim? Como descobriu isso?

- Marion armou contra Sophia no passado.

- O que? - se esgoela - Você tem certeza disso?

- Infelizmente sim. Escutei uma conversa de Marion ao telefone com uma suposta amiga, onde ela falava sobre eu descobrir a tal armação. Eu a pressionei e ela acabou contando tudo. - levei as mãos aos cabelos, bagunçando levemente - Estou literalmente vivendo um inferno depois dessa descoberta.

- E o que você estava fazendo na casa de Marion? Eu ainda não estou entendendo - diz confuso.

Revirei os olhos.

- Depois do almoço de caridade daquele desgraçado, encontrei Sophia aos prantos em seu quarto. Acabamos discutindo, porque ela insistia em dizer que Marion havia armado para nos separar. Eu acabei perdendo a cabeça e cedendo ao meu desejo, e terminamos fazendo amor.

- E a onde entra Marion nessa historia? - ele franziu a testa.

- Eu fiquei confuso com tudo o que aconteceu, com todas as acusações de Sophia contra Marion, e acabei deixando Sophia sozinha indo procurar Marion no seu apartamento. Acabei passando o resto da noite com ela, no outro dia de manhã quando estava preste a ir embora a escutei falando com essa tal amiga.

- Você é louco - ele me interrompeu - Completamente louco. Como pôde deixar Sophia sozinha depois de fazer amor com ela?

Revirei os olhos novamente.

- Já disse que estava confuso e precisava de respostas.

- E pelo menos conseguiu todas essas respostas?

Contei a ele em detalhes toda minha conversa com Marion mais cedo. Revelando tudo o que ela havia feito embora no início negasse.

- Eu não entendo como um homem tão esperto como você, caiu feito um pato em uma armadilha estúpida. Essa historia parece ter sido tirada dos livros de romances da minha caçula. - ele riu, ao chegar a essa conclusão.

- Droga Andrew! Você não está ajudando em nada. - falei irritado.

- O que quer que eu diga? Quer que eu dê um tapinha na suas costas e diga que você errou feio, mas tudo irá ficar bem? Que todos os seus problemas com Sophia se resolveram depois dessa descoberta?

- Não precisa dizer nada. - falei triste.

- E o que pretende fazer agora em relação à Sophia?

- Eu estou desesperado, Andrew. Eu ainda a amo, mas infelizmente destruí sua vida. Eu não sei o que fazer. Eu não quero perder-la novamente, mas sei que não mereço seu perdão. Pretendo tentar reconquistar-la novamente, mostrar para ela que ainda a amo, e que estou disposto a me redimir de todos os meus erros.

Levantei-me indo em direção a enorme janela da minha sala. Sentia um desconsolo partindo meu coração e um nó na garganta me asfixiava, precisava de ar fresco. Fiquei parado olhando a enorme Londres a minha frente, o dia estava nublado como um típico dia de outono.

Uma brisa suave bateu contra meu rosto, trazendo a lembrança do seu perfume o que me trouxe paz por alguns segundos. Eu precisava reconquistar-la, eu precisava da paz que ela trazia a minha vida. Eu não sabia explicar o sentimento de plenitude que sua presença me despertava. Lembrei de como seu corpo se rendeu ao meu, e de como me senti completo depois que meu corpo se uniu ao dela. Eu nunca deixei de amar Sophia. Isso era um fato irrevogável!

- E quando irá contar a Sophia sobre toda essa sujeira? - a voz de Andrew me despertou.

- Eu ainda não a direi nada.

- Isso é loucura!

- Se eu contar agora, ela irá embora da minha vida para sempre.

Senti um calafrio só de imaginar a hipótese de perder-la novamente.

- Você perdeu todos os parafusos da sua cabeça? Você não pode continuar escondendo dela algo tão grave. Algo que desrespeita diretamente a vida dela. Caleb, por favor, me escuta, essa garota já sofreu demais por causa de toda essa historia, ela merece a verdade, ela merece curar as feridas que você e Marion provocaram nela.

- Eu sei disso Andrew. Eu sei que devo isso a ela, mas se eu contar agora perderei todas as minhas chances de reconquistar Sophia. Eu não posso perder-la novamente, eu não posso afastá-la de mim. Eu não estou dizendo que não contarei a ela nunca, toda essa história, mas preciso de todas as chances possíveis para ganhar seu coração. E a única forma de ter-la de volta, é mantendo-a próxima a mim até o contrato acabar.

Ele me encara por alguns segundos depois solta um suspiro derrotado.

- Errar é humano e perdoar é divino, mas sabe que terá que aceitar e deixar-la seguir seu caminho, caso ela decida nunca te perdoar.

- Eu sei. - respondi triste.

Ele pousou uma das mãos em meu ombro, e o apertou.

