Capítulo 4 - Eu adoraria morar aqui, se pudesse...
Eu tinha que achar uma roupa legal, uma que impressionasse, bem, talvez algo mais simples fosse a melhor opção não queria chamar a atenção. Mas tinha que causar uma boa impressão. Eu estava prestes a sair com um garoto bonito, tinha que me sentir bonita.
Por fim, coloquei um shorts branco e uma regata azul, escrita em inglês beach is cool. Deixei meus cabelos soltos próximo ao ombro.
Mamãe estava preparando um jantar a dois, ela parecia contente em ficar a sós com meu pai. Segui para sala e passei em frente a porta do quarto dos meus pais que estava entreaberta, da onde estava podia ver meu pai na sacada, a onde tinha uma vista privilegiada do mar, ele parecia absorto em algum pensamento. Como se soubesse que estava sendo observando se virou.
- Já vai ir? - ele pergunta se aproximando.
- Vou esperar lá embaixo.
- Quando eu tinha sua idade, adorava fugir para praia. Ela é ainda mais encantadora a noite.
Meu pai sempre parecia nostálgico. Eu gostava disso, suas revelações nos deixam mais próximos, podiam sentir seus sentimentos emanarem, eram vibrações boas.
Já com minha mãe, o clima sempre era pesado, eu não conseguia me sentir relaxada como quando estou com meu pai. É por esse motivo, que se um dia eles se separassem, eu preferia ficar com ele, mas eu não queria ter que escolher, não queria que eles se separassem, mas também não suportava sentir que meu pai estava preso.
- Eu adoraria morar aqui, se pudesse - confesso.
Ele sorri.
Ao chegar na sala meu pai fala que vai ver se minha mãe estava precisando de algo. Enquanto eu me sento no sofá. O livro que estava lendo mais cedo ainda está por lá. Era um romance leve de verão, era tudo que eu queria ter, e pela primeira vez estava sentindo que estava dentro de um desses romances. Mas logo eu já iria embora, não podia construir algo que não iria durar. Mas por uma vez na vida queria aproveitar esse instante, esse pequeno momento, queria que fosse especial para poder ser lembrado.
A campanhia então toca e sinto meu coração retumbar no meu peito. Eu tinha 98% de certeza que era Lee. É só respirar normalmente, vai dar tudo certo. Me aproximo da porta e abro, revelando o garoto de olhos mais profundos do que o oceano.
- Oi - ele sorri para mim. Os fios de seus cabelos estavam livres para onde queriam estar, em seu pescoço um colar de conchas, camiseta branca de botões e um shorts branco com detalhes em azul na horizontal que se assemelhavam a ondas, nos pés um simples chinelo.
- Oi - falo um tanto tímida, ele também parece me analisar, o que faz com que meus bochechas esquentem.
- Já podemos ir?
Olho para trás e vejo meu pai se aproximar.
- Cuide bem dela, Lee, e não voltem tão tarde. E o principal - meu pai me olha e depois novamente para Lee. - Divirtam-se!
Sorrio. Meu pai era o melhor.
- Tchau, pai - o beijo rápido na bochecha e saio com Lee.
Podia sentir meu coração em disparada, devido a ansiedade. Eu não sabia o que esperar, como reagir, o que falar, esse encontro poderia ser um desastre.
- Vocês sempre vem para cá em Riverclif?! - Lee cortou o silêncio e agradeci que ele o fizesse. Estava tensa, mas respondi com minha voz mais natural possível.
- Ás vezes, para passear. Essa é a cidade natal do meu pai, ele gosta de vir para cá, e bem, eu também - sorrio.
- A onde vocês moram? - Lee continua com as perguntas enquanto caminhávamos em direção a praia.
- Rosenfield, minha mãe é de lá, eles se conheceram na época da faculdade. Você já foi para la?
- Uma vez, mas faz muito tempo, não sou de sair de Riverclif.
- Você mora com quem?
