Capítulo 10

Antonny entrou no quarto com um sorriso largo no rosto. Estava entusiasmado em ver meu pai sentado na cama, aparentemente melhor, mas seu entusiasmo logo teve fim, assim que me viu. Kate estava logo atrás, como sempre radiante, carregando um brilho diferente nos olhos. Agradeci a Deus por ela está junto a ele. Dessa forma, seria mais fácil fugir das mil explicações que deveria dar a ele. Apesar de Antonny ser mais sensato que Giovanny, tinha certeza absoluta que estava com um discurso de reprovação inflamado no peito.


- Soph! - Kate me abraçou apertado.

- Fala mais baixo, sua louca. - Reclamei sorrindo.

Antonny permaneceu me olhando impassível, sem me dizer nada. Um nó se formou na minha garganta por ver-lo me tratar assim. Era difícil não ter os olhos acolhedores e amorosos do meu irmão me fitando. Papai só observava em silêncio a tensão se formando no quarto. Doía tanto o silêncio dele, Antonny e eu sempre fomos como carne e unha. Ele era a melhor parte de mim, e esperava que ele fosse mais compreensível, pois tudo o que eu estava fazendo, era para o bem da nossa família.

- Não sabia que estaria aqui no hospital tão cedo. - Kate me soltou dos seus braços, sorrindo radiante.

- Precisava muito ver meu pai. Não agüentei esperar até a parte da tarde para visitá-lo.

Meu pai me olhou e sorriu para mim. Um sorriso enrugado que fiquei muito feliz em receber.

- E como está o paciente mais mimado desse hospital? - Ela direcionou seu olhar radiante para meu pai.

- Melhor do que ontem querida. - Sorri ao ouvir sua resposta.

- Isso é bom! - ela piscou para ele, batendo de leve na palma de sua mão.

- Bom, vamos começar a examinar o senhor. - Dessa vez foi Antonny que se manifestou, com a voz seca.

Antonny pegou o medidor de pressão e começou a tirar a pressão de nosso pai em silêncio. E é claro que Kate percebeu o clima ruim entre nos dois.

- Vocês dois estão estranhos... O que aconteceu? - ela nos olhou com um olhar indagador.

Permaneci calada, mexendo com minhas mãos nervosamente. Antonny continuou examinando meu pai sem responder.

- Ei! - ela chamou, estalando os dedos, no intuito de chamar nossa atenção. - Eu fiz uma pergunta.

Antonny suspirou entediado.

- Sophia não te contou? - inquiriu.

- Contou o que? - Kate direcionou seu olhar para mim.

Olhei para o rosto do meu irmão, implorando com os olhos, para que ele não disesse nada a ela. Mas ele prosseguiu com a fofoca, como uma velha fofoqueira, se intrometendo a onde não foi chamado.

- Sophia e Caleb reataram o namoro. - ele falou, como se eu não estivesse ali presente naquele quarto.

- O que?! - Kate exclamou incrédula.

- Antonny! - meu pai o repreendeu. - Não se intrometa nos assuntos da sua irmã. - ele estava falando bem, mas pausadamente e com a voz fraca.

Fuzilei meu irmão com os olhos. Estava furiosa com ele! Claro que pretendia contar para Kate, mas no momento certo, não dessa forma. Novamente meus irmãos se intrometiam na minha vida, me tratando como se eu fosse uma criança.

- É verdade Kate - confirmei - Caleb e eu estamos juntos novamente.

- Você ficou maluca? - Kate perguntou irritada.

- É o que parece... - Antonny resmungou baixinho.

Dei de ombros sem dizer nada.

- Babbo se importa se eu já for embora? - perguntei aparentando uma falsa calma.

- Vá minha bambina, e trate de voltar logo. - beijei a mão do meu pai, peguei minha bolsa e sai fechando a porta, ignorando Antonny e Kate.

Andei depressa pelo corredor, até o elevador mais próximo. Quando ouvir uma voz que conhecia muito bem, me chamar com autoridade.

- Sophia! Volte aqui!

Continuei parada esperando o elevador, sem olhar para o lado. Kate parou mais ou menos um metro de mim. Sua respiração estava ofegante, como se tivesse corrido meia maratona.

- Você não pode fugir assim, Sophia! Conversa comigo...

- Eu não estou fugindo Katherine!

Virei-me para olhá-la melhor. O cabelo dela estava preso em um rabo de cavalo desgrenhado, alguns fios rebeldes caiam em sua testa. Suas olheiras estavam profundas deixando nítido que ela não estava bem. Talvez eu estivesse sendo um tanto egoísta, por achar que somente eu tinha problemas. Mas não abriria o jogo com ela, não pretendia contar sobre o acordo com Caleb.

Eu odiava mentir ou tentar enganar ela, mas foi essa minha reação. Fugir feito uma covarde. E sabe por que odeio tentar enganá-la? Porque quase nunca consigo.

Suspirei alto, irritada comigo mesmo.

