Nem Sempre O Melhor de Mim

31 de dezembro de 2017

Nos posicionando bem no centro, recolhi meu braço, trazendo Pansy para mim, praticamente encolhida. Nesse exato momento, as luzes da casa apagaram, deixando apenas os candelabros enfeitiçados e um feixe de luz lilás bem claro sobre nós. Levantei meu olhar de leve, vendo Zabini fazer um joinha discreto em nossa direção, a outra mão empunhava a varinha, teria que agradecê-lo depois.

A música antes quase mórbida de tão lenta ganhou intensidade, quase se transformando num tango, era uma versão mais lenta da nossa música, sorri malicioso com a constatação, tendo minha amiga para fazer o mesmo, trocamos um olhar rápido e satisfeito. No grave seguinte do som, transpassei minha perna pela dela, o movimento foi rápido e sensual, ela por sua vez jogou a perna esquerda, contrapondo a minha e mostrando o membro desnudo. Com a base aberta e a perna dela um pouco acima de meu joelho.

Nossa entrada havia iniciado.

Guiei Pansy para uma volta, mantendo o eixo e levando nossos corpos em rotação, olhava ela com intensidade, sendo bravamente correspondido, cada movimento preciso e planejado, porém tão bem executado que parecia natural.

Parei o giro bruscamente, Pansy bateu o salto no chão fazendo um sonoro "TEC", e seus braços foram jogados ao ar com brusquidão, deixando a perna esquerda estendida, flexionei meu joelho direito, ficando por fim em plano médio, meu rosto quase encostando na cintura da morena. Ela encaixou o pé em meu calcanhar esticado, vindo até mim em piruetas conforme voltei a erguer meu corpo. Ficamos colados novamente.

Dali em diante, mantivemos as coisas mais simples, nada mais que alguns steps comuns de dança de salão, adicionando um pingo de sensualidade, afinal o vestido prata de fenda deixava qualquer passo de transição mais sexy que o aceitável. Nossa dança era uma doce mescla de tango, wedding dance e valsa. Um reflexo do que gostamos de representar, sensualidade, leveza, mistério e um sutil toque de doçura.

A música subiu mais uma vez, ficando grave, larguei a mão que guiava a mulher, deixando apenas a que apoiava sua cintura, e usando-a ditei os movimentos que os quadris dela deviam fazer, usando isso para rodar o salão, deixando todos verem a gente. As minhas passadas eram largas, dificultando o desempenho de Pansy, mas para minha sorte, ela era uma dançarina experiente que nem parecia se importar de estar além de seu ritmo, ainda mantendo o movimento sensual do quadril enquanto andava.

Em poucos segundos, estávamos de novo no centro e, ao olhar Pansy, vi fome em seus olhos, aquilo não bastaria para a garota. Só pude sorrir quando ela pousou o braço, antes relaxado ao lado do corpo, com o cotovelo apoiado em meu ombro, fazendo ela ficar na ponta dos pés mesmo de salto. Subi a mão de sua lombada para as costas nuas, dando estabilidade para quer que seja a peripécia que ela quisesse fazer e não me espantei quando ela começou a erguer a perna esquerda no ar, seu membro estava em um ângulo quase agoniante de noventa graus, porém em arco, quando girei nossos corpos. Sua perna continuava no ar, o solado fazendo o serviço de levar o corpo, enquanto lentamente eu ia fazendo a volta. Usei de alguns artifícios, cruzando com delicadeza minhas pernas para impulsionar uma volta completa, brincando com o comando da dança.

Quando seu pé voltou ao chão, ela tinha um sorriso convencido, guardei para depois meu revirar de olhos, voltando a nos guiar pelo salão, repetindo a sequência de transição de nosso jantar de namoro. Não era nada impressionante propriamente dito, porém minha intimidade com a garota dava outro tom aos passos.