- Minha mãe e minhas duas irmãs caçulas gêmeas.
- Você tem irmãs gêmeas, que legal!!
- Sim, a Millie e a Sadie - ele sorri. - Olha já estão preparando a fogueira - Lee aponta e posso ver ao longe as chamas de uma fogueira creptando no ar, e algumas pessoas ao seu redor. Lee e eu passamos por alguns coqueiros e ao chegar na areia tiramos nossos chinelos os carregando na mão. Fico um pouco envergonhada na medida que íamos chegamos perto das pessoas desconhecidas. Lee parece perceber.
- Vem - ele estende sua mão. - Eles são legais, você vai ver, não precisa se envergonhar.
Olho sua mão e com um suspiro a agarro.
- Oi, pessoal! - Lee cumprimenta a todos. - Essa é a Bel, quer dizer, Isabel, ela está aqui a passeio.
- Olá, Bel, sou a Nina - ela se aproxima para um abraço, me solto de Lee e a recebo.
- Muito prazer! - sorrio.
- Aqueles são o Mike e o Kaue - Lee aponta indicando dois garotos próximos a fogueira.
- Eai - os dois dizem em uníssono e acenam. Eles riem por terem falado juntos a mesma coisa.
- Quer sentar na rede? - Nina pergunta e eu apenas assinto. Dividimos o lugar. Enquanto Lee vai até os garotos.
- Da onde você conhece o Lee? - ela indaga, apenas curiosa.
- Do restaurante de frutos do mar do Vicent.
- Você não é daqui então?
- Não, só vim passar o final de semana, moro em Rosenfield.
- Você mora lá? Deve ser legal morar em uma cidade maior - ela fala em um suspiro.
- Pra falar a verdade gosto mais daqui, prefiro a calmaria.
Ela me olha, e depois de um instante parece concordar.
Vejo Lee mexer em uma caixa térmica, e despejar em dois copos algum líquido. Logo ele vem em nossa direção.
- Drink de frutas - ele me estende um copo.
- Alcoólico? - indago.
- Esse não - ele solta uma risadinha.
Aceito e beberico.
- Obrigada!
- E pra mim? - Nina pergunta com um bico.
Lee olha para seu copo e estende.
- Fica com esse - A garota sorri e pega-o.
Lee se senta no chão e do bolso tira uma gaita, a qual começa tocar. Uma melodia calma, mas com tom de sofrimento ganha o ar.
Olho para ele, que parece absorto. E sem se importar com o seu redor.
O observo até finalizar sua canção. Quando termina ele me olha.
- Isso foi lindo! - digo.
- Valeu - ele sorri.
- Kaue, me trás mais um drink? - Nina pede da rede.
- Vem buscar você, não sou seu empregado - o garoto resmunga.
- Esses meus amigos são péssimos - Nina resmunga. Lee arqueia a sobrancelha. - Menos você Lee. - ela sorri. - Você quer mais? - Nina me olha.
- Ainda tenho - mostro a ela.
- Lee?
- Me trás um, por favor! - ele diz guardando a gaita.
- Vocês são amigos faz tempo? - pergunto.
- Desde o sexto ano, eu diria, ou seja uns cinco anos. - Eu tinha apenas Agatha como melhor amiga, nunca fui de muitas amizades. Mas admirava ver grupos de amigos se divertindo. - Quer dar uma volta na praia depois?
- Quero!
Nina então volta e da o drink para Lee, ficamos mais um tempo assim conversando entre nós, até Kaue e Mike se juntarem a nós. Descobri que os dois eram irmãos, e que Nina olhava demais para Kaue, talvez ela gostasse dele. Eles contavam coisas que passaram juntos e ouvia atentamente, eu não tinha coisa para falar de mim, pois não tinha me acontecido muitas coisas extraordinárias. Mas bem, essa noite está sendo legal, e eu já sabia que ela se tornaria marcante para mim.
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