- Não está? Então por que não conversa comigo sobre o que acabei de ouvir? - ela colocou a mão na cintura.

A porta do elevador se abriu e entramos juntas. Apertei o botão do andar da lanchonete do hospital, convencida de que Kate não me deixaria em paz. Ela sorriu satisfeita, quando o elevador parou no andar da lanchonete.

- Importa-se se tomarmos um chá? - Perguntei já saindo do elevador. - Eu estou faminta, não tive tempo de comer nada antes de sair. - completei.

- Um chá seria ótimo. - ela respondeu baixando a guarda.

Kate sorriu enquanto nos sentávamos. A garçonete se aproximou e pedimos dois chás com leite e dois pedaços de torta de amora para acompanhar.

Ficamos em um silêncio constrangedor até nosso pedido chegar, ela mexia no celular despretensiosamente e eu repassava mentalmente a historia que contei a meu pai. Numa maneira desesperada de evitar furos.

A garçonete nos serviu e se afastou mais uma vez. Kate deu um gole no chá e levou uma garfada de torta á boca.

- Amo essa torta - ela deu um sorrisinho.

Dei uma garfada na minha torta.
- Estou começando a amar também - brinquei.

Ela deu mais uma garfada na torta, antes de entrar no assunto Caleb.

- Qual é a historia desta vez? - perguntou.

Engoli o bolo de torta mastigada sentindo minha garganta protestar.

- Eu e Caleb estamos juntos novamente. - eu disse depois de mais um gole de chá.

- Você por acaso está sofrendo algum tipo de esquecimento?

- Devo estar. - dei de ombros indiferente.

Continuei bebendo meu chá em silêncio, imaginando que as perguntas haviam acabado, mas Kate fingiu tossir, nitidamente para chamar minha atenção.

- Acho que não preciso pensar muito para adivinhar de que ainda gosta daquele homem, para você estar tão fora de si assim.

Pensei por um segundo, sem saber o que responder. Respirei fundo, deixando o ar escapar devagar, enquanto Kate me encarava com seus lindos olhos azuis.

- Kate ainda não tenho uma resposta concreta sobre isso - suspirei. - Caleb e eu estamos tentando novamente. Todos merecem uma segunda chance. - conclui abaixando a cabeça envergonhada.

Sim! Eu sabia. Eu sabia que no fundo Caleb ainda mexia com meus sentimentos. Eu havia descoberto que Caleb O'Brien ainda me magoava, que estar perto dele levantava toda a poeira que eu escondia debaixo do tapete. E por fim, ainda havia o fato de que eu não era indiferente a ele. Meu corpo e meu coração estúpidos lutavam contra o desejo de imaginar uma segunda chance com Caleb, e isso era algo que eu nunca conseguiria aceitar.

- Ei, olha pra mim. - ela ergueu meu rosto, acariciando minha bochecha. - Só me conte por que me escondeu algo tão importante da sua vida.

Respirei fundo antes de responder.

- Eu não sei Kate! - falei colocando a xícara na mesa. - Acho que por receio de julgamentos. Vocês têm que entender que as coisas não tem sido fáceis para mim também. Tudo ainda é muito recente. - continuei - Só peço que me dê um tempo até tudo se ajeitar.

Ela revirou os olhos.

- Sophia não estamos falando de qualquer cara. Estamos falando do cara que ferrou com sua vida, te abandonou no altar para fugir com sua melhor amiga. - ela fez uma pausa - Esse cara Sophia te deixou sozinha, se acabando e nem satisfação te deu. Você não pode simplesmente esquecer tudo isso e voltar com Caleb.

Ela estava certa mais uma vez. Alias, quando ela não estava.

- E você acha que conseguir esquecer? - alterei um pouco a voz. - Eu me lembro todos os dias de toda a humilhação e dor que Caleb me causou. - pausei tentando me acalmar. Não queria descontar a raiva que sentia de mim mesma em Kate. - Eu tenho que fazer isso Kate, todos merecem uma segunda chance. - suspirei derrotada.

Kate me encarou por um longo tempo. Eu sabia que ela me conhecia bem demais para cair nessa bobagem de esquecer o passado e recomeçar de novo, mas ela também sabia que me confrontar só me faria sofrer mais.

- Por que nunca me contou sobre Antonny? - Kate me olhou assustada.

Já havia um tempo que eu estava desconfiada, que o cara por quem Kate estava apaixonada era meu irmão. E hoje, pela forma com que Kate olhava para meu irmão, tive certeza absoluta que ele era o cara, por quem Kate estava apaixonada.

- Contar o que?

- Kate eu sei de tudo. Sei que está apaixonada por Antonny, e que vem escondendo isso há muito tempo.

Kate respirou profundamente e alisou uma pequena mecha escura de cabelo para trás das orelhas. Eu podia perceber um brilho molhado a mais em seus olhos, por mais que ela quisesse disfarçar.

- Se lembra como eu odiava Antonny quando éramos crianças?