Com passadas pesadas, rodamos o salão mais uma vez, a luz lilás ainda nos acompanhava igual o olhar de todos ali, agora, o que antes era a roda de casais repetindo uma sequência, havia virado um enorme aglomerado oval, onde todos pareciam sedentos para nos ver dançar.

Tirei meus dedos do aperto dos de Parkinson, pondo ambas as mãos em suas costas, fiz um pequeno gesto indicando que iria erguê-la da próxima vez, que ela rapidamente disfarçou. Assim que sentiu o toque, jogando o peso para trás, ela deu uma meia lua com a coluna e parou sua cabeça em meu ombro. Repetimos alguns combos de transição antes de ela retirar sua cabeça de mim, dando o aval para erguer seu corpo no ar. E o fiz, mantendo as passadas firmes, apenas sentindo o leve sacudir de seu tronco, indicando que estava executando o passo no alto, que nada mais era que sacudir os pés, de uma forma ritmada, porém que apelidamos de birra chique.

Quando voltei ela no chão, senti que deveríamos acelerar as coisas, e assim fizemos, nossas pernas pareciam brigar entre si, se cruzando, e os anos de aula nunca foram tão úteis, ainda podia lembrar das vezes que fui no chão por enroscar minhas pernas na de minha parceira, porém nada aconteceu, apenas passos muito bem executados com velocidade enquanto nos movimentávamos pouco a pouco no salão. O intuito não era andar, e sim acelerar nosso ritmo, e os músicos pareciam nos acompanhar com fervor. Sendo assim, quando diminuímos o ritmo, eles deixaram o som mais pausado, assim, eu e Pansy mantivemos o tom da dança ameno, segurando a atenção com passadas básicas, já estávamos cansados.

Eu não dançava há meses, acreditava que a morena também não.

Olhei para ela buscando confirmação, eu e ela tínhamos prolongado mais que todos os casais presentes, então estava na hora, terminaríamos em grande estilo. Pansy meneou a cabeça levemente, confirmando firmemente.

Larguei seu corpo abruptamente, ficando parado, ela segurou meus ombros com firmeza, e em segundos iniciou uma sequência de passos apenas com as pernas, seus saltos faziam barulhos ritmados conforme tocavam o chão, um TEC TEC deveras irritante, porém preciso. Sempre alternando as pernas, ela mal parecia tocar no assoalho, dita a rapidez que suas pernas brincavam entre chutes, trocas de pesos, entrelaços e ondas. Era o solo dela, seu momento de deixar todos atordoados tentando acompanhar seus pés.

Quando se deu por satisfeita, em dois passos, estava atrás de mim, deslizando a destra pelo meu tórax em um ato provocativo, pude escutar alguns suspiros pelo salão, porém estava totalmente entregue a dança para notar de onde vinham.

Segurei as mãos de Pansy, tirando-as de mim, em um empurrar enfático, ela deu um passo para o lado junto com isso, andei conforme o ritmo, praticamente colando meu peito em sua costa, a música aumentou a tensão, como se os músicos mais um vez entendessem nossas ideias, quase como se lessem no ar que estava chegando a hora do fim.

Parkinson ergueu um braço e o outro ficou apoiado em sua cintura, passando minha mão esquerda pela frente do braço erguido encostei em sua nuca, pousei a outra mão com certa firmeza em sua barriga.

Seguindo o ritmo da música, Pansy subiu a perna esquerda em um aro ainda mais alto que o primeiro, quase encostando o solado na cabeça, porém, quando estava prestes a acontecer isso, jogou seu peso todo para baixo, fazendo o corpo em meus braços girar rápido. Ao mesmo tempo que ela se jogou, flexionei meu joelho e deixei a outra estendida, mas dessa vez, um ambre perfeito enfeitou o passo.

Logo estávamos próximos ao chão, parados em perfeita pose.

A música parou, e a mulher em meus braços ofegante sorriu, correspondi o gesto e o salão explodiu em aplausos.