- Por mais que doa meu amigo, sabe que você cometeu um erro praticamente imperdoável, e que as coisas não serão tão simples assim. Você não pode simplesmente dizer a Sophia que errou, mas que deseja se redimir dos seus erros e exigir que ela o aceite de volta. Sophia merece ser feliz independente que seja ao seu lado, ou com qualquer outro homem. Você deve isso a ela, mesmo que isso acabe com você. Portanto esteja preparado para isso, caso ela não te perdoe e decida recomeçar a vida dela longe de você.

- Eu sei disso.

~:~

Sophia Salvatore, não deixou meus pensamentos nem por um minuto durante o dia. Eu só sabia pensar nela, no nosso passado juntos e do meu futuro incerto sem saber se a teria ao meu lado. Eu precisava dela, precisava mais do que nunca dela ao meu lado. Estava ansioso para falar com ela, mas ainda não tinha coragem de voltar a encará-la, depois de tudo o que aconteceu.

Eu sinto sua falta quando eu não consigo dormir

Ou logo após o café

Ou quando eu não consigo comer

Eu sinto sua falta no meu banco da frente

Ainda tenho areia em meu suéter

Das noites que não nos lembramos

Sente minha falta como eu sinto a sua?

Eu deveria ter a procurado quando recebi aquelas fotos. Talvez se eu tivesse aberto o jogo com ela desde o início, lhe falado das minhas suspeitas de traição e que Marion andava me dizendo coisas ao seu respeito. Não teria a feito sofrer tanto e estaríamos casados? Eu nunca saberia.

Você já se perguntou o que nós poderíamos ter sido?

Minha mesa estava abarrotada de trabalho, eu estava exausto pela a noite em claro, e ainda sim eu continuava em pé perto da janela. Apenas o toque do meu celular foi capaz de me arrancar do meu mar de pensamentos.

Olhei no visor e vi o numero de Thomaz, o motorista particular que designei para ficar a disposição de Sophia e sempre me informar a onde ela estava indo.

- Diga. - atendi.

- Senhor seguir a Srta. Sophia como me pediu, ela foi visitar o pai mais cedo no hospital St. Mary, depois foi a um restaurante com aquela amiga médica. Agora ela está indo em direção a saída sul da cidade. - ele disse do outro lado da linha.

Estranho a onde Sophia estaria indo?

- Continue a seguindo e me mantenha informado. - falei.

- Sim senhor.

Nas horas que se seguiram, tentei me concentrar no trabalho, mas não consegui, ligava de dois em dois minutos para Thomaz, que continuava seguindo Sophia. Alguns minutos depois recebi outra ligação dele me informando o destino final dela.

Thomaz me relatou que Sophia havia parado o carro em frente à instituição Melina Mc Loucglin, a instituição caridade daquele desgraçado. Ela havia entrado no local, permanecendo por um longo tempo lá. Mas o que mais me deixou surpreso foi o que ele me relatou já no final da tarde, quando Sophia saiu da instituição acompanhada de Giorgio.

Maldito!

Sem dar satisfações a ninguém, deixei o escritório. Pedi a Thomaz que viesse me buscar, queria ir direto para casa.

Chegando a casa como era de se esperar, encontrei Elena parada no hall de entrada a me espera. Passei direto por ela, sem responder seu boa tarde, subi para o segundo andar, rápido e entrei no quarto de Sophia.

O cômodo estava vazio, guardando o cheiro doce dela, em cada canto, me embriagando. Elena estava atrás de mim, como sempre pronta para me auxiliar. Era uma ótima governanta, cuidava de todos os assuntos da casa com maestria, se mostrava sempre a disposição.

- Sophia está em casa Elena?

- Sim senhor. Eu tentei avisar-lo antes, mas o senhor passou por mim feito um raio.

- E onde ela está? - perguntei impaciente.

- Ela está no jardim dos fundos senhor, conversando intimamente com um homem. - ela frisou bem a palavra homem.

- O que disse? - perguntei incrédulo.

- Isso mesmo que o senhor ouviu. A senhorita Salvatore encontra-se no jardim dos fundos acompanhada por um homem.

Um riso histérico escapou dos meus lábios. Mas o que era isso? Uma espécie de vingança por ter-la deixado sozinha. Primeiro ela passar a tarde toda, acompanhada por aquele maldito do Giorgio Mc Loucglin, agora chego em casa e ela trás um homem para cá.

Deixei o quarto depressa, passando direto por Meg minha outra empregada, que ainda tentou me deter, dizendo que precisava conversar sobre sua próxima folga, mas desistiu de falar quando viu que não a escutava.

Dirigi-me até o jardim dos fundos com minha mente fervilhando, desejando profundamente que Sophia estivesse conversando apenas com alguns de seus irmãos. Mas quando minha visão os alcançou tive a constatação que estava absolutamente errado.

Forcei a visão para garantir que não estava enxergando errado. Sophia estava aos beijos com Scott Smitson, seu psiquiatra.

- Mas o que está acontecendo aqui? - perguntei furioso, sentindo meu sangue queimando minhas veias.

Sophia se soltou de Scott assustada, e ele me olhou com um sorriso cretino no rosto.

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