- Sim. - dei uma risada - Você começou odiar-lo, desde aquela vez que ele enrolou uma pedra com folhas verdes, e saiu correndo atrás da gente pelo jardim dizendo que era um sapo?

- Sim! E você acabou caindo e ralando o joelho.

Demos boas gargalhadas.

- Digamos que quando crescemos Antonny se tornou bem mais tolerável. - ela sorriu - E foi na faculdade que nossa amizade se intensificou ainda mais. Antonny era meu veterano e cuidou de mim como um irmão mais velho, me protegendo das bebedeiras e dos tarados loucos por sexo. E foi naquela época que eu descobrir que sempre o amei, mas claro que Antonny sempre me viu como uma irmã mais nova, que ele deveria cuidar e proteger.

Kate não falava mais comigo. Ela falava consigo mesma. Eu via em seus olhos que o que ela sentia por Antonny estava ali, bem enraizado em seu coração.

- Então quando você passou por todo aquele período difícil internada na clinica, ficamos ainda mais próximos um do outro. Antonny se apoiava em mim e eu me apoiava nele. Éramos bons assim, em cuidar dos nossos corações para poder cuidar de você. Mas quando Scott nos informou que você não reagia ao tratamento, Antonny se desesperou. - Kate fez uma pausa. - Um dia cheguei para te visitar e encontrei Antonny sentado em um banco no jardim da clinica, com a cabeça caída entre as mãos no maior acesso de choro. Fiquei assustada, porque nunca tinha o visto daquele jeito. Perguntei o que tinha acontecido, me ajoelhando na frente dele. Ele se levantou e me puxou para seus braços, ficamos um tempo nos encarando quando ele me beijou.

Eu não sabia o que dizer, mas podia sentir minhas próprias lagrimas começarem a forçar a passagem para fora dos meus olhos. Funguei um pouco, para afastá-las o máximo que podia.

- Mas claro que não passou de um beijo. - ela disse sorrindo, mas o sorriso murchou rápido demais. - Antonny já beijou metade das enfermeiras e médicas desse hospital. - ela suspirou derrotada - Vamos esquecer esse assunto ok.

Compreendi que aquela era forma de Kate dizer, que não suportava mais falar sobre o assunto. Não era o momento certo para confrontá-la. Ela parecia triste, mas parecia conformada.

Kate e eu terminamos nossa torta e seguimos para meu apartamento, ela estava largando plantão e me ofereceu uma carona. Pedi a ela que me deixasse lá, precisava ficar sozinha, colocar as idéias no lugar. E não conseguiria fazer isso na casa de Caleb. Ela parou em frente ao meu prédio, mas não estacionou.

- Não quer almoçar comigo? - eu perguntei por que já era quase hora do almoço. - Devo ter sopa enlatada em algum lugar do meu armário.

- Seria legal amiga matarmos a saudade dos enlatados juntas, - ela me disse sorrindo - mas não durmo a exatas 72 horas, preciso muito descansar.

Sorri. - Você precisa mesmo descansar.

Dei um beijo no seu rosto e desci do carro. Antes de entrar na portaria, Kate me chamou.

- Soph e sobre nossa situação - ela fez uma aspa referindo ao nosso dedo podre para o amor - Dizem que um amor só se cura com outro.

Assenti piscando para ela.

Assim que ela foi embora, comecei a pensar um pouco no que ela havia me dito. Suas palavras sempre me faziam pensar.

Minha janela, aberta deixando a brisa fria de o outono entrar. Eu ouvia pessoas passando na rua conversando alto. Fiquei olhando para o teto fixamente pensando na vida. Eu tomei uma decisão e sabia que não seria fácil, mas não poderia e não iria voltar atrás.

Eu nunca pensei que Caleb estaria de volta a minha vida. Eu não fazia idéia do que o destino havia me reservado. Eu só tinha que ser forte e continuar seguindo em frente com tudo isso.

~:~

- Boa Noite Elena!

- Boa Noite senhorita Salvatore, o senhor O'Brien está aguardando em seu escritório.

Ergui uma sobrancelha. O que será que Caleb queria comigo agora?

- Venha, irei levá-la a biblioteca. - Elena falou seca.

- Não precisa Elena, eu sei o caminho. Obrigada. - sai andando a deixando parada no hall de entrada.

Meu coração acelerou a medida que ia me aproximando da biblioteca. Não tinha que temer nada, seria apenas uma conversa irrelevante com Caleb. Respirei fundo e dei uma leve batida na porta, entrando logo em seguida com toda dignidade que possuía. Quando entrei fiquei surpresa ao perceber que ele não estava sozinho.

- Boa Noite! - ouvi uma voz rouca familiar, Caleb!

- Boa Noite! - Respondi.

- Como está Sophia? - o homem que estava com ele perguntou sorrindo. - Sou Andrew Brandt.

Meus olhos correram pelo homem à minha frente, enquanto minha mão tocava a dele. Ele era um homem bonito e elegante. Andrew tinha um sorriso extremamente sexual. Ele era alto, forte, corpo musculoso e bem constituído. Pele negra, lábios carnudos ostentando um sorriso de tirar o fôlego. Com certeza arrancava suspiros por onde passava.