Quando nossa respiração regularizou o suficiente, desfizemos a pose, as luzes voltaram ao normal e juntos nos curvamos de leve, agradecendo a platéia.

Avistei Blaise risonho logo na frente de todos, ele foi o primeiro a romper o círculo, demos apenas alguns passos antes dele nos alcançar junto de uma mulher e Cho Chang, e a mulher que eu não sabia o nome, provavelmente a prima da anfitriã, era uma asiática bonita, os cabelos longos pretos chegavam até a lombar e o corpo robusto com curvas estava lindo no vestido vermelho chamativo, mesmo que a roupa estivesse meio torta indicando que ela não ficou apenas passeando pelo salão igual a parente ao seu lado, a mulher tinha um sorriso alegre, arteiro na verdade, e foi a primeira a se pronunciar.

— Você sabe dançar pelo menos metade que esses dois? — ela disse empolgada, apontando para nós.

— Pas dans les rêves, ma dame.* — falou galante em francês, porém a garota não se intimou.

— Dommage, monsieur.* — respondeu fingindo tristeza.

— Vous suscitez le désir disparaitre, venez avec moi, ma douce.* — Foi Pansy que respondeu, já me arrastando, um verdadeiro mau hábito dela.

Havíamos dado dois passos quando pude ouvir com clareza outra voz na conversa, uma que definitivamente não era de meus amigos e agregados.

— Todos esses filhinhos de papai sabem falar francês? — Ronald Weasley disse levemente enraivecido.

A resposta veio na ponta da língua, "Oui", mas segurei. Rodei o olhar para nosso lado, vendo que a uma distância mínima de Zabini, estava Harry Potter, me olhando fixamente, e tentei postergar olhá-lo de volta, porém não tardou para eu ceder. Queria vê-lo depois da performance, queria ler seu olhar, ouvir sua voz. E todas essas vontades me deixavam em pânico.

Correspondi sua urgência, sei que Pansy notou quando parei de andar, mas nada disse, e não sabia dizer se me olhava, pois o mundo parecia ser meu e dele, tão pequeno quanto a distância entre nós.

Nunca senti tanta saudade de um toque como naquele momento, foi como se uma parte de mim, uma parte bem grande, dependesse desse contato. Meu peito apertava conforme lia minha ansiedade refletida no olhar de Harry, ele estava tão nervoso quanto eu, mas havia desejo em seus olhos, as íris verdes passeavam por todo meu corpo sendo quase evasivo. Passei a língua pelos lábios quase de modo automático, sentindo ainda mais sede que antes.

— Podemos conversar? — ele movimentou a boca sem som, e por pouco consegui ler em seus lábios as palavras mudas, meu corpo gritava para o sim, Harry poderia ter tudo de mim se continuasse a me olhar assim.

Mas o corajoso entre nós nunca fui eu. As cenas do natal ainda muito vividas.

Então, juntando todas as minhas forças, que surpreendente era bem mais que imaginei, neguei levemente com a cabeça, seu olhar caiu em uma tristeza velada. Não pude deixar de notar o toque leve de Hermione em seu braço, como um afago singelo de quem sabe exatamente o que está acontecendo, porém por mais que eu odeie decepcionar as pessoas era o que mais fazia, o que não significava que havia doído menos. Fitei o chão por alguns segundos, e quando ergui a cabeça, Pansy parecia preocupada, acho que desesperada era o correto.

— Vamos para minha casa?

Nem precisei falar mais nada, me explicar, ou me extender, ela confirmou com a cabeça, e com um simples gesto para Zabini ele veio até nós, com um pequeno bico nos lábios, mas estava conosco, todos eles estavam ali por mim, como eu queria estar para eles. O peso da culpa me bateu, nos últimos meses eu fui um péssimo amigo, totalmente ausente e amargo.