- Sophia Salvatore, muito prazer. - eu disse, finalmente apertando sua mão.

- O prazer é meu - Andrew disse sorrindo. - Você é um pouco mais jovem do que eu imaginei - ele pontuou - Caleb nunca me disse que era tão bonita.

Corei sem graça.

- Obrigada Sr. Blandt. - comecei e ele me interrompeu.

- Pode me chamar de Andrew, Sophia.

- Tudo bem Andrew. - Caleb o interrompeu secamente. - Já chega de jogar seu charme barato pra cima da minha namorada.

Namorada?

Os olhos de Caleb me queimavam de dentro para fora. Aquele tipo de olhar que faz você querer se cobrir porque sente que o outro está olhando dentro da sua pele. Respirei fundo, endireitei os ombros, soltei o ar com cuidado.

- Caleb ele não sabe sobre o acordo? - perguntei sem entender a situação.

- Sei sim Sophia. - foi Andrew que me respondeu - Caleb só está marcando território de forma educada.

Andrew piscou para Caleb, que deu de ombros irritado.

- Não vai se sentar Sophia? - Caleb perguntou indicando o sofá de canto.

- Sim Caleb. - Caminhei até o sofá, me sentando nele.

Caleb caminhou até o bar. Pegou uma garrafa de vinho do Porto e me serviu. Depois destampou a garrafa de uísque e colocou duas doses, uma em cada copo. Entregou um copo a Andrew.
Andrew pegou o copo, sentou-se no sofá ao meu lado, cruzou as pernas displicentemente e sorriu. Caleb bebeu um gole do seu uísque encarando Andrew. Naquele momento percebi que estava no meio de um jogo. E acredite, eu não estava gostando nem um pouco dele.

- O senhor Brandt é meu advogado Sophia. - Caleb começou - Eu o trouxe aqui para assinarmos o nosso contrato e falarmos de negócios.

- Ok. - assenti com a cabeça.

- Trouxe os contratos Sophia?

- Sim, estão aqui em minha bolsa. - Falei pegando o envelope negro dentro da bolsa.

- Ótimo! - Caleb deu um quase sorriso. - Andrew a auxiliara na missão de administrar à vinícola Salvatore. Vocês trabalharam juntos na nova gestão.

Andrew sorriu.

- Bem, não sei se o Sr. O'Brien a deixou a par dos negócios, mas se quiser, podemos falar sobre eles. - Andrew sugeriu.

- Ele me disse que a situação da vinícola é preocupante, e que temos problemas com a administração. Mas não me deu grandes detalhes. - respondi.

- A situação é delicada por ser um negocio de família. - Andrew pontou - estamos enfrentando um problema de desvio de dinheiro das contas da empresa, para gastos pessoais ao que tudo indica. - fiquei incomodada, ao me lembrar que Giovanny era o responsável pela delicada situação da vinícola - Mas deixaremos para entrar em detalhes no dia da nossa reunião com o advogado e atual administrador da vinícola. - assenti agradecida, por ele não mencionar de forma vulgar que meu irmão Giovanny havia desviado dinheiro da vinícola.

- Estou negociando um conjunto de pequenas vinícolas que estão abrindo falência na Itália. - Caleb prosseguiu - São pequenas empresas que quero transformá-las em uma grande companhia. Apesar de ser formado em direito, conheço pouco do aspecto jurídico dos meus negócios. Por esse motivo Andrew está aqui.

- Caleb prefere aprimorar seus conhecimentos adquiridos na sua segunda graduação em Ciências Econômicas, deixando a parte corporativa comigo.

Andrew disse isso e me lançou outro daqueles sorrisos tortos e provocativos. - Andrew Brandt é um grande conquistador.

Caleb franziu o cenho.

- Sei que é formada em Comercio Exterior Srta. Salvatore. Imagino que nosso trabalho na vinícola não será algo fora do comum para você, Sophia, seremos uma ótima dupla. Tenho certeza que nos daremos bem.

- Com certeza Andrew. - sorri.

Andrew continuou explicando o trabalho me deixando ainda mais confiante. Era uma boa estratégia que renderia bons lucros para a vinícola. A única parte de tudo isso que me preocupava era Caleb.

- Bom acho que terminamos por hoje. - Caleb falou serio. - Janta conosco Sophia. - ele convidou educadamente.

- Obrigada Caleb, mas estou sem fome.

- Ah! Mas que pena Sophia. Achei que nos prestigiaria com sua beleza. - Andrew me deu mais um daqueles sorrisos matadores.

Sorri de volta. Caleb não. Seus olhos continuavam focados em Andrew.

- Como sempre Andrew para você não importa se a mulher é traficante, se ela for bonita, está ótimo.

- Caleb! - Andrew o repreendeu. - Não fique com ciúmes meu amigo, sei que Sophia é sua. - ele bateu no ombro de Caleb.