Me permiti abraçá-los bem mais forte que o necessário ao nos reunir para aparatar, murmurando desculpas, eles me olhavam confusos, ambos com leve desespero pelas minha ações, mas mesmo assim nada disseram, respeitando meu silêncio e espaço.

Finalmente voltamos para a Mansão Malfoy, sendo recebidos pela brisa fria do local com ar de mal assombrado. Junto daquela brisa fria, que vinha e ia, senti meus pensamentos positivos sendo levados. Tudo sendo destruído pelas minhas altas expectativas e o olhar triste de Potter para mim.

E foi assim, envolto por melancolia, me deixei levar, me deixei ir além dos meus limites na segurança da mansão. Não vi quando Pansy pegou as bebidas, ou quando minha sala se transformou em um ninho de almofadas e lençóis, como quando éramos crianças na casa de Blaise. Era tão fácil me deixar levar na presença deles.

Foi assim que acabei estirado no chão de casa semi alcoolizado, rindo à toa, era definitivamente muito bom estar só nós. Eles entendiam a dor da exclusão, o peso de nossos sobrenomes, sabiam do meu passado como eu sabia dos deles, eles conheciam minhas dores; e eu, as deles, entendiam a vergonha, e acima de tudo me entendiam.

— Eu gosto do Potter. — a minha frase saiu risonha, quase aérea, interrompendo a história de Blaise, que falava pela segunda vez sobre a prima de Cho, que eu ainda não sabia o nome, e provavelmente não gravaria.

— E o que há de novo nisso? — Zabini disse, sacudindo uma garrafa de cabeça para baixo, esperando cair até a última gota de FireWhisky em sua boca, não parecia se importar com a minha declaração.

— A novidade é — respirei fundo tentando criar uma frase coerente. — que eu criei consciência disso. — franzi o nariz em uma irritação boba. — E isso dói, dói muito. — bati em meu peito com a mão aberta.

Pansy torceu a boca e impediu minha mão de continuar o movimento, tentei forçar umas duas vezes antes de desistir e deixá-la pôr minha mão no chão. Deve ser chato para ela lidar com gente bêbada, Parkinson quase não tinha bebido, pois no geral não bebe, ela sempre diz que o gosto era ruim então só bebericava, mantendo as aparências, eu costumava acompanhá-la, álcool tira minhas barreiras, meu filtro e meu senso, o bom senso no caso, mas hoje a bebida nunca pareceu tão doce.

— Você não tinha aceitado isso no sexto ano? — Ela falou, arrumando a postura, sentada ao meu lado, iniciou um carinho suave no meu dorso ainda estirado no chão

— Não, não — suspirei, agora totalmente frustrado — Era só tesão. Ser adolescente é uma merda, e bem, foi um ano difícil. — suspirei de novo, pois parecia que era a única coisa que poderia fazer sobre tudo isso — Eu vi ele beijando a água de salsicha no natal e doeu, nunca tinha doído antes, eu vi eles rindo, e senti inveja, desde o natal o pouco que era um "nós" não existe mais… E sabe, eu quero me convencer que é melhor assim, mas merda, dói… — meus braços gesticulavam no ar, em movimentos estranhos, minha voz saiu afoita e meio embolada, eu era uma completa bagunça.

— Quer um abraço? — a mulher zombou de leve e eu ri baixinho, ela era impossível, havia poucas coisas que levasse a sério na vida, e por fim, quando revirei os olhos, ela entendeu como permissão, se jogando em cima de mim.

— Hey, eu também quero. — Blaise se jogou em cima de nós, fazendo parte daquele abraço torto e estranho, e que me sufocava no mais literal da palavra.

— Vocês são pesados! — tentei empurrar os corpos, mas não surtiu efeito, então Zabini escorreu as pernas do topo daquele monte, sentando no chão, porém mantendo os braços na gente, aliviando bastante o peso.