- Não me interessa o que Caleb pensa sobre mim Andrew. - falei, com os dentes cerrados e vi o espanto se refletindo no olhar de Caleb. - Ele não faz parte dos meus planos em um futuro próximo.

Caleb me encarou por uns instantes antes de falar. Parece que estava em uma luta interna. Foram instantes, mas pareceram horas. Eu me sentia desconfortável com seu olhar. Ele parecia ver dentro de mim, e eu ainda não sabia se isso era bom ou ruim, mas era diferente.

- Sophia, sábado iremos ao almoço beneficente de Giorgio Mc Loucghlin. - fiz cara de tédio involuntariamente. - Passe amanhã na boutique de Jade para pegar seu vestido.

Por um minuto me senti ligeiramente tentada a recusar, apenas para contrariá-lo, mas nem morta vou perder a oportunidade de confrontar Marion, preciso encontrar uma fraqueza naquela cobra que eu possa usar contra ela.

- Boa Sorte para vocês! - Andrew disse debochado.

- Obrigada Andrew! Boa noite senhores.

~:~

Acordei um pouco antes de o despertador tocar. Tomei um banho relaxante, penteei os cabelos e vesti uma calça flare preta e uma blusa rosa de seda fina. Encarei-me no espelho, apesar de todo sofrimento, estava feliz em saber que logo a vinícola estaria a salvo. Calcei meus scarpins pretos, e peguei minha bolsa. Enquanto descia as escadas para tomar café, tracei mentalmente tudo o que faria durante o dia. Iria na boutique de Jade para pegar meu vestido para o almoço do Mc Loucghlin. Depois passaria à tarde em um SPA cuidando de mim.

- Bom dia Srta. Salvatore. - a carranca de Elena estava a minha espera. - O café já está servido.

- Obrigada Elena.

Servi-me com um pedaço de bolo de laranja e uma boa xícara de café. Estava terminando meu bolo quando a campainha tocou. Elena foi atender a porta e quando voltou, quase caí para trás com o susto. Ela carregava um enorme buquê de tulipas coloridas nas mãos.

- Senhorita Salvatore mandaram lhe entregar. - ela disse num misto de incredulidade e curiosidade. - Deixaram um cartão também.

- Deixe-me ver o cartão Elena. - peguei o pequeno envelope rosa chá de suas mãos, tirando o pequeno cartão.

Querida Sophia,
Creio que ficou com uma má impressão sobre mim, no nosso primeiro encontro. Conto com uma segunda chance de desfazer o nosso pequeno mal entendido. Espero ter a honra de rever-la amanhã.

Giorgio Mc Loucghlin

Oh meu Deus! O que esse homem pretendia com isso?!
Eu tentava não parecer histérica, mas não acreditava que estivesse obtendo êxito. Elena continuou parada me encarando com cara de poucos amigos.

Sorri.

- São do Giorgio Mc Loucghlin. - Elena me olhou incrédula. - Por favor, Elena, coloque em um vaso e as deixe no meu quarto.

- Vai sair senhorita? - ela perguntou recuperando a posse.

- Sim Elena. Se Caleb ligar, por favor, diga que estou no celular. Até mais.

Amanhã o dia promete - eu disse para mim mesma enquanto entrava em meu carro. Dirigi para a boutique de Jade no Knightsbridge região que concentrava as boutiques mais famosas de Londres. Quando cheguei entreguei as chaves para o manobrista e seguir para a loja.

A Burberry tinha uma fachada modesta para uma loja de grife. Porém, quando entrei na loja, vi que a realidade era outra. Ela era chique, clássica e contemporânea ao mesmo tempo. A cara de Jade O'Brien.

- Olá senhorita - uma vendedora ruiva me cumprimentou. - Em que eu posso ajudá-la?

Dei uma olhada pela loja, analisando as roupas nas araras e nos manequins e descobri que realmente havia opções de grifes demais.

- Estou procurando Jade O'Brien... - Não tive tempo de terminar a frase quando o furacão Jade apareceu.

- Soph! Até que enfim cumpriu a promessa e veio conhecer minha loja. - ela me deu um daqueles abraços de ursos.

- Ah vai Jade! Aposto que seu irmão te avisou que eu viria.

- Você sabe como é meu irmão. - ela revirou os olhos - Ele me ligou ontem à noite, me avisando que viria, como se precisasse avisar.

- Eu sei bem. - suspirei desanimada, falar de Caleb as vezes me dava preguiça.

- Então preparada? - ela perguntou com um olhar malicioso em direção as araras.

- Claro, vamos lá. - falei animada.

Era impossível não ficar animada ao lado de Jade. Sabe aquele tipo de pessoa que nunca está de mau humor? Essa pessoa era Jade, completamente diferente do irmão.

- Brianna traga os vestidos que selecionei. - ela pediu.

Depois de experimentar todos os vestidos de festa da loja, e encarar lingeries super sexy's, porque Jade achava que estava vivendo uma lua de mel com Caleb. Fiquei frustrada ao constatar que não me apaixonei por nenhum vestido. Jade claro, percebeu que meu nível de empolgação havia diminuído consideravelmente.

- Brianna traga aquele.
Jade fez questão de frisar bem "o aquele".

Brianna foi buscar "aquele" vestido, nos deixando sozinhas no provador

- Então animada para enfrentar a alta sociedade londrina amanhã?

- Você também foi convidada para o tal almoço Jade?

- Sim. - ela fez cara de tédio.

- E você vai? - perguntei esperançosa.

Seria bom ter alguém conhecido, além de Caleb, para enfrentar o que vinha pela frente.

- Não mesmo. - ela respondeu convicta - Esqueceu que Marion me odeia? Além do mais, sou muito anárquica para a alta sociedade londrina. - ela deu uma gargalha.

- Jade Marion também me odeia. - rimos juntas - Giorgio me mandou um buquê de tulipas hoje de manhã. - soltei com receio.

Jade me olhou com queixo caído.

- Você está falando serio? - perguntou incrédula.

- Sim.

- Soph por que esse homem fez isso? Não é possível que ele esteja dando em cima de você, não é? - ela perguntou irritada.

- Para de ser boba, Jade! Acho que ele só queria ser cordial. - Eu não era idiota. Giorgio me devorou com os olhos quando ficamos a sós no jantar em sua casa, eu cheguei a ficar sem graça, mas nunca me envolveria com ele por dois grandes motivos: primeiro, eu sabia que Giorgio e Caleb éramos rivais, e com certeza Giorgio queria me usar para atingir Caleb; segundo, eu não confiava nele, mesmo ele bancando o bom moço.

- Não existe cordialidade para Giogio Mc Loughlin - Jade respondeu ainda irritada. - Fique longe desse homem Soph. - advetiu.

- Olha se existe algum problema além de Marion entre Caleb e Giorgio, por favor, me diga - reclamei - Por que eu não consigo ler nas entrelinhas!

Jade colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Respirou fundo. Soltou o ar pela boca. Mirou o chão. Depois de alguns minutos seus olhos se voltaram para os meus e eram os mesmos olhos azulados que eu costumava ver.

- Você tem razão Soph - ela me disse mais calma. - Tem toda razão. Desculpe. É que não suporto saber, que esse babaca ainda continua com essa obsessão idiota, em ter tudo o que é do meu irmão.

- O que há de errado entre eles? Além de Marion - repeti a pergunta.

- Alguns anos atrás quando a O'Brien Company estava para abrir o seu capital na bolsa de valores, ela sofreu espionagem empresarial. O objetivo principal era desvalorizar as ações da empresa. Caleb quase foi à falência e Giorgio foi o responsável pela sabotagem. -Soltei o ar de meus pulmões, que percebi prender.
- E como se não bastasse tudo isso, Marion traiu Caleb com aquele bastardo. - ela concluiu.

- Sabe o que não entendo Jade é por que Marion se envolveu com Giorgio, se Caleb é tão rico quanto Mc Loughlin.

Jade ficou um tempo pensativa antes de responder. - Talvez Marion quisesse variar. - concluiu.

- Ou talvez quisesse casar com um membro da realeza. - sugeri

- Não faz sentido Soph, esqueceu que meu pai tem um titulo de marquês? E que Caleb o herdará um dia?

Marion não era o tipo de mulher, que se envolvia com um homem emocionalmente. Ela sempre dispensou caras bonitos da faculdade, porque não eram filhos de milionários. Sempre achou que merecia uma vida de rainha, só porque era bonita. Havia algo mais envolvido nessa união repentina com Giorgio. Talvez algo que envolvesse milhões de libras.

- Marion! Me espera... Marion! - Eu gritava Marion, que corria irritada pelo campus da Universidade.
- Marion... Marion...

- O que foi Sophia? - ela perguntou beuscamente, depois de finalmente parar no jardim.

- O que aconteceu?! O que o Ed Calvagari disse que te deixou assim?

- Aquele babaca teve a ousadia de dizer que está apaixonado por mim. - ela bufou irritada.

- Oh meu Deus Marion! Isso é demais! - falei empolgada - O Ed é tão bonito e inteligente, vocês formam um lindo casal... Dou total apoio.

- Você ficou louca?! Ele é ridículo! Não passa de um morto de fome que não tem a onde cair morto. - falou com desprezo.

Olhei para Marion confusa. Alguns dias atrás, ela me disse que estava apaixonada por ele.

- Marion não entendo... Vocês já não ficaram? Qual o problema em assumir um namoro com ele? É óbvio que vocês dois se gostam.

- Pelo amor de Deus Sophia! Olha para mim, eu mereço um cara que possa me dar tudo o que eu sempre quis. Não um pobretão como o Ed. Que vem de bicicleta para faculdade, porque nem dinheiro para comprar uma lata velha tem. - ela jogou os cabelos para trás. - Toda essa beleza não pode ser em vão meu Deus - falou mais pra si mesma.