Eu quis chorar, pois tudo estava uma bagunça, meus sentimentos eram uma bagunça, mas eu sempre teria eles. Sempre poderia contar com o humor estranho de Pansy, suas cartas sem noção, e sua visão ácida sobre as pessoas. Blaise sempre estaria ali para topar qualquer insanidade nossa, para testar suas cantadas em nós, e como ele mesmo sempre dizia, "com a minha mãe em jogo, temos pelo menos uma festa por ano", não importa o que aconteça.

Era realmente muito bom tê-los comigo.
Eu queria Potter, meu coração o queria, mas eu não precisava dele, como me convenci.
Eu tinha eles, e tudo tinha seu tempo.

— Vamos para a varanda ver os fogos? — Sugeri depois de um tempo ainda no abraço.

Nenhum deles respondeu de forma verbal, apenas saíram de cima de mim, e logo a mão de Blaise estava estendida para mim, a segurei firme, pois aquele apoio para me levar foi simbólico. Eles eram meu apoio, me tirariam do chão sempre que eu precisasse, e bem, eu faria o mesmo por eles.

Fomos nós três, em um equilíbrio duvidoso, abraçados rumo ao segundo andar, Pansy tentava manter a compostura estando no meio, mas eu e Zabini não ajudávamos em nada, caminhando em falso e dançando, era um mero balançar de troncos e chutinhos no ar, que quase derrubaram a porta da enorme varanda. Rimos do feito, nos sentindo satisfeitos de termos chegados inteiros ali.

Soltei um gritinho quando Suzy, a elfa de minha mãe simplesmente apareceu na varanda, ela trazia dois travesseiros nos braços, e em vários saltos, trouxe comida, alguns sucos e muitos travesseiros, muitos mesmo, toda vez que eu tentava falar com ela, Suzy sumia, apenas revirando os olhos, até um ponto que desisti. Em questão de poucos minutos, a varanda vazia parecia uma enorme cama, o lugar nunca foi tão aconchegante, me deitei torto no chão afofado, e não tardou para a dupla fazer o mesmo, olhávamos o céu.

Sem aviso, Parkinson pegou sua varinha e jogou um feitiço no céu, que agora era decorado por várias explosões coloridas em formatos distintos. Era belíssimo de ver.

— Feliz ano novo. — Pansy desejou, se jogando em cima do meu corpo e do de Zabini, deu tempo apenas de grunhir incomodado.

— Vai ser um ano diferente. — Completou o meu amigo, enquanto jogava o braço por cima da garota e o outro debaixo da minha cabeça.

— Faremos ser. — virei meu corpo um pouco de lado, abraçando ambos.

Me deixei sentir acolhido novamente naquela noite, me permiti ser abraçado e agarrar o fio de esperança ali deixado, pois eu até poderia não ter meu padrinho ali por mim, não fazia parte do trio de ouro e nem teria Potter em meus braços ou seus casacos sobre mim, mas teria minha mãe e meus amigos para tentar sobreviver esse ano.

Tudo daria certo, e se não desse, faríamos dar. Éramos bruxos afinal.













Notas finais:

A cena da dança deles foi inspirada, em sua maioria, em movimentos do tango.

Link dos vídeos inspirações: 

(Desse vídeo foram quase todos os passos de transição)

(não usei quase nada desse, apenas um movimento, o passo final de Pansy e Draco, foi quase que igual a uns dos primeiros que eles fazem, antes dos 30 segundos ele rola)

O diálogo traduzido:
Pas dans les rêves, ma dame.*
— Nem em sonhos, minha dama.

— Dommage, monsieur.*
— Uma lástima, senhor.

— Vous suscitez le désir disparaitre, venez avec moi, ma douce.
— Vocês me despertam o desejo de desaparecer, venha comigo, meu doce.

Espero que tenham gostado, deu MUITO trabalho fazer a cena da dança e eu simplesmente sou apaixonada nos diálogos do trio. Então, é isso, até semana que vem💜

Muita paz aos vestibulandos🤠 me included

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