- Olha o Ed tem muito potencial, tenho certeza de que juntos construirão um futuro promissor. - tentei ponderar.

- Olha aqui Sophia ver se não me enche, com todo esse romantismo barato. É muito facil falar namorando um multimilionário, filho de um marquês. - ela se alterou - Se você não se contentou com pouco, por que eu tenho que me contentar com um babaca?

- Marion você sabe muito bem que o pai de Caleb que é multimilionário, Caleb ainda está construindo seu património com muito trabalho e esforço...

- Blá blá blá... Sophia deixa de ser idiota, um dia Caleb irar herdar tudo o que é do pai dele e será uns dos homens mais ricos da Inglaterra. - ela ficou pensativa. - Parando para pensar, você não é boba nada.

Olhei para ela incrédula. Como Marion poderia sugerir que eu estava com Caleb por dinheiro?! Eu amava Caleb, não o dinheiro dele.

- Você está equivocada, eu estou com Caleb porque o amo. - bati na cabeça dela, como se pudesse enviar isso lá -  Não me importo com o dinheiro dele.

- Você diz isso porquê sempre teve tudo Sophia... - ela fez uma pausa, como se estivesse ponderando o que iria falar. - Olha Soph, eu só quero ter para mim um amor igual ao seu e do Caleb. Por mais que goste do Ed, ele ainda não é cara certo para mim.

- Tudo bem Marion, eu á entendi o que você quer...

- Soph! - Jade me despertou de meus devaneios.

- Verdade Jade. - foi a única coisa que respondi. Não revelaria a Jade minhas suspeitas, na verdade elas não passavam de suposições.

- Por isso repito acho que Marion queria variar. - Jade disse rindo. - Vai entender o que passa na cabeça daquela cobra. O que importa é que vocês agora estão juntos novamente. - ela falou isso de forma tão empolgada, que me senti pela milésima vez a pior pessoa do mundo, por está enganando ela.

Ah Jade se você soubesse!

Brianna retornou carregando um vestido de seda preto. Ele tinha mangas três quarto, com decote canoa, em um godê com leves pregas na saia comprimento midi. Era um vestido clássico e elegante, perfeito para um almoço beneficente em um jardim.

- Ficou lindo Soph! - Jade deu um gritinho empolgada.

Olhei-me no espelho e confesso que surpreendi com o vestido, ele ficou lindo no meu corpo, fiquei encantada.

- Amei Jade!

- Meu irmão tem muito bom gosto mesmo!

O que?!

- Foi Caleb quem escolheu esse vestido? Como assim? - perguntei começando a ficar irritada.

- Sim. - Jade sorriu, ignorando minha aparente irritação.

Encarei Jade sem entender.

- Não entendo Jade, se milorde já havia escolhido esse vestido por que me fez experimentar todos os vestidos da loja? - falei irônica.

- Porque eu tinha a esperança que gostasse de outro, somente para contrariar meu irmãnzinho. - ela riu - Mas vocês são tão sintonizados que compartilham os mesmos gostos.

Bufei ainda irritada.

~:~

Já passava das oito horas da noite quando cheguei à casa de Caleb. Passei pelo hall de entrada agradecendo aos céus por Elena não está ali. Eu ainda não conseguia me adaptar a governanta da bruxa má. Por que sim, para Elena ela logo, logo voltaria servir a Marion, o que não deixava de ser verdade.

Segui caminhando distraída em direção a escada, quando encontrei Caleb parado, com os braços cruzados.

- Onde você estava? - ele perguntou de forma ríspida.

- Fui até a boutique de Jade buscar o vestido que escolheu para o almoço de amanhã...

- E só agora achou o caminho de casa? - ele me cortou irônico.

- Isso não te diz respeita, mas não quero começar uma discussão com você. Tirei o resto do dia para resolver alguns assuntos pessoais. - o encarei - Boa Noite Caleb!

Terminei de subir as escadas deixando um Caleb furioso lá embaixo. Entrei no meu quarto indo direto para o closet. Deixei as sacolas dentro dele e sair em seguida com roupão na mão, pronta para tomar um banho. Quando encontrei Caleb parado em frente ao aparador, olhando furioso para o vaso de tulipas, que Giorgio havia me enviado hoje de manhã.

As malditas flores!

- Não sabia que Giorgio e você estavam tão íntimos! - ele começou de forma fria.

Caleb estava com muita raiva, pude ver em seus olhos, que encontraram os meus. Sentia-me acuada diante dele, não tinha coragem de abrir a boca. Eu poderia dizer qualquer coisa, que ele não escutaria.

- Vai ficar ai parada como uma estatua sem me dizer nada?! - ele falou de forma rude mantendo seu semblante fechado.

- Creio que não tenho nada a explicar - olhei para o cartão que ele apertava em sua mão. - já que pelo o que vejo, você já leu o cartão.

Caleb pegou o vaso com as flores, saindo do quarto em direção a escada, saí apresada atrás dele.

- Caleb o que vai fazer? - perguntei descendo as escadas, seguindo em direção a cozinha.

Quando entrei lá, ele estava jogando as flores no triturador de lixo.

- Enquanto você estiver aqui, você vai me respeitar, e não quero saber de você se oferecendo para aquele bastado.

- Eu o quê? Eu não fiz nada. Ele que me enviou esse buquê hoje de manhã! - falei furiosa.

- Até parece que eu não te conheço Sophia! Com certeza Giorgio já está na sua lista de novas conquistas.

Senti o sangue ferver em minhas veias. Se a intenção dele era me humilhar, iria mostrar para ele, que dessa vez ele não conseguiria.

- Escuta bem Caleb, porque eu só irei falar uma vez. - caminhei em sua direção com meu dedo em riste. - Eu não sou Marion Emerick, que te traiu com seu pior inimigo. Não confunda as coisas!

Virei as costas e saí pisando duro, furiosa com aquela ceninha ridícula que Caleb armou.

- Sophia! - ele veio atrás de mim
Continuei andando o deixando falando sozinho.

- Você está avisada! - o escutei berrando lá em baixo.

Entrei em meu quarto, batendo a porta com força atrás de mim. Estava fora de mim. Comecei a andar, feito uma leoa enjaulada para lá e para cá dentro do quarto. Eu iria descobrir toda a verdade sobre a armação de Marion contra mim. Depois eu me vingaria de Caleb, ele iria pagar por cada lagrima que derramei em vão durante esses cinco anos. Eu iria fazer-lo se arrepender amargamente por me tratar assim.

Depois de me acalmar, retirei a maquiagem com demaquilante e em seguida fui para o banho. Quando terminei, vesti meu roupão e segui para o quarto, caindo na cama em seguida.

~:~

Acordei com a carranca de Elena me chamando. Ela estava parada na próxima a cama vestida, com seu impecável uniforme azul marinho.

- Senhorita Salvatore... Senhorita...

- Ai! - dei um pulo na cama com a mão no peito - Você me assustou Elena! - Sentei-me na cama e fiz um coque nos cabelos.

- Perdão senhorita, não foi minha intenção assustá-la. - sei, até parece, fiz um sinal com queixo para ela continuar - O senhor O'Brien pediu para servir seu café da manhã no quarto, e que esteja pronta as 11:00am.

Então Caleb O'Brien não queria minha companhia para o café da manhã.

- Obrigada Elena, agora pode se retirar. - apontei cordialmente para a porta.

Elena me olhou com desdém e, sem mais nada a dizer se retirou do quarto.

Depois de tomar meu café da manhã na varanda do meu quarto, comecei a me arrumar para o tal almoço beneficente. Não entendia como alguém com Giorgio conseguia ser um bem feitor sendo tão ganancioso.

Terminei o banho, hidratei meu corpo e me sentei na cama, olhando para o vestido estendido nela.

- Está na hora. - suspirei.

Fiz um penteado bonito nos cabelos, escovando-os até a metade e deixando as pontas cacheadas, caprichei na maquiagem e vesti o vestido que ficou elegante demais. Calcei meus scarpins vermelhos com estampas de rosas negras em alto relevo, e peguei meu sobretudo preto porque o dia estava frio, como um típico dia de outono. Quem em sã consciência realiza um almoço beneficente no jardim estando no outono? Giorgio Mc Loughlin, o excêntrico monarca londrino. Isso era bem a cara dele.

Olhei no relógio marcando 10:58am, decidi descer antes que o senhor estressadinho resolvesse me buscar.
Quando comecei descer a escada avistei Caleb feito uma estatua me esperando. Meu coração deu um salto, quando bati meus olhos no homem elegante na minha frente. Ele estava parado com os braços cruzados sobre o corpo, vestido com um terno impecável, gravata de seda azul petróleo, sapatos pretos extremamente lustrados, com um perfume que irritantemente inebriava todos os meus sentidos.

Será um longo dia Sophia!

- Podemos ir? - ele perguntou com sua voz rouca.

- Sim. - respondi fria, tentando esconder o turbilhão de emoções que conflitavam dentro de mim.

Ele estendeu seu braço para mim que aceitei meio sem jeito. Caminhamos até sua BMW em silêncio. Um silêncio perturbador. Eu não gostava do silêncio de Caleb, mas também não me sentia confortável em começar um dialogo de monossílabos com ele.

Cruzei meus braços sobre meu colo, encarando as ruas de Londres. Não podia perder meu foco com Caleb. Ele era o homem que havia ferrado com minha vida. Isso tudo, como ele mesmo gostava de dizer, não passava de um trabalho. Onde eu estava sendo muito bem paga para atuar. Tinha que pensar com minha mente e manter qualquer sentimento fora disso. Precisava me preparar para enfrentar Marion. Precisava descobrir toda a verdade para me vingar de Caleb. Fazer-lo engasgar com seu próprio veneno. A partir daquele momento eu tinha sede de justiça. E nada iria me desviar do meu foco. Uma coisa era certa; eu iria desmascarar Caleb e Marion.

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